Educação e criatividade ao serviço da sustentabilidade

Reportagem

20-03-2024

# tags: Formação , Eventos , Sustentabilidade , Conferências

Realizar eventos sustentáveis acarreta vários desafios e a educação e a criatividade podem ser duas ferramentas a utilizar.

Realizada no âmbito da segunda edição da pós-graduação em Gestão e Organização de Eventos, do ISAG – Instituto Superior de Administração e Gestão, a conferência ‘O Desafio da Sustentabilidade nos Eventos’ juntou Hugo de Almeida (BestEmotions), Pedro Magalhães (Europalco) e Vasco Coelho Santos (Grupo Euskalduna) para deixarem algumas ideias sobre o tema. O encontro teve a moderação de Rui Ochôa (Event Point).

Sustentabilidade “é o único caminho”


De acordo com Hugo Almeida, “não há um evento 100% sustentável”, mas há eventos que conseguem minimizar o impacto negativo ou trazer para o evento algum “impacto positivo”. “É mais do que evidente que é o único caminho”, frisa, reconhecendo que, embora sensibilizadas para o tema, as marcas ainda avançam a ‘meio gás’. Defende que é possível ser mais amigo do ambiente na escolha de materiais, no catering ou no merchandising, e que é preciso “educar o cliente a construir esse caminho para a sustentabilidade”.

Também Pedro Magalhães entende que é necessário “causar o mínimo impacto” nos eventos, deixando o local à saída da mesma forma que foi encontrado à chegada. A Europalco, que conta, desde janeiro, com o Certificado de Eventos Sustentáveis ISO 20121, procura reutilizar ou doar o material (mobiliário ou alcatifas, por exemplo) e é responsável por transportar de volta os materiais e por fazer o processo de separação e tratamento dos produtos. Contudo, estes processos são caros. “Por vezes existe a vontade, mas também não existe a disponibilidade financeira” por parte de muitas empresas.

Para Vasco Coelho Santos, ser mais sustentável nos eventos “reúne uma série de condições ambientais, éticas, sociais e mesmo financeiras”. Começa pelos profissionais, educando os clientes, ensinando-lhes, no caso da cozinha, que há muitas coisas que se podem comer com peças menos procuradas, por exemplo.

Certificação é “importante”


Pedro Magalhães acredita que a certificação é o caminho. Não é só o selo, “mas uma forma de estar”. Contudo, faltam “muitas ações de sensibilização e muita formação”, já que há empresas que não têm possibilidades de fazer uma certificação. No caso da Europalco, as “rotinas automatizadas” foram o mais difícil de implementar.

Hugo Almeida considera que a certificação é a “única forma de haver um standard no mercado”. Concorda que é fundamental deixar os locais dos eventos como estavam à partida, mas defende que é possível ir mais além, “que é deixar melhor do que o que estava”, seja no espaço do evento, seja na cidade ou na região, criando “um legado do evento” e cultivando a “interação” entre a comunidade e vários stakeholders que podem ser envolvidos no processo pós-evento. No caminho da sustentabilidade, uma das áreas mais difíceis de intervir é o próprio cliente, por não ter conhecimento dos processos; depois, é toda a parte dos resíduos (materiais, desperdícios, reciclagem dos materiais, etc.).

Vasco Coelho Santos afirma que a certificação é “importante”, sendo uma forma de promover a sustentabilidade e de dar o exemplo a outras empresas. A formação também é crucial e adianta que, nas escolas, “a parte da alimentação devia estar muito mais presente”, com aulas sobre alimentação, desperdício alimentar ou sazonalidade dos produtos, por exemplo. O chef refere que é fácil “trabalhar com produtos sazonais”. Contudo, e especialmente nos eventos, é difícil controlar o desperdício; aliás, o desperdício de comida é o “real problema” do catering, afirma.

“A criatividade é importantíssima”


Pedro Magalhães tem consciência de que “as transformações levam décadas ou séculos” e que “esta vai ser uma delas”. Por isso, defende formas criativas de passar a mensagem: “A criatividade é importantíssima”.

“A criatividade é chave”, complementa Hugo Almeida, para quem é possível substituir coisas menos ‘verdes’ por outras que conseguem proporcionar a mesma experiência. Afirma que é preciso educar e que os eventos devem ter iniciativas que consciencializem os participantes para as boas práticas.

Vasco Coelho Santos deixa também algumas ideias sobre o que é possível fazer nos eventos, no campo da alimentação: reaproveitar ou doar o que sobra; evitar o desperdício de água; e estar atento aos resíduos.