< Previous“SE NÃO TENTARES FAZER DIFERENTE, NÃO VAIS EVOLUIR” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 90 VIDA DE EVENTOS JOANA GRÁCIO “O QUE MAIS ME FASCINA É A AUSÊNCIA DE MONOTONIA” Depois de ter trabalhado em várias áreas, o que lhe permitiu “conhecer muitas realidades diferentes”, Joana Grácio chegou ao universo dos eventos e é hoje CEO da Tox’Inn. “A minha vida conduziu‑me naturalmente a esta área. Sempre fui muito comunicativa, o que me levou desde muito cedo a trabalhar em produção, animação, hosting de eventos e promoção de produtos – algo que sempre fiz com muito gosto e que me permitiu conhecer muitas realidades diferentes, assim como profissionais altamente criativos, que sempre me inspiraram”, refere Joana Grácio, CEO e partner da Tox’Inn Marketing Promocional, empresa reconhecida pela organização de eventos e recursos humanos. Nesta atividade, o que motiva Joana Grácio são os “desafios diferentes a cada dia”, que nunca deixam os profissionais dos eventos acomodarem‑ se ou “dar como certo” o que vão fazer. “Há sempre um desafio que nos leva ao ‘extra mile’, a procurar novas soluções, explorar novas trends – e, neste processo, estar em contacto com profissionais de várias áreas, que todos os dias têm algo para nos ensinar”.Cruzar‑se com “profissionais inertes, com pouco brio; pessoas para quem o simples é suficiente” é dos fatores de que Joana Grácio não gosta no mundo dos eventos. Esses profissionais “drenam‑nos a energia e tornam muito mais difícil um bom resultado final”, aponta. Por outro lado, “o que mais me fascina é a ausência de monotonia, que conduz ao desafio constante”. Isto é do que mais gosta neste universo. “Trabalhamos diariamente para obter um excelente feedback por parte do cliente, pelo que superar expectativas quando não existe uma solução ‘one size fits all’ tem outro sabor”, acrescenta a CEO da Tox’Inn. Quando desafiada a escolher o evento mais marcante do seu percurso profissional, Joana Grácio divide‑se entre “o primeiro evento ‘chave na mão’ ou a primeira equipa para um só cliente com mais de 50 pessoas a trabalhar em simultâneo”, já que “são desafios muito diferentes em si, mas ambos com muita responsabilidade”. “O primeiro pelo envolvimento de inúmeras entidades intervenientes (algumas delas públicas), nem todas a trabalhar ao mesmo ritmo. O segundo pelo número de pessoas com características tão diferentes entre si, mas com um objetivo comum de representação e comunicação uniforme. Em ambos os casos, consegui concluir os projetos com sucesso, sendo indubitável que foi determinante conseguir motivar todos os envolvidos com foco no objetivo final” conta. Joana Grácio diz guardar sempre consigo a memória de quem a marcou de forma positiva. “Infelizmente, já nem todos entre nós, mas a quem agradeço todos os dias por todos os inputs que deram à nossa empresa. Sejam eles colaboradores pontuais, funcionários internos ou clientes – todos os que nos desafiaram: fosse a criar um call center em tempo recorde, fosse a criar verdadeiros centros de distribuição e armazenamento temporários, fosse a transformar armazéns em espaços de luxo, fosse a gerir 200 convidados que, de um momento, para o outro se transformaram em 500”, afirma, adiantando: “São eles que nos fazem criar estratégias e desenvolver ferramentas para sermos mais eficientes e céleres de dia para dia.” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 92 VIDA DE EVENTOS “Ao final do dia, sobrevivemos e passámos com distinção” No mundo dos eventos, os desafios são constantes e nem sempre as coisas podem correr como planeado. Joana Grácio recorda um episódio que ocorreu na manhã de um evento, em que o cliente ligou com algo inesperado. “Certa manhã, em que às 18h iniciava um evento com 200 pessoas, o cliente liga‑me a informar que tinha mais 300 confirmações do que as inicialmente previstas, pelo que o número total de convidados ascenderia aos 500. Conhecendo bem este cliente, confesso que não o levei a sério nos primeiros minutos. É muito espirituoso e deu‑me esta informação com um sorriso nos lábios – ele, sempre dócil e gentil, creio que, naquele momento, sorria