< PreviousA COROAÇÃO DE SUA MAJESTADE O REI CARLOS III – UMA GRANDIOSA PEÇA DE TEATRO Uma vez mais, o Protocolo Britânico entrega-nos um caso de estudo - uma história bem pensada, escrita e encenada. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 70 ESPAÇO APOREP do jovem, “representando um olhar para o futuro” 2 , o Rei responde: Em Seu Nome e segundo o Seu exemplo! Não vim para ser servido, mas para servir! E, se o Rei Carlos III recebe a Regalia, que simboliza a glorificação e continuidade do Reino, antes, num momento cheio de misticismo e espiritualidade, enverga a Colobium Sindonis 3 , e apresenta‑se, no centro do teatro, como o primeiro dos servos, perante Deus e os homens, jurando servir e governar “de acordo com as respetivas leis e costumes.” 4 O próprio Rei Carlos III teve muitos anos para escrever o guião da sua coroação, definir bem os objetivos a alcançar, quer em termos sociais, quer em termos políticos, sendo toda a Cerimónia pensada, “para refletir o papel do Rei numa Inglaterra moderna e de um olhar virado para o futuro, fiel à tradição e esplendor do passado.” 5 2. https://www.royal.uk/news-and-activity/2023-05-06/ the-coronation-service-order-of-service 3. A Colobium Sindonis é uma túnica branca de linho, sem mangas e que simboliza pureza. Usada pelo Rei após a unção representa o despojamento e a humildade para servir. Mais uma peça da Colecção Real, pertença do Rei Jorge V, reutilizada pelo Rei D. Carlos III. Foram reutilizadas a luva, a super-túnica, o cinto, a espada e manto real. 4. The authorised Liturgy for the Coronation rite of His Majesty King Charles III. 5. Official Programme of the Coronation of His Majesty King Charles III and Her Majesty Queen Camilla O Protocolo é parte fundamental no sucesso de um evento, não só pela encenação que nos apresenta e as emoções que suscita, mas também pela integridade e coerência que dá aos objetivos definidos. Os equilíbrios necessários entre a tradição e a modernidade, os valores e o respeito pela diferença, expressos em palavras, símbolos ou mensagens – mais claras ou mais subtis ‑, de forma harmoniosa e consistente, exigem talento, experiência e perícia, como alerta o Dr. Jaime Gama (Serrano, 2011, p. 21), “o artesanal dá lugar à técnica e o alinhamento a um verdadeiro guião de realização.” 1 A coroação de Sua Majestade o Rei Carlos III deixou uma impressão indelével pelas emoções e sentimentos que despertou, seguindo um ritual milenar, belo e pensado nos mais ínfimos detalhes. Ao contrário das restantes monarquias europeias, o soberano britânico, permanece fiel a um convénio sagrado entre governante e governados – e à sua encenação. A singularidade da coroação britânica é reforçada, o tom da cerimónia definido, e somos recordados que estamos na esfera do sagrado, quando à saudação 1. (Serrano, 2011)O alinhamento de cada momento dos festejos da Coroação seguiu, de forma coerente e consistente, os desejos do Rei Carlos III, “é tempo de colocar de parte as nossas diferenças e agarrar esta oportunidade única para fazer uma recuperação substancial, colocando a economia global numa trajetória firme e sustentada para salvar o planeta” 6 . E fê‑lo, dando lugar às mulheres, que pela primeira vez participaram na cerimónia da Coroação, aos representantes das diferentes crenças representadas na sociedade britânica, integrando‑os no Cortejo, aos trabalhadores do serviço nacional de saúde, aos voluntários e às associações de beneficência das diferentes comunidades, ao reduzir os custos da cerimónia reutilizando e adaptando, diminuindo o número de convidados e dando palco à diferença e à inclusividade, sem negar a fé, desonrar a tradição ou retirar magnitude a um momento tão único e singular da cena mundial hodierna. Do teatro da Coroação do Rei Carlos III poderá contar‑se a história de um Monarca de causas, próximo das preocupações e aspirações do seu Povo, 6. idem em sintonia com o seu tempo. Sábio na forma como honrou a liturgia milenar, deu novo significado aos símbolos e trouxe a Coroação para a modernidade, cortou no custo e no fausto, deu lugar aos heróis anónimos, jurou servir e proteger os mais desfavorecidos, proclamou a diversidade e inclusividade, apelou à compaixão e exaltou o seu amor pelo planeta e pela cultura. Theresa Maria Santos Vogal da Associação Portuguesa de Estudo do Protocolo © Katie Chan WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 72 ESPAÇO APOREP QSP SUMMIT: MAIS QUATRO ANOS NA EXPONOR WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 74 EVENTOS O TEMA DA LIDERANÇA FOI ABORDADO EM VÁRIAS PERSPETIVAS POR MAIS DE 70 ORADORES John Berkow, Gary Hamel, Elizabeth van Geerestein, Frederik Pferdt, Marian Salzman ou David Shing foram apenas alguns dos nomes que marcaram mais uma edição do QSP Summit, desta vez dedicado à liderança. Foram várias as perspetivas e os ângulos em que foi abordado o tema, mas o que de mais consensual fica é a necessidade de os líderes se adaptarem aos novos desafios globais - e estes exigem novas soluções -, e a necessidade de colocar as pessoas no centro das estratégias. “Hoje em dia aplica‑se a palavra líder a quem tem subordinados, mas isso não faz um líder, porque os seguidores (followers) são sempre voluntários”, referiu Gary Hamel, professor da London Business School. O orador avisa que a burocracia “sufoca” os líderes e tem que se fazer algo de radical em relação a isto. “Não há liderança sem paixão. Não há paixão sem