Luísa Ahrens Teixeira: “Sou muito pragmática”

01-09-2020

Em confinamento em pleno Alentejo, Luísa Ahrens Teixeira, diretora da Mundiconvenius, falou por telefone com a Event Point.

Organizadora de alguns dos maiores congressos que o país já viu, recusa‑se a ficar parada e prepara o futuro da empresa para o pós‑pandemia. Uma reinvenção necessária, porque quem não se adaptar a estes novos tempos poderá não sobreviver.

Este é um momento de viragem. Muitas das coisas com que vamos ter de lidar já cá andam há algum tempo, só que agora adquiriram uma outra urgência. Não concorda?

É uma reformulação brutal. Estive a preparar‑me para esta entrevista com uma noção muito clara de que o futuro vai ser outro, a organização de eventos e de congressos vai ser outra, completamente diferente. Sempre tive a ideia de que nós tínhamos que reformular, reformular, reformular, e nunca me sentei na cátedra à espera que as coisas acontecessem.

Por exemplo…

A Mundiconvenius fez os primeiros abstracts online em 2003, num processo iniciado com a Oxford, para a SPDV – Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e a EADV ‑ European Academy of Dermatology and Venereology. Há 17 anos que começamos a pensar que o futuro era este. Era a mecanização do processo, a anulação do erro humano, no sentido de confiar nos computadores, nos sistemas, nas ferramentas. Em 2003, avançamos para o início do processo que agora se diz virtual. Depois a seguir, em 2006, fizemos as inscrições online ‑ também me começou a não fazer sentido receber um monte de papéis. A reação foi de que era complicadíssimo. Mas isto foi a reação mais natural à mudança. É sempre assim, depois habituam‑se e hoje em dia já não se faz de outra maneira. Pagamentos online com Paypal em 2010 – e por referência multibanco em janeiro de 2017. Contagem de participantes nas diversas sessões – CME (Continuous Medical Evaluation), em 2011. E fomos andando. Primeira app, em 2014. Sistema self check‑in, em 2015. E em janeiro de 2019 fizemos a faturação online direta.

É uma procura permanente de inovação?

O percurso da Mundiconvenius sempre foi feito a olhar para a frente. Eu nunca quis, como diretora e fundadora, ficar sentada à espera que as coisas acontecessem. E esta é a primeira lição que eu queria que as minhas colaboradoras e assistentes tirassem daquilo que lhes ensino. Nunca ficar à espera sentado que a coisa aconteça, à espera que o chefe diga o que é que se vai fazer.

Numa ideia pode não se aproveitar a totalidade, mas pode aproveitar‑se um bocadinho. E assim continuamos na senda da inovação. Que é aquilo que é preciso agora. Adaptar, inovar, reformular, refazer.

Voltemos a 1995, altura da fundação da Mundiconvenius. Como decidiu criar a empresa?

De uma maneira muito simples e muito objetiva. Iniciei a minha carreira de uma maneira bastante abrupta; trabalhava como freelancer e, curiosamente, quando surgiu o 25 de Abril, estava a assessorar um gabinete suíço para apresentação de propostas para o novo aeroporto de Lisboa. Obviamente que o novo aeroporto de Lisboa, mais o consórcio suíço, foram à vida. Fiquei desempregada. E com crianças pequenas, o que vou fazer à vida? Fiz vendas, fiz tudo e mais alguma coisa para sustentar a família. Entretanto surgiu‑me uma hipótese na indústria farmacêutica como market researcher, que é das coisas mais chatas e desinteressantes. Mas era o que havia, e eu lá fui. Iniciei a carreira na indústria farmacêutica na Gist – Brocades, em 1975, se não me engano. A Gist ‑ Brocades fazia parte de um grupo holandês. Daí passei para o marketing, pelas vendas, por aí fora. Só depois disso é que dei o salto para uma empresa inglesa, na altura a GlaxoSmithKline, para lançar o famoso Tagamet, que foi a primeira pílula para o tratamento da esofagite refluxo, das úlceras de refluxo. E a partir daí ficou o bicho do marketing, que nunca mais me largou. O posicionamento das pessoas perante os factos e a vida também é muito induzida, muito formatada pela formação que nos dão. E realmente a formação que tive na indústria farmacêutica foi de grande qualidade e diversidade.