de nervosismo puro”, explica. “Ao constatar que esta seria uma realidade”, a equipa de Joana Grácio teve de pôr mãos à obra e de “desenvolver e executar um plano B muito rapidamente”. “Tive a sorte de ter um cliente que percebia melhor do que ninguém o impacto que este aumento tinha no evento, pelo que compreendeu de imediato os ajustes que seriam necessários”, continua. “Ao final do dia, sobrevivemos e passámos com distinção, com o apoio de todos os envolvidos, naturalmente.” Sustos como este podem acontecer, tal como os momentos em que é difícil segurar uma gargalhada. Segundo Joana Grácio, são “muitíssimos” os momentos hilariantes. “Possivelmente, aquele em que mais dificuldade tive em conter o riso terá sido quando um cliente se referiu a ‘comer um briefingzinho’ ao querer mencionar o cocktail de boas‑vindas”, exemplifica, lembrando ainda um outro, quando, ao final de um evento que já durava há 16 horas, um extintor abre, cobrindo todos de pó azul. “Parecíamos uns smurfs – smurfs estes que ficaram horas a limpar o que o extintor pintou em poucos segundos”, conclui. Maria João Leite“APRENDIZAGEM E CRESCIMENTO CONTÍNUOS” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 94 VIDA DE EVENTOS NÉLIA MARQUES DA FONTE “CADA EVENTO É ÚNICO E DESAFIANTE” Nélia Marques da Fonte integra o AIM Group. Mas para confirmar a sua paixão pelos eventos e chegar até aqui, teve de repensar a sua vida profissional. “Embora tivesse uma profissão estável, comecei a sentir que não estava a aprender nem a ensinar nada de novo. Este sentimento levou‑me a repensar a minha vida profissional. Nessa fase ia a muitos eventos como convidada, mas sentia sempre um grande fascínio pela produção. Como conhecia muitos profissionais na área, comecei a fazer perguntas para perceber como se planeava e organizava um evento”, começa por explicar Nélia Marques da Fonte, que decidiu aprender e perceber se esta era mesmo a profissão que queria abraçar. Fez uma pós‑graduação em Imagem, Protocolo e Organização de Eventos e chegou a assistir às reuniões de produção de um grande festival de música, onde até fez uma pequena colaboração. “Quando terminei, percebi que era impossível voltar à minha antiga vida profissional e que os eventos eram (e são) a minha paixão”, sublinhou. Ainda Nélia Marques da Fonte não tinha terminado a pós‑graduação, quando surgiu a oportunidade de estagiar numa agência de eventos, entrando para a equipa de teambuildings/outdoors. “O que queria era entrar para o mundo dos eventos e iniciar o meu percurso profissional na área.” E tal aconteceu.“Tenho tido, efetivamente, um percurso muito abrangente, que tem passado pela organização de vários tipos de eventos: teambuildings, ativações de marca, eventos corporativos, incentivos, publicidade e organização de congressos. Esta diversidade tornou a minha vida profissional num processo de aprendizagem e crescimento contínuos”, frisa. Nélia Marques da Fonte gosta de “fazer acontecer”. “Cada evento é único e desafiante” e o trabalho tem sempre o objetivo final de “dever cumprido” e de “organizar um evento ou congresso que fique na memória dos participantes e que fidelize o cliente”. Nesta fase do caminho, “o que mais me motiva é o novo projeto do escritório da AIM Porto, que abriu em março de 2023 e do qual sou business manager, função que acumulo com a direção do departamento de Congressos da AIM Portugal. Tem sido um desafio apaixonante”, afirma. Nélia Marques da Fonte gosta também da “relação com clientes e parceiros”, da “imprevisibilidade dos dias” – já que “nenhum dia é igual ao outro – e de “sentir que continuo a aprender todos os dias e que ainda consigo crescer”. Por outro lado, não gosta “da demora ou ausência de respostas”. Um projeto apaixonante “desde o dia em que recebemos o briefing” O evento mais marcante para Nélia Marques da Fonte é o Must – Fermenting Ideas, wine summit, evento que “marcou o meu regresso a Portugal e foi um grande desafio”. A profissional acrescenta que este “foi um projeto que me apaixonou desde o dia em que recebemos o briefing”. Há projetos que fluem na perfeição e outros que precisam de uns ajustes pelo