“Quando é que isto acaba?”

13-03-2020

Eis a pergunta para um milhão de dólares (ou euros, se quisermos). Durante quanto tempo se vai prolongar esta crise do coronavírus?
Porque da resposta a essa pergunta vai depender o esforço que vai ser exigido às empresas (e acima de tudo às pessoas) para superarem mais esta crise. No espaço de três dias, a APECATE – Associação Portuguesa das Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos reuniu pela segunda vez, desta vez em Lisboa, no Hotel Lutécia, com os associados, e não só, para perceber o impacto que esta crise está a ter, e quais as medidas que devem ser propostas à tutela.
 
Numa fase extremamente volátil da situação, em que todos os dias há novos números de pessoas infetadas ou com suspeitas de terem contraído a Covid-19, cada vez mais empresas do setor do turismo e dos eventos estão paradas, sem trabalho.
 
Há semelhança do que tinha acontecido já no Porto, na passada segunda-feira, os empresários reivindicam medidas excecionais ao governo, seja de apoio à tesouraria, seja no pagamento de impostos como o IVA e a TSU. Mas querem também encontrar formas de proteger os muitos milhares de trabalhadores desta área. Ainda para mais numa indústria que, como é bem sabido, precisa e vive do trabalho de freelancers, que à partida estão ainda mais desprotegidos do que os trabalhadores contratados. Foram vários os testemunhos nesse sentido, lembrando até que muitos desses trabalhadores, se não forem devidamente apoiados agora, podem optar por sair do país, dificuldade a retoma, uma vez ultrapassada a crise, pela escassez de pessoas qualificadas.
 
Assim, foi pedido que sejam tomadas medidas que não deixem de fora os trabalhadores que passam recibos verdes, por exemplo.
 
Outra das propostas apresentadas foi a da criação de novos espaços para eventos (uma reivindicação antiga do setor, aliás), antigas fábricas, hangares, estúdios de televisão, pavilhões, muitos deles sob tutela do próprio Estado. Isto permitiria acomodar mais eventos no mesmo período de tempo, e de alguma forma minorar os efeitos desta crise. Embora se reconheça que depois dela passar não é garantido que a vontade e sobretudo a capacidade de investir em eventos seja a mesma.
 
Foi evidente o repúdio por situações de aproveitamento, de que todos falam, perante a necessidade de adiar ou cancelar eventos. Venues ou hotéis que exigem pesadas indemnizações por congressos adiados ou cancelados são apenas um exemplo, mas existem outros. É importante que o setor seja capaz de encontrar uma resposta equilibrada, ouviu-se por diversas vezes, que não penalize demasiado uma parte dos envolvidos na organização de um evento.
 
Entre as duas dezenas de participantes, havia realidades muito distintas, incluindo a das start ups, muitas delas projetos bem recentes, que veem agora os investidores a suspender os financiamentos, impedindo-as de continuar a desenvolver os seus planos de negócio.
 
Uma boa notícia
 
Sim, há uma boa notícia. E ela é a de que um dia esta crise passará. Nessa altura, temos que estar todos preparados para ir para o terreno e conquistar mais clientes, ganhar mais eventos. Pode o Turismo de Portugal preparar uma campanha digital, que todas as pessoas do setor possam depois partilhar nas suas redes sociais, passando para os mercados um sinal claro de que estamos vivos, e preparados para organizar eventos? Esta foi apenas uma das propostas ouvidas, a pensar já no pós-crise. Podemos encontrar outra forma de Portugal estar exposto nas grandes feiras internacionais do turismo e dos eventos, contornando o atual bloqueio a que está sujeito o Turismo de Portugal? Os empresários do setor acham que sim.
 
A reunião terminou com um novo apelo da APECATE para que os empresários partilhem dados, números de perdas, postos de trabalho em risco, ideias para medidas de apoio e ações para lançar assim que tudo isto passar, alegando que só assim o setor pode ser reconhecido, apoiado e valorizado. O presidente da associação, António Marques Vidal, garantiu que todas estas informações chegarão, via APECATE, aos decisores políticos, nomeadamente ao ministro da Economia, à secretária de estado do Turismo, e ao presidente do Turismo de Portugal, com quem estão em permanente contacto.
 
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