< PreviousCONECTAR OS PONTOS 2.0 Um dos principais propósitos de uma associação é conectar os pontos. Por definição, fazemos isso reunindo as nossas comunidades, permitindo o networking e a partilha de conhecimento. Nos últimos dois anos, exploramos diferentes formas de o fazer, o que resultou numa mistura de formatos a serem usados no futuro, aumentando o nosso alcance e impacto. Ao mesmo tempo, os desafios enfrentados pela comunidade AIPC oferecem a oportunidade de criar um tipo diferente de pontes, para cumprir ainda mais o nosso papel de associação global dos centros de convenções. WWW.EVENTPOINT.PT 80 OPINIÃO Isso levanta a questão: o que é que a AIPC pode fazer para apoiar os seus membros nessas circunstâncias? É um desafio que a AIPC partilha com muitas associações de todo o mundo. Durante o Fórum de Associações Internacionais de Bruxelas (BIAF), foi um dos temas‑chave – tanto no palco como durante os momentos informais de networking. Muitas associações transformaram‑se em plataformas de comunidades ágeis e multicanal, exigindo competências completamente novas dos seus funcionários e – não deve ser subestimado – um novo tipo de envolvimento com os seus membros. Mas o que é preciso fazer mais? O Board da AIPC decidiu agir em relação a três questões‑chave: 1) como podemos abordar a questão dos recursos criando um pipeline de talentos para centros de convenções? 2) como estimular a inovação construindo uma ponte entre start‑ups e centros de convenções? e 3) como estimular a partilha de conhecimento usando os nossos eventos como plataformas? Como parte da preparação da AIPC Academy, um curso de gestão de uma semana para futuros líderes de centros de convenções, perguntamos aos participantes sobre os desafios que enfrentam. Para a edição deste ano, recebemos dez páginas de desafios no total, de venues localizados em nove países (de Singapura ao Canadá). A excelência do serviço está no top of mind de quase todos os participantes e, mais especificamente, entregar excelência num ambiente de mudança (de mercado). As mudanças nos requisitos dos clientes, em combinação com fatores fora do controle da administração dos centros de convenções, criam um nível de incerteza que não é facilmente traduzido em oportunidades de negócios. Só para dar um exemplo: a grande demissão (big resignation) gera escassez de mão‑de‑obra nos centros de convenções, impactando os níveis de serviço. Em alguns casos, isso significa que os centros de convenções precisam de cancelar os eventos, pois sentem que o nível de serviço que podem entregar não está de acordo com o nível que desejam.O primeiro passo para abordar a questão dos recursos foi a criação de um programa de talentos. Catorze futuros líderes de centros de convenções foram selecionados para um programa de gestão de nove meses, que inclui o desenvolvimento de uma ideia que pode transformar o futuro dos centros de convenções. O resultado será apresentado no Congresso Anual de 2022 para uma audiência de líderes de nível C de centro de convenções. Segue‑se o segundo passo: transformar esses 14 líderes em embaixadores do nosso setor, atraindo talentos e apresentando as oportunidades que são oferecidas. Construir uma ponte entre as start‑ups e a comunidade dos centros de convenções é um segundo pilar. A ideia é canalizar a riqueza de ideias geradas em hubs de start‑ups de eventos em todo o mundo para a comunidade AIPC, fornecendo às start‑ups uma plataforma para mostrar as suas ideias e dando aos membros da AIPC a oportunidade de descobrir tecnologia de ponta, que poderia trazer valor, a eles e aos seus clientes. O AIPC Start‑Up Lab foi lançado em março e esperamos ver os primeiros resultados em breve. O terceiro pilar é alavancar os nossos eventos para se tornarem verdadeiras plataformas de partilha de conhecimento. É claro que isso já acontece até certo ponto, também porque a AIPC é uma associação relativamente pequena, o que permite um envolvimento real entre os membros quando eles se encontram nos nossos eventos. Mas queríamos dar alguns passos adiante. Um primeiro teste foi o nosso Operations & Facility Summit em dezembro passado, que transformamos num workshop de um dia, facilitado por um pensador estratégico global. Resultado no final do dia: um grupo de participantes exaustos e inspirados. Como consequência, este formato terá um papel mais importante em todos os nossos eventos, incluindo a Conferência Anual, onde teremos uma sessão Lego Serious Play. O objetivo das ações descritas acima é simples: apoiar a Comunidade AIPC a levar a excelência para o próximo nível, conectando os pontos – globalmente e de uma maneira diferente. Sven Bossu CEO da AIPC WWW.EVENTPOINT.PT 82 OPINIÃO “ESTAMOS A SENTIR OS PRIMEIROS EFEITOS DA GUERRA NA UCRÂNIA” WWW.EVENTPOINT.PT 84 RADAR RECUPERAÇÃO LENTA DO SETOR DOS STANDS As feiras, sendo uma atividade que essencialmente envolve juntar um grande número de pessoas, foram, naturalmente, uma das que mais sofreram com a pandemia da covid-19. E se os eventos virtuais foram um escape para as empresas organizadoras e