Destinos preparados e otimistas
16-11-2021
# tags: Eventos , Meetings Industry , Destinos
Fomos perguntar aos Convention Bureaux nacionais de que forma está a decorrer a retoma da atividade, em que mercados e quais os principais desafios. Não conseguimos receber, em tempo útil, as respostas do Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Perguntas
1. Quais as perspetivas de retoma dos eventos internacionais, presenciais, no seu destino?
2. Quais os mercados que espera que recuperem mais rapidamente? E mais lentamente?
3. Os pedidos que está a ter são para eventos com mais ou menos dias, com mais ou menos participantes do que o habitual antes da pandemia?
4. Qual a maior dificuldade que está a sentir neste momento?
5. Quando espera atingir níveis de negócio pré‑covid?
Açores
Rosa Costa
Diretora Regional do Turismo dos Açores
1. Temos expetativas positivas relativamente à retoma dos eventos MI nos Açores, especialmente pelo facto de a pandemia ter acelerado a tendência de procura por destinos de natureza. Estamos certos, tal como já começa a acontecer, que os eventos de caráter desportivo, ao ar livre, como, por exemplo, provas de trail run, campeonatos de surf, entre outros, terão uma recuperação mais rápida do que os eventos relacionados com os congressos, independentemente da sua dimensão.
2. Acreditamos que a procura seguirá a tendência geral, especialmente por eventos híbridos, de pequena e média dimensão e que procuram programas sociais e alternativos em espaços ao ar livre e em contacto com a natureza. Este ano já tivemos o exemplo claro desse modelo de evento, nomeadamente o GLEX Summit, que teve lugar no início de julho, um evento que, apesar de ter participantes presenciais, chegou a uma audiência muito superior por via do live streaming. Sabemos que é uma audiência que não está a contribuir naquele momento para a economia do destino, mas são potenciais visitantes se houver uma boa comunicação associada, e encaramos isso também como uma forma de investimento e de promoção.
3. Relativamente à dimensão dos eventos, acreditamos que não iremos encontrar grandes diferenças relativamente ao que acontecia no período pré‑pandemia, quer pelas características do destino, quer pela oferta que temos disponível no que diz respeito a infraestruturas, ou seja, acreditamos que continuaremos a ter procura de eventos de pequena e media dimensão, dos mesmos mercados, nomeadamente nacional, alguns países da Europa e EUA, que são os mercados com os quais mantemos ligações aéreas diretas, estando essas a ser retomadas e a revelarem uma boa recuperação.
4. Quanto aos desafios, pensamos que os maiores desafios são ainda externos à região, nomeadamente a importância de haver uma estabilização no que diz respeito às regras para se viajar entre destinos. Na nossa perspetiva essa é uma das maiores dificuldades sentidas neste momento e que ainda causa alguma insegurança e instabilidade no setor MI. Mesmo apesar de se ver o levantamento gradual das medidas de contingência, só quando se verificar que realmente estão estabilizadas as regras de circulação é que o setor do MI irá demonstrar uma verdadeira retoma. Aos poucos começamos a ver eventos de maior dimensão acontecerem por todo o país, exemplo disso são os espetáculos culturais, entre outros, que são um bom indício de que os eventos em recintos fechados começam a ser realizados de forma segura. Esse sentimento de segurança é muito importante para um destino que quer retomar também o setor dos congressos.
Por fim, a pandemia acelerou o uso das tecnologias de informação e de comunicação nos eventos. Sabemos que é necessário investir constantemente em tecnologia e software que permita aos centros de congressos responder a eventos híbridos. Esse poderá ser um desafio uma vez que, tal como sabemos, a aquisição de novos equipamentos, de software específico que permita a gestão de um programa presencial com um programa virtual e a própria contratação de empresas especializadas são dispendiosos.
5. A verdade é que, para já, nos Açores, as candidaturas que têm existido têm sido mais na vertente de eventos culturais e desportivos, não se tendo verificado candidaturas no que diz respeito a congressos. Acreditamos que em 2022 comecem a surgir as primeiras propostas para a realização de eventos desta natureza nos Açores e que, num espaço de dois ou três anos, voltemos a ter novamente eventos MI que contribuam, sobretudo, para esbater os períodos de menor fluxo de visitantes. Podemos garantir que temos as nossas empresas preparadas para receber congressos de pequena e média dimensão, existindo um controlo de qualidade implementado através do selo Clean & Safe Açores, que prevê um capítulo específico para este setor e ao qual houve uma forte adesão por parte do tecido empresarial.
Algarve
João Fernandes
Presidente da Associação de Turismo do Algarve
1. As perspetivas de retoma dos eventos presenciais são boas, considerando o contexto. Desde agosto que se sente o intensificar das reservas, muitas delas ainda para 2021. É importante também salientar que o Algarve teve a capacidade para manter na região eventos que tinham sido cancelados em 2020. Bons exemplos de eventos internacionais presenciais são o Resort & Residential Hospitality Forum ou o Congresso Anual da Conferedation of Professional Golf. Para 2022, existe já uma procura para eventos maiores, como os lançamentos de automóveis. O desempenho de Portugal no combate à pandemia e a elevada taxa de vacinação da população portuguesa em muito contribuíram para este desempenho.
