< Previous“Temos ainda as soluções que utilizamos nos eventos de maior dimensão e também nos estúdios, que permitem uma lotação de 50 pessoas presenciais e a transmissão digital personalizada com design próprio”, descreve o responsável da Altice Arena. “Considero que num futuro pós‑pandemia há muitas situações que vão permanecer, e devemos aumentar o alcance dos eventos além do público presente, porque há milhares de pessoas que, por um motivo ou por outro, podem assistir online”. ANTECIPAR O FUTURO “A existência de um evento presencial em simultâneo com uma experiência digital, que não é apenas a transmissão do que se passa no palco, levará a um aumento dos custos de produção, mas por outro lado permitirá a captação de uma maior audiência e logo mais receitas. Penso também que globalmente a indústria poderá ter alguns problemas ao nível dos RH pelo facto de muitas pessoas terem ‘migrado’ para outras áreas menos WWW.EVENTPOINT.PT 10 DOSSIÊ ESPAÇOS E A RETOMA afetadas pela pandemia”, antecipa Jorge Vinha da Silva. E conclui: “Queremos ser ativos e resilientes, agindo em conjunto a bem do setor, apostando no espírito positivo, de entreajuda e de ação, que possibilitará que o nosso ecossistema dos eventos volte ao equilíbrio”. Mais informações: comercial@aarena.pt www.alticearena.ptO VENUE CONTA DESDE O INÍCIO DO ANO COM UM ESTÚDIO DIGITAL WWW.EVENTPOINT.PT 12 DOSSIÊ ESPAÇOS E A RETOMA ALTICE FORUM BRAGA TRANSIÇÃO DIGITAL ACELERADA Perante os desafios colocados pela atual pandemia, há uma área em que todo o trabalho feito vai perdurar: a digitalização dos processos, dos espaços e dos eventos, garante José Coutinho, diretor‑geral do Altice Forum Braga. A pandemia, ao criar fortes constrangimentos no contacto com os clientes, “levou‑nos a acelerar todo um processo de transição digital, com a criação de novos instrumentos de comunicação e de processos, que no futuro irão tornar mais forte a marca Altice Forum Braga”, diz o responsável deste espaço. E acrescenta: “Foram muitas as mudanças e adaptações que fizemos, de modo a garantir que estávamos sempre aptos a responder aos desafios colocados” pela atual situação. Sendo o Altice Forum Braga uma estrutura recente, o espaço já oferecia condições para acolher qualquer tipo de evento. No entanto, fruto do trabalho realizado no último ano, “reforçámos essa nossa capacidade, estando ainda mais aptos para acolher eventos com exigências diferentes e acrescidas. Desenvolvemos ainda uma nova valência, passando a contar desde o início do ano com um estúdio digital, que visou reforçar a nossa oferta na área dos congressos e eventos”, explica José Coutinho.Houve ainda um reforço da habitual formação dada anualmente à equipa de colaboradores, contemplando a prevenção e combate à covid‑19, os processos de limpeza e higienização, e os procedimentos de atendimento. Foi também incentivada a formação através de webinares com temáticas mais específicas, como legislação sobre a pandemia ou as evoluções do negócio. PREÇOS E DATAS Se não se prevê, no imediato, qualquer alteração nos preços praticados, já a escassez de datas começa a ser um problema. “A maioria dos nossos clientes tem optado pelo adiamento dos seus eventos, o que se traduz na concentração das datas. Na minha opinião, esta circunstância vai fazer com que, ao contrário do que sucedia no período pré‑covid‑19, em que havia meses sem WWW.EVENTPOINT.PT 14 DOSSIÊ ESPAÇOS E A RETOMA atividade, se comecem a utilizar todos os meses do ano, contrariando alguma sazonalidade existente no setor”, adianta o diretor‑geral do Altice Forum Braga. José Coutinho conclui com uma mensagem aos clientes que é de esperança: “Estamos prontos e de portas abertas para recebê‑los”. Mais informações: comercial@investbraga.com www.forumbraga.comA CADA NOVA REGRA, OU PARECER POUCO EXPLÍCITO, HÁ IMEDIATAMENTE UM RECUO NOS PROJETOS PREVISTOS WWW.EVENTPOINT.PT 16 OPINIÃO UM CAMINHO DE FÉ Foi com elevada gratidão que aceitei o convite para editora convidada desta edição da Event Point. Uma palavra inicial de apreço pelo caminho que a revista tem percorrido, e o qual tenho (temos) acompanhado, e que é de inquestionável importância para a sistematização do setor em Portugal, não só pela partilha de informação, conteúdos, mas sobretudo porque, além da importante componente editorial, nos tem desafiado a olhar o setor e a perspetivar o futuro. O último evento REINVENT foi um excelente exemplo. E por todo este historial o nosso agradecimento enquanto setor. Enquanto editora convidada, o primeiro desafio foi pensar numa temática e, apesar de parecer despropositada quando olhamos para o setor e o momento que atravessamos, propor os caminhos de Santiago, neste ano de Xacobeo, tem, para