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É agora ou nunca!

E como foi a transição para um negócio próprio?

Fiz vários lugares na indústria farmacêutica, andei por algumas empresas, e às tantas apanhei em cheio a fase da globalização. Embora nós pensássemos que ela ainda viria longe, a globalização começou a desenhar‑se no final da década de 80, quando começaram a haver fusões e aquisições. E eu passei por dois processos dolorosos. A fusão é sempre um processo extremamente doloroso, porque há sempre duas grandes empresas que se fundem, e há sempre quem é despedido. A economia de recursos é um dos objetivos das fusões. Aconteceu um primeiro processo, aconteceu um segundo, e ao terceiro disse: chega. Chega destes processos dolorosíssimos, quero ir‑me embora. Até porque tinha médicos meus amigos que organizavam eventos, junto dos quais eu estava mais como cliente, e houve um dia em que um deles me disse: gostava que tu organizasses um congresso que eu gostava de trazer para Portugal; que organizes com uma empresa tua. A minha reação foi: nem pensar! Vou sair da empresa para meter a cabeça no cepo? Mas aquilo ficou... e tanto ficou que quando as coisas se desenharam para uma terceira fusão, pensei: that’s it. É agora ou nunca!

E como foi essa evolução da Mundiconvenius?

Tem sido uma aprendizagem constante, extremamente interessante. E continua a dar‑me um gozo enorme. Comecei numa sala onde, desde limpar a casa de banho até montar as máquinas, de facto fazíamos de tudo e mais alguma coisa. E era eu e mais uma assistente. E depois foi por aí fora. Fui aumentando. Sempre tive uma aptidão muito grande e uma noção muito clara de que aquilo que eu queria era continuar a trabalhar com clientes internacionais, porque foi essa a minha formação, e continuei e com eles aprendi mais ainda. Principalmente com a MCI. Trouxemos grandes eventos para Portugal.

Dos maiores…

Dos maiores. O da ESHRE [European Society of Human Reproduction and Embryology] foi talvez o maior, com 11 mil participantes. Deu‑me um gozo imenso fazê‑lo. Muita dor, com certeza que sim, faz parte do processo, mas com muito êxito também. Neste momento, diria que já não estou muito na senda dos grandes congressos. Puxam demasiado pelo físico. Diminuí o número de colaboradores da empresa, no sentido de fazer mais aquilo que nós podemos fazer com qualidade, sem loucura, sem noites sem dormir, calmamente. E é aí que estou. A manter a empresa com qualidade, para quem trabalha comigo e para mim também. Acho que é difícil neste momento, no mercado português, alguma empresa portuguesa ficar com a organização global de um congresso internacional. Os PCO internacionais, os chamados Core PCO, têm‑nos na mão, quer nós queiramos ou não, portanto se nos derem isto ou aquilo já vamos cheios de sorte. E nós também impormo‑nos no mercado internacional que está dominado pelas grandes empresas é extremamente difícil.

Já falou do congresso da ESHRE, um dos maiores que se fez cá em Portugal…

Foi tudo feito cá. Perguntavam‑se, como é que consegues fazer isto? E eu dizia sistematicamente: planeamento e organização. Foi o que eu aprendi com os americanos. São fantásticos a fazer eventos. Eu não sou melhor do que os outros, aprendi. Dos maiores eventos feitos por empresas portuguesas de A a Z, penso que foi o maior.

Como é que se trabalha para chegar a esses decisores? Como é o processo?

