< PreviousCONVENTA: NEGÓCIOS NA “NOVA EUROPA” A 12ª edição da Conventa fica marcada pelo recorde de expositores. Ao todo foram 146 as empresas e instituições presentes na principal feira de MI na região da Europa Central e Balcãs. Região a que Miha Kovacic, fundador e diretor do Convention Bureau da Eslovénia, apelidou de “Nova Europa”. Foram sobretudo expositores desta “Nova Europa” que estiveram a mostrar‑se em Ljubliana, beneficiando de um formato altamente democrático. Todos tiveram o mesmo espaço disponível, com o mesmo mobiliário. Este ano, a Conventa contou com 16 novos destinos europeus para eventos. © Conventa WWW.EVENTPOINT.PT 80 EVENTOS Em termos de hosted buyers, o evento contou com 253, dos quais 151 eram internacionais, 43 regionais e 59 provenientes do país anfitrião. 85% destes compradores estavam pela primeira vez na Conventa. Ao todo 4.000 reuniões foram pré‑agendadas entre estes e os expositores. O evento contou ainda com sessões educacionais, bem como a 10ª edição do Future Leaders Forum, que contou com estudantes de quatro países. Este é um certame muito importante para colocar a Eslovénia “no mapa da meetings industry”, referiu Karmen Norvarlic, do Turismo da Eslovénia. Já Tatjana Radovic, do Turismo de Ljubliana, referiu que a Conventa é um evento de que são especialmente fãs, sobretudo por acreditarem num modelo de “boutique shows”. A responsável deu conta que a meetings industry é um dos três segmentos estratégicos para o país e os resultados “são muito encorajadores”. Radovic partilhou um inquérito realizado aos participantes de congressos e eventos, cujos resultados mostram que o turista de negócios gasta três vezes mais do que o de lazer (cerca de 482 euros por dia), passa uma média de três noites no destino (90% em hotéis e 10% em Airbnb), e destacam a limpeza, a segurança e a simpatia como as grandes mais valias da cidade. 90% dos inquiridos afirma que pretende voltar à Eslovénia. Satisfação generalizada Karina Andrade, da Oriental Viagens e Turismo, foi uma das hosted buyers presentes na feira. À Event Point sublinhou que o facto de esta feira ser mais boutique, permite que “as pessoas estejam mais juntas, o networking funciona muito bem.” A compradora destaca a organização da feira, muito eficaz, e o facto de este ser um destino interessante para os portugueses. “É um destino novo e muito interessante, mesmo a nível de preço”, refere Karina Andrade. © Conventa Do lado dos expositores, a satisfação também era dominante. Muge Arbak Korkmaz, do Dekon Group (Turquia) ressaltou que “os hosted buyers eram muito qualificados, decisores, e foi um sucesso”. “É uma feira que vai na 12ª edição e que fica melhor a todos os anos”, afirma a responsável. Muge Arbak Korkmaz destaca o formato da feira, sublinhando “que os stands feitos com materiais naturais é uma opção muito inteligente, com um conceito diferente e eficaz”. Recentemente a Dekon, cuja sede é em Istambul, abriu uma delegação na Eslovénia, porque considera este mercado muito atraente, e o setor dos serviços é “friendly” e flexível, toda a gente fala inglês. “É um mercado com qualidade, que ainda não é muito caro, e tem uma variedade de infraestruturas grande”, refere a responsável da Dekon. O Convention Bureau de Tallin esteve pela primeira enquanto expositor na Conventa. Meeli Jaaksoo, Convention Manager, não podia estar mais satisfeita com o balanço da feira, e não hesita em afirmar que voltarão no próximo ano. O formato do certame é “perfeito”, e permite grande networking entre os hosted buyers e os expositores. “Não esperávamos que fosse uma feira tão boa e não esperávamos tantos pedidos e tanto interesse em Tallin”, refere, dando conta de que os hosted buyers eram bons. Meeli Jaaksoo destacou que estes estão à procura de novos destinos, “e agora é o tempo dos países Bálticos”. O Convention Bureau de Lloret del Mar (Espanha) foi também um dos destinos estreantes na Conventa. Montse Belisario deu conta de que a feira tinha sido “uma experiência muito boa, tivemos boas reuniões e estamos contentes”. A responsável referiu que a qualidade dos hosted buyers era interessante e o formato da feira é optimo, permitindo diversas atividades. “Gostamos de experimentar novos mercados, que © Conventa WWW.EVENTPOINT.PT 82 EVENTOS procuram destinos alternativos”, destaca a responsável como a razão principal para terem vindo à Conventa. Quatro perguntas a Miha Kovacic, fundador da Conventa e diretor do Convention Bureau da Eslovénia De que forma a Conventa se insere na estratégia do Convention Bureau da Eslovénia? Trabalhamos há anos com grande proximidade com toda a cadeia de fornecedores, com o Ljubliana Convention Bureau e com a Câmara Municipal no sentido de sensibilizar para a importância deste setor, para os desafios, as necessidades de investimento em infraestruturas, em recursos humanos. Quando começamos a promover