< PreviousQue balanço faz desses nove anos? Para mim, pessoalmente, foi interessantíssimo. Uma coisa interessante na APAVT é o facto de agregar todo o tipo de agência de viagem e de operador turístico. Isto é tudo muito segmentado, mesmo a nível de incoming há uma grande segmentação, e foi interessantíssimo para mim perceber todas as dificuldades das várias áreas do turismo nas agências de viagem e perceber toda a problemática que ali está envolvida. E aquilo que tentei fazer enquanto lá estive foi trazer à APAVT aquilo que eu e os meus colegas achávamos que era importante na nossa área, para tentar encontrar soluções. Fiquei a perceber muito melhor uma série de coisas que se passam, em segmentos diferentes. E como é que surge a EUROMIC? A EUROMIC é uma associação que existe desde 1973. É a associação mais antiga de DMCs independentes, dedicados quase em exclusivo ao segmento MICE. Foi criada como uma forma de promover os fundadores, que eram, sobretudo, agências da Europa e do Mediterrâneo no mercado americano, no mercado de incentivos. Começou a participar com stands próprios nas feiras dessa área e, a pouco e pouco, foi crescendo em termos de associados. Normalmente, as agências entram por convite, uma por país, mas, apesar disso, tem que haver sempre apresentação de proposta com uma série de perguntas, histórico, histórico financeiro, para depois os associados fazerem a votação. Entramos e passado uns dois anos acabei por ser eleita para o board também. E agora sou vice‑presidente do board. Se a APAVT era interessante por ter todo o tipo de agências, aqui na EUROMIC ainda mais. Que mais valias sente de participar numa associação como essa? Temos uma base de dados gigante, que agora temos de limpar, porque muita gente desapareceu do mercado; temos uma série de processos que estão estipulados; uma base de dados onde temos contratos, documentos sobre risk management. Nada é obrigatório porque somos uma associação de agências independentes, mas trocamos informação sobre clientes, sobre mercados, sobre concorrência. Antes da pandemia, fazíamos imenso treino. Temos uma academia de Young Leaders e, todos os anos, fazíamos uma ou duas vezes formação num dos nossos destinos, e qualquer um de nós podia enviar uma ou duas pessoas para esse treino. WWW.EVENTPOINT.PT 40 GRANDE ENTREVISTA Tudo isto com custos muito controlados, com a participação das entidades locais, dos convention bureaux. Podemos fazer troca de staff. Fazíamos três feiras: IMEX Frankfurt, IMEX America e IBTM com stand próprio, fazemos também outro tipo de feiras dependendo do interesse dos associados. Temos um mundo de destinos, e uma das ideias é fazer o cross‑selling, quando temos um cliente connosco, tentar saber para onde vai para o ano, porque este tipo de cliente não vem sempre para o mesmo destino, todos os anos muda, e tentamos apresentar o colega que está nos destinos a seguir. Isto sem haver trocas de dinheiro, nós não cobramos comissões entre nós. Uma das coisas em que estamos a trabalhar agora é precisamente nos reviews dos nossos associados, os Google reviews, temos uma página de internet nova e estamos a tentar dar a possibilidade aos clientes de nos classificarem com mais frequência para, por aí, podermos ter também mais visibilidade junto de clientes mais novos. Fazemos sempre uma assembleia geral em janeiro. Em janeiro de 2020 foi em Cascais, porque mudamos a sede da associação para Portugal. A sede era em Paris, o escritório era em Bruxelas, o contabilista estava na Áustria, era muito confuso e resolvemos meter tudo em Portugal. Estamos em Lisboa desde 2019. Agora, claro que a maior parte dos nossos associados não está com disponibilidade para pagar os fees que habitualmente pagávamos anualmente, para conseguir incluir tudo isto. Portanto, estamos a trabalhar com um orçamento mais reduzido e estamos a controlar as coisas. Estamos a trabalhar mais em vendas, conseguimos contratar uma empresa que está a fazer as vendas em exclusivo para a EUROMIC nos mercados de língua alemã, e estamos à procura de outros noutros mercados, que o que vão fazer é vender todos os destinos da EUROMIC. © António Camilo IVA: “NÃO PODEMOS É DESISTIR” Ouvimos uma queixa recorrente, de uma