< Previous“A nomeação para o Prémio Novo Talento foi, desde início, uma forma de reconhecimento do meu trabalho ao longo deste ano, mas também do meu esforço dedicado a todos os eventos que realizei. Não estava a contar ser o vencedor, mas é mais um passo que dou na minha carreira e no meu crescimento profissional. Sou novo e ter já um prémio destes no meu currículo é um grande orgulho. Para além disso, este prémio é um passo importante para mim, mas também para todos os técnicos desta área que, cada vez mais, mostramos que sem nós os eventos não se realizam. São muitas horas por trás do palco para que tudo corra pelo melhor, antes, durante e após o evento. Faço o apelo para que o trabalho feito por nós seja mais valorizado.” PRÉMIO EVENT POINT Manuel Vaz – Expanding Group Este ano, Manuel Vaz cumpre 25 anos de carreira nos eventos e este prémio reconhece a visão, a facilidade em criar conceitos novos e a capacidade de olhar um desafio e perceber imediatamente como articular tudo, para que seja coerente e atinja os objetivos. Academicamente, Manuel Vaz passou pelo ISAG, IPAM e pela Harvard Business School. Começou a carreira na Câmara Municipal do Porto, como gestor de animação e programação. © Yourimage WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 60 EM DESTAQUE Em 1997, é um dos fundadores da Realizar WorldWide Events, onde esteve 13 anos. Em 2010 cria a Expanding, agência de eventos que ainda lidera e que, entre outros, organiza o Festival Comida Continente. É co‑criador do festival de cinema Douro Film Harvest e da Glex Summit, conferência que reúne exploradores do mundo inteiro. A par da atividade de eventos é professor na Porto Business School. “Foi uma honra e um privilégio ser reconhecido nesta primeira edição Eventeers com o prémio Event Point. Este prémio é um testemunho do trabalho árduo e compromisso de toda a equipa da Expanding World, e de mais de 25 anos de conquistas notáveis. Este reconhecimento é uma grande inspiração para mim e para a nossa equipa continuar na busca da excelência e relevância em todos os nossos projetos e eventos. Gostaria de dedicar este prémio a toda a equipa da Expanding World, que trabalha incansavelmente para oferecer experiências únicas e inesquecíveis para os nossos clientes. O nosso compromisso em fornecer serviços de qualidade e inovadores é uma das fontes da nossa identidade. Sem o trabalho árduo e a entrega excepcional da equipa, essa conquista nunca teria sido possível. Obrigado, novamente, a todos os envolvidos nesta realização e aos nossos clientes, parceiros e fornecedores que confiam na Expanding World para os seus eventos. Vamos continuar a trabalhar juntos para alcançar novos níveis de excelência na indústria de eventos” . Reveja aqui a cerimónia de entrega dos prémios The Eventeers, realizada a 20 de novembro, no Centro de Congressos do Estoril.TRANSPARÊNCIA, RESPONSABILIDADE E CORAGEM WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 62 OPINIÃO GREENWASHING, “GREENWATCHING” E A SUSTENTABILIDADE NOS EVENTOS! Num mundo cada vez mais consciente do impacto ambiental das atividades humanas, a procura por práticas sustentáveis tornou‑se uma prioridade em diversas indústrias. A indústria de eventos não é exceção, e recentemente, projetos como o CUIDA EVENTO têm surgido com a promessa de minimizar o potencial impacto negativo dos eventos. Contudo, surge a questão crucial: estamos a testemunhar uma verdadeira revolução verde ou uma estratégia astuta de marketing conhecida como greenwashing? O greenwashing é uma prática preocupante em que empresas, ao invés de adotarem práticas ambientalmente responsáveis, optam por criar uma fachada de sustentabilidade. Muitas vezes, essas organizações utilizam rótulos ecológicos enganosos, promovem iniciativas pouco transformadoras e manipulam informações para ocultar práticas não sustentáveis. Não menos preocupante é o “greenwatching”. Um palavrão que utilizamos para