< Previousde forma a que as pessoas continuem a ouvir. Também vemos que uma produção profissional, formatos em estúdio, de TV, funcionam perfeitamente. O mais desafiante é a interatividade nos patrocínios. Nos patrocínios é difícil ver o ROI, além do reconhecimento da marca. É difícil ver leads. Também é um desafio manter a interatividade, manter as pessoas envolvidas, fazê‑las participar num ambiente virtual. Outra coisa que vemos é que num ambiente físico há a limitação da geografia, enquanto que no ambiente virtual a limitação é mais o fuso horário e a língua. Tudo o resto está aberto. Qualquer pessoa no mundo pode participar desde que sinta que a hora do evento é adequada. Sem distâncias, de uma certa forma. Muito diferente. É por isso que acho que, no mundo virtual, vamos ver mais eventos que têm como objetivo aumentar o alcance combinados com eventos físicos, com participantes importantes e selecionados. Quando vão retomar os eventos presenciais? E qual deve ser a estratégia de futuro em termos de eventos? Estamos a olhar, em termos de calendário, para 2022. Haverá eventos antes disso, mas limitados. Estamos com os olhos postos em 2022, estamos a planear nesse sentido. Em termos de estratégia global, como referi, temos agora também na manga os eventos virtuais e os híbridos. São uma possibilidade extra. Acho que vai ser uma combinação: o puramente virtual, para ter um alcance maior, e as audiências mais especiais nos eventos físicos. Os eventos presenciais vão voltar, é claro, as pessoas querem encontrar‑se – é o meu caso ‑, mas serão mais dirigidos a um público‑alvo. E também haverá eventos híbridos e, neste caso, acho que vamos assistir, no futuro, ainda a mais inovação, tentativa e erro. O que é que vai ser preciso para convencer alguém a ir a um evento presencial? A resposta é sempre a mesma. É tentar convencer as pessoas de que o evento lhes traz valor. Eu também participo em eventos virtuais se vir o valor associado. E vai ser importante mostrar o valor do evento, num ambiente que seja seguro e que possa providenciar uma boa experiência. WWW.EVENTPOINT.PT 30 GRANDE ENTREVISTA O facto de muitas empresas ainda estarem a promover o teletrabalho, total ou parcial, é um desafio extra quando queremos incentivar as pessoas a estarem presentes nos eventos presenciais? Acho que não! Vamos assistir no futuro a um ambiente de trabalho mais híbrido. Acho que as empresas vão reduzir a sua pegada em termos de instalações físicas. E as pessoas vão trabalhar mais a partir de casa. Vai ser uma combinação. E quando quiserem reunir‑se vão ao escritório. E o mesmo vai acontecer com os eventos. As pessoas vão querer encontrar‑se; algumas coisas vão fazer online, outras coisas vão querer mesmo fazer de forma presencial. Não tenho dúvidas de que os eventos físicos vão regressar, mas o trabalho híbrido vai ser o futuro. Prevê uma mudança de comportamento em termos de viagens internacionais? Acho que sim. Por exemplo, na Cisco, não vamos poder viajar tanto como fazíamos no passado. Mas uma das coisas que este vírus nos ensinou foi que trabalhar de casa funciona perfeitamente. Há produtividade, ferramentas e tecnologia. Vamos entrar no tal mundo híbrido. Os grandes eventos vão ser substituídos por eventos mais pequenos, com um target mais restrito? Talvez. Mas os grandes eventos vão voltar. Vai ser uma combinação e uma evolução. Vai depender da audiência‑alvo e do que pretendemos com o evento. E isso adequa‑se mais a um evento físico ou virtual? Ou a uma combinação dos dois? Cláudia Coutinho de SousaUm hobby? Correr. O meu objetivo é correr meia‑maratona. Maior qualidade? No ambiente profissional, adoro cumprir promessas e adoro quando as pessoas também cumprem as suas promessas. Um sonho ainda por cumprir? Reformar‑me cedo. Os meus pais precisam de mais apoio e eu preciso de tempo também para fazer outras coisas. Embora adore o meu trabalho. Oito perguntas a Gerd de Bruycker Cidade para viver? Londres. Sempre que vou lá fico apaixonado pela atmosfera da cidade. Destino de