< PreviousEntre os pedidos para eventos presenciais, os corporativos (43%) são os mais comuns; seguem‑se as feiras (17%), os eventos familiares (12%) e os públicos (10%); eventos sociais e de team building têm gerado um número semelhante de pedidos e as outras tipologias, embora presentes, têm pouca expressividade. 2022 OU 2023? O último ano e meio foi de grande incerteza e marcado por pequenos avanços e grandes recuos. Se no final de 2020 havia quem acreditasse na retoma em 2021, a realidade trazida pelo novo ano foi bastante diferente. Um novo confinamento voltou a dar um golpe forte num setor que estava debilitado. OS PEDIDOS DE EVENTOS PRESENCIAIS SÃO DE QUE TIPOLOGIA? (MÁXIMO TRÊS RESPOSTAS)? Corporativo Seminário, Congresso Familiar (Casamento, Batizado) Evento público Team building Evento social Outros 43% 17% 12% 10% 7% 7% 4% Outro dado importante é que as empresas do setor continuam a trabalhar sobretudo para o mercado interno, sendo poucos os pedidos que chegam de outros países. Nas empresas que os recebem, apenas 12 dizem que os pedidos internacionais representam metade dos pedidos recebidos. WWW.EVENTPOINT.PT 10 DOSSIÊ TEMÁTICO Agora que se entra na reta final de 2021, quais as expetativas do setor para a data da retoma? A questão “Quando é que o setor vai estar a níveis pré‑covid?” dividiu opiniões. 44% dos inquiridos consideram que só em 2023 será possível atingir esse patamar. 30% apontam o segundo semestre de 2022 como data para o regresso aos níveis pré‑pandemia e apenas 12% acreditam que tal possa acontecer já no primeiro trimestre. Um número maior (14%) indica 2024 como o momento em que tudo finalmente voltará ao normal. E qual seria a medida mais importante para que a retoma pudesse ser mais rápida? Na altura em que o inquérito foi feito, ainda antes da entrada em vigor das novas regras, a 1 de outubro, a vacinação e a estabilidade e clareza nas regras para o setor eram as respostas mais frequentes. Vários participantes referiram, também, mais apoios e incentivos à retoma e a harmonização das normas a nível internacional, facilitando assim as viagens. Olga Teixeira QUANDO É QUE O SETOR VAI ESTAR A NÍVEIS PRÉ‑COVID? Primeiro semestre 2022 Segundo semestre 2022 Em 2023 Em 2024 12% 30% 44% 14%O MERCADO JÁ ESTÁ A MEXER WWW.EVENTPOINT.PT 12 DOSSIÊ TEMÁTICO AFIRMATIVOS… MAS CAUTELOSOS O pequeno‑almoço debate da Event Point decorreu no WOW (World of Wine), em Vila Nova de Gaia, reunindo a meio de setembro um conjunto de profissionais do setor que debateu a retoma da atividade. À conversa estiveram Ana Fernandes (Eventors’ Lab), Artur Junqueira (Ibersol), Filipe Carvalho (WOW), Gilda Mendes (No More), João Ramos (Associação de Turismo do Porto), Manuel Vaz (Expanding Group), Miguel Basto (Diventos), Miguel Cunha (WOW), Sónia Brochado (Btrust) e Tiago Barquinha (Mojobrands). As opiniões ouvidas indicam que o mercado já está a mexer e que há muita vontade de fazer eventos, mas é igualmente verdade que a realidade varia consoante a tipologia. Assim, se no caso dos eventos particulares a paragem foi menos sentida, nos corporate e nos incentivos assiste‑se já a alguma retoma, embora num formato mais pequeno, e incluindo já alguns eventos e incentivos internacionais. Já no que diz respeito a congressos, eventos que normalmente são planeados com maior antecedência, a retoma do presencial parece mais lenta. Continuam, ainda assim, a registar‑se vários cancelamentos. Otimismo, mas moderado por alguma cautela. Parece ser este o estado de espírito dos profissionais do setor que participaram na iniciativa. Existe a consciência de que basta um problema de segurança num evento para contaminar toda a atividade, o destino onde o evento decorre e minar a confiança, de si já periclitante, por parte dos clientes. Defendem, por isso, que Portugal deve manter uma imagem de segurança e as empresas de eventos devem ser agentes dessa segurança. HÍBRIDO: EVENTOS 2 EM 1 NÃO CONVENCEM TODOS Num cenário em que existem ainda dificuldades (e receios) para