definir a prática de observar passivamente as mudanças ambientais e desafios sustentáveis sem tomar medidas significativas para atenuá‑los. Representa uma atitude de espetador, onde as organizações estão cientes dos problemas ambientais, mas optam por não se envolver ativamente em ações que promovam a sustentabilidade. Em 2024, a sustentabilidade ganha destaque. Reduzir o desperdício e adotar práticas mais ecológicas serão prioridades, elevando o compromisso com o planeta. Este será certamente um elemento de destaque para as marcas, que não deve ser descurado. Como respostas a esta preocupação crescente, surgem projetos como o CUIDA EVENTO, lançado pela CRIAVERDE em parceria com a SINAMBI/ENVI ENERGY no evento “Reinvent the Event”, que permite minimizar o seu impacto sobre o meio‑ambiente. No entanto, a verdadeira revolução verde nos eventos exige mais do que simples cálculos de pegada de carbono e plantio de árvores. Envolve um compromisso real das marcas e das organizações com práticas sustentáveis, desde a seleção de fornecedores até à gestão de resíduos e o uso eficiente de recursos. Marcas verdadeiramente sustentáveis integram a responsabilidade ambiental no seu ADN e adotam medidas tangíveis que vão além da mera compensação. É imperativo que essa consciencialização se traduza em ações substanciais e não apenas em discursos vazios sobre a proteção do meio ambiente. O futuro dos eventos e a sustentabilidade estão entrelaçados de maneira inextricável. As expetativas dos consumidores estão a evoluir, e as empresas que não abraçarem práticas genuinamente sustentáveis arriscam perder a confiança e lealdade do seu público. Esta evolução requer à indústria de eventos transparência, responsabilidade e a coragem de ir além das soluções superficiais. Só assim será possível fazer a diferença, e só assim será possível as marcas diferenciarem‑se. Em última análise, a escolha está nas mãos dos consumidores e das organizações envolvidas na realização de eventos. Podemos abraçar um futuro onde a sustentabilidade não é apenas uma moda passageira, mas uma parte integrante de como concebemos, planeamos e realizamos eventos. A decisão é nossa ‑ e o planeta está a observar‑nos atentamente. Cristiana Pacheco CEO SINAMBI | Engenheira do Ambiente | Co‑Fundadora Projeto “Cuida Evento” www.linkedin.com/in/cristianapachecocardoso WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 64 OPINIÃO “CADA EVENTO É UM DESAFIO” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 66 GRANDE ENTREVISTA JOANA ALMEIDA “NÃO HÁ DIRETOR NENHUM QUE BRILHE, SE NÃO TIVER UMA EQUIPA COM ELE” Agregadora, humanista e pragmática. São alguns dos adjetivos que encontramos para descrever Joana Almeida, depois desta conversa na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto. Com os eventos no coração, a hoteleira lança‑se agora num novo projeto, o Palacete Severo, com a mesma determinação com que encara qualquer desafio. O importante é “sair da zona de conforto”, garante. Qual foi o seu percurso académico e profissional até chegar aqui. A minha história até chegar à hotelaria tem uma base grande nos meus pais e na minha mãe, em particular. A minha mãe não tem jeito nenhum para línguas e o meu pai é exatamente o contrário. A minha mãe, sempre que viajava com o meu pai, tinha uma frustração enorme de não falar inglês e francês. Então, com nove anos, eu já estava no Instituto Americano, porque a minha mãe tinha o pânico de eu não educar o ouvido. Com 11 estava no [Instituto] Francês e com 13 estava a aprender alemão. Tive a sorte de sair um bocadinho mais ao meu pai. Quando eu tinha 16 anos, a Comunidade Europeia estava a recrutar tradutores e intérpretes. Candidatei‑me, sem dizer nada a ninguém, e fui selecionada, mas os meus pais, anos 80, disseram ‘nem pensar, não vais para Bruxelas trabalhar’. A partir daí, as minhas escolhas académicas e de percurso foram: eu quero ir para Bruxelas para ser tradutora e