< Previous“O AMBIENTE DIGITAL É O FUTURO” WWW.EVENTPOINT.PT 50 DOSSIÊ EVENTOS DIGITAIS E HÍBRIDOS WWWOW “CRIAMOS EXPERIÊNCIAS DIGITAIS INOVADORAS E INTERATIVAS” A wwwow dedica‑se à criação de projetos digitais interativos. Com uma forte componente tecnológica, desenha soluções para eventos digitais, híbridos ou presenciais que potenciem a comunicação de marcas e empresas junto de mais pessoas, e de forma inovadora. Para obter estes resultados, a wwwow conta com uma série muito variada de instrumentos digitais que garantem a máxima conexão e interação entre plateias, presenciais ou virtuais. Um exemplo dessas soluções para potenciar o engagement da audiência, e maximizar a exposição de marcas em ambiente digital, é o Mosaico Digital. Trata‑se de uma tecnologia que permite a geração de uma imagem final que vai sendo criada à medida que a audiência utiliza # predefinidas, e vai partilhando conteúdos sobre um determinado evento nas redes sociais. Assumem‑se como ‘event designers’ porque, de facto, é isso que são. “Desenhamos eventos e criamos experiências digitais inovadoras e interativas, utilizando as mais recentes e surpreendentes inovações de engenharia audiovisual”, refere Orlando Vedor, um dos responsáveis da empresa. “Analisámos o mercado, verificámos quais as necessidades que o novo cenário comunicacional trazia às empresas e marcas e investimos… investimos em tecnologia: soluções adaptáveis a iniciativas digitais, híbridas ou presenciais para ativação de marca, marketing digital, engagement de audiências, networking, team building, entretenimento, e investimos em parcerias estratégicas – nomeadamente com a produtora audiovisual Multishow –, e continuamos atentos ao mercado avaliando oportunidades de novos investimentos e parcerias.” Apoiada sempre na inovação tecnológica, a wwwow disponibiliza ainda “uma série de ferramentas de marketing digital que permitem às empresas fazer chegar a sua marca a mais pessoas, de forma totalmente inovadora”. “Toda a comunicação de uma empresa pode ser mais dinâmica e envolvente se adicionarmos interatividade aos conteúdos visuais para destacar produtos e criar conexões que maximizam o impacto das mensagens: com simples cliques, e sem deixar de visualizar a imagem, seja foto ou vídeo, o utilizador pode ver detalhes de produtos, realizar compras e subscrever newsletters… O ambiente digital de facto é o futuro, e as potencialidades e oportunidades estão aí para aumentar o reconhecimento e incrementar a relevância de marcas e empresas online”, remata o responsável da wwwow. WWW.EVENTPOINT.PT 52 DOSSIÊ EVENTOS DIGITAIS E HÍBRIDOS INTERAÇÃO DIGITAL O Betclic Play Minds, em que a wwwow esteve envolvida, foi o primeiro concerto virtual em Portugal. Um espetáculo de recorte futurista recorrendo a avatares. A empresa desenvolveu também o Natal Sem Rival, uma ativação da Sagres para a final da Supertaça. Um evento digital que contou com antigos jogadores do futebol português. Destaque ainda, no portefólio dos últimos meses, para os 18 anos da Multishow, comemorados no dia internacional da ciência e tecnologia. A wwwow, que foi parceira do evento, apresentou aqui diversas soluções tecnológicas: cenários 3D imersivos, interatividade, realidade aumentada e entretenimento. Assim, a conectividade e interação imediata com qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo é, no ponto de vista da wwwow, o que marca a grande mudança neste novo cenário. “O grande desafio é continuar a aproximar as pessoas, garantindo não só a interação mas também a dinâmica que marca o ritmo de um evento digital”, reforça Orlando Vedor. Mais informações: info@wwwow.pt www.gowwwow.comJORGE TRINDADE “GOSTO DE DAR O MÁXIMO DE AUTONOMIA E DE EMPOWERMENT POSSÍVEL AOS MEUS CRIATIVOS” “O homem é o homem e a sua circunstância”. As circunstâncias levaram Jorge Trindade a abdicar de uma carreira artística para enveredar pelo mundo do branding, design, publicidade e eventos. Hoje é diretor criativo da Big Fish, agência já premiada nos BEA World. O responsável partilha com a Event Point a sua visão sobre os eventos e o mercado, a gestão de pessoas e o futuro. © António Camilo WWW.EVENTPOINT.PT 54 GRANDE ENTREVISTA Descreva‑nos a sua carreira até chegar à Big Fish. Isso pode demorar um bocadinho, é tipo Guerra e Paz (risos). São 20 anos, que passaram num instante. Achei quando era miúdo que ia ser pintor, ia ser artista. Depois, por uma história rocambolesca, fui parar à Faculdade de Arquitectura. Na altura tínhamos uns pré‑requisitos de aptidão física para Belas Artes, ou seja, tínhamos de ter uma declaração médica a dizer que éramos capazes de pintar e esculpir. E por cada curso a que concorrias tinhas de ter exatamente o mesmo certificado. Na