certa invisibilidade desta indústria dos eventos perante os decisores políticos. Sentiu‑a? E consegue encontrar as razões? Sente‑se todos os dias. Por isso mesmo a APAVT tentou, com o Dr. Augusto Mateus, perceber junto dos associados qual é o valor do incoming em Portugal. O estudo foi depois editado em livro e a seguir, com a Ernst & Young, que comprou a consultora dele, fez uma nova edição com mais informação, para se perceber qual é o peso que nós efetivamente temos na economia nacional. Independentemente disso, nós, apesar de faturarmos muito e termos um grande peso na economia, somos poucos. O meu voto é só um, não consigo multiplicar o meu voto pelos milhões que posso eventualmente faturar. Daí a invisibilidade. É só uma questão de votos, mais nada. E como é possível contrariar isso? A APAVT bem tem tentado. O grande público nunca vai perceber, nem estar interessado, mas isso é natural. Este segmento é uma coisa tão diferente do que é habitual que as pessoas obviamente não vão perceber. Por isso é que a associação é importante e, juntamente com uma confederação, tenta trazer, não digo ao grande público, mas pelo menos ao público do trade, e aos governos ‑ ou aos desgovernos, neste caso ‑, o tema. Mas mesmo assim não é fácil. É preciso persistência, não largar o osso, e pode ser que se chegue lá um dia. O não é sempre garantido, há‑de chegar o dia que passa a ser sim. Não podemos é desistir. WWW.EVENTPOINT.PT 42 GRANDE ENTREVISTA DEZ PERGUNTAS A EDUARDA NEVES E o mais difícil? O português (risos). Que língua gostaria de aprender? Holandês. Prato favorito? Feijoada. Se pudesse escolher qualquer figura histórica para jantar, quem seria? Marquês de Pombal. Rede social que mais usa? Nenhuma. Local para passear em Lisboa? Beira‑tejo. Um destino de férias de eleição? Birmânia, que agora se chama Myanmar. Evento mais exigente até à data? São todos, desde o mais pequeno ao maior. A exigência é a mesma. Orador mais extraordinário que ouviu? O Comandante da TAP, Ângelo Felgueiras. Mercado com que é mais fácil trabalhar? Canadiano ‑ não quer dizer que seja o mais fácil de entrar. © António Camilo “A GRANDE MAIORIA DOS EMPRESÁRIOS DESTA ÁREA ESTÃO A DAR O SEU MELHOR PARA RETOMAR A ATIVIDADE EM PLENO” WWW.EVENTPOINT.PT 44 ESPAÇO APECATE DESAFIOS DA RETOMA Tendo a APECATE empresas de dois setores diferentes, embora algumas vezes complementares, a retoma iniciou‑se em duas alturas diferentes: enquanto as empresas ligadas à Animação Turística iniciaram a retoma em junho/julho, nomeadamente com as atividades ligadas ao ar livre, para as empresas ligadas aos Congressos e Eventos a retoma só se iniciou em setembro/outubro. Apesar do alívio das medidas decretadas pelas autoridades governamentais, em particular as implementadas a partir de 1 de outubro, permitir que as empresas retomem o seu trabalho o mais “normal” possível, muitos são os desafios a ultrapassar, nomeadamente: 1. A comunicação da alteração das medidas de confinamento que impedia o regular funcionamento das nossas empresas foi sempre feita de forma tardia e sem a clarificação que se exigia, levando à impossibilidade da programação necessária; 2. Tendo as equipas estado mais de 18 meses em teletrabalho, mesmo aquelas que se adaptaram a novas alternativas e conseguiram assim sobreviver com alguma tranquilidade, perderam as rotinas necessárias para voltarem de imediato às atividades presenciais; 3. A reabertura foi feita de tal forma que todos os clientes pretendem realizar os seus congressos e eventos no mais curto prazo possível, levando a que já não existam espaços nem datas disponíveis para os realizar, voltando a pôr a “nu” a falta de espaços necessários à realização de congressos e eventos, em especial os de maior dimensão; 4. Os diversos fornecedores de serviços para esta área estiveram quase totalmente parados durante um ano e meio, com as suas equipas em casa e a receberem integralmente os seus salários, graças ao lay off simplificado; tendo esta sido uma medida essencial para a sobrevivência de muitas empresas e pela qual muito a APECATE lutou, leva a que parte dos colaboradores mais indiferenciados destas empresas não tenha vontade de voltar a trabalhar no “duro” e crie graves problemas de produtividade, o que acaba por se refletir no sucesso das nossas atividades, sejam elas de animação turística ou na organização de congressos ou eventos. 