2. Os mercados nos quais sentimos uma recuperação mais rápida são os mercados europeus. A existência de um certificado de vacinação comum ajuda bastante a esta situação, não só por reduzir custos financeiros e poupar tempo aos participantes, como também pela clareza das regras aplicadas. Os mercados em que a recuperação vai ser mais lenta são obviamente os mercados de longo curso, como o Canadá, o Brasil e os EUA.
3. Os pedidos que temos recebido para 2021 são maioritariamente para incentivos, mas também para trainings e reuniões. A Fórmula 1 e o Portugal Masters vieram aumentar significativamente as oportunidades para incentivos temáticos no Algarve.
4. A maior dificuldade tem sido o facto de não ser possível antecipar as regras que vão estar em vigor nos próximos meses. De resto, o destino está bastante bem preparado para retomar a atividade em pleno. 5. Mantendo‑se o atual cenário de recuperação da situação pandémica, contamos daqui a um ano ter os níveis de procura pré‑covid. As empresas e as associações precisam dos seus eventos para garantir receitas e os participantes estão desejosos de viajar. Globalmente, estou muito otimista.
Cascais
Maria José Alves
Head of MI & Leisure do Visit Cascais
1. Neste momento, já começamos a sentir a retoma com o avanço da vacinação em alguns países da Europa, sendo os eventos nacionais os que representam maior procura na sua realização presencial. No entanto, a tendência dos eventos internacionais presenciais é que ocorra gradualmente em 2021, mas com maior adesão das empresas / público a partir do ano que vem.
Assim, a expetativa é que já no 3º trimestre de 2022 os números de reservas em hotéis, restaurantes e espaços de eventos se possam comportar de forma semelhante aos índices da pré‑pandemia.
Há a tendência para sair o mais possível dos grandes centros urbanos e procurar destinos de média dimensão (cidades secundárias com boas acessibilidades). Cascais tem a mais valia de posicionar‑se como destino preferencial para congressos de média dimensão pelas infraestruturas de que dispõe e pela proximidade a pólos universitários, tecnológicos e empresariais.
2. Neste momento é, sem dúvida, o mercado nacional e alguns de proximidade como Espanha e França. O facto de termos tido um alívio nas medidas implementadas pelo governo simplifica a organização / logística do evento presencial, assim como o avanço no plano de vacinação, que em Portugal foi considerado um modelo de organização e com uma taxa de sucesso de mais de 85%.
Os Estados Unidos, no caso dos eventos, demonstra alguma lentidão na retoma, ao contrário do segmento leisure que aumentou mais do se esperava. Em relação a eventos worldwide a tendência é termos maior presença de participantes europeus e manter o híbrido para os restantes.
3. Os pedidos têm sido mais last minute com a mesma periodicidade do pré‑covid, mas com menos participantes. Tem‑se assistido em alguns casos ao pedido de extensão de estadia para puro lazer (bleisure).
4. A maior dificuldade neste momento é, sem dúvida, a sobreposição de datas, principalmente em meses como abril, maio, junho, setembro e outubro de 2022.
5. A expectativa será final de 2022.
Lisboa
Alexandra Baltazar
Convention Bureau Manager
1. Temos previstos, ainda em 2021, vários eventos presenciais. Aqui fica uma seleção: 34th ECNP Congress of the European College of Neuropharmacology 2021; Conferência Anual da Indústria da Rádio e Áudio – Radio Days Europe 2021; 3rd ICSTR Lisbon ‑ International Conference on Science & Technology Research; ISHRS 2021 ‑ 29th Annual Meeting of the International Society of Hair Restoration Surgery; European Congress on Emergency Medicine ‑ EuSEM 2021; Web Summit 2021; SOLANA Breakpoint.
2. Em recuperação estão os mercados francês, inglês, espanhol, norte‑americano. Mais lentamente o alemão e o brasileiro, por exemplo.
3. Na generalidade, e quando recebemos os pedidos, há uma tentativa de manter um formato semelhante, mas na concretização e realização destes há lugar a ajustamentos.
4. Lisboa mantém todas as infraestruturas que tinha antes da pandemia. Notamos que contactos/ respostas do lado da procura demoram mais tempo, pois o ritmo de trabalho é diferente, especialmente nos mercados emissores. Nós, em Lisboa, estamos na generalidade de volta, mas lá fora não, ainda não.
As ligações estão a ser retomadas e muito em breve estaremos ao nível de 2019.
No momento, estamos quase com o número (1.441 voos semanais) que tínhamos em fevereiro 2020, que eram cerca de 1.673 voos semanais.