candidatura coloquei em primeiro lugar Pintura, em segundo lugar Escultura, mas só tinha pedido um certificado. Pensei… um curso na mesma faculdade, basta um certificado. Mas não, era um certificado por cada curso. Era uma burocracia incrível. Ao fazer a inscrição, a senhora que estava lá disse que eu tinha de preencher seis cursos. Eu disse: mas eu não tenho interesse em mais nada. Peguei na lista e a primeira coisa que veio a seguir era Arquitetura. Como só tinha aquele certificado, o departamento de candidaturas anulou a minha candidatura a Belas Artes. Entrei em Arquitetura. Apresentei uma reclamação e já estava nas aulas há dois meses, quando o Ministério da Educação disse: ‘você não tem razão, porque preencheu mal os papéis, mas criamos uma vaga para si, falamos com o reitor e ele aceita‑o.’ Só que entretanto já tinha começado na Arquitetura, numa universidade nova, parecia que estava na NASA, fiquei deslumbrado com aquilo e decidi não mudar. Depois arrependi‑me amargamente. Fiz os cinco anos de curso, mas claramente aquilo não era para mim. E depois de terminar o curso? Nem quis estagiar em nenhum gabinete de arquitetura. Sem ter noção nenhuma do que era a publicidade, enviei várias cartas de apresentação e, na altura, o Mário Mandacaru, que foi o meu primeiro diretor criativo, uma pessoa extraordinária, entrevistou‑me. Gostou de mim, não tinha trabalho para alguém com o meu perfil, mas disse: ‘vem e logo se vê o que vais fazer aqui’. Comecei a fazer design gráfico. A minha primeira campanha foi uma campanha de Natal para os Cafés Camelo. Estive uns anos com design gráfico, branding, publicidade, na altura, na Central de Comunicação. Depois a Central de Comunicação juntou‑se com a Brandia, fizeram a Brandia Central, e estive lá mais uma temporada. Fiz muita arquitetura de interiores, fazíamos lojas. Na altura, foi o grande boom de trabalho para Angola, tínhamos a conta da Unitel, tínhamos lojas para lá, agências de bancos, enfim. Estamos a falar de que altura? Início dos anos 2000. Nessa altura havia imenso trabalho, foi uma altura muito intensa, de grande aprendizagem. Agarrava projetos muito grandes e já estava muito por minha conta. É nessa altura que a ativism começa a surgir da Desafio Global. Houve uma série de pessoas muito talentosas que foram para o grupo ativism montar agências novas. Fui para a Mola, que era a empresa de design, cujo diretor criativo era o Rui Morais. Foram dois ou três anos muito mágicos, com pessoas com um talento incrível. Infelizmente deu‑se a grande crise da Lehman Brothers, do subprime, do imobiliário, e obviamente não havia como ter projetos com a dimensão que tanto talento queria. As coisas foram mudando, ainda estive dois anos com uma equipa a fazer projetos de new business, para tentar agarrar novas oportunidades, mas economicamente o trambolhão naquela altura foi muito grande. Foi uma altura difícil, de muito esforço, propostas fabulosas, mas que não conseguiram andar muito para a frente. O Tiago Canas Mendes na altura estava a sair da Action 4 para liderar a ativism, a parte do projeto transversal, com o Nuno Jerónimo, e convidou‑me para ser diretor criativo da Action 4. Eu já tinha feito muitas coisas nos tempos da Brandia de marketing relacional, gostava muito e aceitei. Estive sete anos, acho eu, à frente da Action 4. Conseguimos levar a Action 4 para um patamar de excelência muito grande, fazer projetos muito interessantes. Era uma equipa muito grande. Nessa altura a Action 4 chegou a ter sete duplas de criativos, chegamos a ter ali muito andamento. Conseguimos ultrapassar aquele período de crise económica, houve ali uns anos muito bons a fazer coisas muito interessantes. Na Action 4 trabalhava com o Rafael Ripper, que é o meu atual sócio na Big Fish, e © António Camilo WWW.EVENTPOINT.PT 56 GRANDE ENTREVISTA foi aí que conheci a Maria Couceiro, que vinha da Young e tinha ido para a ativism. Os três dávamo‑nos super bem, adorávamos trabalhar juntos e chegou ali a um ponto em que sentimos que estava na altura de mandar o nosso barco próprio ao mar e fazermo‑nos à vida sozinhos. Assim fizemos. Na altura, contámos com o apoio do Salvador da Cunha, da Lift, que foi nosso sócio capitalista e que investiu em nós. E lançamos a Big Fish, em 2016, com o apoio da Lift, no Grupo Lift. Estivemos no Grupo Lift três a quatro anos e, desde o início deste ano [2020], que a Big Fish é autónoma, está totalmente na nossa mão. Têm sido anos muito intensos, mas estou muito contente até agora. Tenho tido muita sorte e tenho trabalhado com pessoas extraordinárias. Nesse percurso consegue identificar duas ou três pessoas que tenham sido absolutamente marcantes? O primeiro lugar o Mário Mandacaru. Foi fabuloso. É