Projecções em grande formato: o desafio dos conteúdos
04-03-2019
Quais os desafios que as projecções de grande formato trazem hoje em dia a quem tem que tratar de produzir os respectivos conteúdos?
Há muitos desafios a ter em conta quando se trata de produzir conteúdos para eventos de grande escala.
Alguns desafios são mais de ordem prática, como por exemplo a complexidade do ecrã a utilizar, o tipo de conteúdos a produzir, ou até os timings de produção.
Outros desafios estão mais no campo da criatividade. Por exemplo, como vamos transmitir determinada mensagem, que tipo de grafismo ou animação poderá ser a mais indicada para esta ou aquela marca, etc...
Na minha opinião tem que haver uma excelente comunicação entre a produção de conteúdos e a agência de eventos de forma a conseguirmos ir o melhor possível ao encontro das expectativas. Em bom rigor, é a agência quem melhor conhece o cliente final e os seus objectivos.
Os clientes estão suficientemente sensibilizados para os tempos que estão em causa, sempre que, por exemplo, há uma mudança nestes conteúdos?
Depende muito da experiência que os clientes têm neste tipo de produções. Um cliente que já tenha produzido conteúdos desta escala, que regularmente visite o estúdio, ou até que tenha algumas noções de produção de conteúdos é com certeza um cliente mais sensível aos timings de produção.
Convém termos perfeita noção de que vão sempre surgir alterações ou refinamentos nos conteúdos, pois a aprovação dos mesmos tem muitas condicionantes e nem sempre estão todas centralizadas na mesma pessoa. Penso que a solução não passa por “remar” contra as alterações, mas sim por criar processos de trabalho optimizados de forma a conseguirmos lidar sem grande prejuízo com alterações de última hora.
Pode dar exemplos do que acontece, que passos têm que dar, e quanto tempo demora a fazer uma mudança simples, um logótipo, por hipótese?
Há vários graus de mudanças... que podem ir desde alterar um tipo de letra, cor ou uma imagem até a alterações mais dramáticas, que vão desde um “não é nada disto”, mesmo depois de todos os passos terem sido aprovados por quem de direito, até a um “o ecrã já não vai ter essa configuração” porque, por exemplo teve que se alterar a localização do evento por razões de força maior...
Como já referi, há muitas pessoas envolvidas no processo de aprovação, e há também muitos factores “externos” que podem mudar o rumo do evento independentemente do tempo de trabalho que já foi despendido e do tempo de trabalho que ainda temos disponível para efectuar essas alterações.
Resta‑nos encarar as alterações como necessárias, e organizar o trabalho de forma a conseguirmos ter tudo pronto a tempo e horas.
Os equipamentos que usam mudaram muito, para acompanhar esta necessidade/tendência, das projecções de grande formato?
Os equipamentos são sempre um elemento em esforço. As projecções são cada vez maiores, os renders são cada vez mais exigentes... Por melhores que sejam as máquinas, é sempre possível exigirmos o máximo delas para conseguirmos um resultado mais bonito. É necessário estarmos sempre atentos a actualizações de hardware e software que possam vir ao encontro das nossas necessidades e nos ajudem assim a responder da melhor forma.
É possível ter planos B? Ou seja, como lidar ou acautelar eventuais falhas técnicas, uma vez que muita coisa nos eventos depende destas projecções?
Um evento é um acto efémero, montado num período de tempo sempre mais curto do que o desejável e raramente ensaiado no todo. Habitualmente corre bem e é um sucesso enorme para o cliente e para os participantes, mas não nos podemos abstrair da realidade de ser uma operação tecnicamente muito complexa e que acarreta riscos dessas eventuais falhas técnicas.
Falhas técnicas que podem ser minimizadas com bons fornecedores e equipamentos técnicos, mas a realidade é que podem sempre ocorrer.
Um paradigma disso são as redundâncias e aquilo que podemos chamar do “paradoxo do projecto vídeo”. É um facto que um projector vídeo pode falhar (raro face à fiabilidade actual dos mesmos, mas uma possibilidade), mas vamos imaginar que perguntamos ao cliente: quer duplicar o número de projectores para ter um projector de back‑up por cada projector em uso para salvaguardar uma falha técnica, sendo que esta segurança implica mais custos? O cliente responde: mais custos? Não, que esse não é um problema meu, se eu estou a pagar um projector vídeo o mesmo tem que funcionar, esse é um problema vosso.
Quais as mais‑valias, no seu entender, de usar este tipo de projecções/conteúdos?
Um cliente quando investe num evento está a fazê‑lo com dois objectivos presentes: surpreender e comunicar. E estas projecções e conteúdos são hoje em dia a principal ferramenta para este fim.
Os conteúdos produzidos em grandes projecções são utilizados como apoio a apresentações de marcas ou discursos de oradores para grandes audiências. Desta forma é possível reforçar a mensagem de uma forma mais dinâmica e impactante.
A vertente cenográfica dos conteúdos é também uma grande mais‑valia. Hoje em dia, é possível conseguir uma transformação total de um recinto recorrendo a conteúdos vídeo e grandes projecções, garantindo assim um ambiente bastante mais envolvente, onde a assistência respira e vive a marca ou a mensagem a transmitir nesse evento.
Têm alguma forma de medir o impacto que este tipo de soluções tem sobre os participantes? Chega‑vos algum feedback?
O feedback é medido em vários momentos. O primeiro é sentido com a chegada dos convidados. O impacto que a assistência ao entrar em sala é notório.
É sempre muito bom ver o publico a olhar para o ecrã boquiaberto, muitas vezes a olhar em toda a volta, a reparar em pormenores. Eu gosto de lhe chamar o “factor WOW”, e é um dos meus benchmarks na avaliação dos conteúdos produzidos.
Nas redes sociais conseguimos perceber o impacto de determinada produção ou evento pela quantidade de partilha de imagens, de posts e de comentários.
O feedback dos nossos clientes é também muito importante e “fácil de sentir”. Lá está, por mais exigente que uma produção seja para todas as frentes, seja para a produtora de conteúdos, seja para a agência de eventos, seja para os audiovisuais ou até para o cliente final, assim que o evento termina, sente‑se a harmonia, e a energia de um trabalho bem feito, e isso é bastante enriquecedor, sendo até um factor aglutinador para todas as equipas!!
Há depois o feedback mais “tardio”, quando por esta ou aquela razão acabamos por falar de conteúdos já produzidos há algum tempo... meses ou até anos. Normalmente começa com uma exclamação do tipo: “Ah foram vocês que fizeram o...”, e segue‑se uma conversa agradável e gratificante.