a realização de eventos totalmente presenciais, os eventos híbridos poderiam ser uma opção confortável para todas as partes envolvidas, permitindo executar projetos. No entanto, subsiste alguma dificuldade na implantação deste tipo de evento. O conceito não foi totalmente interiorizado pelos clientes. O mesmo acontece com os custos: sendo, no fundo, dois eventos em simultâneo, os custos acabam por ser maiores. Ora, não existindo essa perceção clara por parte dos clientes, e tendo em conta o contexto económico, torna‑se ainda mais difícil optar por esta solução. GERIR A AGENDA E O ORÇAMENTO Outra preocupação partilhada é a gestão do tempo e de recursos. Nesta altura, a acumulação de eventos pré‑pandemia que foram entretanto reagendados, a juntar aos novos pedidos, tem sido um desafio para as empresas. Como estes pedidos surgem normalmente “last‑minute” (ou seja, com 10 a 15 dias de antecedência), implicam muita flexibilidade e espírito de sacrifício dos profissionais e os próprios fornecedores estão a responder com dificuldade. Estamos ainda numa fase em que as equipas são mais reduzidas e é difícil encontrar recursos humanos, pelo que a capacidade de resposta não é WWW.EVENTPOINT.PT 14 DOSSIÊ TEMÁTICO a mesma. Assim, e para evitar que a qualidade do serviço seja afetada, existe, cada vez mais, a noção de que “é necessário escolher bem onde gastar tempo e recursos”. A questão dos orçamentos está igualmente a preocupar o setor. Se o planeamento é a chave do sucesso de qualquer evento, até em termos de faturação, o que se verifica atualmente é que “até ao último segundo, tudo pode acontecer”. E esta incerteza faz com que o orçamento inicial tenha de ser revisto. Uma subida de custos que tem penalizado as empresas de eventos e causado disrupção na cadeia de valor. A perceção é que existe, por parte dos clientes, alguma dificuldade em compreender que é possível arranjar soluções, mas que estas têm um custo. Além disso, quem trabalha no setor defende que já não é possível fazer eventos aos preços que eram praticados antes da pandemia. Além da dificuldade em manter orçamentos e em apresentar preços competitivos, há outra situação que está a dificultar o regresso à atividade: o facto de algumas empresas estarem a baixar os preços para ganhar projetos. Uma situação que, na opinião destes profissionais, desvirtua completamente o mercado. A OLHAR PARA 2022 “Já estamos a olhar para 2022”, um ano que se afigura muito interessante, se continuarmos nesta trajetória de derrota da pandemia. “Mas há algumas ameaças, umas novas, outras que se mantêm”, afirmam. As ameaças em termos de saúde pública continuam a ser as principais, sobretudo as que se relacionam com o aparecimento de novas variantes da doença. O equilíbrio mundial da vacinação surge, assim, como essencial para ajudar a minimizar estas ameaças. As constantes alterações dos projetos, a previsível descida nos preços praticados pelos hotéis e os problemas de mobilidade foram outras ameaças citadas. Cláudia Coutinho de SousaDESTINOS PREPARADOS E OTIMISTAS Com os eventos nacionais a arrancarem um pouco por todo o país, a principal dúvida prende‑se com o comportamento e a trajetória dos eventos internacionais. Fomos perguntar aos Convention Bureaux nacionais de que forma está a decorrer a retoma da atividade, em que mercados e quais os principais desafios. Não conseguimos receber, em tempo útil, as respostas do Turismo do Porto e Norte de Portugal. Lisboa WWW.EVENTPOINT.PT 16 DOSSIÊ TEMÁTICO Perguntas 1. Quais as perspetivas de retoma dos eventos internacionais, presenciais, no seu destino? 2. Quais os mercados que espera que recuperem mais rapidamente? E mais lentamente? 3. Os pedidos que está a ter são para eventos com mais ou menos dias, com mais ou menos participantes do que o habitual antes da pandemia? 4. Qual a maior dificuldade que está a sentir neste momento? 