A segurança não é uma novidade para as empresas de congressos
28-04-2021
Participantes: Moderador ‑ Vasco Noronha (Factor Chave); Sofia Santos (Eventos by T); e Miguel Basto (Diventos).
Regras claras para a retoma da atividade e a reformulação de apoios nos eventos internacionais foram alguns dos pontos discutidos neste painel.
Num panorama ainda de grande incerteza, também os organizadores de congressos suspiram por regras para o reinício da atividade. Eles que estão amplamente habituados a cumprir regras de segurança nos seus eventos. “Todos nós já tínhamos regras muito específicas, planos de contenção. Na altura não havia Covid, mas havia outras doenças”, referiu Vasco Noronha; uma opinião secundada por Sofia Santos, da Eventos by T, e por Miguel Basto, da Diventos. Este último lembrou que, no passado, organizavam congressos em que eram servidas mais de mil refeições por dia, sem qualquer problema. “Nós já há muitos anos trabalhamos a parte de planificação, segurança, quer dos espaços, quer das pessoas, em eventos que têm mil ou duas mil pessoas. É novidade, sim, algumas coisas que a pandemia trouxe, como máscaras, desinfecções e tudo mais”, sublinhou.
A pandemia trouxe algumas coisas que vieram para ficar. Por exemplo, as ferramentas digitais. Sofia Santos lembra as vantagens de ter speakers internacionais de forma remota e isso vai ser encarado, cada vez mais, com muita naturalidade. “Acabaram as viagens de 15, 16, 18 horas para vir fazer uma palestra de meia hora”, referiu Vasco Noronha, embora reconheça que se perca alguma interação dessa forma. Outra das enormes vantagens tem a ver com a amplificação do evento a públicos que não poderiam estar presencialmente. Bem como a possibilidade de disponibilização posterior de conteúdos. “Quem está a assistir a um congresso, das métricas a que tenho acesso, há sem dúvida um saltitar de um sítio para o outro, veem um bocadinho aqui, um bocadinho ali, mas onde existe a maior percentagem de visualização é quando disponibilizamos os conteúdos posteriormente”, afirmou Sofia Santos. Vasco Noronha lembrou que para os patrocinadores este aspeto é extraordinariamente importante. Patrocinadores que, no início, estavam céticos em relação ao digital e que entenderam depois a mais‑valia de continuar a comunicar.
Miguel Basto alertou, no entanto, que o online está a ter um “sucesso brutal” porque não há mais nada para oferecer. E que quando desconfinarmos o puramente online vai deixar de existir. Vasco Noronha concorda que “quando pudermos fazer coisas presenciais o online puro e duro ficará restrito para meia dúzia de situações, formações específicas”. No entanto, acredita que o híbrido “será claramente o futuro”. Miguel Basto teme, contudo, os custos, porque os “híbridos não ficam assim muito baratos. Porque temos de ter tudo o que os congressos tinham antigamente no presencial, e agora temos de ter a componente digital”.
E o eventos internacionais? Essa é uma grande preocupação, uma vez que existem muitas assimetrias no que diz respeito ao controlo da pandemia, e ainda muitas restrições em termos de viagens. Como funcionará a captação desses eventos? Sofia Santos clama uma mudança de paradigma no que diz respeito aos apoios concedidos pelo Turismo de Portugal e a criação de modelos alternativos que contemplem o digital, uma vez que dificilmente o presencial retoma neste tipo de eventos antes de 2022. Miguel Basto lembrou que “a questão das room nights nos apoios é a coisa mais ridícula que existe”, uma vez que os congressistas hoje em dia optam por soluções alternativas de alojamento.
Para Vasco Noronha, os congressos internacionais vão ser um novo desafio para nós todos e “eu espero que as nossas autoridades e o Turismo de Portugal estejam disponíveis para se sentarem connosco e para reverem claramente como é que vão ser estes apoios”.