Viaja‑se muito e principalmente tem‑se muitos conhecimentos. Nós temos um sistema, pesquisa, e foi assim que chegamos à EEA ‑ European Economic Association, e ao congresso europeu de economia, em 2017. Temos duas ou três hipóteses de pesquisa: as associações que nunca vieram para Portugal; as associações ou instituições que vieram para Portugal há mais de dez anos e que nunca voltaram. Identificamos essas associações e procuramos um local champion. Ele fez a candidatura, ganhou‑a connosco por trás. Este foi apenas um exemplo. Arranjamos sempre um ponto de contacto, que tenha bons contactos dentro da associação. Nós não nos podemos simplesmente dirigir às associações e dizer que somos fantásticos. E depois os bids estão online e é fazê‑los e dar o empurrão. Há muito lobbying, por trás. Claro que há. Hoje em dia, porque Lisboa está muito nas bocas do mundo, já não é preciso tanto trabalho de lobby como era há uns anos.

É fácil encontrar essas figuras em Portugal, de pessoas que têm uma presença relevante internacional?

É! Claro que é! Muitas vezes nós desconhecemo‑los completamente, mas eles estão lá. Exige pesquisa, dedicação, persistência. Porque a primeira reação é sempre ‘não’; ‘dá muito trabalho’! Dá trabalho, com certeza que dá, se bem que nós fazemos o grosso do trabalho. Mas depois há, claro, aquele trabalho que tem de ser feito pelo presidente do congresso.

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O PCO em Portugal está profundamente ameaçado

Tocou há pouco num aspeto que é interessante, que é o do papel dos PCO em Portugal. Que papel é esse, hoje?

O PCO em Portugal está profundamente ameaçado, senão em extinção. Não é uma visão derrotista, é realista. O mundo digital, as plataformas, fizeram com que, e estou a falar em Portugal, por exemplo, muitas sociedades tenham o seu secretariado próprio, plataformas próprias. Será que têm noção do que isso lhes custa versus service bureau services? Provavelmente não têm. Já fiz um estudo e sai‑lhes mais caro ter recursos humanos permanentes do que contratarem serviços externos. Mas isso é uma coisa em que não me meto, apesar de ter o estudo feito. Esta é a primeira questão, as plataformas dão hipótese a muita gente de fazer as inscrições, os abstracts, a parte financeira e administrativa, e depois vão aprendendo com os seus erros ao longo do tempo. E vão aperfeiçoando o seu secretariado. Portanto esta é uma hipótese que está a tirar trabalho aos PCO. Outra questão é a desorganização do mercado. Quando estive na APECATE [Associação Portuguesa das Empresas de Eventos, Congressos e Animação Turística], um dos meus sonhos e da Ana Barbosa era o registo da profissão. Nós não existimos! O que é o organizador de eventos ou de congressos? Não é nada, não existe. A ideia na altura era, à semelhança do RNAAT [Registo Nacional de Turismo] e do alojamento local, ter um registo para organizadores de eventos. Portanto, isto é a desorganização absoluta do mercado, o que quer dizer que toda a gente pode fazer tudo. E isso, aliado às instituições e sociedades terem cada vez mais acesso a ferramentas que lhes proporcionam um individualismo, que cada um decide como deve fazer, e à influência dos grandes Core PCO, faz com que os PCO portugueses estejam qualquer dia com trabalho reduzidíssimo. Além de estar a preparar a empresa para o futuro nesta área, o objetivo é ir também buscar outros nichos de mercado, disso não tenho dúvida nenhuma.

Por exemplo?

O turismo de ‘high standing’ (nível alto), por exemplo. É uma área em que podemos fazer coisas fantásticas. Portugal é um país de primeira água. Este pode ser um caminho. E já estou a preparar a empresa para isso.

Esse redireccionar, essa reinvenção, para si é dolorosa?

Não, não é nada doloroso. Nestas coisas tenho uma carapaça bastante dura. Sou muito pragmática. A melhor definição de inteligência é a capacidade de adaptação a circunstâncias em mudança. E é isto que nós temos de fazer. Fiz muita coisa numa área, gostei muito, vou continuar a fazê‑lo. Foram desafios fantásticos, mas sinto que não pode ficar por aqui. Quem ficar amarrado a um modelo de negócio só, qualquer que ele seja, tenho muitas dúvidas que consiga sobreviver.

