Centro Cultural de Belém: Há 25 anos, um lugar para artes e eventos

08-11-2018

Nasceu há 25 anos com o objectivo de promover cultura, sendo palco para todas as artes. A actividade cultural no Centro Cultural de Belém (CCB) é intensa, mas a actividade relacionada com negócios e eventos não vai ficando para trás, estando o espaço preparado para congressos e reuniões, para eventos de grandes ou pequenas dimensões.

O CCB conta com um Centro de Espectáculos, um Centro de Exposições e um Centro de Congressos e Reuniões, que acolheu em 1992 a presidência portuguesa da União Europeia. O trajecto percorrido ao longo destes 25 anos é muito positivo, de acordo com Isabel Cordeiro, administradora da Fundação Centro Cultural de Belém, que gere o CCB.

Deste percurso, Isabel Cordeiro destacou à Event Point três momentos: o primeiro, relacionado com a presidência europeia, em 1992 – o CCB “como lugar de representação do Estado”; o segundo momento prende‑se com a “afirmação da vocação cultural do CCB”, com a apresentação de uma programação diferenciada e inédita para a época, que “definiu padrões de qualidade no panorama cultural nacional que ainda hoje perduram”; e o terceiro ligado à forma mais consolidada como o CCB procurou afirmar‑se como “lugar da contemporaneidade”, um espaço educativo e de experimentação, que convida ainda hoje ao conhecimento, que se reinventou, que soube selar parcerias “fundamentais” com outras instituições culturais nacionais e internacionais e que concilia diferentes práticas e expressões artísticas.

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A importância do sector MICE

O Centro de Reuniões conta com diversas salas, auditórios e foyers pensados para acolher congressos e reuniões de natureza e dimensões distintas, proporcionando serviços relacionados, como banqueting, audiovisuais, hospedeiras ou decoração, entre outros. A política de fornecedores é de exclusividade, o que permite ao CCB “garantir ao cliente melhores condições de controlo e qualidade, dada a complexidade técnica e a permanente flexibilidade que reveste a maioria dos eventos, de forma crescente”. O CCB tem actualmente um contrato com a Casa do Marquês para os serviços de catering de eventos comerciais e outros contratos para os audiovisuais e multimédia. Para outras áreas, o CCB está disponível para receber propostas das agências e dos clientes.

O peso do sector MICE nas receitas próprias do CCB corresponde a cerca de 40%, um valor que demonstra a importância do sector para o venue. Mas há ainda espaço para um “crescimento considerável” – “razão pela qual estamos também a apostar numa renovação dos nossos espaços, permitindo um branding de eventos de forma clara e diferenciada no segmento de mercado do MICE, mas sempre absolutamente leal à arquitectura e design do CCB, que justamente lhe confere características únicas de um espaço contemporâneo integrado numa área monumental e paisagística absolutamente extraordinária da cidade de Lisboa”, acrescentou Isabel Cordeiro.

O CCB assinala ao longo do ano estes 25 anos de existência e, do programa das comemorações, a responsável destaca a exposição “Território da Arquitectura, Gregotti e Associati 1953‑2017”, dedicada a Vittorio Gregotti, um dos arquitectos do CCB (o outro é Manuel Salgado), que vai ser inaugurada a 13 de Novembro, o concerto do DSCH – Schostakovich Ensemble a 28 de Outubro, o espectáculo “Fausto”, da Mala Voadora, com texto e direcção de Jorge Andrade, que sobe ao palco entre 5 e 8 de Dezembro, e ainda duas publicações que fixam “patrimónios, memórias e retratos” destes 25 anos do CCB.

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Quatro perguntas a Isabel Cordeiro, Administradora da Fundação Centro Cultural de Belém

Qual o balanço destes 25 anos?

O CCB é hoje uma referência incontornável no panorama da Cultura portuguesa e da contemporaneidade. É uma instituição que participou no desenvolvimento impressionante da vida cultural da sociedade portuguesa nestas últimas décadas e nele continua activamente empenhada. O CCB trouxe novos públicos para a Cultura, deu um novo significado, mais plural, mais abrangente, à fruição cultural, à democratização do acesso à Cultura. Aqui, muitos artistas cresceram e se consagraram, também aqui as práticas artísticas mais diferenciadas, eruditas, contemporâneas, de experimentação e de reflexão tiveram acolhimento e momentos altos de expressão. O CCB é ainda hoje o lugar de todas as artes. Por tudo isso, o balanço só pode ser muito positivo.

O Centro de Congressos e Reuniões continua a ser uma vertente importante para o CCB?

O Centro de Congressos e Reuniões foi desde o início considerado importante para a Fundação captar receita própria. Hoje essa importância é decisiva, para o cumprimento da sua missão cultural e para a sustentabilidade física e financeira da Fundação, uma vez que a receita gerada com os eventos comerciais constitui uma fonte de financiamento importantíssima para as restantes actividades e encargos da Fundação. E é por essa razão que gostamos de dizer que, quando uma empresa realiza um evento corporativo no CCB, está também a contribuir para o nosso projecto cultural.

Qual o perfil de eventos que acolhem no centro de reuniões?

O perfil é bastante diversificado, abrangendo desde os congressos e reuniões corporativas e institucionais, a grandes congressos internacionais envolvendo também os auditórios do Centro de Espectáculos, eventos sociais, activações de marca, workshops, team building, entre outros eventos e incentivos. Além disso, a excepcional configuração e localização dos diferentes espaços e a flexibilidade e competência das nossas equipas possibilita este posicionamento diferenciado.

Que planos existem para o futuro?

Na área comercial e neste segmento em particular, no futuro mais imediato temos obras a decorrer em dois espaços que vão permitir já no final de Setembro ampliar a capacidade e o perfil de realização de eventos na Sala Almada Negreiros, virada para a Praça do Império e o Mosteiro dos Jerónimos, e na Sala Ribeiro da Fonte, frente ao Tejo e ao Jardim das Oliveiras. A parceria com a Casa do Marquês, por seu turno, transformou a Sala Vitorino Nemésio mais vocacionada para eventos sociais num espaço muito mais acolhedor, luminoso e simpático, com um amplo terraço virado para o rio que possibilita uma verdadeira fruição do lugar. Queremos associar à marca de qualidade uma imagem de contemporaneidade e de exclusividade também neste segmento, que está de resto em crescente e desafiante mudança.

Uma experiência marcante e muito intensa

Entre 1993 e 1995, Margarida Ferreirinha, actual directora de Comunicação da REN, foi Conference Centre Coordinator do Centro Cultural de Belém (CCB). A propósito dos primeiros passos do venue, Margarida Ferreirinha recordou que “o maior desafio na abertura do Centro de Reuniões foi, sem dúvida, combater a opinião pública negativa que existia na altura sobre o CCB”. Um desafio que foi ultrapassado com uma oferta diferenciadora, qualidade de serviço e inovação, explicou. “O CCB nasceu como um espaço integrado, o que constituía uma vantagem competitiva efectiva para os grandes eventos que começaram a vir para Portugal: os congressos médicos, as grandes apresentações e lançamentos comerciais viram uma enorme mais‑valia em escolher um espaço de grande qualidade para as suas reuniões, que podia ainda oferecer uma componente social e cultural ao mesmo nível. As exposições e espectáculos eram integrados nas propostas comerciais e as equipas dos três módulos (Centro de Reuniões, Centro de Espectáculos e Centro de Exposições) trabalhavam juntas para criar programas à medida dos clientes.”

Margarida Ferreirinha guarda inúmeras boas memórias desses primeiros anos do CCB, uma experiência marcante e muito intensa. “Éramos poucos, trabalhávamos muito e aprendemos imenso uns com os outros. Hoje pode parecer pouco importante, mas na altura era muito raro as áreas culturais e comerciais trabalharem juntas. Havia bastantes preconceitos. O CCB, também aí, fez a diferença. Tive a sorte de ter experiências muito felizes posteriormente, mas o CCB foi de longe o projecto onde houve o maior espírito de equipa, de entreajuda, e onde todos tínhamos a noção de que havia um objectivo comum e que cada um (independentemente da função que tinha) era fundamental para o atingir. Houve sempre uma grande responsabilização, correspondida com um, também, grande sentido de responsabilidade.” Margarida Ferreirinha destacou ainda o “exemplo de liderança” de Maria José Stock [administradora com o Pelouro Cultural, Comercial e de Marketing] e Teresa Coelho [diretora das Actividades Comerciais], que foi “muito importante” em termos de desenvolvimento profissional. “Digo muitas vezes que o que desejo para os meus filhos é que eles possam ter uma experiência profissional tão marcante como a que tive no CCB”, sublinhou.

Maria João Leite