< Previous• Em maio, uma sondagem realizada pelo Washington Post e pela Universidade de Maryland mostrava que as pessoas que reagem às ameaças com raiva tendem a minimizar os riscos e a resistir a medidas para reduzir esses riscos. FONTE • Paul Slovic, investigador e professor de Psicologia da Universidade de Oregon, fez vários estudos sobre o risco. Concluiu que as situações mais previsíveis e que podemos controlar são percecionadas como menos arriscadas, mesmo que não o sejam. Por outro lado, coisas que parecem incertas, imprevisíveis e não controláveis parecem mais arriscadas. Assim, e pela sua natureza, a Covid‑19 encaixa‑se nesta última categoria. • As mulheres tinham mais vulnerabilidade, perceção do risco e medo do novo coronavírus do que os homens, revela um estudo realizado na Turquia por Murat Yıldırım (Universidade de Leicester), Ekmel Geçer (University of Health Sciences Istanbul) e Ömer Akgül (Sağlık Bilimleri Üniversitesi). Os resultados permitem também perceber que as pessoas com maior perceção do risco e medo seriam mais suscetíveis a adotar comportamentos preventivos. FONTE 1 FONTE 2 • Fatores sociais e culturais, imediatismo, incerteza, familiaridade, controlo pessoal, incerteza científica e confiança nas instituições e nos meios de comunicação moldam a perceção e a resposta às mensagens de risco. Mesmo quando são fornecidas informações factuais sobre um perigo, a perceção pública do risco de uma ameaça desconhecida Factos & Números sobre o medo WWW.EVENTPOINT.PT 90 EM DESTAQUE e emergente como a Covid‑19 leva a uma resposta mais emocional ou de indignação. A indignação, por sua vez, molda a aceitabilidade e a adesão às estratégias de mitigação de risco, como distanciamento social e uso de máscaras. Estas são algumas das conclusões de outro estudo, da autoria de Kristen M C Malecki, Julie A Keating e Nasia Safdar. FONTE • Em Portugal, um inquérito da Multidados – The Research Agency e da Guess What, realizado em maio, mostrou que a maioria dos portugueses temia voltar a frequentar espaços como cafés e restaurantes. Numa escala de receio de 0 (pouco receio) a 10 (muito receio), ir a concertos em espaços fechados atingia 8,10. Seguiam‑se ir a festivas de verão (7,25), a exposições (6,52), assistir ao vivo a eventos desportivos (6,42) e ir a eventos ao ar livre (5,41). • Um estudo da Deco, efetuado em julho, mostrava que mais de 75% dos portugueses deixaram de frequentar ou passaram a ir menos vezes a restaurantes, centros desportivos fechados, centros comerciais, lojas de roupa e calçado e eventos culturais. FONTEA MODERAÇÃO GANHA NOVA IMPORTÂNCIA No quadro dos eventos online ou digitais e híbridos, o papel do moderador ganha uma relevância extra. No digital, o público tem menos amarras, se tiver um mau orador ou moderador, sai logo do evento. A sofisticação dos eventos digitais a que vamos assistindo deve ser acompanhada pela qualidade dos conteúdos, dos oradores e dos moderadores. Estes últimos são, muitas vezes, relegados para segundo plano, mas o seu papel é “crucial”, como afirma Jan‑Jaap in der Maur, da Masters in Moderation. “Ainda mais do que no palco, as pessoas quando estão online precisam de ser ouvidas, vistas e apreciadas”, refere o moderador, destacando a capacidade desta figura do moderador para manter a interação necessária para que os participantes mantenham o interesse no evento. Para Jan‑Jaap, no online “perdemos a sensação de que estamos ‘a lidar com humanos’ e o moderador pode ajudar a construir uma ‘tribo temporária’, que faça com que as pessoas sintam que fazem parte de um grupo”. O nosso entrevistado não tem dúvidas: é muito mais difícil moderar um evento digital ou híbrido do que um presencial, pela circunstância de não conseguir “ler o grupo”. E sobretudo nos eventos híbridos, porque estamos a falar de dois grupos/públicos diferentes, o que está no computador e o que está presencialmente e é preciso atender a ambos. Mas um moderador experiente e qualificado ajuda bastante. E se o WWW.EVENTPOINT.PT 92 RADAR evento estiver bem desenhado mais exequível se torna. O responsável da Masters in Moderation vê com bons olhos que os eventos híbridos tenham dois moderadores, porque as duas vertentes têm requisitos diferentes, mas avisa: “É crucial que os dois mundos (palco e online) pareçam apenas um, pelo que os dois moderadores devem cooperar bastante”. O moderador não deve ser o centro das atenções Que tipo de competências deve então um moderador possuir? “Sensibilidade, compaixão e amor por todos, uma liderança de serviço e carisma sem ego”. A liderança de serviço prioriza as necessidades dos outros e tem como objetivo ajudá‑los a desempenhar as funções da melhor maneira possível. E por isso faz todo o sentido usar aqui uma aproximação ao futebol. Por um lado, o moderador não pode ser