< Previouscomo a necessidade primacial. A que reencontramos em plena pandemia. Ele chama‑lhe o medo de morrer, eu chamo‑lhe o medo de ficar de fora. Sinek chama‑lhe o círculo de segurança. Nós, seres humanos, temos uma necessidade profunda de pertencer. De ficar dentro. De sermos admitidos, admirados, reconhecidos. De fazermos parte. Porque senão vejamos: no passado remoto, quando por conflito ou comportamento impróprio ficávamos de fora, era literalmente de fora que ficávamos. Fora da caverna. E ficar fora da caverna significava potencialmente o quê? Expostos ao frio, aos predadores e a outros inomináveis perigos. Expostos à possibilidade de morrer. Sempre que ficamos de fora. Sempre que não temos acesso. Sempre que não somos vistos. Sempre que não somos chamados a participar por não sermos considerados dignos, iguais, ou competentes. Ficamos com medo de morrer. Ativa‑se uma memória genética que nos faz experimentar exatamente os mesmos estados emocionais e comportamentos defensivos. Então a pergunta que importa colocar é: de que forma, usando que argumentos e recorrendo a que estratégias de comunicação, conteúdo e experiência, estamos a assegurar que, como marcas, estamos conscientes e a lidar com este gatilho comportamental? É por medo de morrer que reagimos tão bem, ainda, a oportunidades last minute. É por medo de morrer que apreciamos sobremaneira o conceito de clube exclusivo. É por medo de morrer que adoramos edições limitadas. É por medo de morrer que as trending dances à la tik‑tok se tornaram um incontornável, mesmo nos ecossistemas empresariais mais conservadores. Isto tudo sobre o medo de morrer para terminar, concluindo que, para mim, cada vez mais tudo se resume à capacidade empática dos marketeers desenvolverem conhecimento profundo e aplicável sobre comportamento humano. Dito de outra forma, subscrevendo Sinek, “If You Don’t Understand People, You Don’t Understand Business”. Ana Torres Marketing, estratégia, copywriting, autora da marca AnaSuperPower WWW.EVENTPOINT.PT 90 OPINIÃO A RETOMA NO VENUE ESTÁ A DECORRER CONFORME O ESPERADO WWW.EVENTPOINT.PT 92 VENUES THE HOUSE OF HOPE AND DREAMS ELEGÂNCIA E VERSATILIDADE COM UM TOQUE INDUSTRIAL Em julho de 2019, abriu em Belém o The House of Hope and Dreams, um espaço para eventos e abrigo criativo, versátil e multifuncional. Sem perder a traça industrial, cortinas de veludo mantêm-lhe a elegância e a amplitude que caracteriza este venue lisboeta, ao mesmo tempo que dividem e conferem conforto aos diferentes espaços que disponibiliza. Este foi um projeto que “nasceu de forma orgânica”, conta Gonçalo Castel‑Branco, dono do The House of Hope and Dreams. Quando nele tropeçou, acrescenta, “imediatamente percebi que poderia ser não só a casa da Lohad [agência de viagens de luxo, entretenimento e experiências], mas muito mais do que isso”, explica. O venue tem três espaços distintos, que se ajustam a cada evento, dos mais pequenos de apenas 15 pessoas aos eventos com até 150 pessoas, se todo o espaço for ocupado. Conta com “um espaço de trabalho, que já foi um cowork, e onde ainda recebemos equipas criativas que, por vezes, nos pedem para vir, durante uns tempos, para cá trabalhar ou fazer reuniões de administração e workshops”, adianta. Além disso, apresenta “um lounge com sofás, um piano e projetor”, sendo este um espaço que “já serviu para apresentação de documentários, lançamento de carros, livros, exposições, palestras, zona de cocktail e jantares”. A juntar a tudo isto, tem ainda uma cozinha, “que está totalmente equipada, e onde já tivemos os melhores chefs nacionais e internacionais a cozinhar ao vivo para uma plateia, já celebramos aniversários, workshops de fotografia de comida, gravação de programas de televisão, sessões fotográficas para revistas e videoclips… Até leilões já cá tivemos”. Almoços, jantares, workshops, exposições, live acts, reuniões, palestras, atividades de team building – são muitos os tipos de eventos possíveis. E são vários os que o espaço já acolheu. Alguns marcantes, como eventos políticos, lançamentos de carros e festas. Todos os serviços necessários estão disponíveis. “E, se não tivermos, criamos. Somos sempre orientados para as soluções”, garante. “ACHO QUE O FUTURO SERÁ BRILHANTE NA ÁREA DOS EVENTOS” Ainda não somava um ano de atividade, quando a pandemia afetou o mundo inteiro. O impacto no venue foi “enorme, como em todo o mercado”, mas, “felizmente, agora estamos de volta, com eventos comerciais que encaixem na filosofia do espaço”, refere o proprietário. WWW.EVENTPOINT.PT 94 VENUES A pandemia criou novos desafios e, no caso, “foi necessário criar uma nova política de cancelamentos”, não só para dar alguma segurança aos clientes, mas também para proteger os espaços. No capítulo das medidas de segurança, Gonçalo Castel‑Branco conta que, “durante a pandemia, chegamos a ter uma enfermeira interna que fazia os testes de covid‑19 às pessoas e cumprimos com todos os requisitos que foram sendo exigidos”. Agora, “existe já um alívio, mas mantemos as regras dentro do razoável, sendo que cabe aos nossos clientes (a quem aluga) a escolha do maior ou menor grau de cuidados”. A retoma no venue está a decorrer conforme