a Eslovénia, e Ljubliana, através da Conventa já tínhamos um nível elevado de entendimento sobre o que o destino tinha de fazer para retirar o máximo da Conventa. A cidade investe, a Câmara investe, toda a cadeia de fornecedores investe dinheiro e tempo. Se se investir correctamente o ROI é maior, mais rápido e é divertido. A Conventa é uma prova de que se soubermos fazer as coisas bem, se todos os fornecedores estiverem alinhados, e entregarem o que têm de entregar, de uma forma divertida e positiva, as coisas acontecem. Como vê o trajeto da Conventa e de que forma vê a feira evoluir? Fazemos planos a cinco anos. Estamos no terceiro período de cinco anos, porque esta é a 12ª edição. É importante analisar todos os anos, mas de cinco em cinco anos há uma análise mais profunda para ver se os objetivos foram todos atingidos, e de que forma podemos melhorar. Por outro lado o mundo dos negócios está a mudar, a indústria também, o ambiente, há um crescente interesse pela “Nova Europa”, e a Eslovénia e Ljubliana também mudaram. Há também cada vez mais eventos de marketing no mercado e temos de nos adaptar também a isso. Estamos a investir fortemente no desenvolvimento do produto, todos os anos mostramos alguma inovação, damos mais valor acrescentado aos expositores, aos clientes. Há uma série de outros certames – não temos medo deles ‑, mas os clientes têm cada vez menos tempo para viajar e temos de demonstrar a razão porque devem vir cá. Esse é um desafio para vocês? Não diria que seja um desafio. Nós adoramos fazer isto. Investimos mais 30% em marketing nos últimos dois anos. É muito. Em live marketing e no marketing digital. Lançamos o Conventa Trend Bar, o Conventa Cross Over. No marketing digital duplicamos o investimento todos os anos. Quais são os principais desafios de pôr em pé este projecto? Nós estabelecemos desafios, que têm de ser atingidos. Se tivermos de trabalhar noite e dia... assim o faremos. E nós nem vemos isto como trabalho. Se soubermos o que fazer e escolhermos as pessoas certas, então tudo é mais divertido e é para o próprio bem de cada um. A Conventa é um sucesso se os hotéis entregarem um serviço com valor acrescentado, bem como os outros fornecedores. Isto no fim convence os buyers a virem cá. E vão para casa a pensar: estes tipos sabem trabalhar e entregam com paixão, com atitude positiva, com hospitalidade, e por isso quero voltar. As estatísticas mostram que estamos a fazer bem. A Conventa decorreu de 21 a 23 de aneiro, em vários venues de Ljubliana, numa organização do Convention Bureau da Eslovénia e da Toleranca Marketing. Cláudia Coutinho de Sousa* * Viajou a convite da Conventa © Conventa WWW.EVENTPOINT.PT 84 EVENTOS FORMAÇÃO EM EVENTOS: QUE OPÇÕES? São várias as opções de formação na área dos eventos. Umas mais específicas e especializadas, e outras que oferecem um conteúdo mais generalizado e de aprofundamento de conhecimento. A obtenção de competências é cada vez mais importante neste setor, que diariamente enfrenta novos desafios e ciclos. E o saber não ocupa lugar… A oferta é vasta, proporcionada por diferentes entidades, de centros formativos a universidades. Uns são cursos de duração mais curta, outros de tempo mais prolongado, uns mais práticos, outros mais teóricos, mas todos com a meta de fornecer ferramentas para uma melhor atuação no setor. E sejam novos ou já experientes na profissão, frequentam estes cursos quem quer reforçar o seu conhecimento e as suas capacidades e competências na área. A Event Point questionou quatro responsáveis por formações em eventos, para conhecer as suas ofertas: Vasco Ribeiro, coordenador da pós‑graduação em Imagem, Protocolo & Organização de Eventos da Universidade Europeia; Nuno Abranja, coordenador da pós‑graduação em Organização e Gestão de Eventos de Negócios, Desportivos e de Animação Turística e diretor do Departamento de Turismo do ISCE – Instituto Superior de Ciências Educativas; João Tovar, diretor da World Academy; e António Fonseca, diretor do Campus do Porto da Restart. Nuno Abranja WWW.EVENTPOINT.PT 86 FORMAÇÃO Aquisição de conhecimentos e competências Vasco Ribeiro, da Universidade Europeia e autor e especialista em Etiqueta, considera a pós‑graduação em Imagem, Protocolo & Organização de Eventos um curso “claramente mais técnico, mais operacional, mais real, em contexto o mais ‘on the job’ possível”, mas que conta com uma componente académica de suporte, “que faz sempre falta”. Frequentam este curso, que não integra no plano curricular a obrigatoriedade de um estágio, alunos com alguma experiência profissional na área, que pretendem “adquirir novas ‘skills’ a nível de imagem, protocolo e eventos”, quer para entrar na profissão, quer apenas para o reforço de conhecimentos; e os professores “apresentam um perfil maioritariamente ‘corporate’ e profissional do que estritamente académico”. Nuno Abranja, do