Funchal: Cidade autêntica e com identidade

24-02-2020

# tags: Funchal , Madeira , Eventos , Portugal , APAVT , Turismo , Destinos , Viagens

A Madeira é conhecida por ser uma ‘pérola do Atlântico’.

E, de facto, é uma ilha preciosa em gentes genuínas, património e cultura com identidade. No Funchal leva‑se a sério a autenticidade. E todas as suas mais‑valias estão ao dispor de quem visita a cidade, seja em lazer, seja em negócios.

É à planta do funcho, Foeniculum Vulgare, que a cidade do Funchal deve o seu nome. Existe em abundância na ilha e está presente na gastronomia e na doçaria regional. Mas também o vinho da Madeira, a poncha e o bolo do caco se tornaram símbolos locais. E se há sítio onde se come e bebe bem é lá, nesta ilha rodeada pelo Atlântico.

A Capela do Corpo Santo, a Igreja do Socorro e a Fábrica de Chapéus fazem parte da zona velha do Funchal. A cidade é rica em património cultural e museológico. Conta com o Museu da Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s, o Museu de Arte Sacra, o Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira, o Museu do Brinquedo e, entre outros, o Museu CR7, dedicado ao futebolista Cristiano Ronaldo, que leva mundo fora o nome da ilha e de Portugal. E depois há também a Sé do Funchal, a Igreja de São João Evangelista, o Teatro Municipal Baltazar Dias ou a Fortaleza de São Tiago. E pelo caminho é possível apreciar também os diversos monumentos que se espalham pela cidade, em homenagem ao trabalhador, à bordadeira, ao emigrante ou ao empresário, os vários parques e jardins, e também os muitos miradouros de onde é possível admirar a terra e o mar.

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Um dos locais de passagem obrigatória é o Mercado dos Lavradores, que data de 1940, onde se encontram flores, frutas, vegetais, produtos tradicionais e artesanato típico, numa festa de cores e de cheiros. É no Mercado dos Lavradores que se realiza um dos grandes eventos da cidade, a Noite no Mercado, que a 23 de dezembro enche os visitantes de alegria, com dança, música e gastronomia ao longo da noite. Este é um dos eventos famosos do Funchal, conhecido também por outras iniciativas, como a Festa da Flor e a noite de Passagem de Ano. Eventos que levam turistas à cidade ao longo de todo o ano.

Mas há mais para ver e para fazer, como aproveitar a montanha para caminhadas, percorrendo percursos pedestres, para a observação de aves ou para a prática de BTT; mas também aproveitar o mar, para a observação de cetáceos ou para a prática de mergulho. São muitas as atividades junto da natureza, que podem ser usufruídas pelos turistas, que visitam a ilha nas férias ou numa lógica de incentivos, ou como complemento de uma visita de negócios.

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©Jim & Robin Kunze

Um destino MICE

O setor MICE tem sido uma aposta forte da região – o Funchal tem, por exemplo, o Centro de Congressos da Madeira –, que se afirma como destino para a realização de conferências, congressos, eventos, incentivos e reuniões de trabalho. “A Madeira está cada vez mais dotada dessas infraestruturas. Hoje, não só as unidades hoteleiras dispõem de capacidade de oferta, como também as infraestruturas públicas têm essa mesma capacidade instalada. Tem sido um mercado procurado essencialmente por empresas que querem aqui realizar eventos”, referiu Eduardo Jesus, secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira, em declarações à Event Point, à margem do Congresso da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, que decorreu no Funchal, de 14 a 17 de novembro. O responsável sublinhou a importância da animação turística, uma oferta de animação “muito diversificada” e alicerçada na prática de atividades de montanha ou no mar e na oferta cultural, “que vai desde a gastronomia, aos costumes, aos hábitos e às tradições”. Tudo isto tem permitido “a atração de boas propostas para a Madeira”.

Em outubro, a Madeira foi distinguida nos World Golf Awards como Melhor Destino de Golfe Emergente do Mundo. Um reconhecimento que resulta de um trabalho da Associação de Promoção da Madeira com os três campos de golfe da região (Madeira e Porto Santo). Isso permitiu verificar se a procura da Madeira por empresas inclui a prática do golfe. “Percebeu‑se logo a janela de oportunidade que uma distinção como essa faz a uma reorganização interna de produto, como foi esse do golfe, canalizando para cá pedidos de interesse”, frisou Eduardo Jesus, que lembrou também o trabalho que tem sido feito no que toca à captação de negócios, havendo um plano de ação implementado nesse sentido. “É trazer para cá negócios, é trazer para cá investimento. E aí a Madeira também tem sido posicionada de uma forma diferente, por aquilo que se faz no âmbito do empreendedorismo. As startups da Madeira têm vindo a ganhar um espaço interessante no panorama mundial.” Startups que “são também um chamariz para que se possa ver a Madeira de outra forma e, acima de tudo, alicerçada numa vontade que está baseada na inovação e na área tecnológica”.

