Ensaio clínico mostra que concertos seguros são possíveis
05-01-2021
O Primavera Sound, o Hospital Universitário Germans Trias i Pujol e a Fight AIDS and Infectious Diseases Foundation realizaram uma experiência para testar a hipótese de que assistir a um espetáculo ao vivo, realizado com várias condições de segurança, não está associado ao risco de aumento de infeções por SARS-CoV-2. O estudo indica que nenhum dos participantes do evento foi infetado com coronavírus.
Assistir a um evento desportivo ou cultural tem sido considerado como uma atividade de risco, pelo que os eventos têm sido cancelados ou de participação reduzida, lembra a organização do Primavera Sound em notícia divulgada no site do festival. Neste contexto, surgiu a ideia de realizar este estudo, que teve lugar na Sala Apolo, em Barcelona, a 12 de dezembro. Um evento com dois DJ e duas bandas e centenas de participantes, com uma série de medidas de segurança implementadas, mas que não promovia o distanciamento físico.
Aprovado pelo comité ético do hospital universitário, o ensaio clínico Prima-CoV contou com 1.047 participantes, que assinaram um termo de consentimento, dos quais 463 assistiram ao concerto (as autoridades sanitárias permitiram a entrada de apenas 500 pessoas) e 496 ficaram no grupo de controlo sem acesso ao local. Os participantes tinham entre 18 e 59 anos e não tinham sido diagnosticados com Covid-19 durante os últimos 14 dias.
À entrada, todos os participantes realizaram testes de antigénio e PCR por profissionais de saúde. E só entravam os testes negativos. Também à entrada, era entregue uma máscara de tecido certificada. No interior do venue, estavam implementadas várias medidas: uso de máscara obrigatório; um espaço ao ar livre para fumadores, com controlo rigoroso do número de pessoas no local; a zona do bar, com capacidade para 1.600 pessoas, estava localizada numa sala suplementar e as bebidas (as alcoólicas eram permitidas) eram servidas apenas nessa zona; os fluxos de ar e a ventilação da sala foram otimizados e monitorizados; circuitos interiores assinalados; entre outras medidas. Contudo, não foi pedido distanciamento físico na sala do concerto, que tinha capacidade para 900 pessoas, e foi permitido cantar e dançar.
O estudo indica que todos os participantes tiveram, antes do concerto, resultados negativos em testes de antigénio e PCR. Todos voltaram oito dias depois para realizar um segundo teste e os resultados concluem que nenhum dos 463 participantes que assistiram ao concerto foi infetado, enquanto duas pessoas das 496 do grupo de controlo (sem acesso ao concerto) deram positivo. Com esta experiência, as entidades responsáveis esperam mostrar que os concertos e espetáculos ao vivo podem ser seguros.
©Hugo Lima | Nos Primavera Sound 2019