o centro das atenções, porque é uma espécie de árbitro, por outro, pode ser equiparado a um número 10, a distribuir jogo. Jan‑Jaap alerta que o moderador não deve ser envolvido apenas no final da preparação do evento. Idealmente até deve ser envolvido logo no início. “Se quiser aproveitar a experiência do moderador, junte‑o à conversa quando ainda há tempo para fazer modificações”. Até porque, num certo sentido, o moderador pode ajudar o orador a desenhar a sua apresentação para ter mais interação e provocar mais envolvimento por parte da audiência. Uma questão sempre sensível para um moderador, mas também para um orador é o uso do humor. “É algo perigoso”, alerta Jan‑Jaap in der Maur. “Uma dose equilibrada de humor ajuda muito, mas o tipo errado de humor pode provocar muitos estragos”, refere. E desmistifica: “As pessoas pensam erradamente que o moderador precisa de ser engraçado e dinâmico o tempo todo (às vezes sendo engraçado às custas dos participantes). Eu acredito que o moderador precisa de estar constantemente e deliberadamente a mudar o tom, o ritmo e o estilo”. Num mesmo evento, termina Jan‑Jaap, “posso usar o humor, uma reflexão séria, ser muito dinâmico e usar o silêncio”. Cláudia Coutinho de SousaTURISMO INDUSTRIAL: ASPETO DIFERENCIADOR DO CONCELHO © Câmara Municipal de São João da Madeira WWW.EVENTPOINT.PT 94 DESTINO NACIONAL SÃO JOÃO DA MADEIRA TRABALHO, ORGULHO E INOVAÇÃO Sapatos, lápis, chapéus, colchões... São muitos os produtos que servem o país e o mundo e que são produzidos em São João da Madeira. Esta é a ‘Cidade do Trabalho’, um concelho dinâmico, cheio de ideias inovadoras e de indústrias que fazem vibrar a cidade, não só em termos de negócios, mas também na vertente cultural e de lazer. O Turismo Industrial nasceu aqui e proporciona uma oferta turística e de incentivos bastante original e diferenciadora. A grafite é trabalhada e moldada em pequenos rolos finos para que, depois de envolvidos em madeira, possam ser transformados nos lápis que usamos diariamente. Todo este processo de tratamento da grafite – a ‘alma’ do lápis –, do encontro da mina com a madeira e do seu acabamento, basicamente, de todo o processo de transformação deste material em bruto num elegante objeto útil, do uso comum às artes, pode ser observado numa visita à Viarco. É preciso recuar mais de 100 anos para conhecer a história da empresa. Ela começa em 1907, em Vila do Conde, como Portugália – Fábrica Portuguesa de Lápis. Manoel Vieira Araújo adquire a empresa em 1931; cinco anos mais tarde, regista a marca como é hoje conhecida e, em 1941, instala a empresa em São João da Madeira. Aqui é possível assistir ao fabrico dos lápis e à criação de produtos inovadores, como a aguarela de grafite, a pasta de grafite maleável ou o stick grafite XL – produtos que também têm levado além‑fronteiras o nome da empresa portuguesa. Os desafios têm sido, assim, enfrentados com reinvenção e criatividade. E as portas da Viarco estão abertas aos curiosos. Esta é uma das visitas que podem ser realizadas a partir do projeto de Turismo Industrial, uma ferramenta de marketing importante, que dá também visibilidade às empresas envolvidas. Fazem parte deste projeto as indústrias – e a diversidade é muita – que colocam São João da Madeira no mapa criativo do país, do calçado aos chapéus, dos lápis aos componentes para automóveis, entre outras indústrias. A partir daqui foram criados circuitos turísticos industriais, que permitem visitas a unidades fabris e que visam preservar e promover o património industrial da região. “Somos um concelho jovem, pequeno em território, mas grande em valor, predominantemente urbano e com um grande dinamismo empresarial, característica esta que esteve na base da criação do município, em 1926. Por isso, a aposta em termos turísticos passa, em grande medida, por aquela que é uma marca incontornável de São João da © malmeida WWW.EVENTPOINT.PT 96 DESTINO NACIONAL Madeira – a sua indústria –, promovendo um programa de Turismo Industrial, com visitas a fábricas que operam nos setores do calçado, chapelaria, colchões, têxteis e lápis, neste último caso através da Viarco, a única fábrica de lápis do país”, refere Alexandra Alves, chefe da Unidade de Turismo da Câmara Municipal de São João da Madeira. INDÚSTRIA, CULTURA E EVENTOS Além da Viarco, podem também ser visitadas a Helsar (setor do calçado), a Cortadoria Nacional de Pêlo (chapelaria), a Heliotêxtil (passamanarias), entre outras unidades. Fazem também parte do projeto, por exemplo, a Torre da Oliva, o Oliva Creative Factory, o Museu da Chapelaria, único na Península Ibérica, e o Museu do Calçado – ambos os museus propõem uma viagem no tempo para a descoberta da história destes setores tão relevantes para São João da Madeira. Mas há mais, muito mais para descobrir, através