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Os argumentos de Portugal

No ranking da ICCA, Lisboa aparece no segundo lugar em termos mundiais, e Portugal no 10º lugar, e um dos argumentos para que Lisboa apareça tão bem classificada não será tanto por ter atraído grandes congressos, com muitos milhares de participantes, mas de ter sido capaz de atrair uma infinidade de congressos de menor dimensão. Como é que olha para esta prestação de Lisboa e de Portugal neste ranking da ICCA?

Os grandes congressos, os monstros dos congressos, como eu gostei de fazer, e que dão uma adrenalina fantástica, estão a cair um bocado em desuso. Em detrimento, por exemplo, de congressos por áreas temáticas: nutrição infantil, nutrição no idoso, o que seja. São mais fáceis de manusear, não perturbam tanto. Há mais cidades, mais diversidade de locais para acolher estes pequenos e médios congressos, maior periodicidade, portanto, mais rotatividade e mais acesso a postos de trabalho.

Lisboa e Porto são os dois principais destinos para congressos, mas como é que olha para a evolução ou para a possibilidade de outros destinos ganharem aqui mais algum relevo?

Há com certeza possibilidade. Há um nicho de mercado que pode promover o interior do país. Agora, nós temos aqui duas situações completamente diferentes. Se pensarmos em congressos, é Lisboa, Porto, e, vá lá, Coimbra. O Algarve posicionou‑se bem, mas a dificuldade são as ligações aéreas. Hoje as pessoas não estão para ir de Abu Dhabi para Lisboa, e depois de Lisboa para Faro, e se faltar o avião irem de camioneta. Um evento para se fazer num sítio tem de ter as infraestruturas, tem de ter os hotéis walking distance, os transportes adequados, os acessos adequados, e depois tem de ter os fornecedores adequados à dimensão. O interior pode servir para outros eventos que não são aqueles em que eu pensava anteriormente, mas para aqueles que estou a pensar agora.

Antes disto tudo acontecer, era recorrente a questão da falta de espaços para eventos, mesmo em Lisboa que é o epicentro. O que é que acha que pode acontecer daqui para a frente?

Não sei. Vai ser construído agora em setembro, por aí, mais um centro de eventos em Vila Nova de Gaia e eu pergunto se terão consultado a associação dos profissionais? Em Portugal ainda temos alguma dificuldade em nos sentarmos à mesa e discutir ideias, partilhar experiências. Esta é uma mentalidade que tem de ser profundamente alterada e eu espero que as camadas mais jovens aprendam que as coisas não são assim. Em Lisboa, ainda não vi a planta do novo centro de congressos, o aproveitamento de um dos pavilhões da FIL. Pode ser uma coisa excelente. Tem que ser de uma versatilidade extrema. Em Lisboa há esta hipótese, não sei se existe mais alguma, de alguma renovação, e depois temos os clássicos. No Porto temos um novo e temos a Alfândega. E mais nada. Braga é uma hipótese. Com esta alteração profunda do mercado pode ser que as estruturas passem a ter um quesito diferente. Há câmaras com coisas fantásticas, mas não é para o nosso segmento de mercado.

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Associativismo: experiência enriquecedora

Teve responsabilidades na APECATE, esteve também na liderança da EFAPCO [European Federation of Associations of Professional Congress Organisers]. O que é que essas experiências lhe trouxeram de mais enriquecedor?

O contacto com culturas diferentes, maneiras de estar diferentes. Na APECATE com realidades diferentes. Quando entrei na APECATE deparei‑me com um mundo que não conhecia, que era o da animação turística. Como gosto muito de descobrir coisas, achei que foi uma experiência extremamente enriquecedora. Obviamente, tem escolhos, há sempre quem trabalhe, e quem espere que os outros trabalhem, mas isso é a realidade das coisas, não vale a pena... é como nos condomínios. A EFAPCO permitiu‑me descobrir o mundo das associações, mas infelizmente foi uma história falhada, porque foi uma federação de associações e, portanto, nós não conseguimos chegar às empresas. Como as associações são de uma maneira geral empíricas, não conseguiram passar a palavra para os seus membros. Mas para mim foi extremamente interessante, consegui perceber como é que os gregos trabalham, os polacos, os checos, principalmente esta gente da Europa de Leste que tem qualidades absolutamente fantásticas. E conheci espíritos diferentes, gente diferente, mentalidades diferentes e porque fazem as coisas de determinada maneira.

