WTW quer afirmar-se como “o grande evento de enoturismo da Europa”
22-02-2024
# tags: Enoturismo , Eventos , Porto , Feiras
Até 25 de fevereiro está a decorrer a Wine & Travel Week (WTW), que inclui o evento Essência do Vinho e o projeto Gosto do Porto.
A semana vai a meio e o balanço possível é “muito positivo”, segundo Nuno Vaz Pires, diretor da Essência Company, que organiza a WTW. Não só a adesão é grande, como, nos primeiros dias, a organização alcançou um dos objetivos, a realização de 3.200 reuniões.
Mas há pela frente um desafio maior: afirmar a WTW como “o grande evento de enoturismo da Europa”. Ou seja, “queremos que ele fique sediado em Portugal e que seja o grande encontro europeu”, um evento com muita qualidade. “Acho que estamos no bom caminho”, frisa.
O ano passado foi uma espécie de “ano zero”. A organização da WTW quis sentir a pulsação do mercado e “perceber que caminhos de seguir”. Cedo percebeu que este evento seria mais do que uma simples feira de enoturismo – mas, sim, um evento “muito focado nos negócios”, nas reuniões, nas experiências e no conhecimento daquilo que o país tem para oferecer em termos de enoturismo.
“Obviamente, sabemos que para conseguir trazer um bom número, e com qualidade, de profissionais [buyers e jornalistas], para atraí-los para este evento, tínhamos que criar experiências que também fossem memoráveis e de qualidade”, explica Nuno Vaz Pires. Além das reuniões, a WTW proporciona várias atividades, ligadas ao vinho, aos produtores, à gastronomia – “uma série de momentos que possam posicionar não só o evento, mas também o nosso país”.
Assim, depois das reuniões, os profissionais “partem à descoberta do nosso país, onde vão continuar a viver uma série de experiências, mas agora já nas regiões, no local, com os produtores, nas casas, nos espaços de enoturismo”. Este é o conceito pensado para a WTW, que depois se abre ao público em geral com o evento Essência do Vinho e que também promove a descoberta da cidade com o Gosto do Porto. “Acaba por ser um megaevento, porque são muitas as ações que organizámos ao longo da semana e com um grande objetivo, o de promover o nosso país.”
Deixando os profissionais do setor satisfeitos e com uma imagem positiva, o evento contribui para o posicionamento de Portugal neste segmento. “Não é só o vinho, mas o nosso país precisa de crescer em valor. E, portanto, para isso, temos que criar eventos que consigam transmitir isso e ajudar os operadores a realmente valorizarem mais os seus produtos”, sublinha.
“Estes projetos só funcionam se aplicarmos paixão e muito trabalho”
Nuno Vaz Pires pretende “fazer sempre coisas diferentes” em todas as edições do evento. “Porque é um bocadinho a nossa forma de estar e porque este tipo de conceito exige isso; porque se nós, todos os anos, não surpreendermos com alguma coisa, vamos ser mais um no meio disto tudo. E nós não queremos. Queremos, realmente, aqui deixar marca”, esclarece.
Agora, a semana está a decorrer e, depois, no final, fazem-se os balanços e dá-se início a um novo trabalho. “Para já, estamos aqui pelo Porto. Mas eu acho que este é um projeto que pode sair do Porto e partir para outras cidades também”, adianta. Afinal, Portugal “é um país fantástico”, que tem muitos espaços “com capacidade para acolher e receber, fazer coisas diferenciadoras”.
Mas, nestes primeiros anos, é importante “criar uma marca”. Depois, quando o evento já tiver alcançado o seu espaço, “as coisas avançam naturalmente”. “Penso que estamos num bom caminho. As coisas estão a correr bem, tivemos uma boa adesão. Este ano, também em termos de buyers, há muito melhor qualidade do que o ano passado. Mas isso também é normal, porque era o ano zero."
Mesmo assim, a edição de estreia da WTW venceu três prémios internacionais. Esse fator “gerou alguma notoriedade e mediatismo”, o que levantou a curiosidade de várias regiões. A de Castelo e Leão desafiou a organização e é, nesta edição, uma “espécie de região convidada”, tendo, desta forma, um pouco mais de impacto e mais visibilidade no evento.
Esta associação entre as duas regiões “é muito importante”. Especialmente, quando existe um “desafio ambicioso”, como o de ser o evento de referência do enoturismo na Europa. Nuno Vaz Pires revela que a Junta de Castilla y León está satisfeita com o evento e admirada “com a qualidade e a forma como nós comunicamos”. “Nós somos uma empresa pequena, mas estes projetos só funcionam se aplicarmos paixão e muito trabalho, e sermos muito preocupados com o detalhe”, sublinha.
“Não é uma questão de quantidade, mas de qualidade”
Ángel González Pieras, diretor geral de Turismo na Junta de Castilla y León, confirma a importância de fazer parte de um evento como a WTW, destacando a “relação que o Porto e a região norte têm com toda a parte ocidental de Castela e Leão”, de Puebla de Sanabria a Salamanca – apesar de lamentar a falta de uma ligação ferroviária entre o Porto e Salamanca, que iria torná-la numa “região europeia muito importante”. Realça a relação comercial entre as duas regiões e a importância do Porto para o turismo e enoturismo. E tudo isso torna imprescindível a presença numa feira “tão importante” como a WTW.
A imagem, sempre a imagem, marca a importância de eventos como este. Ángel González Pieras considera crucial “a imagem, o estar presente, ser ouvido, saber o que oferece, saber quais são as características do seu produto, a criação de um destino turístico. Isso é fundamental e isso reflete-se na imagem”.
A Junta de Castilla y León tem “muita esperança” em 2024, “porque vemos como estamos a crescer de forma consolidada todos os anos”. No ano passado, a região aumentou o número de visitas e dormidas em cerca de 10%. Este ano, estando o foco apontado quer no turismo patrimonial e cultural, “de que Castela e Leão é uma referência”, quer no enoturismo, Ángel González Pieras está “muito otimista” não só em relação ao número de visitas ou de dormidas, mas quanto à “despesa induzida por cada turista que nos visita”. “Não é uma questão de quantidade, mas de qualidade”, sublinha, o que contribuiu para um turismo “duradouro” e “sustentável”.
Para que o negócio do turismo e do enoturismo seja mais sustentável e perdure no tempo, Ángel González Pieras considera quatro fatores: a singularidade (“dar um produto que, num mercado tão concorrido como o do turismo, seja singular”); a digitalização (“é fundamental um turismo que chegue a destinos inteligentes”); a segurança (“não só em termos de proteção pessoal do turista, mas também em termos de haver uma regulamentação que assegure um contrato comercial, sob critérios regulamentares estáveis”); e o facto de “as administrações e aqueles que operam no mercado deverem centrar-se mais nas necessidades da procura do que nas características da oferta”.
O diretor geral de Turismo na Junta de Castilla y León acredita que estas são questões “fundamentais, num turismo como o do Porto ou o de Castela e Leão, que está muito direcionado para um segmento de mercado médio-alto”, remata.