< Previous2020, a atividade turística foi, porém, abruptamente interrompida, tendo a esmagadora maioria das empresas do setor suspendido a sua atividade. Toda a cadeia de valor foi afetada, desde o alojamento, a distribuição, a animação turística, até ao transporte aéreo e outras atividades direta ou indiretamente relacionadas com o setor, como a restauração e os eventos. A crise não olhou também à dimensão das empresas, tendo chegado quer nos maiores grupos económicos, quer nas PMEs e microempresas. Estas últimas, que constituem a grande maioria do tecido empresarial e do emprego no setor, estão a ser, sem dúvida, as mais atingidas e são aquelas que provavelmente terão uma tarefa mais difícil para regressar à normalidade. Se olharmos para as diferentes regiões do país, também verificamos que nenhuma ficou incólume. De norte a sul, este a oeste e às ilhas, em todas a atividade turística paralisou durante a fase de confinamento. Desde março, a primeira preocupação do governo está relacionada com o controlo sanitário e com a gestão do sistema nacional de saúde. Ainda assim, o governo tratou de lançar desde a primeira hora importantes medidas para mitigar os impactos da Covid‑19 na economia. O turismo beneficiou das medidas globais, como o layoff simplificado, as linhas de crédito, as moratórias, entre outras, e foi o único setor de atividade a ter um pacote específico de medidas para apoiar em particular as PMEs e as microempresas. A totalidade dos apoios para o setor atingiu já 1,4 milhões de euros. Num segundo momento, o governo lançou o Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), com medidas específicas para o turismo, algumas das quais com impacto direto na atividade de organização de eventos: A) Apoio à Organização de Eventos, criando um mecanismo financeiro com uma dotação orçamental de 20M€ para responder às necessidades imediatas e prementes de financiamento das microempresas e PMEs de organização de eventos, cuja atividade esteja limitada por força das restrições impostas no quadro da Covid‑19 e apoio à promoção de eventos. WWW.EVENTPOINT.PT 10 OPINIÃO B) IVA dos congressos, devolução aos organizadores de congressos, feiras, exposições, seminários, conferências e similares do montante equivalente ao IVA deduzido junto da Autoridade Tributária e Aduaneira com as despesas efetuadas para as necessidades diretas dos participantes nos termos da alínea d) do n.º 2 do artigo 21.º do CIVA. O PEES integra ainda outras medidas exclusivas para o turismo que terão impacto positivo no setor dos eventos, a saber: C) Plano de Retoma da Operação Aérea promovendo o lançamento ou desenvolvimento de rotas aéreas de interesse turístico para Portugal, através do programa VIP.PT cuja dotação foi reforçada de 10M€ para 30M€. D) Apoio a Microempresas da Área do Turismo reforçando com mais 40M€ a linha de apoio destinada às microempresas do turismo e permitindo a conversão parcial em fundo perdido desse mesmo apoio. Durante todos este caminho, tenho acompanhado de perto e com interesse o setor dos eventos, reunindo regularmente com a APECATE, com outras associações do setor, com as empresas e com os representantes dos trabalhadores. Assim continuarei a fazer, avaliando em contínuo a evolução da situação por forma a poder decidir, em cada momento, adequadamente. É bem verdade que fizemos tudo o que era possível, mas teremos ainda que fazer o que é necessário para repor o que esta pandemia nos tirou! Os nossos ativos turísticos intrínsecos não foram afetados pela pandemia. Também sabemos que a vontade de os turistas em viajar, seja em lazer ou em negócios, existe e quiçá até está mais viva do que nunca. Por isso acredito que o turismo em Portugal tem todas as condições para em breve regressar à dinâmica que tinha e contribuir para gerar riqueza e emprego para o nosso país. Esta é uma missão de todos. Rita Marques Secretária de Estado do TurismoIMPPACTO LVT – LISBOA VISTA DO TEJO Um novo espaço para o seus eventos foi adicionado ao portefólio da Imppacto ‑ Catering & Eventos. Trata‑se do LVT – Lisboa Vista do Tejo, um navio de design elegante, orientado para grupos em exclusivo, e onde pode realizar eventos corporativos, casamentos e festas privadas. WWW.EVENTPOINT.PT 12 EMPRESAS Preparado para todo o tipo de eventos, com capacidade até 300 pessoas, o LVT inclui naturalmente a possibilidade do cruzeiro, ao mesmo tempo que recebe eventos de empresas; apresentações de produtos; congressos; reuniões comerciais; atividades de team building; ações de charme; celebrações de negócios; festas de Natal ou aniversários; eventos particulares, como casamentos; jantares de gala ou qualquer outro tipo de evento que queira sugerir. Uma oferta a que se junta, claro, o catering exclusivo da Imppacto, com a qualidade e a atenção aos detalhes que lhe são habitualmente reconhecidas pelo mercado. CENÁRIO EM PERMANENTE MUTAÇÃO À celebrada luz de Lisboa, que ilumina o LVT, soma‑se o encanto do Tejo. E é num cenário que todos os dias, a todas as horas, é diferente que pode a partir de agora realizar almoços e jantares para 150 pessoas sentadas, no máximo; cruzeiros com cocktail para 300 pessoas; ou reuniões de trabalho e apresentações para um limite de 200 pessoas. O LVT e a Imppacto esperam por si, garantindo as mais exigentes regras e normas de higiene e de segurança sanitária a bordo. IMPPACTO – CATERING & EVENTOS Almada 212 962 365 | 937 200 350 | info@imppacto.com www.imppacto.com www.facebook.com/grupoimppacto www.instagram.com/imppactoPEDRO CARDOSO “O MEDO É APENAS UM SENTIMENTO QUE NOS ADORMECE, QUE NOS LIMITA” É fundamental perder o medo e voltar a fazer eventos e é a altura de nos focarmos nos programas de colaboração competitiva. São estas duas das mensagens mais fortes desta grande entrevista, em que revisitamos a carreira de uma das referências nacionais em termos de organização de congressos: Pedro Cardoso, da The House of Events. WWW.EVENTPOINT.PT 14 GRANDE ENTREVISTA Como é que chegou ao setor do turismo? Foi um acaso ou um objetivo desde sempre? Acho que não foi um acaso. Há sempre mais do que uma explicação para chegarmos até onde estamos. No meu caso, foi um conjunto de circunstâncias que, no fundo, acabaram por criar o meio ambiente propício ao meu envolvimento. Diria que isto começa desde muito cedo, com nove ou dez anos. Os meus principais amigos eram americanos, a minha primeira relação com o mundo exterior começou muito cedo a fazer‑se logo em inglês, com hábitos de vida que tinham muito mais a ver com culturas estrangeiras do que se calhar com a nossa. Com dez anos eu jogava futebol americano, basebol, basquetebol. Depois isso, ao longo do tempo, acabou naturalmente por evoluir, fruto também do facto de ter nascido numa estância. A Figueira da Foz era talvez uma das principais estâncias balneares em Portugal nos anos 60, antes do Mediterrâneo se ter tornado tão famoso. Daí a evolução natural para um curso onde as línguas acabaram por ser determinantes. Depois o facto de ter saído para viver no estrangeiro com 17 anos. Vivi e trabalhei na Suíça durante dois anos e isso foi, no fundo, o pontapé de saída para voltar e ingressar na escola hoteleira. A partir daí, as coisas evoluíram de uma forma natural: escola hoteleira, hotéis, basicamente aqui no norte. O primeiro hotel onde estive foi em Ofir, depois disso no Sheraton Porto durante quase dez anos, em que a minha função foi feita em praticamente todos os departamentos e chefias de departamento. Seguiu‑se o projeto do Convention Bureau do Porto, que durou cerca de sete anos. No fundo, fui um dos cofundadores, dos mentores, dos primeiros projetos de colaboração competitiva que se desenvolveram. Nós já estávamos a passar por um período de crise económica como estamos a passar hoje com a pandemia. Na altura, as circunstâncias eram idênticas e isso permitiu que as pessoas se reunissem à volta de um objetivo comum e foi dessa forma que foi possível criar as bases do que viria a ser o futuro Convention Bureau. Depois desses sete anos, achei que estava na altura de poder também