Márcia Ferreira: “A área de produção técnica era a que mais me fascinava”
02-12-2020
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Mas era a área de comunicação que mais a seduzia. “Nessa área comecei pelo vitrinismo e, depois, fui‑me profissionalizando. Antes, a área académica dos eventos era um percurso com muitas curvas: para ter formação académica em eventos tive que licenciar‑me em Marketing e Comunicação, depois fiz um Mestrado em Design de Comunicação para conseguir fazer tese em Design de Eventos. Hoje é tudo muito mais a direito, felizmente!”, conta à Event Point. Este investimento na formação permite que hoje Márcia Ferreira conjugue o trabalho na Mainvision com o de professora na Escola de Comércio de Lisboa, lecionando as disciplinas de Produção Técnica de Eventos e a de Marketing e Comunicação.
No setor dos eventos propriamente dito começou como organizadora de eventos na Connect. A experiência levou‑a a perceber que era na parte técnica que se sentia como peixe na água. “A área de produção técnica era a que mais me fascinava, talvez por ser a que considero que concorre para um maior impacto num evento, aquela que tem ligação direta com o efeito ‘uau’ que um evento pode e deve ter. O facto de conhecer as dores dos organizadores, porque as senti todas, ainda hoje nos é facilitador”, sublinha.
Na atividade o que mais gosta é do rigor e da possibilidade de poder acrescentar valor a um evento. Mas nem tudo são rosas, e há sempre o lado menos positivo. Perguntamos qual era. “Os pedidos de orçamentos cujo objetivo é um evento em grande mas com um budget em pequeno”.
Saudades dos eventos presenciais
A lista de eventos presenciais marcantes é vasta, e as saudades de os fazer enorme, mas se tivesse de salientar um, Márcia Ferreira aponta o primeiro evento digital feito no estúdio da Mainvision. “Não só pelo evento em si, que foi espetacular, mas também pelo que aquele evento representava: a audácia de em tão pouco tempo nos termos conseguimos transformar, reinventar, superar e apresentar ao mercado um conceito com a qualidade com que conseguimos.
Foi marcante porque estávamos na altura a viver um período naturalmente instável e inseguro onde arriscar e investir não era propriamente uma decisão líquida, mas para nós não havia outra opção: era ir ou ir, porque sabíamos que a atitude de não reagir e desistir podia durar para sempre”, refere, resumindo: “aquele primeiro evento digital teve sabor a superação”.
Na Mainvision é considerada “a cliente mais exigente”, mas mesmo o rigor que sempre impõe naquilo que faz, não a isenta de ter alguns episódios em que os imprevistos aconteceram. “Há 12 anos a fazer eventos, já tivemos algumas situações difíceis, mas que no limite se resolveram graças à equipa que temos. Diria que há duas formas de minimizar problemas: ter uma equipa top, porque são as pessoas que fazem as empresas, e apostar no planeamento porque acho que a nossa área é onde a lei de Murphy mais se aplica”, avisa.
E um momento mais hilariante? “Ainda enquanto organizadora estava em contacto com o José Cid para articular uma participação sua num evento corporativo. O meu cliente insistia para negociar o valor a pagar‑lhe e o José Cid a dada altura disse‑me: ‑ Márcia, eu vou pedir‑te um favor, vou pedir que digas ao teu cliente que eu vou fazer anos em breve, e que adorava que a Madonna viesse cantar na minha festa. Mas eu não tenho dinheiro para lhe pagar. Por isso ela não vem. Não é propriamente hilariante, mas foi uma aprendizagem descontraída que me ficou para a vida, e que tantas vezes me lembro dela, pela quantidade de vezes que acontece, sobretudo na nossa área”, termina.
© Cláudia Coutinho de Sousa Redação
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