TIS: inovação e tecnologia na transformação do turismo
25-10-2023
# tags: Tourism Innovation Summit , MICE , Eventos , Feiras , Turismo , Espanha , Tecnologia , Conferências
A Tourism Innovation Summit (TIS) reuniu em Sevilha 7.384 profissionais da indústria das viagens para refletir sobre a inovação e a tecnologia na transformação do turismo.
Realizada de 18 a 20 de outubro na Fibes – Palácio de Congressos e Exposições de Sevilha, e dedicada ao tema ‘Travel revolution takes off’, a TIS contou com a participação de 198 expositores, que mostraram diversas soluções de tecnologia com aplicação na indústria: sinalética digital, auto check-in, plataformas de gestão para hotelaria e turismo, soluções de comunicação, ticketing, virtual tours, entre outras.
Presentes na TIS estiveram ainda mais de 95 associações nacionais e internacionais e ainda 417 oradores, que contribuíram para a reflexão sobre a forma como o turismo está a mudar e para a definição de estratégias de crescimento.
Portugal esteve representado pelo Nest – Centro de Inovação do Turismo, que juntou no seu stand a VizitAR powered by Xplora Tech, Greener Act, Builtrix, Hey! Travel e a Digital Nomads Association. Além de apresentar o que de inovador se faz em Portugal, o Nest aproveitou para promover o evento internacional Boost – Building Better Tourism, que se vai realizar a 12 e 13 de janeiro de 2024, no Terminal do Porto de Leixões.
Adaptação a um mundo em transformação
O mundo está em transformação, as pessoas também, e sendo o MICE uma indústria que junta pessoas não fica, portanto, alheio à mudança. Foi com esta premissa que teve início a sessão ‘Empowering MICE Professionals: adapting and thriving in a transforming world’, que contou com a participação de Rachel Kinlay (MPI Iberian Chapter) e Ander Bilbao (Beon Worldwide), para analisar várias questões relacionadas com a indústria.
Para Ander Bilbao as principais áreas de interesse MICE passam pela criatividade, tecnologia e sustentabilidade; já para Rachel Kinlay, a resposta certa é “tecnologia, tecnologia, tecnologia”. E o público foi convidado a participar no decorrer da sessão, através da plataforma slido, respondendo aos desafios e colocando questões.
A sustentabilidade está na ordem do dia e, sobre esta matéria, Rachel Kinlay dá o exemplo do catering, que pode contribuir para um evento mais sustentável: o vegetariano deve ser o prato principal, comer localmente é importante, a forma como se serve a comida também pode ser mais amiga do ambiente, defende. Por seu lado, Ander Bilbao prefere falar do mindset. Explica que, no norte da Europa, as agências são responsáveis pela sustentabilidade, apresentando ao cliente eventos mais sustentáveis – embora, os eventos não sejam sustentáveis, ressalva, “podemos fazê-los o mais sustentáveis possível”. Já no sul da Europa, esse capítulo depende do cliente: mais sustentável é mais caro; se o cliente pagar…
No capítulo da tecnologia, Rachel Kinlay defende a utilização de ferramentas de tecnologia, como a slido, que podem tornar o evento mais dinâmico e envolver a audiência. Ander Bilbao olha para o futuro e aponta a inteligência artificial, que pode trazer grandes transformações. “Está a caminho e vai estar profundamente instalada na nossa indústria”, alerta.
Para Ander Bilbao, a segurança em eventos não é uma “questão pequena”: as coisas devem ser montadas com segurança; os dados pessoais devem ser bem protegidos; é preciso ter tudo programado no capítulo da saúde… No que toca à segurança, tudo deve correr conforme o planeado, frisou. Rachel Kinslay reforça a necessidade de proteção dos dados pessoais.
Ambos os oradores consideram que a diversidade e a inclusão devem ser tidas em conta na realização de um evento, já que as pessoas são todas muitos diferentes, e que a tecnologia pode ajudar nesta questão. Também concordam que nas associações se pode encontrar networking, conhecimento, formação e inspiração.
MICE em recuperação
A sustentabilidade assume um papel importante nesta transformação e foi tema em variadas sessões. Logo no primeiro dia de evento, na sessão ‘Journey Within: the power of sustainable tourism’, Céline Cousteau (CauseCentric Productions) frisou a necessidade de criação de laços entre os destinos e a natureza.
Na sessão ‘Adapting to climate changes’, responsáveis governamentais e de agências confirmaram que há uma maior preocupação com a sustentabilidade e sublinharam que é preciso “passar à ação” no sentido de haver turismo sustentável. Afirmaram ainda ser necessário educar e consciencializar as comunidades locais para as alterações climáticas e para a importância da sustentabilidade, envolvendo todos os stakeholders.
Na sessão ‘Is business travel leading change? Is MICE recovering?’, os oradores lembraram que a sustentabilidade não é só ambiental, mas também financeira, por exemplo, e que há várias iniciativas que podem ser realizadas rumo à sustentabilidade, mas que requerem financiamento. Com a pandemia, houve um recurso a plataformas virtuais de reunião, como o Zoom; mas, apesar da boa qualidade, esta não é a forma de se criarem relações, de se criar confiança – ressalvam os participantes.
Na mesma sessão, Eloisa Urrutia (Amex) abordou os resultados do American Express Global Business Travel Meetings & Events, que entrevistou mais de 500 profissionais dos eventos e reuniões, associativos e corporativos, de 26 países. Em resumo, o relatório indica que a maioria dos inquiridos (67%) prevê um aumento dos gastos em reuniões no próximo ano. Além disso, 59% dos entrevistados acreditam que a maior parte dos eventos em 2024 vai ser presencial; 21% responderam que serão virtuais e 20% disseram que serão híbridos. Relativamente aos desafios, a maioria (53%) refere que o principal desafio do setor vão ser os custos. Mas há mais: cortes no orçamento (44%), disponibilidade dos locais (43%), staff do hotel (29%) e o rastreamento das emissões de carbono (23%).
“O MICE está a recuperar exponencialmente”, refere Eloisa Urrutia, que acredita que os profissionais estão cansados do Zoom. Acrescenta que na indústria não há só um aumento no número de reuniões e eventos MICE, como há também um maior gasto e mais participantes.
Jenny Southan (Globetrender) apresentou na TIS seis tendências turísticas para os próximos anos: a abertura de aeroportos em destinos mais remotos; as agências de viagens baseadas em inteligência artificial; o turismo de ar limpo, em destinos com melhor qualidade do ar; a geração alfa deve ser considerada como decisora de viagens; hotéis autossuficientes; e o turismo espacial.
Ao longo dos três dias de evento, a TIS apresentou um programa educativo recheado de conferências em cinco palcos. A inovação e a tecnologia, o futuro da indústria do turismo e tendências para os próximos anos, a retenção de talento, a recuperação do setor MICE, a criação de experiências significativas, a cibersegurança, a digitalização, a equidade na indústria hoteleira, o turismo inteligente e sustentável, foram alguns dos inúmeros temas em análise.
A Tourism Innovation Summit vai estar de regresso a Sevilha de 23 a 25 de outubro de 2024.
*A jornalista viajou a convite da Tourism Innovation Summit 2023
© Maria João Leite Redação
Jornalista