para expositores, para as empresas de stands para feiras o panorama não foi nada animador. Acresce a esta situação o facto de estarmos a viver um momento de guerra na Europa, que se reflecte também nos “bolsos” das empresas. Numa altura em que as feiras já se realizam, com menor ou maior número de restrições, estivemos à conversa com a Standsys para sentir o pulso desta retoma. Paulo Almeida, diretor da empresa, começa por nos fazer um retrato dos últimos dois anos, referindo o “forte impacto económico” que tiveram na empresa. “A sobrevivência foi garantida com a redução de custos de exploração, a diversificação da atividade económica e com um aumento do endividamento financeiro da empresa. As medidas de combate à covid‑19 reduziram substancialmente o número de eventos, feiras, congressos, ativações de marcas para as quais produzimos stands e cenografia”, detalha. Para fazer face às dificuldades procuraram outras áreas de negócio, como a venda de produtos higiénicos sanitários. “A diversificação do negócio, aliada à redução de custos de exploração e a um aumento do endividamento bancário de curto prazo e dos capitais próprios, permitiu manter a empresa aberta e a trabalhar permanentemente durante este período”, afirma Paulo Almeida. O ano de 2022 mostra um setor “a recuperar lentamente”, também por causa do recente conflito na Ucrânia. “A recuperação será lenta, apenas agora estamos a sentir os primeiros efeitos da Guerra na Ucrânia, na energia e nos combustíveis, contudo, já há algum tempo que estamos a sentir os efeitos do aumento do custo das matérias‑primas (papel, alumínio, têxteis, vinil, etc…), ainda que nem sempre refletidos no preço de venda”, lamenta Paulo Almeida. Com o risco dos juros em alta, refere o responsável, “está criado um cenário para uma grave crise económica e social que irá direta e indiretamente impactar toda a economia e, em especial, na área da publicidade ou de serviços frequentemente não tidos como essenciais”. Posto isto, “prevejo um ano difícil, possivelmente não tão difícil como 2020/21 pois vai ser possível trabalhar. Agora não vamos estar impedidos de desenvolver a nossa atividade, mas poderá existir alguma retração do mercado, fruto de um cenário económico mais complexo”. Na Standsys, que em Portugal representa as marcas Adsystem e Mitkoforevents, os clientes são maioritariamente de Portugal e Espanha, e os stands podem estar em feiras de todo o mundo. Para já, “não tem sido difícil encontrar os recursos humanos necessários” para a retoma, algo que se pode alterar “quando a atividade económica voltar para um nível próximo do normal”. Mais difícil é a questão dos aumentos dos custos, que se vai reflectir nos preços de venda, e mais difícil do que isso “é a própria existência das matérias‑primas”. “Começam a ser cada vez mais frequentes quebras temporárias de stocks de algumas matérias‑primas”, lamenta o responsável. WWW.EVENTPOINT.PT 86 RADAR Em termos de tendências de stands, Paulo Almeida aponta para “uma clara preferência para stands modulares, diferenciadores, mais pequenos, fáceis de montar, transportar e armazenar e caixas de luz DIY (Do It Yourself), cuja montagem não requer conhecimentos técnicos ou ferramentas”. Esta decisão dos clientes prende‑se com a “poupança que um stand modular pode trazer em todo o ciclo de utilização do mesmo”. Cláudia Coutinho de SousaNÓS, SERES HUMANOS, TEMOS UMA NECESSIDADE PROFUNDA DE PERTENCER WWW.EVENTPOINT.PT 88 OPINIÃO SOBRE O MEDO DE MORRER Há uns anos voltei a interessar-me por Maslow e a sua hierarquia das necessidades. Um conceito aparentemente ultrapassado de tão redutor, mas que tanto nos diz sobre o que nunca deixou de ser e importa retomar. Na altura, seguia Simon Sinek e talvez o gatilho tenha sido algo que disse. É verdade que nós, seres humanos, evoluímos em tantas coisas. Em capacidade organizativa, em recursos, em competências. Mas não certamente em necessidades. Essas continuam a ser exatamente as mesmas que tínhamos quando ainda habitávamos cavernas. E a verdade é que esta ideia faz total ressonância com a minha forma de ver e estar no marketing. Não me revejo nas clássicas teorias do marketing que persuade e menos ainda do marketing que cria necessidades. É legítimo dizer que o marketing acelera a tomada de consciência e, quando bem feito, encurta o espaço entre interesse e conversão. Mas não cria nada, porque o que não existe já dentro de nós não se manifesta. São cinco, e apenas cinco, os tipos de necessidades humanas. As primordiais de sobrevivência. As de instinto de abrigo e proteção. As de pertença. De autoconfiança e autoestima. E, quando todas as anteriores estão asseguradas, sobra espaço para trabalharmos uma melhor versão de nós mesmos. Curioso, em jeito de aparte, como a imprevisibilidade dos tempos nos vem devolvendo à base da pirâmide. E como é que tudo isto afinal tem que ver com o medo de morrer. Alexandre Monteiro é um autor que descobri há pouco e por acaso. Não está na minha lista de favoritos, mas aprecio a forma como resume o essencial. Àquela que se mantém Next >