liberdade”, lembrou o responsável. “Neste momento a arquitectura das organizações parece um sistema de castas, os pensadores no topo, e os executantes no fundo”, e isso tem que ser alterado, diz Hamel, que propõe retirar layers deste sistema. Elizabeth van Geerestein, da Papillon & Partners, por sua vez, abordou o tema da cultura das organizações, e como esta é decisiva para o crescimento de uma empresa. A oradora lembrou que “ninguém pode ficar na zona de conforto nesta altura de desafios” e é necessário trabalhar no fitness das organizações para elas estarem sempre preparadas. David Shing, um profeta digital e um repetente no QSP Summit, levou‑nos numa viagem ao mundo digital, das novas gerações, e da visão atual sobre o trabalho. Frederik G. Pferdt falou do mindstate do futuro e que deve ser de: optimismo, abertura, curiosidade, experimentação e empatia. O orador começou a sua sessão, de resto muito interativa, com um minuto de meditação, que a sala acompanhou. E Marian Salzman, da Philip Morris, forneceu um quadro muito completo das tendências atuais que regem a sociedade. Além do palco principal, foram muitas, e muito concorridas, as salas paralelas, bem como o espaço expositivo que, mais uma vez, primou pelas ativações variadas e impactantes. O evento vai continuar na Exponor durante mais quatro anos, anunciou Rui Ribeiro, mentor do QSP Summit, e o objetivo passa por fazê‑lo crescer cada vez mais. CHEGAR AINDA MAIS LONGE Rui Ribeiro tem a expectativa de que mais entidades se unam em torno do evento para que ele possa dar “um salto qualitativo e quantitativo, no sentido de captação de líderes europeus”. E isso só é possível com apoios mais robustos. “Temos falado com as entidades que poderão fazer a diferença nessa matéria”, refere o responsável, dando conta de que algumas delas estiveram presentes no evento e “ficaram de facto surpreendidas pela dimensão e qualidade”. “Nós estamos a trabalhar com essas entidades no sentido de já na próxima edição ter outro tipo de apoios. Já estamos há muitos anos a lutar por isso”, refere. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 76 EVENTOS Em relação à edição de 2023, o mentor do QSP Summit resume como muito positiva. “Voltamos a superar‑nos em termos de número de participantes, recebemos 72 oradores, participantes de 20 países, portanto só podemos estar muito contentes”. O conteúdo é sempre de extrema importância para o QSP Summit. “Nós decidimos o tema da liderança e depois falamos com todos os oradores individualmente, sem excepção. Isto é tudo muito bem preparado para que as empresas saiam daqui com uma entrega de valor elevada. Estão aqui a investir três dias da sua vida empresarial e isso é muito valioso. E, hoje em dia, lembra o responsável é mais difícil mobilizar o público, justamente porque “a comunicação está muito diversificada”. “As pessoas têm diversos canais por onde recebem a comunicação, nós temos de ter uma comunicação multicanal e muito próxima da vida das pessoas. Isso é um desafio constante”, sublinha. O EVENTO “É NASCIDO E CRIADO NA REGIÃO, POR ISSO TEM QUE FICAR NA REGIÃO” Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), fez um balanço “extremamente positivo” do evento. “Uma vez mais organizamos aqui no âmbito das special sessions um debate sobre turismo, a exemplo do que fizemos o ano passado, este ano mais amplo, sobre os desafios com que este setor se vai deparar, numa altura, por um lado, de crescimento, mas também numa altura com algumas sombras negras a pairar, como seja uma guerra que persiste, taxas de juro a subir, com muita imprevisibilidade”. A sala, lembra, Luís Pedro Martins, estava cheia, apesar da forte concorrência dos eventos paralelos. O TPNP esteve em força no evento, até porque “temos a obrigação de apoiar”. O responsável lembra que “este é um grande evento, um dos maiores da Europa, neste segmento do marketing e management, e é nascido e criado na região, por isso tem que ficar na região, e tem que ser apoiado também pela região, e pelo país, porque é o melhor evento nacional neste setor”. Mas ainda “é possível ir mais longe”, sublinha o presidente. “Nós estamos a apoiar dentro dos constrangimentos que temos, orçamentais, mas acreditamos que haverá aí outras formas de apoiar”. Nomeadamente “está para abrir o programa operacional, o PO 2030 e, junto do Turismo de Portugal, também sensibilizando na rubrica do Portugal Events, acho que ainda há a possibilidade de apoiar um pouco mais este evento”. Para Luís Pedro Martins, este é um evento “estratégico para a região, estratégico para o segmento da meetings industry, estratégico para o país, porque nos coloca aqui grandes pensadores, a partilhar conhecimento, a partilhar experiências”. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 78 EVENTOS O presidente do TPNP ficou agradado com a escolha do tema desta edição. O evento “abordou as lideranças numa perspetiva que eu, pessoalmente, partilho, que é de percebermos todos que o que falamos é de pessoas para pessoas. E mudar o chip: não é: instituições/pessoas/proveitos, é as pessoas/instituições/ e o impacto que as mesmas provocam”. Nos próximos quatro anos o QSP Summit vai manter‑se na Exponor, e o desafio agora é “continuar a trabalhar na internacionalização do evento. Hoje ele é já um dos maiores a nível europeu e é ter aqui a ambição de o fazer crescer para o tornar num dos maiores eventos mundiais”, conclui. Cláudia Coutinho de SousaNext >