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Capacidade de resposta

O Savoy Palace e o Pestana Casino Park, no Funchal, foram os hotéis oficiais do 45º Congresso da APAVT. O primeiro conta com um grande e flexível espaço para eventos e foi lá que decorreram todas as sessões do congresso. “Estamos a assistir a um congresso onde participam 750 pessoas e este é um espaço generoso para acolher todas elas”, referiu Eduardo Jesus, sublinhando também “toda a capacidade de resposta”, no que toca à alimentação, fruição e animação; a tudo o que complementa os eventos – um “sistema complexo” a que a Madeira consegue responder. “E a prova evidente é este congresso que aqui está.”

Em termos de capacidade hoteleira, “o Funchal está bem servido e tem vindo a fazer um trabalho interessante, não só com novos investimentos, mas, acima de tudo, com a requalificação da nossa oferta” – uma prioridade, para onde têm sido direcionados apoios, estímulos e incentivos. “Muita da oferta que hoje existe, alicerçada em hotéis que eram dos anos 60, 70 e 80, é completamente nova. Houve aqui um passo enorme e essa aposta da requalificação é propositada, porque não temos como objetivo o crescimento da oferta de camas de forma descontrolada”, disse, acrescentando: “Isto fez com que olhássemos para o produto e para a oferta de uma forma muito consciente. Não interessa crescer descontroladamente e depois não ter capacidade de dar resposta. Interessou‑nos a requalificação e o Funchal beneficiou, e bastante, desta política.”

O Funchal é um destino cheio de potencial para o turismo de negócios. Um jardim no Atlântico com condições para acolher quem quer investir ou realizar os seus eventos. É também um local com qualidade de vida e que surpreende quem quer fugir à confusão das cidades congestionadas. Um local com identidade.

Três perguntas a Eduardo Jesus

Os eventos têm um peso significativo no número de visitas à Madeira?

Os eventos têm uma relação direta com o número de visitas e é por isso que a Madeira procura ter eventos durante todo o ano. É a forma mais direta de se combater o efeito da sazonalidade. A Madeira continua a ser a região que apresenta melhores índices de sazonalidade e isso tem a ver com este alimentar permanente e consolidado ao longo de doze meses. Interessa‑nos ter eventos fortes em todos os trimestres. E isso porque é através dessas manifestações, que têm a grande particularidade de procurar envolver quem nos visita na realização, na concretização desses mesmos eventos, que traz a apetência deste destino. Hoje a disputa pelos destinos é feita de variadíssimas formas, onde aquilo que acontece no destino determina muito a vontade de viajar.

Qual é a oferta do Funchal para o setor dos eventos?

A oferta que temos acaba por ser uma oferta que é tão natural como aquela que oferecemos a todo o turista que nos visita. Porque temos alicerçada na animação turística uma oferta muito específica. É facílimo um grupo que vem à Madeira, numa lógica de incentivos, encontrar muito rapidamente uma operação montada que envolva o desfrute da montanha e que seja uma prática destinada mais para seniores ou uma prática mais radical destinada para públicos mais jovens. Hoje encontram‑se, desde o radical ao mais conservador, momentos de fruição da montanha. Isto para dizer que é a combinação de tudo aquilo que já é a nossa oferta normal que se montam em pacotes específicos e que fazem a diferença também para os eventos.

O património natural e a autenticidade das gentes são as grandes mais valias turísticas do Funchal?

Sim, sem dúvida. São essas e não queremos outras. E por uma razão muito simples. Porque nós encontramos na montanha, no mar e na cultura aquilo que nos diferencia. E este é um destino autêntico. Aquilo que se encontra na Madeira tem de ser autenticamente nosso, tem de ser aquilo que é genuinamente nosso, aquilo que nos faz diferentes e que, por essa diferença, é uma novidade seja lá para quem for. É isso que nós também, madeirenses, gostamos de encontrar quando vamos a um qualquer destino. E os destinos que considero, e esta é uma expressão minha, ‘destinos honestos’ são os destinos que têm por base esta preocupação do genuíno e da identidade.

Maria João Leite*

*Viajou para o Funchal a convite da APAVT

 

© Maria João Leite Redação