sonho? África do Sul. Comida preferida? Sou um foodie. A minha comida preferida é sashimi. Adoro comida japonesa. Evento inesquecível? Tomorrowland. Fui a este festival na Bélgica quatro ou cinco anos seguidos e tenho bilhetes para o próximo. Se pudesse convidar qualquer pessoa para jantar, quem escolheria? Mondo Duplantis, campeão olímpico e recordista mundial do salto à vara. E porquê? Porque a minha filha mais velha, de 15 anos, é campeã flamenga de salto à vara. WWW.EVENTPOINT.PT 32 GRANDE ENTREVISTA ANÁLISE DAS PERSPETIVAS ECONÓMICAS: PRR E PLANO DE REATIVAÇÃO DO TURISMO O turismo é um dos pilares da economia portuguesa, é a maior indústria exportadora e o seu impacto na economia e na sociedade vai muito além do perímetro óbvio da sua atividade, tendo sido responsável, entre outros exemplos, pela reabilitação dos centros históricos das duas principais cidades do país. WWW.EVENTPOINT.PT 34 ESPAÇO APECATE Ao seu impacto no plano do emprego direto e indireto acresce o forte impacto nas economias locais das regiões de baixa densidade do interior e a contribuição para a sustentabilidade do património histórico, monumental e cultural (a maioria dos visitantes dos museus e monumentos nacionais são turistas). A pandemia covid‑19 impôs restrições à mobilidade e outros comportamentos, que ao “eliminar” o turismo, em particular o internacional, veio demonstrar o que é Portugal sem turistas e as consequências desta ausência no plano social e económico. O turismo foi efetivamente a atividade que sofreu o maior impacto com a pandemia. Foi com perplexidade que constatámos que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na sua primeira versão, não incluía qualquer referência ao turismo, ignorando o seu papel na economia nacional e o seu potencial como fator de recuperação da mesma, como, aliás, ficou demonstrado na crise anterior. Posteriormente, e após a apresentação da versão final, fomos confrontados com uma nova abordagem que levanta dúvidas: destinando‑se o PRR a financiar mudanças estruturais, não sendo necessárias mudanças estruturais no turismo, estaria assim justificada a sua não referência autónoma no PRR. De acordo com a abordagem, a ausência de referência no PRR seria porque o turismo é muito competitivo e não necessita de mudanças. Trata‑se de uma ideia que os nossos principais concorrentes não assumiram, nomeadamente Espanha, o destino mais competitivo do mundo (WEF – WTTCI 2019), e Itália, o 8º destino mais competitivo no ranking. Ambos os países fazem referência específica ao turismo e dedicam‑lhe 5% e 7%, respetivamente, dos investimentos previstos nos seus PRR (e cultura, no caso de Itália). Será que esses países mais competitivos do que Portugal (14º do ranking) necessitam de “reformas estruturais”? A não contemplação de apoios / investimentos no PRR ao turismo vai aumentar o “gap” em relação aos destinos nossos concorrentes, que, sendo mais competitivos do que Portugal, optaram por investir no turismo. Em relação ao Plano de Reativação do Turismo (PRT), do qual só sabemos o que foi expresso num “powerpoint” com muitos números, poucas explicações e detalhes, quer quanto à concretização das ações nele previstas, quer quanto ao horizonte temporal da sua execução (o documento refere ações a curto, médio e longo prazo, metas 2027 …). O quadro em termos gerais é: ‑ dos 6,2 mil milhões, 3 mil milhões (50%) são instrumentos de financiamento, entre os quais Garantia Pública para Refinanciamento / reescalonamento da dívida pré covid e linha de financiamento com garantia para necessidades de tesouraria. O montante total é indicativo e não está repartido nas componentes. ‑ 1.075 milhões para financiamento de empresas – várias soluções de financiamento, sem qualquer detalhe quanto à sua repartição e a que segmento empresarial se destinam: grandes empresas, médias, pequenas, micro. Conclui‑se que 65,7% do plano são instrumentos financeiros, nada tendo a ver com investimento. Neste particular de apoios ao investimento, são apontados cerca de 1.050 milhões de