dos circuitos disponíveis. “Sendo São João da Madeira um importante polo empresarial, muitos dos visitantes que se deslocam à nossa cidade fazem‑no em negócios ou para participarem em colóquios e conferências que têm lugar nos nossos auditórios e espaços para eventos, descobrindo, depois, outros motivos de interesse e tirando partido da nossa oferta cultural e de lazer, assim como do nosso património ligado à indústria, que está na origem do inovador programa municipal de Turismo Industrial”, frisa Alexandra Alves. E embora seja a diversidade de indústrias e este inovador Turismo Industrial um dos aspetos mais diferenciadores do concelho, São João da Madeira tem outros polos de atração. Um deles prende‑se com o património natural e os espaços verdes existentes. O concelho conta com © malmeida o Parque de Nossa Senhora dos Milagres, embelezado pelo Santuário de Nossa Senhora dos Milagres; com o Jardim Municipal, projetado pelo arquiteto Sidónio Pardal; com o Parque Ferreira de Castro, adequado para atividades recreativas e de lazer; e com o Parque do Rio Ul, que conta com diversos percursos e que apresenta a Casa da Natureza, um espaço multifacetado, do qual faz parte um centro de interpretação ambiental. “Importa ainda referir o posicionamento do município de São João da Madeira no que respeita às políticas ambientais, com o desenvolvimento de projetos neste âmbito e a valorização dos espaços verdes, como acontece, nomeadamente, com o Parque do Rio Ul, situado num anfiteatro privilegiado da cidade e onde é possível desenvolver atividades multifacetadas que celebram a herança cultural e patrimonial de São João da Madeira e o bem‑estar e sustentabilidade ambiental”, acrescenta Alexandra Alves. Entre os equipamentos disponíveis na cidade estão ainda o Centro Arte Oliva, dedicado à arte contemporânea e à arte bruta; a Casa da Criatividade, no edifício do Cine‑Teatro Imperador, um equipamento versátil que pode receber até mil pessoas e que é palco de uma dinâmica programação cultural; e o edifício dos Paços da Cultura, que apresenta, entre outros espaços, um auditório, com 191 lugares sentados, uma zona para eventos ao ar livre e a Galeria Municipal. No capítulo desportivo, o município conta com várias infraestruturas, entre as quais o Pavilhão das Travessas e o Complexo Desportivo Paulo Pinto. “Relativamente à realização de eventos, o município de São João da Madeira dispõe de várias valências e equipamentos, onde qualquer organização pode encontrar condições de excelência para promover eventos, mesmo em tempos de pandemia, já que estão preparados para o cumprimento das regras que se impõem face à Covid‑19”, defende Alexandra Alves, acrescentando: “Os espaços estão enquadrados em diferentes áreas de intervenção, o que permite uma maior adaptabilidade do evento em função da sua temática. Falo dos auditórios da Casa da Criatividade, Paços da Cultura e Museu da Chapelaria, além dos diferentes espaços de grande versatilidade disponíveis na Oliva Creative Factory e na Torre da Oliva.” WWW.EVENTPOINT.PT 98 DESTINO NACIONAL FORTALECER A ATRATIVIDADE DO CONCELHO No que toca à oferta hoteleira, a responsável da Unidade de Turismo sanjoanense destaca a qualidade das unidades disponíveis, que asseguram cerca de 50 mil dormidas anuais. E porque o concelho e a região iriam beneficiar do alargamento desta oferta, estão já previstos, nesse sentido, “dois novos investimentos hoteleiros na cidade, um dos quais num emblemático palacete de arquitetura brasileira do início do século XX – o Palacete dos Condes –, que foi integrado no programa nacional Revive, tendo sido concessionado a um grupo internacional que irá investir para adaptar o imóvel a essa função, respeitando, naturalmente, as suas características arquitetónicas”, revela Alexandra Alves. Mas há outras vertentes que a autarquia quer melhorar, “de forma a continuar a fortalecer a atratividade do concelho”. A Câmara Municipal de São João da Madeira tem criado novas plataformas de comunicação online, “área em que teremos mais novidades em breve, no sentido de potenciar a divulgação da nossa oferta turística, cultural e de lazer”. A cidade está também a braços com uma intervenção urbanística de requalificação e revitalização do centro, na envolvência da Praça Luís Ribeiro, que “vai também contribuir para reforçar a centralidade e a competitividade de São João da Madeira na atração de visitantes”. Através do Turismo Industrial, São João da Madeira respeita e promove, com orgulho, a sua história e o fruto do suor – e das ‘unhas negras’ (expressão relacionada com a produção dos chapéus) – dos seus trabalhadores. Aliando a tradição à modernidade, a cidade tem os olhos postos no futuro, para onde caminha a passos firmes. Maria João Leite © Câmara Municipal de São João da Madeira Next >