5. Quando espera atingir níveis de negócio pré‑covid? Açores Rosa Costa Diretora Regional do Turismo dos Açores 1. Temos expetativas positivas relativamente à retoma dos eventos MI nos Açores, especialmente pelo facto de a pandemia ter acelerado a tendência de procura por destinos de natureza. Estamos certos, tal como já começa a acontecer, que os eventos de caráter desportivo, ao ar livre, como, por exemplo, provas de trail run, campeonatos de surf, entre outros, terão uma recuperação mais rápida do que os eventos relacionados com os congressos, independentemente da sua dimensão. Açores 2. Acreditamos que a procura seguirá a tendência geral, especialmente por eventos híbridos, de pequena e média dimensão e que procuram programas sociais e alternativos em espaços ao ar livre e em contacto com a natureza. Este ano já tivemos o exemplo claro desse modelo de evento, nomeadamente o GLEX Summit, que teve lugar no início de julho, um evento que, apesar de ter participantes presenciais, chegou a uma audiência muito superior por via do live streaming. Sabemos que é uma audiência que não está a contribuir naquele momento para a economia do destino, mas são potenciais visitantes se houver uma boa comunicação associada, e encaramos isso também como uma forma de investimento e de promoção. 3. Relativamente à dimensão dos eventos, acreditamos que não iremos encontrar grandes diferenças relativamente ao que acontecia no período pré‑pandemia, quer pelas características do destino, quer pela oferta que temos disponível no que diz respeito a infraestruturas, ou seja, acreditamos que continuaremos a ter procura de eventos de pequena e media dimensão, dos mesmos mercados, nomeadamente nacional, alguns países da Europa e EUA, que são os mercados com os quais mantemos ligações aéreas diretas, estando essas a ser retomadas e a revelarem uma boa recuperação. 4. Quanto aos desafios, pensamos que os maiores desafios são ainda externos à região, nomeadamente a importância de haver uma estabilização no que diz respeito às regras para se viajar entre destinos. Na nossa perspetiva essa é uma das maiores dificuldades sentidas neste momento e que ainda causa alguma insegurança e instabilidade no setor MI. Mesmo apesar de se ver o levantamento gradual das medidas de contingência, só quando se verificar que realmente estão estabilizadas as regras de circulação é que o setor do MI irá demonstrar uma verdadeira retoma. Aos poucos começamos a ver eventos de maior dimensão acontecerem por todo o país, exemplo disso são os espetáculos culturais, entre outros, que são um bom indício de que os eventos em recintos fechados começam a ser realizados de forma segura. Esse sentimento de segurança é muito importante para um destino que quer retomar também o setor dos congressos. WWW.EVENTPOINT.PT 18 DOSSIÊ TEMÁTICO Por fim, a pandemia acelerou o uso das tecnologias de informação e de comunicação nos eventos. Sabemos que é necessário investir constantemente em tecnologia e software que permita aos centros de congressos responder a eventos híbridos. Esse poderá ser um desafio uma vez que, tal como sabemos, a aquisição de novos equipamentos, de software específico que permita a gestão de um programa presencial com um programa virtual e a própria contratação de empresas especializadas são dispendiosos. 5. A verdade é que, para já, nos Açores, as candidaturas que têm existido têm sido mais na vertente de eventos culturais e desportivos, não se tendo verificado candidaturas no que diz respeito a congressos. Acreditamos que em 2022 comecem a surgir as primeiras propostas para a realização de eventos desta natureza nos Açores e que, num espaço de dois ou três anos, voltemos a ter novamente eventos MI que contribuam, sobretudo, para esbater os períodos de menor fluxo de visitantes. Podemos garantir que temos as nossas empresas preparadas para receber congressos de pequena e média dimensão, existindo um controlo de qualidade implementado através do selo Clean & Safe Açores, que prevê um capítulo específico para este setor e ao qual houve uma forte adesão por parte do tecido empresarial. © António Carvalho Cunha Açores Next >