Cinco municípios do Algarve com programação cultural em rede
09-03-2020
Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e Tavira. Estes cinco municípios do Algarve Central apresentaram um novo projeto de programação cultural em rede. O ‘Central Artes’, que tem como mote “Cultura da Sustentabilidade”, inclui 11 espetáculos nacionais e internacionais, um programa de base comunitária e 40 workshops, a decorrer entre 2020 e 2021. A direção artística e os conteúdos vão estar a cargo do “consórcio” Eventors’ Lab e Spira.
Depois da experiência de 2011/12 com o projeto ‘Movimenta-te’, surge o ‘Central Artes’, com eventos em vários pontos dos concelhos, “em diversos contextos e com vários formatos”, nas palavras de Dália Paulo, diretora municipal da Câmara de Loulé e coordenadora do projeto, que resultou de uma candidatura ao CRESC 2020, num investimento de perto de 400 mil euros.
“Esta é a segunda geração dos projetos Algarve Central, que começou em 2016. Trata-se de um projeto muito interessante de cinco municípios que pensam este Algarve Central em rede, que pensam a nossa identidade através das artes”, frisa Dália Paulo, acrescentando que “trabalhar em rede hoje não faz sentido se ela não estiver agarrada ao território, às gentes, se não pensarmos o que é que queremos transformar com esta programação cultural”.
Dança, música, teatro, novo circo, literatura, performance e manualidades são as áreas abrangidas pela programação, que pretende envolver as comunidades. “Vamos fazer um pouco daquilo que já tínhamos começado na primeira geração da Algarve Central. Queremos voltar a chamar as pessoas ao palco, para que elas possam sentir outra vez o que é um processo de criação”, explicou a responsável, adiantando que esta programação “fará, certamente, toda a diferença” no que toca à candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura 2027.
Para Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, “o Algarve atingiu um nível de maturidade e desenvolvimento que precisa, cada vez mais, de se capacitar, no sentido de se projetar no país, como um conjunto de municípios que sabem e cultivam uma atitude colaborativa, e esta programação é mais um exemplo disso”.
A diretora regional de Cultura, Adriana Nogueira, considera que as temáticas inerentes a este projeto são de extrema importância para o desenvolvimento da região. “Apesar de tudo isto ser transversal, sentimos a individualidade de cada município”, referiu.
Por seu lado, Ana Pífaro, vice-presidente da Câmara Municipal de Albufeira, sublinhou a importância do trabalho em rede para se alcançar “uma região mais forte e mais capaz de divulgar o que tem de bom para oferecer, não só aos seus residentes, mas também àqueles que nos visitam”, destacando o papel essencial da cultura na luta contra a sazonalidade.
Paulo Santos, da autarquia de Faro, afirmou que “nesta área da cultura havia uma clara vontade política de se programar em rede e olhar o território para além das fronteiras do município”, acrescentando que programas como este e o Algarve 365 são “uma pedra no charco”.
“Cultura da Sustentabilidade” patente nos eventos
O mote da programação, “Cultura da Sustentabilidade” vai estar patente em todos os espetáculos e workshops. “Iremos trabalhar a sustentabilidade de vários pontos de vista, quer do ponto de vista alimentar, da cultura local, da arquitetura local… Tentamos conjugar a sustentabilidade nestas várias dimensões com o que nos é dado no caderno de encargos: trazer a música, a dança, as artes circenses. Tentamos trazer uma linha condutora para esses espetáculos, fomos à procura de companhias que trabalhassem essas artes”, contou Ana Fernandes, responsável da Eventors’ Lab.
O programa do “Central Artes – Programação Cultural em Rede” tem oficialmente início a 14 de março, no Mercado da Ribeira, em Tavira, com um espetáculo dos austríacos The Vegetable Orchestra, que se apresentam com instrumentos musicais produzidos com vegetais frescos. No final, vai haver uma sopa comunitária distribuída ao público, confecionada com os vegetais utilizados no concerto. Antes disso, em Albufeira e Loulé (no dia 12), em Olhão e Faro (dia 13), e em Tavira (dia 14), vai decorrer um workshop de construção de instrumentos com vegetais.
Os espetáculos nacionais decorrem em maio, antecedidos de workshops. A 12 de maio, em Loulé, é a vez de “A presença das formigas”, um trio que aborda a música tradicional e popular portuguesa com influências do jazz, música erudita e músicas do mundo, que vai ser antecedido por um workshop de canto tradicional português.
A 16 de maio, em Faro, há “Percursos pela Arquitetura”, a construção de pequenas peças coreográficas, à qual de antecede o workshop “Dança Contemporânea em espaços urbanos”. A 23 de maio, Celina da Piedade atua em Albufeira e, antes do concerto, vai decorrer um workshop de cante alentejano. A performance/instalação “Passagem” vai passar por Tavira, a 30 de maio. Antes, decorre um workshop de atividades circenses, aberto ao público em geral. E em Olhão, o dia 31 de maio vai ser dedicado à percussão e a workshops para o público de bateria, percussão corporal, didgeridoo e percussão geral. E o dia termina com um concerto.
A segunda fase do projeto decorre em outubro, nos cinco municípios, com o workshop “Pinto-me dançando”: Faro (26 de outubro), Loulé (dia 27), Tavira (dia 28), Albufeira (dia 29) e Olhão (dia 30). A programação regressa em 2021, entre janeiro e maio. Além de auditórios e teatros municipais, os espetáculos decorrem também em espaços públicos.
©Heidrun Henke