< PreviousO FUTURO DOS EVENTOS E DA ANIMAÇÃO TURÍSTICA NÃO SERÁ O MESMO WWW.EVENTPOINT.PT 50 ESPAÇO APECATE A PANDEMIA E OS DESAFIOS DO SETOR Estamos em abril de 2021 e é importante refletir sobre o futuro. Em tempos de crise, provocada pela pandemia da Covid‑19, temos que abordar os mesmos temas, discutir como vamos sobreviver e, depois, como desenvolver um setor que tem problemas de definição, enquadramento, estratégia, concertação e visibilidade política. A pandemia colocou todo o setor em profunda crise há mais de um ano, com grandes diminuições de faturação (acima dos 80%), com muitas das empresas a não conseguirem chegar aos apoios (pelos mais diversos motivos) e obrigadas a ter um confinamento que limita o exercício da atividade. Por muitas vitórias que se tenham alcançado e trabalhando a reabertura, a crise mantém‑se e a situação não irá melhorar nos tempos mais próximos. No entanto, é importante refletir e partilhar alguns ensinamentos sobre toda a situação. O futuro dos eventos e da animação turística não será o mesmo. A opção dos eventos virtuais e mistos veio para ficar, os eventos corporativos têm novas dimensões, a fruição das experiências de animação turística serão diferentes, a massificação tenderá a regredir, a sustentabilidade a aumentar. O setor vai evoluir e reajustar‑se, sendo expectável que apareçam novos modelos de organizar e avaliar eventos, assim como de vivenciar programas de animação turística. Não podemos deixar de pensar que temos de continuar a estruturação do setor para o adequar melhor aos desafios. A animação turística e os eventos têm uma existência jovem e ainda não tiveram tempo para estarem refletidos em todos os modelos organizacionais da sociedade portuguesa. Em muitos dos organismos do Estado ainda não têm a presença e estatuto natural, que a atual sociedade lhes dá, provocando um desfasamento entre o que existe na vida económica, sóciocultural e nas tendências do futuro, com o que está explícito na estrutura e na cultura organizacional do Estado e do funcionamento do mesmo. No caminho da afirmação do setor feito pelas empresas com o seu trabalho, e pela APECATE com o seu trabalho, entre outros, cedo se perspetivou a importância da união de esforços para conseguir ter representatividade e capacidade funcional que responda aos desafios e exigências. Durante muitos anos, a APECATE foi uma das poucas vozes ativas, num percurso moroso e difícil, principalmente quando se tem inúmeras frentes em que trabalhar (12 tutelas, 308 câmaras, 32 CIM, 2 Governos Regionais, entre outros), com excesso de burocracia, falta de estruturas, muita legislação dispersa e um elevado número de taxas, o que sempre dificultou a defesa dos interesses dos empresários. Ao longo da existência da APECATE, muitas empresas aderiram ao projeto (outras não o fizeram, ou saíram), de acordo com a sua estratégia. O movimento associativo é isso mesmo, um sinal de vitalidade e exercício de cidadania e democracia em relação à defesa dos interesses privados e coletivos. A APECATE foi afirmando a vitalidade desta indústria e a sua importância, sendo reconhecida como parceiro através do seu trabalho, o que nos conduziu à direção da Confederação do Turismo de Portugal, CTP, garantindo uma representatividade ao mais alto nível. Neste momento, foi lançada a ideia de criar uma nova estrutura para garantir a representatividade do setor dos eventos, que juntasse as várias associações que trabalham este subsetor de atividade. Na nossa análise não é a altura, nem a prioridade. Se é verdade que o setor necessita de mais representatividade, é importante conseguir unir o mesmo e criar estratégias duradouras que garantam um percurso consistente para o seu crescimento. Criar movimentos alternativos, fruto de perceções momentâneas, é uma ideia desagregadora e que irá dispersar um setor já de si com problemas de identidade, conteúdo e acerto quanto ao caminho a seguir. WWW.EVENTPOINT.PT 52 ESPAÇO APECATE Analisando a questão pelo prisma das ideias e fundamentos, podemos considerar como uma prioridade: acordo quanto à definição do que é o setor dos eventos; a importância