Nuno Ramos: “O que me motiva é a diversidade de cada evento e poder contar a história à minha maneira através da fotografia”

Entrevista

26-06-2023

# tags: Eventos , Vida de Eventos

Era uma vez um menino de sete anos que brincava com câmaras fotográficas no trabalho da mãe e que, desde cedo, percebeu que captar e eternizar momentos seria a paixão da sua vida.

Este podia muito bem ser o início da história de Nuno Ramos, fotógrafo de eventos que gosta de contar histórias através das suas imagens.

Nuno Ramos é filho de Irene Ramos, personalidade que dispensa apresentações na área da organização de eventos. Quando tinha sete, oito anos, e a mãe trabalhava numa conhecida casa de fotografia na Rua da Prata, em Lisboa, Nuno Ramos passava os dias “a brincar com aquelas câmaras de marcas super famosas” que lá estavam à venda.

Logo ali, reconhece, “ganhou o bichinho pela fotografia”. Mas já antes, recorda, “os irmãos da mãe estavam sempre com câmaras fotográficas e de filmar” e acredita que “isso ficou gravado na memória”. É justo dizer que o gosto pela fotografia surgiu por influência familiar e Nuno Ramos “passou a ser aquele amigo do grupo que andava sempre com a máquina fotográfica a tirar fotografia de tudo e de todos, em eventos, nas festas, nas férias”.

Se a fotografia faz parte da história de Nuno Ramos desde cedo, o mesmo podemos dizer dos eventos. Enquanto estudava Design Industrial na faculdade, começou por ser assistente na empresa de organização de eventos da mãe, o que “era sempre muito divertido”. Depois fez “umas brincadeiras de design” na empresa de Irene Ramos e mais tarde, quando acabou a faculdade, dedicou-se a 100% e entrou mais a sério nesse mundo. “Mais ou menos de 2001 a 2013, 2014, estive como gestor e sócio-gerente na empresa Irene Ramos, na qual fiz muitos eventos”, conta.

“Comprei logo um Ferrari e não sabia conduzir”

Nuno Ramos tinha a responsabilidade de contratar fotógrafos para os eventos que organizava e a paixão pela fotografia voltou a manifestar-se: “Sempre fui curioso e andava atrás do fotógrafo, perguntava coisas, como era, como fazia, como tirava aquela exposição, como fazia aquilo, como editava”, explica. A curiosidade fez com que criasse um pequeno estúdio de fotografia no gabinete da empresa e com que comprasse “uma câmara boa, uma boa lente, um flash”. “E até posso dizer que na altura não comprei uma câmara de baixa gama, comprei logo um Ferrari e não sabia conduzir. Portanto, fui aprender a conduzir um Ferrari, mas teve piada por aprender logo num Ferrari. Era com o que eu ia trabalhar, era com câmaras profissionais, com as quais trabalho até hoje”, justifica.

Já com equipamento profissional, Nuno Ramos começou a levar a máquina para os seus eventos e a fazer “fotografias mais artísticas, um pouco diferente do normal dos eventos, que costumam ter uma fotografia um bocado boring, aquela fotografia ‘chapa 5’”. Na verdade, “queria de alguma forma contar a história de um evento, mostrar um evento de forma mais criativa” que não se limitasse “às fotografias de um orador, de um palestrante, da sala de reuniões”. Desde o início, Nuno Ramos quis “mostrar uma foto diferente que as pessoas não estejam habituadas a ver”.

Após várias “experiências” e alguns cursos e workshops de fotografia, foi natural a transição de coordenador para fotógrafo de eventos. Desde 2012, Nuno Ramos tem um estúdio de fotografia no Estoril.

“Muitas das vezes eu sinto que não estou a trabalhar”

O know-how da organização de eventos faz com que Nuno Ramos “tenha o radar sempre ligado”. “Como venho dessa área, sei mais ou menos aquilo que está para acontecer. Só preciso de algumas guidelines para seguir o evento. É para mim muito natural estar a fotografar um evento, seja de que tipo for. Acho que o meu ‘olho para o detalhe’ e a antecipação de algumas situações fizeram de mim um fotógrafo de eventos mais atento”, sublinha o fotógrafo.

Confidenciando que “muitas das vezes sente que não está a trabalhar”, porque ir para um evento fotografar é “fazer aquilo que gosta”, Nuno Ramos diz-se motivado pela diversidade que a fotografia de eventos lhe proporciona. “É estar a trabalhar numa área que eu adoro, tirar fotografias, momentos, expressões. E cada evento é único. Eu acho que o que me motiva é mesmo a diversidade de cada evento e poder contar a história à minha maneira através da fotografia. Diria até expressar a minha arte”, explica.

O evento que mais o marcou realizou-se em 2005, quando esteve envolvido na organização da implosão das torres de Tróia. “Foi um trabalho muito complexo”, que “ficou bem gravado como um evento único”, sobretudo na parte da logística e acolhimento dos convidados.

Nuno Ramos diz gostar de todos os eventos e mesmo os mais cansativos “acabam por ser gratificantes no final”. Histórias com piada também as tem na sua memória (fotográfica), como a de um jantar de gala em que o cliente quis servir feijoada com enchidos aos convidados de lantejoulas e smoking. E isto porque -conta com humor -“não era época de sardinhas assadas”, que era a primeira opção do cliente.