mim, uma carga de grande simbolismo e perspetiva. El camino, apesar de historicamente existente, turisticamente um foco de atração, e cada vez mais diversificado e pólo agregador de comunidades locais, nacionais e transfronteiriças, ainda não foi devidamente explorado pelo setor corporativo, empresarial e MICE, mas acredito que ao longo destas páginas possamos descobrir algumas novas oportunidades. Porém, se olharmos com outros olhos, podemos escalar outros trilhos nos quais os mesmos fundamentos têm de ser percorridos: trabalho em rede, aproveitamento de sinergias, digitalização dos recursos, descarbonização da economia, acesso a fontes de investimento e de cooperação, dinâmicas sensoriais, emocionais e data intelligence são chaves mestras do futuro e todos estes princípios estão aqui presentes… e por isso também aqui podemos ser inspirados. Mas tenho que ser sincera, o caminho pode ainda refletir o momento que vivemos. Um percurso que se tornou penoso, de reflexão, resiliente e no qual ainda aguardamos uma chegada vitoriosa. Quando em março de 2020 a pandemia levou ao encerramento da nossa atividade, sentimos que o caminho que estávamos a percorrer e que se avizinhava de crescimento fora interrompido. Esta ideia de caminho, percurso, trajetória, de uma forma ou outra, está subjacente à nossa atividade. Dificilmente aparecemos como paraquedistas para a realização de projetos (e se ocasionalmente tal acontece, também vemos estes fenómenos a desaparecerem com a mesma rapidez com que surgiram)… Por isso, é esta sensação de percurso e histórico que permite alimentar o mercado com empresas que vão cultivando confiança, experiência, saber e competência… Mesmo empresas novas têm nos seus quadros elementos que já trilharam o seu caminho. Assim, quando este percurso foi interrompido, foi exatamente a resiliência, saber e competência que permitiu a muitas empresas redirecionar a sua energia, reajustando‑se e efetuando planos de contingência que lhes permitissem continuar, mesmo que insatisfeitas, mesmo com o temor do futuro, mas com a certeza de que será possível. E é justamente quando começamos finalmente a trabalhar que surgem novas limitações que nos mostram que o caminho ainda será longo e árduo. Como em qualquer caminho, não estamos sozinhos. Clientes, parceiros, associações, órgãos de soberania, instituições, equipas… fazem parte do percurso. E se a sensibilidade humana e social mostra que é nos momentos difíceis que a solidariedade e apoio se devem demonstrar, enquanto empresários temos duvidado de que tal ocorra na forma e timing que precisamos. Queremos e precisamos de trabalhar, mas para isso precisamos de confiança, e mesmo em momentos de incerteza o que queremos e exigimos são mensagens claras e regras que sejam facilmente compreendidas. Não queremos andar à deriva de interpretações subjetivas de normas, ou pior ainda, da interpretação abusiva que permite a uns tudo, e a outros nada, o que diferencia geograficamente o país. WWW.EVENTPOINT.PT 18 OPINIÃO O que queremos e exigimos são caminhos com sinalização robusta, que em cada situação saibamos o que podemos e não podemos realizar, quais as regras, e para onde queremos e podemos ir. Sem esta sinalização, os nossos clientes não estarão preparados para a retoma do setor. A cada nova regra, ou parecer pouco explícito, há imediatamente um recuo nos projetos previstos. A relação é factual e imediata. Compreendemos todo o apoio que foi dado na manutenção das empresas, e em especial dos postos de trabalho, e é importante que os organismos do Estado percebam que, apesar do setor poder funcionar, ainda não está em funcionamento e como tal não pode ser agora desamparado. Mas mais importante serão as medidas de apoio à retoma. Apesar de anunciadas metas financeiras, ainda não percebemos o sentido que irão tomar e quais os percursos a percorrer para que sejam agentes de ação e se reflitam efetivamente na recuperação que tanto ansiamos. Temos que ter metas nacionais a nano prazo, pois sem a normalização das viagens dificilmente recuperaremos os projetos internacionais. Mas, no curto e médio prazos, os nossos olhos estão na contínua internacionalização do nosso país e das nossas empresas… Mas, mais uma vez, políticas de atração implicam, além da boa comunicação, confiança, incentivos e regras claras. E, sinceramente, essas ainda não existem no grau que precisamos e exigimos. Somos um setor que já mostrou a garra com que trabalha, a sua competência e profissionalismo. Sempre soubemos estar na linha da frente na demonstração de que Portugal é um país com Eventos de Futuro. É certamente esta fé que nos move. E é com esta fé que iremos percorrer este caminho! Ana Fernandes Diretora da Eventors’ LabNext >