5. O MI foi afetado pela pandemia tal como todos os outros produtos e segmentos, mas teve a particularidade de se revelar como possível numa percentagem significativa de ações, através das diversas plataformas online, o que permitiu a manutenção e regularidade dos contactos e negócios. Os formatos online e híbrido são uma realidade com a qual temos, e devemos, contar na nossa atividade. Aliás, parte da nossa oferta equipou‑se com tecnologia adequada à realização de eventos e ações diversas.
Há preocupações, especialmente do lado da oferta, no que se refere à gestão do híbrido, estando a realização de eventos condicionada pela eventual redução de orçamentos pelas empresas, reajuste de equipamentos e venues, recursos humanos e manutenção de algumas regras de segurança a aplicar em cada evento. Todos estes elementos inerentes à realização de eventos têm riscos e custos extra.
Mas, como foi dito acima, as empresas continuaram a organizar eventos, especialmente as ligadas à saúde, farmacêuticas, IT, financeiras, e encontraram soluções com o apoio dos organizadores de eventos e a tecnologia adequada. E isso é um dado muito positivo.
Cada vez mais se impõem políticas de sustentabilidade, tanto local como global. Ainda que o objetivo principal seja a recuperação, há que conciliar também com os conceitos e exigências de propostas enquadradas na sustentabilidade e isto será mais um dos grandes desafios na recuperação do MI.
Pelo feedback que temos tido até agora, algumas reuniões/congressos manter‑se‑ão com um formato híbrido, maioritariamente com presença europeia, e continuará a tendência para organizar também hubs nos destinos locais que complementarão os eventos de média ou grande dimensão e que se manterão e poderão até ter um maior número de participantes registados.
Obviamente que os destinos onde o MI é relevante, como Lisboa, continuarão a competir pela captação de eventos, no modelo presencial que, acreditamos, voltará a seu tempo a representar uma fatia importante do turismo e voltará a ser de grande relevância para a economia do setor.
Lisboa tem uma marca sólida, estamos bem posicionados, e cremos que continuaremos na pole position, não só pelos eventos que já estamos a receber, mas também pelos que estamos a trabalhar para captar.
Madeira
Rui Vieira
MI Account Manager do Madeira Promotion Bureau
1. Uma vez que a Madeira foi eleita o destino europeu mais seguro a visitar em 2021, temos evidenciado uma procura crescente pelo nosso destino, tanto a nível nacional como internacional. Os nossos associados têm vindo a receber um grande número de RFPs, em grande parte para o ano de 2022. Vários eventos (incentivos) foram também remarcados para o último trimestre de 2021/início de 2022. Tivemos durante este verão dois incentivos nacionais da Vorwerk ‑ Top Sellers, como também a conferência European Cholangiocarcinoma Network, no hotel Vidamar, um evento híbrido que contou com a participação de cerca de 40 delegados presencialmente e outros 40 internacionalmente. Tivemos também o XV Encontro de Química dos Alimentos, um evento recebido no Hotel Meliá Madeira Mare que contou com cerca de 150 delegados e vários investigadores internacionais.
A nível internacional, teremos um incentivo americano, composto por 180 pessoas, que decorrerá no Hotel Reid’s Palace, a Belmond Hotel. No mesmo momento temos também o prazer de apoiar a organização da Conferência de Aquacultura 2021, um evento que trará à região cerca de 1.100 congressistas e investigadores desta área, e que conta com várias nacionalidades, desde Reino Unido, Alemanha, Suécia, Finlândia, Croácia, Espanha, Itália, Polónia, EUA e outros da América Latina.
2. Esperamos que os mercados internacionais a recuperar mais rapidamente sejam os mais próximos e com maior número de ligações aéreas, como, por exemplo, Reino Unido, Alemanha e França. Os mercados do leste europeu podem também vir a revelar‑se uma aposta promissora, como, por exemplo, Polónia e Republica Checa, fruto de novas ligações estabelecidas e da procura evidenciada durante este verão. Mais lentamente, os da América do Norte e América Latina.
3. Os pedidos que temos vindo a receber são em grande parte com mais dias, entre quatro a cinco noites, ao invés das tradicionais três noites. Grande parte dos participantes tem a intenção de viajar com as suas famílias e prolongar a sua estadia, o que se torna numa oportunidade fantástica de partilhar todos os atributos de que nos orgulhamos muito, diversidade, hospitalidade, gastronomia, natureza e experiências únicas, um destino que pertence a todos.
4. O grande desafio neste momento estará relacionado com a reabertura de alguns mercados e condições exigidas no regresso. A Madeira desde muito cedo montou uma operação com o objetivo de minimizar estes constrangimentos, com a implementação do corredor verde, suporte nos custos relacionados com testes covid, à chegada como também no regresso, e no apoio em relação ao alojamento e alimentação dos passageiros que testaram positivo. Uma forma de garantir a segurança de todos os residentes como de todos os que desejam conhecer o nosso destino.
Outro grande desafio prende‑se com o estabelecimento de mais ligações aéreas e regulares.
5. Esperamos atingir valores de negócio pré‑covid no 1º semestre de 2023.
© Cláudia Coutinho de Sousa Redação
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