“Os eventos fazem história e mudam o curso do mundo”
25-11-2021
# tags: Eventos , Vida de Eventos , Meetings Industry , Passaporte Português
Catarina Veiga estudou gestão hoteleira e marketing, mas parecia inevitável que, um dia, viesse a fazer carreira numa área pela qual já se interessava ainda antes de começar a trabalhar. “Os eventos são uma ferramenta incrível para criar experiências positivas e memoráveis, tanto no plano individual como coletivo. Apercebi‑me disso enquanto mera espectadora e participante, muito antes de iniciar a minha carreira”, admite. Mas, no seu caso, o interesse está igualmente associado a uma preocupação em fazer a diferença na vida das pessoas. Algo que tem feito, seja através do voluntariado, quer no seu atual cargo.
Voltemos, no entanto, ao tempo em que Catarina Veiga estava ainda no outro lado dos eventos, enquanto espectadora. Terá sido então que surgiu o apelo “no sentido de proporcionar estas experiências e ter um impacto positivo nas pessoas e nos lugares’’.
“No plano coletivo, os eventos fazem realmente história e mudam o curso do mundo. Congressos, conferências, reuniões...são de extrema importância no desenvolvimento e progresso científico, tecnológico, económico, social e cultural”, considera, explicando o tal apelo que sentiu.
Madison Square Garden; E porque não?
Essa vontade de fazer a diferença terá surgido a par de outro desejo forte: o de procurar outras experiências e outros países. “Sempre quis sair da minha concha...aprender mais, experimentar mais, explorar mais, contactar mais. Lembro‑me de que no primeiro ano de faculdade já enviava currículos para venues com o Madison Square Garden ou o Wembley Stadium (risos). Nunca tive medo de tentar, sempre apontei alto”, confessa.
Uma atitude que compensou. “As experiências profissionais no estrangeiro ajudam‑nos a sair da caixa, a compreender as diferentes perspetivas no mundo, a diversidade e multiculturalidade. São experiências enriquecedoras não só a nível profissional, mas pessoal”, diz.
Miami, Madrid, Preston e Londres são etapas internacionais desse percurso diverso, que inclui experiências tão diferentes como a FIL ou o Lancashire Wildlife Trust. E todas estas vivências foram importantes na sua vida: “Aprendi que somos todos uma grande família humana. Os diferentes contextos (culturais, económicos, religiosos, sociais, etc.) ensinaram‑me a respeitar todas as pessoas, a compreender as suas origens, a ver através de várias lentes, e não só através da minha lente”, confessa.
Essa nova perspetiva do mundo e dos outros teve, igualmente, consequências a nível profissional, tornando‑a “uma pessoa mais consciente e ‘ativista’ de certa forma”. “No meu trabalho, a inclusão e diversidade são de extrema importância. Fazemos sempre o nosso melhor para incluirmos as questões de igualdade de género, diversidade regional ou setorial na escolha de oradores, temos sempre um programa para os jovens profissionais, e nos RFPs incluímos questões e requisitos relacionados com a inclusão, diversidade e sustentabilidade”.
Outro aspeto que moldou a sua personalidade e a carreira foi a garra com que se envolveu na organização de eventos, mesmo como voluntária ou em regime freelancer. “Estou muito grata à minha versão mais nova, porque sempre lutei muito por fazer parte. Fazer voluntariado, trabalhar em eventos...participar de alguma forma, mesmo que não fosse remunerada”.Esses anos foram uma aprendizagem que, ainda hoje, lhe é bastante útil: “No início aprendi muitíssimo a observar, a compreender a dinâmica, a estar disponível e a ajudar no que fosse preciso. Hoje no World Energy Council faço essencialmente congressos, conferências, eventos associativos, mas já fiz todo o tipo de eventos, desde musicais, culturais a exposições. Os eventos musicais, por exemplo, foram decisivos na minha abordagem aos eventos pela experiência e experience design”.
Portugal ao nível dos destinos de topo
O percurso profissional de Catarina Veiga leva à pergunta inevitável: quais as maiores diferenças entre fazer eventos em Portugal e fora do país? “Portugal está ao nível dos destinos de topo. As equipas são muito profissionais, a oferta é variada e de qualidade. Têm o foco no cliente e fazem tudo ao seu alcance para responder às suas necessidades. Gosto imenso de trabalhar em Portugal”, elogia, lembrando que em 2017 decorreu, em Lisboa, a World Energy Week. “Foi um evento que correu muitíssimo bem. Os nossos membros e delegados ficaram rendidos a Portugal”, diz.
Quando lhe pedimos para definir os seus dias de trabalho no World Energy Council, a resposta é simples e bem humorada: “Frenéticos”. E explica porquê: “Apesar de fazermos eventos para 20.000 pessoas, a nossa equipa é relativamente pequena. Trabalhamos bastante com os nossos comités nos diferentes países e, transversalmente, entre equipas. Existe um espírito grande de equipa e união. Neste momento (n.d.r. início de setembro de 2021) estamos a gravar as sessões regionais para o nosso próximo evento digital em outubro, o World Energy Week LIVE 2021 e, ao mesmo tempo, estou a preparar as especificações para o setup das salas para o 25th World Energy Congress em São Petersburgo, Rússia, em outubro do próximo ano”.
Desafios transformados em oportunidades
Os dias podem ser frenéticos, mas Catarina Veiga admite uma dose extra de satisfação por sentir que o seu trabalho faz a diferença. “No Council a nossa visão para 2025 é ‘Energy for Humanity’, que é também o tema do nosso Congresso. O World Energy Week deste ano tem como tema ‘Energy for better lives’. Tentamos realmente fazer a diferença e colocar os nossos esforços no sentido certo. Seria bom vermos efeitos mais imediatos, mas, se cada um de nós fizer a sua parte, acredito que viveremos num mundo melhor”.
A pandemia pode ter mudado muita coisa, mas não essa vontade de fazer a diferença e de servir o propósito da entidade em que trabalha: “Criar eventos, experiências positivas e impactantes e manter as oportunidades de colaboração, partilha e crescimento dentro da nossa network”.
Em 2020 todos os eventos tiveram de ser redesenhados, o que obrigou Catarina Veiga a investigar e a procurar saber mais, tendo mesmo feito uma formação em eventos digitais. Como muitas entidades e empresas em todo o mundo, o World Energy Council também apostou no online e na produção de vídeos e conteúdos. O balanço é positivo: “Os desafios tornaram‑se oportunidades, uma vez que temos chegado a mais pessoas, aumentando o número de participantes e expandido a nossa network e área de atuação”.
E o futuro? Como se vê daqui a 10 anos? “Gosto muito de desafios. Não gosto de água parada, gosto de progredir e fazer a diferença. Estou feliz no Council. Nos próximos 10 anos provavelmente vou querer fazer o que ainda não foi feito. Gosto de partilhar conhecimento...Mais tarde imagino‑me também a conciliar a vida profissional com a académica”.
Olga Teixeira
© Olga Teixeira Redação
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