correr algum risco e criar um projeto próprio. E, portanto, desde 2001 até agora, foram sucessivos anos de envolvimento nesta área de turismo de negócios, e numa outra, que foi uma joint‑venture até 2009, que foi a área do catering. As coisas no fundo acabam por se encadear naturalmente umas nas outras, têm um percurso, uma explicação. Neste caminho, consegue identificar algumas pessoas que o tenham inspirado? Desde logo alguns dos meus amigos de infância, nomeadamente esses com quem passei uma parte significativa do meu tempo; depois disso, durante o período em que estive no estrangeiro, pessoas com quem mantinha uma relação relativamente próxima. Recordo um Chef de cozinha com quem trabalhei como ajudante de cozinha, durante três meses, numa estância de ski, e que foi um verdadeiro mentor. Na escola hoteleira alguns dos meus mestres e professores, e já numa fase de estágio houve alguns diretores de hotel com quem tive oportunidade de trabalhar, cada um com um estilo muito próprio, mas que de alguma forma me trouxeram a inspiração, quer pela exigência, quer pelo sentido de organização, quer pelo planeamento. Recordo, por exemplo, um diretor de hotel com quem trabalhei vários anos, no Sheraton, com quem estive há dois ou três anos na Alemanha, que agora já está reformado. Obviamente recordo, em tempos mais recentes, um dos meus mentores, e que era um PCO [Professional Congress Organiser] belga, que continua envolvido no negócio, Werner Van Cleemputte. Recordo também pessoas de várias esferas do setor do turismo, com quem privei de muito perto, pessoas que tiveram responsabilidades políticas, a nível autárquico, no Porto, em Lisboa. Ao longo da vida tive vários gurus e pessoas com quem tive a oportunidade de aprender e que me inspiraram. A experiência no Porto Convention Bureau ajudou a ter uma visão mais global do setor do turismo de negócios? Sem dúvida. O Convention Bureau foi provavelmente uma das experiências e uma das fases do meu processo, da minha evolução na carreira, que me deram a noção clara de que os processos colaborativos e competitivos são provavelmente a fórmula mais inteligente e a mais adequada para conseguirmos criar um ecossistema verdadeiramente sustentável. Diria que o que aconteceu há 25 anos com a criação e a fundação WWW.EVENTPOINT.PT 16 GRANDE ENTREVISTA do Convention Bureau, a experiência desse período confirma aquilo que hoje em dia estamos a viver, uma perspetiva no fundo diferente, mas que tem muitas coisas em comum. E a noção de que para conseguirmos ir mais longe, de facto, temos de ser capazes de caminhar em conjunto. Se isso era verdade há 25 anos, hoje é ainda mais verdade. Trocar a segurança pela independência Seguiu‑se a essa experiência no Convention Bureau, a constituição de um PCO próprio, a The House of Events (THE). Quais foram as vantagens e desvantagens de seguir um caminho próprio? É curioso que faça essa pergunta, porque tenho estado a refazer o nosso sítio na internet, e tenho estado a fazer uma espécie de ‘revival’, uma espécie de ‘rewind’ daquilo que foram estes últimos 20 anos. Curiosamente esses ‘gains and pains’, essas dores e esses ganhos, vieram todos de volta. E tenho‑os muito presentes na minha memória. No fundo, aquilo que sei hoje é que temos vivido ao longo destas últimas décadas períodos de grande desenvolvimento e de grande crescimento e períodos de grande crise económica e social, e, portanto, isso faz parte da nossa história e é algo que temos de aceitar, não apenas como normal, mas como parte desse ciclo permanente que no fundo é a própria vida. Processos sucessivos de renascimento, de revitalização, de regeneração e obviamente também de algumas perdas pelo caminho. Durante muitos anos tive essa perceção de que poderíamos controlar tudo à nossa volta. E isso não é a realidade. Há de facto muito poucas coisas que podemos controlar, e aquelas que podemos controlar, devemos de facto dedicar‑nos a elas de uma forma plena e, ao mesmo tempo, sermos capazes de perceber que não vale muitas vezes a pena o