Era uma vez uma pandemia...
13-04-2020
# tags: Marcas , Covid-19 , Eventos digitais , Eventos , Tecnologia
Não existindo a vertente presencial, irão fazê-lo por duas vias: conteúdo patrocinado, útil às pessoas, não obrigatoriamente relacionado diretamente com o seu mercado, e conteúdo próprio. Neste temos o conteúdo emotivo, apelando ao lado humano, e o conteúdo profissional ou de produto. Inserem-se aqui alguns eventos digitais em nome próprio.
E as agências?
Nas agências o papel é completamente novo e diferente do que se passava até aqui. Sem a azáfama da organização de eventos, vamos assistir a uma especialização dos formatos digitais e uma possível criação de estratégias tendo em vista a criação de eventos “mistos”, ora presenciais, ora digitais, ora ambos.
Ao mesmo tempo, há uma necessidade de acompanhamento do cliente para continuar no papel de especialista e de aconselhamento deste.
Há o risco dos clientes se tornarem eles próprios especialistas no conteúdo digital, e recorrerem pontualmente às agências.
É um período de aprendizagem entre parceiros, com o foco no digital, e que mesmo após o regresso ao evento presencial, ganhará espaço.
E o público?
Mas deixamos o mais relevante para o fim: o público. Este, habituado nos últimos meses a consumir digital, vai estar mais informado, mais exigente, mais cioso do seu tempo.
Se o conteúdo e a qualidade dos intervenientes era rei, agora vai imperar.
E quando chegar o evento presencial?
Vamos todos abraçar-nos e estar juntos? Dificilmente.
Existirão, muito provavelmente, medidas de espaçamento entre participantes, higienização, questões de segurança alimentar, entre outros aspetos.
O que pode afinal surgir de novo, ou de mais relevante?
- Os sites de eventos ou aplicativos móveis vão ganhar espaço. A partilha de informação, e mesmo o streaming, vai ser cada vez mais comum. O papel vai ser substituído pelos conteúdos online como trabalhos médicos, apresentações, fichas de produto, entre outros;
- Clientes e participantes vão questionar a pertinência de um evento presencial e poderão ser cada vez mais os que assistem remotamente. Mesmo setores mais tradicionais como congressos médicos podem ver aqui a transformação digital há muito desafiada pelas agências;
- A interação entre produtor e participante vai ser mais rica. Métodos expositivos, ou sem espaço para questões, vão ser a excepção. E cada vez mais o conteúdo vai ser partilhado, e comentado nos smartphones dos participantes;
- Serviços como a acreditação vão sofrer alterações: maior espaçamento para recepção aos participantes, Acreditação com QR Codes, e self check-in (tablets em stands) vão ser cada vez mais uma realidade. A necessidade de higienização nos pontos de contacto com o cliente vai ser a norma.
Aspetos tão simples, como os espaços de catering que podem ser frequentados por participante, controlo de pessoas em sala, poderão representar novos serviços. Suportes físicos com material publicitário podem ser desmaterializados. Se por um lado pode perder-se algum élan, por outro vão existir novas métricas.
Métricas serão analisadas de forma mais profunda
Não gostaria que fosse verdade, mas todos calculamos que os orçamentos irão sofrer reduções.
Os organizadores que souberam sustentar o seu trabalho em números, métricas, serão os mais bem sucedidos.
Os clientes vão avaliar o retorno de forma mais profunda, vão provavelmente criar para eles e para o evento, novos objetivos. Já não são apenas participantes que assistem. São os que interagem, os que descarregam informação, os que comentam.
Reuniões com trocas de contactos podem ser geridas digitalmente com plataformas próprias.
Deixamos de fora câmaras térmicas e outros equipamentos e funcionalidades que até há pouco pareciam futurologia.
Nada substitui o prazer do contacto humano, a beleza de alguns locais, o sabor e saber de alguns alimentos, a imponência das imagens criadas, e o profissionalismo dos parceiros.
Mas vai mudar muito. E esperamos estar cá todos para fazer parte porque #somostodoseventos
© Nuno Seleiro Opinião
CEO da Asserbiz