Uma luta que é de todos

27-08-2020

# tags: Covid-19 , Eventos

Onde se fala de um setor alargado, de união, e de retoma.
A iniciativa da recém-criada Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos, no passado dia 11 de agosto, em Lisboa, teve um mérito talvez menos evidente, o de mostrar que esta luta não é apenas deles, dos técnicos, mas de todos. É das agências, dos espaços, dos caterings, dos artistas, dos transportes, das tecnologias, das hospedeiras, dos seguranças e de tantos outros.
 
E não é sequer a luta de uma associação apenas. Importa que, solidárias, estejam presentes a APECATE, dos congressos, animação turística e eventos, a APEFE, dos promotores de espetáculos e festivais de música, a APAVT, que tem a representação dos DMCs, et tutti quanti.
 
E é também uma luta das companhias de aviação, dos hotéis, dos restaurantes, dos bares, dos museus, das salas de espetáculo, do comércio ou das rent-a-car, por exemplo, para quem os eventos geram tanto negócio, e consequentemente tanta receita. E deveria ser até do próprio estado, que recebe quantias avultadas em impostos, licenças (e coimas, já agora), decorrentes da atividade direta e indireta de organizar eventos.
 
Para nos fazermos ouvir, há ainda um outro exercício importante, o de unificar um setor tão disperso e pulverizado. Não há tipos de eventos de primeira e de segunda – quando muito podem ser bem ou mal organizados.
 
Eventos corporativos, congressos, feiras, incentivos, ativações de marca, festivais de música, apresentações de produto, eventos culturais, cerimónias religiosas, eventos desportivos, casamentos, recriações históricas… somos todos uma grande família, e é importante que essa família alargada se faça ouvir em uníssono. Talvez assim percebam melhor o quanto valemos: em contributo para o PIB nacional, em postos de trabalho, em notoriedade para o país.
 
Vivemos num mundo dominado pelas imagens. E a imagem da praça do Comércio, no coração da capital portuguesa, repleta de flight cases perfeitamente alinhadas ficará connosco durante muito tempo. Porquê? Porque é uma ideia simples, criativa, digna, simultaneamente poderosa e discreta, e nestes termos sintetiza o que de melhor tem o setor dos eventos.
 
Chegaram-nos relatos de muitas pessoas que, mesmo lá fora, se emocionaram ao ver aquela manifestação. E também a isso estamos habituados: um setor reconhecido no estrangeiro pela capacidade de acolher e organizar bem os eventos que conseguimos captar para Portugal.
 
Tudo isto sem esconder o caráter de urgência de uma situação difícil que, para muitas empresas, e para muitas pessoas, se transformou já em desespero ou, como alguém dizia no nosso mais recente questionário sobre o estado dos eventos, “sem sonhos”.
 
Apesar das limitações, já é possível começar a fazer eventos presenciais. Esse é o passo que se exige: fazer, fazer, fazer. Mais pequenos, mais locais, mas fazê-los. E assumir que essa coisa do risco 0 não existe. Quanto mais eventos forem feitos, mais vamos aprender, maior será a confiança dos clientes, dos promotores e dos patrocinadores – sim, também precisamos de vocês –, e mais gente sentirá confiança para regressar aos eventos.
 
O “novo normal” será feito desta convivência entre eventos 100% online, híbridos e presenciais. Uma aprendizagem que não está isenta de dores e de angústias, às quais não podemos escapar. No final – que não conseguimos antecipar quando será –, seremos diferentes, mas também mais fortes.
 
Até esse dia, e mais além, #somostodoseventos
 
Rui Ochôa | Cláudia Sousa

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação

© Rui Ochôa Opinião