esforço para tentar controlar aquilo que não é controlável. Mas foi um esforço de controlo da sua vida a razão de criar a THE? No fundo, fiz aquilo que muita gente fez, que foi trocar a segurança pela independência. Acho que é um trade‑off que muita gente faz numa fase da vida. É chegar a um ponto em que achamos que temos condições para trocar uma certa segurança, uma certa estabilidade, pela independência, pela autonomia, pelo desafio e pela vontade de correr riscos. É uma troca em que abdico de alguma coisa e acho que posso ganhar outra. E essa outra tem a ver com uma maior liberdade de poder pôr em prática ideias, poder desenvolver projetos. No fundo, é um pouco a ideia da superação. É a mesma ideia que move as pessoas a subir o Evereste ou a fazer a travessia do Atlântico. É uma ideia de superação. A ideia de que quando criamos um desafio conseguimos tirar o melhor de nós próprios. Obviamente tem os seus riscos e tem as suas dores, e nem sempre dá certo. O seu estilo de liderança foi mudando ao longo dos anos? Foi. Durante muitos anos, sobretudo em cadeias internacionais e empresas de grande dimensão, o espírito era necessariamente muito controlador, muito hierarquizado. Estou a reportar‑me aos anos em que estive em chefia de departamentos de hotéis. O facto de ter tido também uma experiência como responsável pelo departamento de formação e de gestão de recursos humanos durante um período fez‑me abrir horizontes e, sobretudo, perceber a importância da nossa capacidade de diálogo com os colaboradores e da perspetiva de que as relações não podem ser meramente hierarquizadas e feitas segundo um princípio de poder. Isso não faz sentido. É preciso, de facto, criar um ambiente muito mais democrático, muito mais aberto, para conseguir tirar o melhor das pessoas. Ao longo dos anos aprendi a delegar e a ter maior confiança nas pessoas. O espírito ao longo do tempo foi evoluindo nesse sentido. É evidente que há coisas na nossa personalidade que demoram anos a mudar e não tenho a menor dúvida de que, apesar de tudo, hoje em dia ainda tenho alguma coisa desse espírito controlador, mas claramente tenho uma relação muito mais próxima, que não deixa de ser uma relação exigente, menos controladora, mais de responsabilidade e de delegação. Mas há outra coisa no nosso trabalho que acaba por ser sempre inevitável, nós dependemos muito da relação que temos com os nossos parceiros e somos inevitavelmente forçados a ter uma grande necessidade de acompanhamento, de controlo. Numa atividade em que dependemos quase exclusivamente de terceiros, a definição de um plano, de WWW.EVENTPOINT.PT 18 GRANDE ENTREVISTA um programa, de tarefas, de prazos, é fundamental, mas depois tem que haver a coordenação, o acompanhamento e o controlo. O controlo é uma das ferramentas de gestão e sem isso as coisas podem, de facto, correr mal. Agrada‑lhe formar pessoas na empresa? Ou gosta de trabalhar com pessoas com alguma experiência? Eu diria que, mais do que nunca, e isto é uma call to action e é uma chamada de despertar, nós temos de dedicar muito mais atenção ao capítulo da formação e do envolvimento, não apenas dos colaboradores, mas também dos nossos parceiros. Aquilo que permite que um projeto se possa executar com sucesso, com o mínimo de risco e de surpresas, é claramente um processo em que vamos progressivamente envolvendo as pessoas, em que lhes damos conta da importância que cada uma delas tem no papel que desempenha para o projeto, criando uma visão daquilo que é o objetivo, daquilo que se espera, como um todo, e aquilo que em particular lhes diz respeito, mas que tem muito a ver com a sucessiva capacidade de ir criando metas e patamares. Funciono muito por patamares. Mas é um processo de envolvimento e é um processo de liderança por definição de objetivo, por missão. Não sou uma pessoa fácil, não é fácil trabalhar comigo, tenho dias em que sou verdadeiramente complicado. Tive, ao longo destes anos, a possibilidade de trabalhar com pessoas e de ter desenvolvido projetos com pessoas Next >