o esperado. Segundo o proprietário, “as marcas e empresas de comunicação estão calmamente a voltar; as pessoas querem estar juntas e procuram sítios novos e disruptivos, no nosso caso, com uma energia particular e preços muito competitivos”. E quanto às expectativas para este ano, Gonçalo Castel‑Branco diz ser um otimista, “por isso, acho que o futuro será brilhante na área dos eventos e que as pessoas estão cansadas de estar afastadas, isoladas e escondidas atrás das máscaras”. Seja como for, há sempre uma casa, aberta a diversos tipos de eventos, plena de esperança e de sonhos para as receber. Maria João Leite Gonçalo Castel-Branco DISCIPLINA E RIGOR SÃO AS PALAVRAS DE ORDEM! WWW.EVENTPOINT.PT 96 CONSULTÓRIO DE PROTOCOLO O CERIMONIAL MILITAR E AS ENTIDADES CIVIS As questões de Protocolo em qualquer cerimónia são sempre um fator fundamental na agregação de valor a essa mesma cerimónia, contribuindo para projetar uma mensagem global de profissionalismo da entidade organizadora ou, ao contrário, quando o Protocolo não é devidamente considerado ou corretamente aplicado, concorrendo para deixar uma imagem de amadorismo, quase sempre difícil de entender e justificar. Regra geral, as entidades anfitriãs, sobretudo as privadas, consideram “necessário” o Protocolo quando entidades oficiais vão participar nos seus eventos. E, outro segmento de público que costuma, igualmente, gerar preocupação no que ao Protocolo diz respeito, são as entidades militares. Com efeito, o Cerimonial Militar afigura-se-nos a nós, civis, como um conjunto de rituais e práticas revestidas de enorme beleza, formalidade e complexidade. E quando na lista de convidados estão personalidades das Forças Armadas, logo uma das primeiras questões que se colocam a quem organiza e implementa planos de seating é onde “colocar” os militares. Natural e justificadamente, tememos o que não conhecemos. Não é, portanto, suposto que os civis saibam de Cerimonial Militar, mas sim que saibam como receber dignamente e respeitar as autoridades militares em eventos civis (aliás, princípio aplicável a qualquer autoridade). Do conhecimento de todos nós é, também, o facto de que a instituição militar assenta numa estrutura marcadamente hierarquizada e, consequentemente, protocolar. Além da comunicação verbal, a não‑verbal, constituída por uma série infindável de gestos simbólicos, assume uma enorme importância. Disciplina e rigor são as palavras de ordem! Alguns aspetos práticos a considerar: ‑ Na elaboração da lista de convidados, além dos dados necessários para todas as pessoas (título, nome, cargo/função, instituição, etc.) é importante considerar para os militares também a data de posse/antiguidade no cargo. Sugere‑ se verificação rigorosa da patente e da inerente forma de tratamento. Os convites que são dirigidos a altas entidades militares devem ser apresentados preferencialmente por carta‑convite ou convite impresso, em detrimento de convites digitais. ‑ Notas gerais quanto a precedências: Para efeito de implementação de precedências, à Lei das Precedências do Protocolo do Estado Português (Lei nº 40/2006) deve associar‑se a Lei Orgânica do Estado‑Maior‑General das Forças Armadas (Decreto‑Lei 19/2022) e leis orgânicas dos ramos. Pode igualmente ser necessário consultar o Estatuto dos Militares das Forças Armadas (DL n.º 90/2015), bem como a Lei Orgânica do Ministério da Defesa Nacional. Considere‑se que, mesmo em cerimónias e eventos organizados por anfitriões civis, os militares se colocam sempre por ordem hierárquica de postos e antiguidade, respeitadas as precedências legais, de acordo com as funções que exerçam ou cargos que desempenhem. Também em termos protocolares, os militares na efetividade de serviço precedem os militares na reserva ou na reforma. WWW.EVENTPOINT.PT 98 CONSULTÓRIO DE PROTOCOLO O Chefe do Estado‑Maior‑General das Forças Armadas (CEMGFA) é o militar de máxima hierarquia (posição 11 na Lei nº 40/2006), seguido pelos Chefes dos Estados‑Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea (posição 21 na Lei nº 40/2006). A ordenação dos ramos é Armada/Exército/Força Aérea, mas note‑se, porém, que os respetivos detentores são ordenados por antiguidade no cargo e não pela ordenação dos ramos propriamente dita. Almirantes da Armada e Marechais integram a posição 24 da Lei nº 40/2006. O posto de Marechal, posto honorífico, não existe na atualidade em Portugal. Esta precedência é atribuída aos oficiais generais de quatro estrelas. Nas posições 25 e 28 da Lei nº 40/2006 estão, respetivamente, o Chefe da Casa Militar do Presidente da República e os Chanceleres das Ordens Honoríficas Portuguesas, cargos igualmente ocupados por militares. Na posição 34 da Lei nº 40/2006 encontra‑ se o Comandante‑geral da GNR e o Diretor Geral da PSP. Também as posições 46 e 47 desta lei integram entidades militares, bem como diversos outros cargos considerados na Lista de Precedências que podem ser desempenhados por militares. Fundamental é considerar que a Lei nº 40/2006, por si só, não é suficiente para implementar precedências de entidades militares, precisando sempre de ser complementada com regulamentação sobre o estatuto dos diversos cargos. Next >