Fundos do PT 2030, sendo que 210 milhões virão dos Planos Temáticos e 840 milhões dos Planos Regionais. Ou seja, “afeta” ao turismo entre 2021 e 2027, 3% dos 33.600 milhões do Quadro Financeiro Plurianual. Cientes de que a capitalização das empresas e o enquadramento das moratórias e garantias são críticos para a operacionalidade do turismo nacional, leva‑nos a concluir o seguinte: ‑ O PRR é para ser executado entre 2021 e 2023 ‑ 2 anos. ‑ Dos 16,4 mil milhões de euros, 13,9 mil milhões são subvenções, não são empréstimos, o que trará consequências no modelo de apoios a conceder com estas verbas. WWW.EVENTPOINT.PT 36 ESPAÇO APECATE ‑ O Quadro Financeiro Plurianual é para um horizonte de 2021 a 2027 – logo num horizonte temporal de 5 anos / 6 anos (o ano de 2021 é para apresentar os projetos). ‑ Os 1.050 milhões afetos ao turismo seriam atribuídos com pandemia ou sem pandemia; logo, nada de novo a não ser a referência em concreto aos programas e ações a financiar. Ou seja, o PRT em nada se compara com a referência em concreto do turismo no PRR, com a contemplação de investimentos em específico nesta atividade, à semelhança de outros setores, entre os quais o Mar e a Cultura. Ainda para mais com o que os nossos concorrentes vão fazer, quer em horizonte temporal, quer eventualmente (não conhecemos o detalhe) em tipologia de apoios (decorrentes das subvenções). Uma nota final quanto ao IVAucher, e à a discriminação de algumas atividades turísticas neste programa de Reativar o Turismo, nomeadamente a animação turística, que faz parte oficialmente deste setor, estando incluída no Registo Nacional do Turismo e o dos Eventos e Congressos, que faz parte da tutela do Ministério da Economia. O Ministério da Economia e Transição Digital e a Secretaria de Estado do Turismo não podem discriminar as atividades que estão sob a sua tutela, privilegiando umas (nomeadamente a restauração e o alojamento) em relação a outras. Esta realidade vem demonstrar que ainda temos muito caminho a fazer, no sentido de validar este setor perante a visão tradicional e antiquada sobre o que é o turismo e as atividades que o compõem. Em suma, o futuro está com uma perspetiva pouco clara e, por isso mesmo, não é ajustada às necessidades dos empresários. O Grupo de Análise Económica da APECATE“NÃO PODEMOS PERDER ESTA OPORTUNIDADE” © GRodal WWW.EVENTPOINT.PT 38 DOSSIÊ TEMÁTICO UM CAMINHO POR DESCOBRIR É comum dizer‑se que o caminho se faz caminhando mas, no que respeita ao Caminho de Santiago, o setor dos eventos está ainda nos passos iniciais do percurso. Em ano de Xacobeo, cresce a perceção de que é necessário “pôr pés ao caminho” e não perder uma boa oportunidade para o turismo nacional e para a dinamização de territórios. E o MICE? Por enquanto, não parece haver uma estratégia. Até quando? Foi o que tentámos descobrir neste dossier temático. Pelos caminhos de Portugal É uma tradição de 12 séculos que todos os dias conduz pessoas de todo o mundo ao túmulo do apóstolo Santiago. Movidos pela fé ou vontade de descoberta interior, atraídos pelo desafio ou pela beleza das paisagens, muitos percorrem este caminho que é, afinal, feito por vários caminhos, todos com um único destino: a catedral de Santiago de Compostela. A proximidade geográfica atrai, desde há muito, caminheiros portugueses. As vias romanas terão sido os primeiros caminhos para chegar a Santiago, percorridos sobretudo a partir do Norte e do litoral, regiões onde o Cristianismo estava já enraizado. Os caminhos portugueses que levam a Santiago têm também sido descobertos por peregrinos de vários países. Desta descoberta beneficia também o turismo nacional e, consequentemente, os locais que o caminho atravessa. Os municípios, comunidades intermunicipais, entidades de turismo e o próprio Turismo de Portugal já perceberam a importância estratégica deste caminho como forma de promover Portugal e os seus territórios. Mas parece faltar ainda a “cereja no topo do bolo”: canalizar esse potencial para o setor corporativo, empresarial e MICE.Next >