Mariana Sousa: “Um grão de areia não faz o areal”

06-09-2021

# tags: Eventos , Vida de Eventos

Para Mariana Sousa, é fundamental trabalhar “com uma missão e um propósito” e é imprescindível o trabalho em equipa.

Afinal, “um grão de areia não faz o areal”, frisa a head of Business Events do Porto Convention and Visitors Bureau (PCVB). As suas atuais funções passam pela captação de eventos internacionais, parcerias internacionais e pela implementação da estratégia no campo da promoção internacional do destino Porto e Norte orientado para a meetings industry. Até chegar aqui, somou experiências ao longo do caminho e este começou fora do país.

“A par de ter realizado a minha formação superior no estrangeiro, tive a oportunidade e sorte de trabalhar em alguns países e cadeias internacionais hoteleiras, que, além do rigor, visão empresarial e a formação constante, me permitiram proximidade, convivência e compreensão com outras nacionalidades e culturas. Creio que esta experiência é um fator fundamental para o mundo atual e globalizado em que vivemos”, conta.

Regressada a Portugal, trabalhou num grande grupo hoteleiro, onde entrou em contacto com a indústria MICE, o que representou “uma enorme aprendizagem profissional e de conhecimento do setor”, sustenta. “A nossa participação, enquanto membro ICCA, e a minha recente entrada enquanto membro do Board da MPI Iberian Chapter deixam‑me extremamente honrada e privilegiada por estar a par e ter um papel ativo na estratégia e contacto direto com os principais players MICE ibéricos, europeus e norte‑americanos.”

Todo este percurso ajudou Mariana Sousa a desenvolver as suas funções na Associação de Turismo do Porto e Norte ao longo dos últimos anos. Ajuda também o facto de ser de Lisboa e sentir‑se em casa. “Aqui, e no Porto, que já são a minha casa, sinto‑me integrada e realizada, sabendo, porém, que muito ainda podemos fazer para o desenvolvimento da indústria MICE”, adianta.

A sua experiência na organização de eventos tem sido útil nas suas atuais funções no PCVB. “Tenho as bases que a hotelaria me deu e todos os eventos que tenho vindo a acompanhar de A a Z, entre promotores e parceiros, o que tem facilitado a minha intermediação, promoção e captação de projetos”, afirma.

E acrescenta: “No momento em que integrei na equipa do PCVB, rapidamente apercebi‑me que pouco sabia verdadeiramente de promoção de destino. Apoiei‑me muito nas minhas colegas dos outros Convention Bureaux, em particular a Alexandra Baltazar, de Lisboa, a Alexandra Ramos, do Algarve, e a Maria José Alves, de Cascais, por quem tenho a maior admiração e me inspiram diariamente.

Tenho uma grande proximidade com determinados CVB internacionais com quem procuro aprender diariamente, adaptando práticas e formatos de promoção e comunicação. É através deste benchmarking diário em conjunto com os nossos parceiros que conseguimos posicionar o Porto e Norte no mapa internacional de eventos.”

Sobre os principais desafios de ser head of Business Events no PCVB, Mariana Sousa refere que a pandemia “trouxe o maior desafio destes cinco anos” à entidade, mas, ao mesmo tempo, “um grande entusiasmo por, finalmente, sentirmos que era urgente comunicarmos com os mercados de outra forma”. Assim, vários projetos que estavam na gaveta estão a ganhar vida, e outros vão seguir‑se durante os próximos meses. “Saímos da nossa zona de conforto, o que tem sido de uma enorme aprendizagem e orgulho. Encaramos esta nova fase com entusiasmo e dinâmica”, sublinha.

“Gosto muito de estar em contacto regular com tantas pessoas”

“Trabalhar com uma missão e um propósito são para mim fundamentais, bem como a constante procura de novos projetos, as parcerias, as relações profissionais e a criatividade. Imprescindível é, claro, o trabalho em equipa, porque, como em todos os trabalhos, e neste setor essencialmente, um grão de areia não faz o areal.” Estes são os grandes fatores de motivação de Mariana Sousa.

Do que mais gosta na sua atividade é do facto de “não existir monotonia”. Além disso, conta, “gosto muito de estar em contacto regular com tantas pessoas, parceiros, instituições e empresas. Às vezes sinto que nos tornamos uma equipa alargada. Há também a eterna insatisfação de nunca sentir a ‘missão cumprida’, porque existe sempre mais algo a ser feito e isso, além de me motivar, torna‑me modesta perante os desafios”.

Por outro lado, “odeio cancelamentos”, algo com que tem lidado ao longo deste ano atípico. “Infelizmente, este sentimento ganhou muita força e tem sido vivido com alguma angústia durante o último ano. Uma lição que gostaria que fosse retirada desta pandemia seria que os cancelamentos fossem sempre reconsiderados com maior análise e sensibilidade.”

Da sua experiência, guarda memórias de eventos marcantes, que são vários ao longo destes últimos anos. “Mas os mais simbólicos são, provavelmente, os que chegam ao nosso destino, quando tudo começou com um simples contacto numa feira, num workshop ou com um simples email. Meses ou anos mais tarde, os astros alinham‑se e o nosso destino é selecionado. Só quando cheguei ao Porto Convention Bureau é que realmente entendi a complexidade da captação de um simples evento de média ou larga escala e que a nossa intervenção só faz sentido quando trabalhamos todos em conjunto e com o mesmo propósito. Sou lisboeta, mas sinto‑me em casa no Porto, fui acolhida com muito carinho por todos e existe um sentimento de pertença a esta cidade e região que se vai ganhando com o tempo”, conclui.


© Maria João Leite Redação