Eventos e experiências em espaços de enoturismo
11-11-2024
# tags: Enoturismo , Eventos , Portugal
Agregando várias atividades em torno da degustação de vinhos, o enoturismo é um segmento cada vez mais presente em Portugal.
Degustar vários vinhos, provar a gastronomia local, visitar adegas, passear pelas vinhas ou participar em workshops são algumas das experiências possíveis no segmento do enoturismo. Atividades que podem ser também atrativas para os profissionais dos eventos e incentivos.
Em todo o país existem vários espaços de enoturismo que contam com valências para eventos. São espaços que podem acolher diversas tipologias de eventos, dos sociais aos corporativos, ou atividades de team-building e incentivos, aliando a tradição vinícola aos valores de particulares e de empresas.
A Event Point falou com três empresas de diferentes geografias, que atuam no segmento do enoturismo e que apostam também em espaços e atividades que abrangem a indústria dos eventos: Aveleda, A Serenada e Textura Wines.
Aveleda: “Os nossos principais segmentos são lazer e eventos corporativos”
A Aveleda tem três espaços dedicados ao enoturismo: a Quinta da Aveleda (Penafiel), a Villa Alvor (Alvor) e a Quinta Vale do Sabor (Torre de Moncorvo). Em todos eles, as vinhas abraçam os seus visitantes e há a perspetiva de boas experiências.
Nos três espaços de enoturismo da Aveleda, há espaços para eventos, corporativos e particulares, reuniões, lançamentos de produtos e atividades de team-building. Na Quinta da Aveleda, por exemplo, a eira, que está rodeada pelas antigas cocheiras e cavalariça, mostra-se um espaço cobiçado para o efeito, tal como a Cozinha Velha para as refeições ou os jardins para as provas.
“Os nossos principais segmentos são lazer e eventos corporativos”, refere Joana Figueiredo, gestora de Operações de Enoturismo da Aveleda. O segmento do lazer, para grandes e pequenos grupos, inclui experiências personalizadas privadas, como visitas, provas de vinhos, almoços e piqueniques, por exemplo. Os eventos corporativos englobam reuniões, welcome drinks, coffee breaks, refeições, workshops e oficinas, e atividades de team-building.
Para a Aveleda, a área dos eventos corporativos “é uma área em crescimento e desenvolvimento, representando, neste momento, cerca de 25% / 30% da nossa atividade”, acrescenta Joana Figueiredo.
Na Aveleda, a equipa de Enoturismo trata da organização de eventos corporativos externos e eventos da empresa para consumidores. Por outro lado, a organização de eventos Aveleda dirigidos a imprensa, clientes e opinion leaders é da responsabilidade da equipa de Relações Públicas, em articulação com o Enoturismo.
“Em todas estas frentes, o envolvimento do Enoturismo é fundamental, pois assegura que todos os espaços estão organizados, coordenados e que o serviço é feito com o maior profissionalismo e dedicação. O trabalho do Enoturismo permite ainda que a organização de eventos decorra garantindo o normal funcionamento de todas as outras áreas da empresa”, explica Joana Figueiredo.
O feedback dos visitantes tem sido “muito positivo”. A gestora de Operações de Enoturismo da Aveleda explica que, “apesar sermos uma empresa e um espaço com mais de 150 anos, esta ‘abertura de portas’ e criação de experiências para o cliente final é relativamente recente, e a aceitação tem sido muito boa”.
Acolher um evento é não só uma forma de promover o espaço e o vinho, no caso, como também o destino onde a empresa se encontra. De acordo com Joana Figueiredo, “na Aveleda, destaca-se em primeiro lugar a história familiar desta quinta, pertencente à mesma família há mais de 300 anos”.
“O seu envolvimento no desenvolvimento rural e social da região é marcante, sobretudo, na zona de Penafiel. Em 1870, Manoel Pedro Guedes fundou a quinta enquanto produtor de vinhos, legado que é continuado hoje pela quinta geração da família. Para além desta longa história e envolvimento familiar com a região, a Aveleda é também um lugar de contemplação onde encontramos um dos mais bonitos jardins do país, integralmente desenhado pela família ao longo dos tempos, com 114 espécies botânicas identificadas e edifícios únicos”, descreve.
A Serenada: “O feedback dos clientes tem sido fantástico”
No coração da Serra de Grândola, existe um espaço dedicado ao enoturismo, que abrange uma paisagem entre a serra e o mar. A A Serenada é uma unidade enoturística com sete quartos, uma sala de eventos com vista panorâmica, biblioteca, sala comum com lareira e amplos terraços abertos.
