Festejos do Sporting geram polémica

13-05-2021

As associações do setor dos eventos reagem com indignação, constrangimento e incredulidade.
O primeiro-ministro António Costa anunciou a abertura de um inquérito à atuação da PSP. Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, explicou esta tarde que a autarquia sempre defendeu um percurso entre o estádio de Alvalade e o Marquês de Pombal, sem um palco aí instalado, de modo a diluir a concentração de pessoas ao longo deste percurso de seis quilómetros. 
 
Um representante dos oficiais de polícia garantiu à TVI24 que o plano apresentado pela PSP não foi o aprovado, e questiona o argumento para permitir a concentração de pessoas a que se assistiu: o direito à manifestação, reconhecido pela Constituição.
 
Como reagem as associações?
 
A Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE), em comunicado, diz estar indignada com o que considera ser “a dualidade de critérios” do Governo. “É inacreditável a permissividade concedida a alguns, um pouco por todas as regiões do país, quando andamos há mais de um ano sem poder desenvolver a nossa atividade sob o pretexto de que os concertos, peças de teatro, festivais, e outros tantos eventos são um risco para a saúde pública. Então como classificaria o Governo aquele espetáculo a que tivemos oportunidade de assistir, sobretudo nas principais artérias de Lisboa, através de todas as televisões?”, pergunta Pedro Magalhães, presidente da APSTE.
 
E acrescenta: “Convém não esquecer que existem pessoas neste país sem trabalho, que perderam negócios de toda uma vida, inclusivamente a passar fome, exatamente devido às condicionantes trazidas pela pandemia e que tantas vezes serviram de álibi para as autoridades impedirem o normal desenvolvimento das atividades”.
 
A Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE) diz-se constrangida com o sucedido. Tem mesmo dificuldade em chamar evento a estas celebrações, dada a manifesta falta de organização e de planeamento. Para o presidente da APECATE, António Marques Vidal, o que fica aqui demonstrado é que as entidades que se deveriam ter coordenado não o fizeram.
 
A APEFE diz-se incrédula com o que aconteceu, lembrando que há empresas e profissionais da cultura, dos eventos, que não trabalham há mais de 15 meses. Empresas do setor faliram e profissionais desta área não têm o que comer. E exige por isso aos responsáveis políticos, nomeadamente ao presidente da República e ao primeiro-ministro, que façam tudo o que estiver ao seu alcance para esclarecer a opinião pública, para que se saiba exatamente o que aconteceu, e porquê.
 
O que fazer se esteve nos festejos?

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu um conjunto de recomendações, na sequência das celebrações associadas à vitória do Sporting no campeonato:
 
    • Se esteve nestes festejos, esteja atento aos sintomas de Covid-19, nomeadamente febre, tosse, dificuldade respiratória ou perda total ou parcial do olfato ou do paladar, e contacte o SNS24;
    • Procure reduzir os contactos nos próximos 14 dias e cumpra as medidas de prevenção da infeção, como o distanciamento físico, o uso de máscara, a ventilação dos espaços, a higiene das mãos e a etiqueta respiratória;
    • Se houve momentos em que não respeitou as medidas de proteção da Covid-19, a DGS recomenda ainda a realização de um teste no 5.º e no 10.º dia após as celebrações.