caminho. Quando, em 2010, estava em Luanda, Nélia Marques da Fonte organizou um evento, que precisava de mesas com umas características muito específicas. “Decidimos que o melhor era mandar fazer as mesas, até porque o evento era anual e iríamos necessitar delas mais vezes”. O problema surgiu uma semana antes do evento, quando o carpinteiro deixou de atender o telefone e desapareceu. “O responsável pelo venue (onde o carpinteiro também trabalhava) telefonou‑me e disse‑me: ‘Temos um problema. Precisamos mesmo de WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 96 VIDA DE EVENTOS um plano B’. Estávamos em cima da data do evento e sem solução à vista, quando, em conversa com um parceiro, decidimos que a nossa única solução seria utilizar estrados de palco… Não foi a solução perfeita, mas foi a solução possível”, refere, sublinhando que, no final, “funcionou e ninguém reclamou, mas podia ter corrido muito mal”. Como é normal no universo dos eventos, são muitas as histórias que se vão somando. Nélia Marques da Fonte recorda um episódio, que ocorreu no segundo dia de um congresso que estava a ser organizado nos arredores de Lisboa. “Uma das nossas colegas telefonou de manhã cedo para avisar que ia chegar atrasada. Ao chegar ao carro viu uma cobra colorida a esconder‑se numa das rodas do carro – ela mora numa zona residencial, onde não é provável encontrarmos este tipo de animais… Na altura, achámos estranho, rimos e pensámos: ‘impossível, ela não pode ter visto bem’.” Quando a colega chegou, passado algum tempo, estacionou o carro na garagem do venue. “Vinha ofegante, porque estava com medo da cobra. Ninguém deu importância, toda a gente pensou que era impossível em Lisboa alguém encontrar uma cobra dentro da garagem do prédio, mas ela insistia que era mesmo uma cobra.” O dia passou com todos focados no congresso. Mas à noite, na altura em que a equipa se preparava para sair, “o segurança do venue apareceu, vindo da garagem, com um ar muito assustado”. E todos pensaram que, afinal, a cobra deveria existir. Mas, apesar de toda a procura, “com a devida distância de segurança”, quer por elementos do staff, quer até pelos bombeiros, “ninguém encontrou a cobra”. Após “horas de tentativas frustradas”, o carro foi estacionado na rua, onde passou a noite, porque “ninguém teve coragem de o conduzir de volta a casa”, conta. “Já passaram vários anos e ainda hoje falamos nisso. Sempre que entro no venue, olho para o estacionamento para ver se vejo a cobra. Esta história ficou marcada para todos. Hoje, quando falamos nisso, rimo‑nos, mas, na altura, não foi muito agradável”, remata. Maria João Leite“É UM TIPO DE STRESS QUE É VICIANTE” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 98 VIDA DE EVENTOS NUNO RIBEIRO “O QUE ME MOVE É O DESAFIO, A SENSAÇÃO DE SUPERAÇÃO” Ligado à dinâmica dos eventos desde jovem, e “por carolice”, Nuno Ribeiro começou por organizar festas e pequenos festivais em várias associações. Hoje é managing director da One Event. Toda esta vontade de realizar levou Nuno Ribeiro para a indústria dos eventos, atividades outdoor e turismo, nos quais trabalhava de forma paralela à sua atividade profissional. “Até decidir que era na área dos eventos que queria trabalhar. Na época, não havia cursos especializados em Eventos e, como tal, fui estudar para o Estoril, onde me licenciei em Gestão de Lazer e Animação Turística, que tinha uma vertente interessante de Eventos”, explica Nuno Ribeiro, que estagiou na Realizar, “à altura, uma das maiores empresas de eventos do país”, e onde acabou por ficar a trabalhar vários anos, antes de avançar com a sua própria empresa, a One Event. Quem é do meio conhece a falta de monotonia existente na indústria. “O que me move é o desafio, a sensação de superação e a adrenalina do dia do evento. É um tipo de stress que é viciante e que nos leva a tentar sempre ir mais além”, sublinha. Nuno Ribeiro gosta da complexidade da indústria dos eventos. “Trata‑se de uma indústria exigente, em que temos de ter um constante esforço comercial, sermos criativos e, ao mesmo tempo, ter uma boa estrutura operacional para implementar os projetos.Next >