intérprete. Portanto, qual foi o caminho? Línguas e Literaturas Modernas. Entrei no Porto [Universidade], mas ao fim de seis meses percebi que não era aquilo que eu queria, pois estava muito vocacionado para o ensino. Cheguei a casa e disse aos meus pais que queria mudar para o curso de Gestão Hoteleira. A filosofia da Escola [de Turismo e Hotelaria do Porto] era, e ainda é, de que é preciso saber fazer para poder liderar uma equipa. Alguma vez se arrependeu? Não me arrependi dia nenhum da decisão tomada. Naquela altura não havia muita gente formada. Comecei logo a trabalhar como assistente de diretor de F&B do Ipanema Porto, que na altura era uma referência dos eventos e do corporate, que é a área onde gosto mais de interagir. Depois tive um convite para ir gerir o Clube de Squash do Porto. Tinha um espaço de eventos e um restaurante, além da área desportiva. Foi uma experiência fantástica, porque não havia nada, e foi uma oportunidade de sair do F&B. Gosto muito da interação com o cliente e da estratégia e detestava que as coisas já me chegassem às mãos para executar. Achava que tinha que estar a montante, que tinha que ir para vendas. Abriu, então, uma vaga no antigo Sheraton, que agora é o Porto Palácio, para assistente do diretor comercial, o Pedro Cardoso [atualmente diretor da The House of Events]. Eu não tinha experiência nenhuma de vendas, mas fui à entrevista e fui trabalhar com ele. O Pedro é, das pessoas que conheço, uma das que, do ponto de vista estratégico, está mais à frente; tem uma capacidade de análise e de projetar para a frente que muito pouca gente tem. E eu era de mãos na massa, gostava de operacionalizar e acabávamos por nos entender muitíssimo bem. O diretor de F&B era o Simão Teixeira. Como eu vinha de F&B, foi fácil fazer a ponte com os banquetes e com os eventos. Criou‑se ali uma equipa com uma dinâmica giríssima, aprendi muito com os dois, e somos amigos ainda hoje. Com a saída do Pedro, o senhor [António] Pereira [diretor do hotel] propôs que fosse eu a assumir essa direção de vendas, mas a Sonae queria que fosse uma pessoa dos headquarters. Nessa mesma fase, surgiu um convite para ser diretora de vendas do Tivoli Porto e Coimbra. E eu fui e aprendi imenso. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 68 GRANDE ENTREVISTA Seguiu‑se uma experiência no Europarque... Sim, entretanto o Europarque tinha aberto e tinha aberto mal. Não estavam a conseguir ter uma cadência de eventos e foi preciso pô‑lo a funcionar. Foi aqui que eu fiz eventos mais giros, desde a Cimeira dos Chefes de Estado de encerramento da presidência portuguesa, Rally de Portugal, grandes congressos. Eram eventos de uma dimensão que num hotel não é possível fazer. Sentia que os eventos eram fantásticos, mas o dia a seguir ao evento, se não houvesse logo outro, era um peso. Não ver gente, não ver clientes, não interagir, era uma coisa que mexia comigo. Depois começaram a falar que ia abrir um hotel novo na Boavista e que ia ter salas de reunião. Informei‑me e descobri que era um Sheraton e que ia ter a maior sala de eventos da cidade. Mandei o meu currículo para Madrid, que era onde estava a base ibérica. E quem me responde: o senhor António Pereira, que tinha sido o meu diretor e do Pedro, no [antigo] Sheraton. Ele disse: ‘Então quer voltar para os hotéis?’ e eu respondi que queria e entrei no processo de recrutamento. Os diretores comerciais tinham de passar por todo um crivo, avaliação de personalidade, de competências, de soft skills, de hard skills. Foram três semanas em testes. Passei e fiquei. E foram 20 anos de Sheraton Porto... Entrei em 2013 e saí 2023, um mês antes de fazer 20 anos. Foram 20 anos muito dinâmicos. Começámos com a gestão Starwood. Optei, nessa altura, por fazer a base aqui, não quis realocar, nem ser expatriada. Não ia entregar os meus filhos a pessoas que não conhecia para tomarem conta deles. Tinha aqui uma rede de apoio que me permitia, Next >