Faial: A ilha azul com pinceladas de verde

01-08-2019

# tags: Açores , Eventos , Faial , Portugal , Meetings Industry , Destinos , APECATE , Viagens

São quase 7 horas de uma manhã de Janeiro e o Pico recusa‑se a dar um ar do seu encanto, uma teimosia aliás que durou toda a permanência na Ilha Azul.

 As poucas pessoas na marina da Horta dão as boas‑vindas a um novo dia e rapidamente lançam‑se nos seus afazeres. Há uma superstição vigente que “obriga” os marinheiros, os velejadores, e são muitos os que por aqui passam, a gravarem um testemunho numa das pedras dos paredões da marina. Dessa forma a viagem será abençoada com um final feliz. O mar está calmíssimo, a suave brisa acaricia o rosto, e a vontade é de permanecer ali indefinidamente, a ver esta autêntica galeria ao ar livre.

Há duas baías na Horta, a da marina, a maior, e onde estamos, e a de Porto Pim, divididas pelo que sobrou da cratera de um vulcão. Da marina partem os barcos que levam os turistas à observação de cetáceos. O cachalote é a baleia mais recorrente por estas águas, mas há cerca de 25 espécies que podem ser avistadas. A Azores Experience é uma das várias empresas dedicadas a essa atividade. O Pedro Filipe, responsável pelas viagens, é um lisboeta absolutamente apaixonado pelo Faial, que cultura da ilha, das baleias, da natureza. Outro Pedro, o Rosa, viveu muitos anos no Porto, mas assentou arraiais na ilha, tendo criado o Azul Singular, o primeiro glamping dos Açores. Ambos estão envolvidos na promoção do turismo sustentável na ilha que tanto amam. José Leonardo Goulart da Silva, presidente da Câmara da Horta, lembra que a cidade é a capital do mar dos Açores e que o turismo é uma prioridade para o concelho. Nesse contexto, o esforço tem sido o de melhoramento das acessibilidades, sobretudo por via aérea, e a aposta na formação dos recursos humanos.

Continuamos o nosso périplo pela Horta. Mais à frente, situa‑se o Teatro Faialense, palco do Congresso da APECATE, motivo que nos trouxe de resto à ilha. Construído em 1916, o Teatro Faialense é por mérito próprio um dos edifícios mais importantes na vida cultural da cidade da Horta. Foi construído em 1916 no lugar de um outro edifício: o Teatro União Faialense, datado de 1856. “Decorreram os anos e o Teatro União Faialense, desgastado pelo uso, revela‑se pequeno e deficiente, pelo que se impunha a edificação de uma nova casa de espetáculos, dimensionada e confortável, que melhor respondesse às exigências do público”, escrevia‑se no jornal Tribuna das Ilhas, citado pelo Açoriano Oriental. Assim, a 6 de Abril de 1916 era inaugurada a nova “casa”. Em 1995, o Município da Horta adquiriu o imóvel à família Vasconcelos Corrêa e Ávila, tendo dado início ao restauro e ampliação do mesmo. As obras ficaram prontas em 2003. O Teatro Faialense oferece em termos de espaço um Cineteatro, um Auditório, uma Sala Polivalente e um Bar. O Cineteatro tem capacidade para 106 pessoas em teatro, mais 32 no balcão e 144 nos camarotes. O Auditório dispõe de 73 lugares. Existe equipamento de som, iluminação e tradução e por isso é um dos locais óbvios para eventos na cidade. O outro será a Sociedade Amor da Pátria, edifício onde durante muitos anos funcionou a Assembleia Regional dos Açores. Fundado em 1934 é um impressionante exemplar de “Art Deco”. A sala principal pode receber jantares de gala, concertos e outras atividades.

Em termos culturais, destacam‑se as visitas ao Museu da Horta, que está instalado no antigo Colégio dos Jesuítas, e a Casa Manuel Arriaga, onde viveu o primeiro Presidente da República, nascido na Horta.

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© Associação Turismo dos Açores, António Carvalho e Cunha

Atividades na natureza

É impossível falar do Faial sem mencionar o Vulcão dos Capelinhos. Em setembro de 1957, o vulcão acordou e durante treze meses esteve em atividade, fazendo por exemplo com que a superfície do Faial aumentasse em 2,4 Km2. A 24 de outubro de 1958 adormece, até aos dias de hoje. O Centro de Interpretação dos Capelinhos é uma visita obrigatória para se perceber o fenómeno. Foi nomeado pelo European Museum Forum, na competição para melhor museu da Europa no ano de 2012.

Há variadíssimos percursos pedestres a realizar na ilha: o percurso da Caldeira, o Faial Costa a Costa, Entre Montes, Morro de Castelo Branco, Ribeirinha, Levada, Rocha da Fajã, Cabeça do Canto, Dez Vulcões, Caminhos Velhos, entre vários outros. Se visitar a ilha no Verão perceberá porque a chamam de Ilha Azul, por causa das hortênsias que cobrem as paisagens.

Do Miradouro da Espalamaca avistam‑se outras ilhas do grupo central, nomeadamente o Pico, São Jorge e também a Graciosa, e por isso é um passeio a não perder. Assim como o miradouro do Monte da Guia, com vista para Porto Pim.

Ponto de encontro

É um local turístico por excelência, mas ainda assim não perde nenhum do encanto ou interesse. O Peter Cafe Sport é uma joia da Horta e o gin faz jus à sua fama. Em 2018, o Peter cumpriu 100 anos de existência. No piso superior está localizado o Museu de Scrimshaw (gravação em marfim de dentes de cachalote), fundado em 1986, que alberga a coleção particular dos donos do Peter Cafe Sport e é um testemunho daquela que foi a história da caça à baleia no arquipélago, entretanto proibida. O espólio de dentes gravados é assinalável e o melhor de tudo é mesmo a visita guiada por José Henrique Azevedo, o neto do fundador, e um contador de histórias nato.

Cláudia Coutinho de Sousa*

*Viajou a convite da APECATE

 

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação