Diogo Rebelo Rodrigues: “Acredito que o melhor neste trabalho são as pessoas e a troca de experiências”
20-06-2023
# tags: Hotelaria , Eventos , Vida de Eventos , Casamentos
Em 2021 foi considerado uma das 100 pessoas mais influentes na indústria dos eventos pela Eventex, reconhecimento esse que, com orgulho, diz ser o resultado “de muito empenho, ética de trabalho e dedicação”.
Mas a chegada de Diogo Rebelo Rodrigues a esta área até foi quase por “acaso”, já que estudou Economia e começou por trabalhar em Auditoria. Só que rapidamente percebeu que este não era o rumo certo e decidiu mudar-se do Porto para Lisboa para estudar Comunicação Empresarial e Relações Públicas.
Diogo Rebelo Rodrigues vem de uma família grande “que sempre viveu muito à volta da mesa e que sempre gostou de receber e entreter”. O “bichinho” dos eventos “talvez venha daí – de ver a azáfama de mesas e casas cheias”. Três anos depois de estar em Lisboa, o telefone tocou com o convite para integrar a Casa do Marquês e esta foi a primeira grande experiência na área, sem esquecer uns trabalhos de verão durante as férias da faculdade.
A partir daqui, nunca mais parou: em 2017 foi convidado para o Marriott e no ano seguinte fez a transição para a equipa de Catering do Penha Longa, gerido pela cadeia Ritz-Carlton. Nos dias de hoje, é aqui que desempenha a função de Director of Groups and Events Sales, supervisionando uma equipa de sete pessoas.
“A hospitalidade é muito natural para mim”
A diversidade de projetos e de clientes é o que mais motiva Diogo Rebelo Rodrigues no seu trabalho. Mas é “a possibilidade de inovar e criar memórias” que realmente o realiza. “Sentir que contribuímos para um momento especial que as pessoas irão recordar por muitos anos é fantástico. Tenho uma paixão por pessoas e por gastronomia, pelo que a hospitalidade é muito natural para mim, a possibilidade de colocar a minha experiência e conhecimento da área ao serviço das necessidades dos nossos clientes satisfaz-me muito”, sublinha.
Já esteve envolvido em muitos e diferentes eventos, entre banquetes de Estado, Rock in Rio ou Estoril Open e ainda noutros que, por sigilo profissional, não pode revelar. Entre os mais de 200 casamentos e mais de 300 outros eventos que organiza anualmente, “torna-se difícil escolher um”.
E a esta “sorte” de ter o seu nome associado a tantos eventos juntam-se outros benefícios, como “conhecer os bastidores de sítios incríveis”, visitar espaços que não estão abertos ao público, ver uma exposição antes de inaugurar ou “vaguear pelos corredores de alguns dos mais importantes palácios do país”.
“Existe uma exigência brutal”
Como em tudo na vida, também na indústria dos eventos há o reverso da medalha. Diogo Rebelo Rodrigues não tem dúvidas de que se trata de uma área muito exigente que “ainda não tem o reconhecimento devido”, pois diz haver a ideia errada “de que quem trabalha em eventos está sempre em festas, quando na verdade há, muitas vezes, meses de preparação, de discussões de orçamento, de longas horas de troca de correspondência com clientes externos e internos”.
“Não só trabalhamos com prazos muito mais curtos como ainda há uma grande dificuldade em recrutar o talento certo para as organizações. Muitos candidatos procuram uma vida de glamour e, embora haja também essa parte, a verdade é que muitos dos nossos dias são passados num escritório a preparar orçamentos e existe uma exigência brutal, principalmente quando trabalhamos o segmento de luxo”, reconhece o Director of Groups and Events Sales no Penha Longa Resort.
Também os momentos de maior tensão podem ser recordados com humor, como o episódio em que 80 clientes chegaram um dia mais cedo ao espaço do evento e “não estava nada preparado”. “Tive uns segundos de pânico, mas comecei imediatamente a pensar em alternativas”, recorda. Foi “um momento muito stressante, mas tornou-se, depois, um género de piada”. Na memória está também o dia em que foi precisa uma alternativa a canapés para um evento, mas o cliente não podia ir ao hotel. Com uma mochila às costas “do género Uber Eats”, Diogo Rebelo Rodrigues levou a prova ao escritório do cliente.
“Muitas das minhas memórias prendem‑se com pessoas com quem trabalhei”
Antecipar problemas e reagir rapidamente é um exercício diário e “na grande maioria das vezes o cliente nem chega a perceber que algo poderia não ter corrido bem”. Às vezes, é preciso gerir emoções e garantir um final feliz, como aconteceu com um casamento marcado para a Casa dos Penedos, junto à Serra de Sintra, cujo acesso estava cortado por fogos florestais. “Conseguimos mudar o evento em tempo recorde para outro espaço e articular com todos os envolvidos essa mudança e acabou por ser um sucesso”, lembra.
São já muitas as recordações que Diogo Rebelo Rodrigues coleciona por estar ligado a eventos. “Acredito que o melhor neste trabalho são as pessoas e a troca de experiências. Muitas das minhas memórias prendem‑se com pessoas com quem trabalhei, ou que conheci em eventos, e na sua maioria à volta da mesa. Tenho um tio que costuma dizer que à mesa não se envelhece, eu acrescentaria que em eventos não se envelhece”, conclui.