“Em termos de eventos, estamos mais restritos a eventos relacionados com os vinhos”, começa por explicar Jacinta Sobral, proprietária de A Serenada, propriedade que está na família há mais de 300 anos.
A responsável adianta que, os eventos “ajudam bastante no revenue do turismo em si e são extremamente importantes na relação do enoturismo, porque dá a conhecer o produto local, que são os nossos vinhos, e a experiência de efetuar as provas sobre o montado alentejano com vistas incríveis, o que perfaz uma experiência fascinante”.
Além dos eventos, mesmo que mais relacionados com vinhos, a A Serenada, produtora dos vinhos Serras de Grândola, disponibiliza uma série de atividades que podem contribuir para uma boa experiência dos visitantes e que podem ser atrativas para quem procura momentos mais descontraídos. Entre elas estão piqueniques, jantares com suplemento vínico (que consiste na prova de quatro vinhos harmonizados com a refeição), provas de vinho, workshops, percursos pedestres, praia e passeios de bicicletas, por exemplo.
“O feedback dos clientes tem sido fantástico”, desde 2013, altura em que foi criado o projeto enoturístico, remata Jacinta Sobral.
Textura Wines: “Queremos ter nas nossas instalações um centro ativo e vivo”
Iniciado em 2018 nas encostas da Serra da Estrela, o projeto Textura Wines envolve viticultura biológica, produção de vinhos de terroir e enoturismo. Uma antiga fábrica têxtil centenária foi totalmente renovada para acolher a adega e o centro de enoturismo. “O nosso centro de atividades congrega edifícios recuperados, que, no passado, sediavam uma fábrica têxtil centenária e estavam abandonados”, conta Patrícia Berardi, coproprietária da Textura Wines, que sublinha a importância da sustentabilidade no projeto, que é “a raiz da nossa essência, tendo as premissas de circularidade totalmente inseridas nas nossas atividades”.
Além dos 28 hectares de vinhas certificadas em biológico, e distribuídas em duas sub-regiões do Dão, a Textura Wines apresenta uma adega (zona de produção), loja, esplanada, restaurante (para até 50 pessoas sob marcação prévia) e um pavilhão para eventos (com capacidade para 250 pessoas).
“Tanto as áreas do enoturismo quanto do pavilhão estão disponíveis para eventos particulares, assim como para uso corporativo (team-building, off-site meetings, apresentações de produtos, etc.). O pavilhão possui um salão de 400m2, uma sala reservada, um hall de entrada, o salão principal e uma cozinha equipada, jardim envolvente, sendo possível usar apenas parte do espaço”, explica Patrícia Berardi.
E as ofertas são “bastante variadas” na Textura Wines: visitas à adega, degustações no Wine Bar, piqueniques nas vinhas (a “cerca de 15 minutos de distância das nossas instalações e no período primavera-verão”), provas de vinho harmonizadas com queijos e enchidos (“com produtos de fornecedores parceiros da nossa região”) ou almoços e jantares vínicos.
“Queremos ter nas nossas instalações um centro ativo e vivo, com a integração entre natureza, uma vez que estamos ao lado do Parque Natural da Serra da Estrela, resgate local, cultural e patrimonial da região, e dar a conhecer as riquezas que temos em Gouveia e nas áreas envolventes. Tendo o nosso vinho um ponto de destaque na sua forma de produção, na sua qualidade e na projeção que temos conseguido com o reconhecimento pelos críticos e apreciadores, em Portugal e no mundo”, afirma Patrícia Berardi.
E, apesar de ser um projeto recente, o feedback dos visitantes é “o melhor possível”, sendo que todos eles “ficam felizes” pela visita e saem “com ótimas impressões pelo que viram, provaram e como foram acolhidos”. “Alguns visitantes chegam até nós porque já provaram nosso produto algures, outros querem nos conhecer porque tiveram indicação, outros estão na região e acabam por nos visitar ao acaso. Em todos os casos, o feedback é o melhor e o mais gratificante possível”, frisa.
Patrícia Berardi adianta que os visitantes ficam “impressionados” com a transformação de uma área em ruínas numa “nova fonte produtiva, com resgate dos recursos existentes, dando destaque ao que não era mais valorizado, em tão pouco tempo de projeto, com vinhos de excelência, já premiados e muito bem posicionados nas melhores cartas de restaurantes estrelados no mercado mundial”. E, assim, os visitantes passam a valorizar mais o produto, a marca e a região.
“Essa é nossa grande meta: trazer mais e mais pessoas para virem ao Dão, para nos visitar e explorar as riquezas que existem nesta zona do país, pouco desenvolvida pelo turismo enogastronómico”, conclui.
© Maria João Leite Redação
Jornalista