5. Por último, o governo continua a adiar desde julho de 2020 os apoios às empresas do nosso setor; anunciado inúmeras vezes, com a pompa e a circunstância a que já há muito nos habituaram, o apoio à captação de congressos e eventos continua no papel… Apesar de nossos empresários já se terem habituado à falta de apoio por parte das entidades governamentais, numa altura em que tanto se fala dos milhões do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], não será a oportunidade de haver um apoio direto à recapitalização das empresas, tornando‑as assim mais fortes e mais competitivas? Ou iremos assistir novamente à distribuição das verbas europeias pelos “amigos” do costume, em obras que, no mínimo, são discutíveis do ponto de vista da sua necessidade, desperdiçando assim mais uma oportunidade de avançarmos como país? A recuperação de algum do nosso atraso em relação à Europa onde nos inserimos só será conseguida se tivermos empresas viáveis e produtivas e não apenas com mais Estado. A grande maioria dos empresários desta área estão a dar o seu melhor para retomar a atividade em pleno, contribuindo, como no passado, para o crescimento do PIB português; no mínimo, o que exigimos é que diminuam os entraves burocráticos a que somos sujeitos todos os dias, particularmente quando pretendemos fazer algo diferente do standard, e que sejam implementadas as medidas legislativas necessárias para o fortalecimento das empresas, privilegiando sempre a busca pela melhor qualidade. Esperemos que a saída desta crise não seja mais uma oportunidade perdida, donde não se tirem as devidas lições, e que finalmente se implementem questões de fundo, adiadas há muitos anos, como, por exemplo, a implementação do registo de empresas de congressos e eventos. Vasco Peres de Noronha Vogal da Direção da APECATE WWW.EVENTPOINT.PT 46 ESPAÇO APECATE JOÃO PINHO A EMOÇÃO DOS EVENTOS… NAS NOTÍCIAS E NO TERRENO WWW.EVENTPOINT.PT 48 VIDA DE EVENTOS Na comunicação de um evento, João Pinho tenta “sempre que possível” acompanhá‑lo do início ao fim. “Idealmente, até tentamos participar ainda numa fase mais inicial, quando ainda se desenha o projeto. É que, frequentemente, além de podermos contribuir com uma visão muito particular, baseada na experiência acumulada ao longo de anos a trabalhar em alguns dos maiores e mais relevantes eventos nacionais, há sempre detalhes no desenho do próprio evento em que, com alguns ajustes, se consegue tornar tudo mais apelativo para a imprensa”, refere. E é devido a tudo isto que, quando um evento que comunicou corre bem, sente que esse sucesso também passa pelo seu trabalho. Foi através da Sonaecom que João Pinho chegou ao universo dos eventos. Primeiro, trabalhou no marketing no ponto de venda, “onde inventávamos e implementávamos a animação dos locais onde os nossos serviços de telecomunicações estavam à venda”; depois, passou a integrar o departamento de eventos, patrocínios e ativação de marca da Optimus, “que foi uma escola incrível, já com outra escala, e que me permitiu meter as mãos – e aprender muito – em muitos eventos dos mais espetaculares e extraordinários que já aconteceram no país, sobretudo festivais de música e outros vários formatos que fomos trabalhando com enorme e reconhecido sucesso ao longo de muitos anos”. João Pinho fundou e lidera a Press Link, agência que atua na área da consultoria de marketing e comunicação, sobretudo de grandes eventos na área da cultura e do entretenimento. A empresa assume a ligação entre os promotores de eventos e a comunicação social, “com o objetivo de maximizar a visibilidade mediática, apostando, para isso, na identificação de aspetos com potencial interesse editorial”, esclarece, explicando as vantagens da presença dos eventos nas notícias: por um lado, a informação é veiculada através de notícias, sendo “incomparavelmente mais valorizada pelo público” e tendo “muito mais impacto”; por outro lado, “esta forma de aparecer nos media não tem custos diretos”. É, assim, também uma parte importante deste universo dos eventos. Next >