E o que é que acha que esta pandemia vai provocar na meetings industry?

É uma alteração profunda do mercado, na maneira de estar no mercado, na forma de fazer as coisas, que pode ter duas velocidades, uma ao nível da Europa, e outra ao nível do país. Não sei como é que o país se vai adaptar, principalmente os decision makers, a este novo paradigma. Tenho algum receio que a adaptação do mercado português não seja tão rápida quanto o necessário. Espero que consigam abrir a mente para se posicionarem perante novas metodologias e que acompanhem o nosso trabalho. Para implementar estas novas ferramentas no mercado as associações têm de nos apoiar e lutar connosco. Se não não vamos a lado nenhum. Depois do verão há congressos que tinham sido adiados para o último trimestre. Gostaria que as coisas começassem a mexer para percebermos qual é a sensibilidade das pessoas, participantes, organizações, locais, fornecedores. As pessoas têm de estar em grande sintonia e de mãos dadas.

Sente que as pessoas hoje estão mais disponíveis para esse exercício de colaboração?

Não sei. Vou tentar apalpar o mercado. Neste momento estou a fazer planos e planos de contingência. Como é que os meus clientes vão olhar para aquilo? Não sei como vão reagir.

Gostaria muito que reagissem de uma maneira extremamente positiva e que nos dissessem: ‘let´s go, this is the way’. Os nossos clientes não fazem parte de uma associação, de uma empresa, estão extremamente dispersos em sociedades diferentes, em realidades diferentes, procedimentos diferentes, capacidades financeiras diferentes. O mercado para nós, organizadores de congressos, é uma miscelânea.

Mas acredita que nós, enquanto seres humanos, vamos continuar a querer estar uns com os outros?

Quero acreditar nisso. Sou uma pessoa extremamente positiva. A realidade virtual, absolutamente virtual, não está próxima. O ser humano precisa de contacto físico, precisa de um abraço, um beijo, e é verdade, isso faz muito parte do ser humano. Não vamos virar robôs. Agora, ter uma mente aberta é precisamente a questão que se põe neste momento, para conseguirmos conciliar aquilo que podemos tirar de bom da realidade virtual para a realidade presencial. Quero acreditar nisso.

Como é que olha para a comunicação dos destinos? Que tipo de argumentos é que um destino pode usar daqui para a frente?

Como nos posicionávamos anteriormente. Neste momento não vejo grande mudança. A segurança continua. Continuamos a ter um país seguro, um país de uma beleza imensa, com uma gastronomia fantástica, com uma diversidade fantástica. Acho que há uma área que talvez não seja explorada, que é a nossa capacidade de adaptação. O português tem uma capacidade de adaptação fantástica. Não estou a falar da capacidade de adaptação das instituições e das sociedades, essas são mais pesadas, estou a falar na capacidade de adaptação do português individualmente, e isso aí acho que podemos capitalizar. Nós somos um povo que se adapta com uma capacidade extraordinária e com uma habilidade ‘tech’, de IT, fantástica. Pode ser mais um argumento a juntar aos que já existiam.

Disse que estava numa fase de reinvenção. O que sente que ainda lhe falta fazer neste percurso já longo?

As bases estão lançadas, ainda não as coloquei cá para fora porque quero ter a certeza de que está bem feito. Falta os clientes acreditarem que as empresas não são todas iguais. Agora, como é que eu faço chegar essa mensagem aos clientes ainda não sei. Hoje em dia começa a existir um sentimento de que é tudo facílimo. Você está a propor fazer um webinar em estúdio e a reação é: ‘nem pensar, tenho o zoom faço um webinar num instantinho com 10 pessoas’. É o facilitismo. E há empresas que estão a fazer um webinar por 500 euros e outras por 1750. Mas como é que se faz chegar uma mensagem de qualidade a clientes, isso falta‑me.