ISCE, define a pós‑graduação em Organização e Gestão de Eventos de Negócios, Desportivos e de Animação Turística como um curso “fortemente técnico e muito pouco académico, que qualifica para o domínio da Organização e Gestão Estratégica de Eventos”, com incidência nas atividades de ‘incoming’ e ‘outgoing’ em Eventos, Etiqueta, Protocolo e Imagem, Eventos de Negócios/Corporate e Congressos, Eventos Desportivos e de Animação Turística, por exemplo. O curso, que não inclui estágio ou experimentação em empresas e instituições do setor, proporciona aulas práticas, com três visitas de estudo programadas, um ensino baseado em estudos de caso reais, um corpo docente composto “exclusivamente” por profissionais da área dos eventos, palestras com oradores convidados, entre outras atividades. Frequentam este curso alunos com idades entre os 22 e os 40 anos, licenciados em Turismo, Hotelaria, Animação Sociocultural, Marketing, Desporto e Educação Básica, que pretendem “ganhar maiores competências e domínios na organização e gestão” de eventos em diferentes áreas. Vasco Ribeiro O curso Produção de Eventos e Espetáculos, da World Academy, é, de acordo com o diretor João Tovar, uma formação mais técnica, com o conceito de “aprender a fazer com profissionais do mercado e com exercícios práticos”. Embora a grande maioria dos alunos que o frequentam sejam jovens licenciados em múltiplas áreas, das quais se destaca a da Comunicação, a formação – lecionada por profissionais “experientes” do mercado – é também frequentada por alunos mais velhos, profissionais de outros setores. “A grande maioria pretende entrar na profissão, embora existam pessoas que querem atualizar ou reforçar competências na área”, explica também João Tovar, esclarecendo que o curso inclui estágio curricular para quem estiver interessado e disponível. António Fonseca, diretor do Campus do Porto da Restart, considera que o curso Eventos: Gestão e Produção é uma especialização prática, de caráter técnico e “enquadrado com os desafios do mercado de trabalho atual”. A maioria dos alunos que o frequentam conta já com alguma experiência no setor e pretende “desenvolver competências e destrezas técnicas para poderem evoluir dentro do mercado profissional”. Os alunos são orientados por formadores que desempenham funções de direção ou responsabilidade em empresas e organizações de referência no setor dos Eventos, frisa António Fonseca, que acrescenta que o curso é “eminentemente prático”, com exercícios e experiências reais, culminando com a apresentação de um projeto com todo o processo de implementação de um evento. João Tovar WWW.EVENTPOINT.PT 88 FORMAÇÃO Corresponder às expectativas e às exigências do mercado Na elaboração de um curso em eventos há preocupações a ter em conta e há assuntos que não podem ficar de fora do currículo. Para Vasco Ribeiro, a preocupação maior é que “o plano curricular seja desenhado o mais à medida possível das necessidades do tecido empresarial” e que a formação corresponda às “expectativas dos candidatos”. O coordenador da pós‑graduação na Universidade Europeia destaca como principais tópicos a não esquecer o planeamento e gestão, fornecedores, segurança, catering, patrocínios e media partners. Os eventos entram, como disciplina, em cursos de setores paralelos como o turismo e o marketing, por exemplo, “até porque são cursos em que a vertente de eventos é bastante forte pelo papel e impacto que têm nestes setores em concreto”. E sobre se o setor necessita de algum tipo de formação que ainda não está coberta pela atual oferta, Vasco Ribeiro acredita que o que existe atuamente “já congrega a formação essencial”. Para Nuno Abranja, é importante construir um curso que vá ao encontro das principais necessidades formativas do mercado. “Ou seja, quando construímos este curso de pós‑graduação falámos com mais de duas dezenas de profissionais e recolhemos as suas opiniões sobre as principais disciplinas que esta área dos eventos precisava, de forma a não defraudarmos expectativas, quer dos estudantes, quer dos empregadores”. A organização e gestão estratégica de eventos, as atividades de ‘incoming’ e ‘outgoing’, a etiqueta, o protocolo e a imagem, o catering e o banqueting, marketing e vendas, a inovação, as tecnologias e o empreendedorismo em eventos são alguns exemplos citados dos tópicos que não são esquecidos no plano curricular. Segundo o responsável, todos os cursos do Departamento de Turismo do ISCE têm a disciplina de Eventos no seu plano de estudos. Nuno Abranja defende que, “sendo esta atividade um campo de trabalho muito transversal, é imperativo que a sua evolução exija novos conhecimentos e formações constantes”. E, nesse sentido, a entidade está a trabalhar para inserir no curso formações de Língua Gestual Portuguesa, Primeiros Socorros, Organização e Gestão de Eventos Sociais e também de Eventos Culturais.Next >