Nuno Ferreira: O “desafio constante” é a grande motivação
14-09-2021
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Aí descobriu o fascínio pela mistura de sons, até se envolver na conquista de outras competências no universo do audiovisual. Este foi o início do percurso de Nuno Ferreira, hoje CEO da Eurologistix – Audiovisuais & Eventos, aqui contado na primeira pessoa.
““Tive o privilégio de ouvir música desde pequeno. Iniciei a aprendizagem de viola acústica aos nove anos, pois alimentava o sonho de vir a poder ser um músico e a percorrer o mundo por diversos palcos. Na minha adolescência, pertenci à associação de estudantes da escola secundária, onde tive a oportunidade de organizar várias festas e de criar um estúdio de rádio. Em maio de 1993, fui convidado para ir estagiar nos Estúdios Musicorde, onde iniciei verdadeiramente a minha carreira profissional como técnico de som. Convivi com vários músicos e artistas e apercebi‑me que a paixão pela captação de instrumentos e mistura de som era algo que me deixava fascinado.
Adorava fazer experiências com diferentes tipos de captação e efeitos. Era um mundo novo cheio de segredos para explorar no meu laboratório ‘estúdio’”, refere, acrescentando: “Em dezembro de 1996, iniciei uma nova etapa profissional na Alfasom, onde tive a oportunidade de desenvolver competências noutras áreas audiovisuais, como o vídeo e a iluminação, sendo que me continuei a especializar no som, mais propriamente na vertente ao vivo.”
O que o motiva é “o desafio constante”, diz. “Cada evento é um evento e o nosso papel, enquanto fornecedor ‘chave na mão’, dá‑nos a possibilidade de sugerir diferentes soluções para cada tipologia de evento e de acordo com a sua especificidade”, adianta.
E se, por um lado, é das “relações humanas com as mais variadas pessoas e a ausência de monotonia” do que mais gosta nesta atividade – afinal, “todos os dias são diferentes” –, por outro lado, a “gestão de alguns egos e a falta de ética profissional” pesam para o lado negativo da balança.
Episódios marcantes na memória
Estar há mais de 20 anos nas lides dos eventos faz com que as histórias se acumulem na lembrança: eventos marcantes, episódios que se recordam a sorrir, outros com gargalhadas e outros até com lágrimas.
Um dos eventos que mais marcou a vida de Nuno Ferreira foi o Campeonato da Europa de Futebol, em 2004, que decorreu em Portugal. “Tive a sorte de ser um dos responsáveis por analisar os sistemas de som residentes nos estádios que acolheram os jogos oficiais do Euro’2004”, conta o CEO da Eurologistix, acrescentando que apresentou um relatório ao comité executivo da UEFA, responsável pela prova, e que formou e coordenou as equipas técnicas para a preparação e execução do evento.
Nuno Ferreira recorda também com carinho um concerto da fadista Mariza, em setembro de 2005, nos jardins da Torre de Belém, em Lisboa. Um concerto, “com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo maestro violoncelista Jaques Morelenbaum”, que foi gravado e editado em DVD, explica. “Choveu todo o dia e toda a noite, exceto na hora do espetáculo, onde a Mariza interpretou o tema ‘Chuva’ de uma forma soberba. Continuo ainda hoje a rever este concerto com grande nostalgia.”Outro momento marcante, mas de uma outra forma, foi o perder um colega de profissão durante um evento. “O Centro de Congressos de Lisboa acolheu o evento, que durou cerca de uma semana entre montagens, ensaios e a realização do evento. Na última noite, um dos elementos da equipa técnica trazida pelo cliente veio a falecer durante a noite. Foi desastroso termos de cumprir o último dia do evento de lágrimas no rosto e a ter de manter uma atitude profissional de forma a garantir o sucesso do evento. Um momento doloroso que deixou marcas”, lembra.
Pelo lado oposto, os momentos mais hilariantes que viveu no universo dos eventos decorreram quando Nuno Ferreira era técnico de som de Herman José. “Era rir do princípio ao fim ou não fosse um dos melhores comediantes portugueses.” O CEO da Eurologistix sublinha ainda o “enorme prazer em trabalhar com o ilusionista Luís de Matos que é um ser brilhante a todos os níveis”.
© Maria João Leite Redação
Jornalista