uma pessoa de trato fabuloso, um humanista, com conhecimento transversal de tudo, com uma atitude positiva para tudo. Para mim foi sempre uma inspiração. Eu nunca quis ser aquele diretor criativo dos gritos e do mau feitio. O Canas Mendes, também, porque foi decisivo o período em que estive com ele na Action 4; os meus dois sócios, super decisivos, nada do que temos agora era possível sem eles. O Ricardo Henriques e o Luís Mileu foram compinchas de muitos desafios e são os meus melhores amigos pessoais. E muitas outras pessoas, obviamente. Peço desculpa a todas as outras pessoas que eu adoro. O que é que acha que diferencia a Big Fish de outras agências? O que mais o motiva neste projeto? Há muitos anos o [Stefan] Sagmeister esteve cá e deu uma conferência, em que disse uma coisa muito engraçada: ‘isto boas ideias os criativos conseguem ter 12 por dia, a dificuldade é pô‑las na prática’. Não é só pôr as ideias em prática, é a forma como se põem em prática, a relação que temos quer com os nossos clientes, quer com os nossos parceiros, quer com a nossa equipa. Isso é o fundamental e eu acho que aquilo que distingue a Big Fish, que não é nem mais nem menos criativa do que as outras agências, é a nossa postura, a maneira como nós nos relacionamos todos os dias, com todas as pessoas com quem trabalhamos. Isso é aquilo de que mais me orgulho e que também acho que orgulha mais os meus sócios. Andamos muito direitinhos sempre, nunca dormimos mal à noite, e isso é super importante. Tentamos sempre dar o nosso melhor aos outros e tem corrido bem, temos sempre o melhor de volta. Quais são exatamente as tarefas de um diretor criativo numa agência como a Big Fish? Cada diretor criativo há‑de ter uma interpretação muito própria, muito pessoal disso. Não acredito no micro management, não sou esse diretor criativo. Gosto de dar o máximo de autonomia e de empowerment possível aos meus criativos. O meu papel é dizer se vamos para norte, para sul, oeste, se vamos a 200 à hora, se vamos a 20 à hora, ou seja, marcar e dirigir o tom das propostas e da criatividade, dar confiança quando é preciso acelerar mais, ou fazer coisas mais disruptivas, ou pôr um bocadinho de travão quando acho que temos de ser um bocadinho mais conservadores. Ir medindo o pulso do trabalho que está a ser feito e intervir só quando ele está a derivar para um sítio que acho que não é o caminho certo. Desde que esteja no caminho certo, tento não intervir e dar o máximo de autonomia e de liberdade às pessoas para elas criarem. É isso que elas precisam e é por isso que elas lá estão, e que as contratei. © António Camilo WWW.EVENTPOINT.PT 58 GRANDE ENTREVISTA É raríssimo chatear‑me, porque acho que a malta só se chateia se faz um mau casting, e aí a culpa é da pessoa que fez o casting. Se estiver chateado com a minha equipa a culpa é minha, não é dela, porque fui eu que a escolhi. O outro papel é junto dos clientes, vender as propostas, perceber o que eles querem. Fazer a melhor leitura possível dos clientes e conseguir que a minha equipa responda a isso da melhor maneira, fazendo os projetos e sintam orgulho e se sintam realizados. Quanto mais realizados eles se sentirem, melhor é o trabalho. Sou muito ligado na gestão de quem faz o quê, que desafio vou entregar a esta pessoa, para ir contrabalançando, e para garantir que o nível de desgaste é o certo, ou de stress é o certo, de desafio é o certo, que o perfil da pessoa está certo para aquele projeto. Há uma componente de gestão humana fortíssima. Nós temos de saber muito bem ler as nossas pessoas, tirar o melhor delas, e dar‑lhes o máximo de espaço para elas brilharem. O impacto da Covid‑19 É inevitável falarmos um bocadinho do impacto da pandemia nas empresas. Como é que a Big Fish viveu e vive este momento? Nós mandamos as pessoas para casa logo muito cedo, nem sequer pensamos duas vezes. E na altura tínhamos imensos projetos em mão. Os nossos primeiros dois meses de confinamento em casa eram divididos entre apresentações de Zoom, coordenação dos projetos e apresentação. Essa fase, vou ser sincero, passou bem. Estávamos em missão, éramos uns comandos. Quando mandava planeamento à segunda‑feira, fazia uma apresentação de tudo aquilo que a equipa estava a fazer, para toda a gente estar a par, falávamos sobre isso e a coisa andava. A parte mais difícil começou quando estes projetos começaram a ser adiados, a incerteza começou a instalar‑se, os clientes começaram a ficar cada vez mais receosos, ou a diminuir o projeto ou a adiá‑lo. Esses meses a seguir foram muito duros para conseguir manter o ânimo, manter a equipa motivada, quando começamos a perceber que as coisas iam durar muito mais tempo do que os otimistas achavam que ia durar. Next >