de ser criado um enquadramento legal com tutela do Turismo – o Registo dos Eventos; o que é um organizador de eventos; interseção do setor dos eventos com a cultura e os eventos culturais que têm necessariamente uma tutela diferente, mas muitos atores em comum; entre muitos outros desafios… Pelo ponto de vista operacional, parece‑nos que estaremos a sustentar mais uma estrutura cuja única valorização será ser mais uma voz, que não invalida as que já existem. Contribuindo para que as associações já existentes percam espaço de intervenção ou, pior ainda, uma nova estrutura a trilhar o mesmo caminho (e quem sabe a atropelar) as que já estão a trabalhar. Ter mais estruturas redundantes não será certamente a solução. É altura de voltar à discussão sobre as questões de fundo que nos unem, que deixe claro os pontos de acordo e os de desacordo entre as associações, os empresários e restantes intervenientes, para que se inicie uma luta concertada na defesa dos valores fundamentais. Nós estamos disponíveis! António Marques Vidal Presidente da APECATE98,3% AVALIOU O EVENTO COMO MUITO BOM OU EXCELENTE WWW.EVENTPOINT.PT 54 DOSSIÊ TEMÁTICO REINVENT THE EVENT: O REGRESSO AO FUTURO! Um dia, 25 de março de 2021, dedicado ao futuro da indústria dos eventos. Este era o propósito da Event Point com o REINVENT, desde o início. Queríamos deixar para trás as dores de um ano tão difícil, e olhar para o que aí vem, dando aos participantes uma generosa dose de energia e de esperança. Para que tudo isto fosse possível, confiámos num lote de curadores, Cláudia Lopes, Diogo Assis, Gonçalo Castel‑Branco e Pedro Rodrigues, que definiram connosco os três eixos do programa: O que mudou para sempre; O que aprendemos com a pandemia; e O que queremos que mude no futuro, sendo que este painel acabou por se desdobrar em três conversas, uma com as associações do setor, moderada pelo João Paulo Oliveira, outra com clientes e promotores, e uma outra, ainda, com agências e fornecedores. Perante o avançar das inscrições – todos os dias a adesão ao REINVENT foi sendo uma surpresa –, e até pelo perfil de muitos desses inscritos, decidimos abrir um espaço no programa para quatro sessões paralelas, dedicadas aos congressos, eventos desportivos, casamentos e feiras. Desta forma, conseguimos expandir o leque de temas e de opiniões, indo buscar tipologias de eventos que poderiam não estar tão bem representadas na primeira versão do programa. Em termos de conteúdos, tivemos outras participações, incluindo a abertura feita pela Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, e de um conjunto alargado de profissionais desta área, portugueses e estrangeiros, que gravaram os seus testemunhos, em vídeo. Quisemos também, desde o início, fazer um evento digital, seguro, mas que fosse um bom exemplo do que de melhor se pode fazer nesta área. E aí entraram em campo os nossos parceiros técnicos: Europalco, eventsolutions by mad4ideas, Femédica, Go Live by DG, Hellomovement, Imppacto, Leading, LOHAD, MUD.E, Shake It e VOQIN’. Com todos eles conseguimos um evento de qualidade, tecnicamente irrepreensível. E para este sucesso contribuíram ainda os nossos media partners, Meios&Publicidade e SAPO, que ajudaram a dar visibilidade ao REINVENT. Foram registados 1.700 inscritos, oriundos de 16 países: Portugal, Brasil, Angola, França, Bélgica, Argentina, Andorra, Áustria, Porto Rico, Espanha, Suíça, Moçambique, Reino Unido, Cabo Verde, Macau e Alemanha. Só nesse dia, 25 de março, houve 2.100 visitas aos stands dos parceiros, 4.400 mensagens individuais trocadas entre participantes, 471 mensagens no live chat, 1.112 reações (emojis) partilhadas, 623 respostas a três perguntas com televotação e 53 perguntas colocadas pelo público aos oradores. Registaram‑se 3.900 visualizações e 232.500 minutos foram assistidos. A média de participantes em cada painel plenário foi de cerca de 700, e as quatro sessões paralelas tiveram mais de 800 pessoas. No final do REINVENT the event, 98,3% das pessoas que avaliaram esta iniciativa da Event Point consideraram o evento Muito bom ou Excelente. Todos os conteúdos desta iniciativa continuam disponíveis na plataforma do evento. Mas se quiser ficar com uma ideia do que ali se passou, veja as páginas seguintes. WWW.EVENTPOINT.PT 56 DOSSIÊ TEMÁTICO RITA MARQUES O FUTURO DO TURISMO PASSA PELOS EVENTOS “A organização de eventos é um dos ativos estratégicos do turismo português e, nessa perspetiva, sabemos que o futuro do turismo passa, naturalmente, por esta subatividade.” Estas palavras são de Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, na abertura do REINVENT the event. A governante acrescenta que “este segmento já se tinha tornado um pilar da estratégia turística nacional”, pois confere ao país uma “enorme visibilidade nos mercados emissores”, permite mostrar “o que temos de melhor” e, com isso, “captar mais turistas e continuar a crescer sustentadamente”. Rita Marques referiu o lançamento de um programa de financiamento que visa impulsionar a realização de eventos em Portugal, “contribuindo assim para melhorar a nossa imagem e notoriedade, dinamizando a oferta e a procura”. É um programa de financiamento que vai trabalhar especificamente a atração de eventos para Portugal. “Muito em breve serão conhecidos os detalhes”, afirmou, acrescentando que o programa – para micro, pequenas e médias empresas – vai apoiar eventos de grande dimensão internacional e outros de dimensão menor, mas que também sejam relevantes para o aumento da notoriedade da região onde se desenvolvem. Este novo mecanismo de apoio “vai ser um facilitador para a angariação de eventos de projeção internacional, que continuem a manter Portugal como um destino competitivo na atração destes eventos”. “TEMOS ÍNDICES ELEVADOS DE COMPETITIVIDADE” A secretária de Estado do Turismo recordou que recentemente Portugal ocupava uma posição interessante no ranking da ICCA, relativamente ao número de eventos internacionais, por cidades e por países. Um fator que também mostra que “temos índices elevados de competitividade para acolher eventos e que nos devem dar confiança em relação ao futuro”. Rita Marques sublinhou ainda o esforço que tem sido feito “para tentarmos ultrapassar esta fase muito difícil”; esforço esse que tem sido “correspondido em dobro por parte das empresas”. E que, mais importante do que tudo, “o fundamental tem sido a resiliência, a resistência, a criatividade das nossas empresas, que têm tentado superar estes tempos difíceis”. Lembrou os apoios governamentais que têm surgido para tentar dar resposta às necessidades específicas do setor e da importância de trabalhar com os players para melhorar estes apoios, “de modo a garantir que, aquando da tão desejada retoma, possamos ter as nossas empresas capitalizadas e com a necessária força para acolher todos aqueles que nos querem visitar”. Rita Marques abordou ainda o plano – “um plano ambicioso” – para a retoma do setor do turismo, que assenta em vários pilares, “que passam, naturalmente, por assegurar instrumentos de capitalização para as nossas empresas; promover a requalificação e inovação na oferta turística, designadamente também no subsetor de eventos; reforçar as competências e as qualificações dos nossos trabalhadores”, bem como “promover uma maior sustentabilidade e uma maior digitalização das nossas empresas”. WWW.EVENTPOINT.PT 58 DOSSIÊ TEMÁTICO O QUE A PANDEMIA MUDOU (E O QUE NÃO VAI CONSEGUIR MUDAR) PAINEL 1: “O QUE MUDOU PARA SEMPRE” Participantes: Curador ‑ Diogo Assis (VOQIN’); Fernando Martins (VOQIN´); Pedro Santa‑Clara (Shaken Not Stirred); e Tiago Reis Marques (Maudsley Hospital). A pandemia pode ter forçado muitas mudanças, mas há algo que permanece: a necessidade de interação social e de estimulação sensorial e emocional. Um painel de discussão dividido por cinco localizações (incluindo o estúdio principal) é, desde logo, um exemplo do que a pandemia mudou. Um simbolismo curioso para uma conversa sobre ciência, tecnologia e educação, pela voz de três especialistas, que refletiram sobre o que mudou no último ano e sobre o que, apesar de tudo, permanece imutável. Tiago Reis Marques, psiquiatra e investigador, explicou que, apesar de muito ter mudado com a pandemia, a Next >