< Previous“UMA PESSOA INQUIETA POR NATUREZA” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 70 VIDA DE EVENTOS ANDREA GALASSO: “EVENTOS É A MINHA ÁREA, FOI PARA ISSO QUE DEUS ME FEZ” Andrea Galasso tem uma grande experiência em várias tipologias de eventos, o que lhe permite ser, hoje em dia, uma profissional “muito completa”. Criar memórias especiais e oferecer alegria coletiva aos participantes de um evento são condições obrigatórias nos trabalhos em que Andrea Galasso esteja envolvida. Começou a carreira nos eventos como produtora executiva de espetáculos de teatro e ballet e teve “o privilégio” de trabalhar “com grandes diretores na época no Brasil” e atores de renome como Regina Braga, “conhecida em Portugal pelas novelas”, e Tony Ramos. Andrea Galasso diz ser “uma pessoa inquieta por natureza”, sempre à procura de “aprender coisas novas”. Cinco anos após ter começado a trabalhar em artes performativas, mudou‑se para uma agência de eventos corporativos, onde foi produtora executiva e diretora geral. Durante 13 anos, na agência Banco de Eventos, com cerca de 200 colaboradores, os eventos corporativos foram o dia a dia da atual consultora em projetos de eventos, supervisionando muitos projetos no Brasil e no estrangeiro.Habituada a lidar com clientes corporativos, começou a “prestar mais atenção” à área do entretenimento, a “eventos de concertos e festivais” e em 2014 voltou a mudar de área dentro dos eventos, desta vez para o entretenimento. Dos eventos corporativos para os festivais Um amigo convidou Andrea Galasso a ir para uma agência que tinha sido comprada por “uma empresa americana de entretenimento”, com o grande desafio de levar o festival Tomorrowland para o Brasil. O desafio foi conquistado e Andrea Galasso viria mais tarde a assumir o cargo de diretora do festival Tomorrowland, função que desempenhou durante dez anos, de 2014 a 2024. Apesar de ter trabalhado com outros festivais, não tem dúvidas de que o Tomorrowland “foi um grande divisor de águas e uma grande escola”. Andrea Galasso tinha de assegurar que o festival decorria com tranquilidade, que o público circulava “de forma adequada e segura”, que usufruía “das experiências, da música, dos alimentos e bebidas, de ativações que existem no festival, de forma prazerosa”. Atualmente a morar em Lisboa, reconhece que os últimos anos “foram de intensa aprendizagem” e que ter passado por diversas áreas torna‑a “muito completa”. “Eventos é a minha área. Não tenho dúvidas disso, foi para isso que Deus me fez. Mas eu gosto de explorar coisas diferenciadas dentro desta área”, afirma. Com experiência em vários países, Andrea Galasso frisa que “o Brasil é um país muito grande, com muita procura, muitas empresas, muita competição”. “Os criativos têm que tirar da cartola soluções muito diferenciadas para sobressair”, diz. Já a Europa, sustenta, é “uma outra perspetiva, é muita tecnologia”. Numa altura em que a Inteligência Artificial ganha terreno, Andrea Galasso lembra que hoje produz eventos “para uma série de gerações”, o que diz ser “um desafio enorme”. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 72 VIDA DE EVENTOS “Num projeto como o Tomorrowland, do início até ao ano passado, vi o público mudar. Era um público eminentemente mais jovem e, hoje em dia, já se vê gente com cabelo branco”. Arnold Schwarzenegger barrado à porta Questionada sobre um momento caricato vivido em trabalho, Andrea Galasso lembra uma situação que aconteceu no camarote de uma marca de cerveja brasileira, a Brahma. “Era uma coisa gigantesca, horas e horas de desfile, uma grande festa. E ao lado da Marquês do Sapucaí existiam vários camarotes, ‘hospitality areas’, das marcas que convidam pessoas VIP para poderem assistir ao desfile de áreas privilegiadas”, recorda. O evento era gratuito, apenas para convidados e a “única condição” que a marca colocava era que vestissem uma t‑shirt da Brahma, para que em todas as fotografias tiradas a famosos como “Gisele Bündchen ou o Robert De Niro” a Brahma estivesse em destaque. São sempre dois dias de evento. “O convidado daquele ano chamava‑se Arnold Schwarzenegger. E o senhor chegou, usou a t‑shirt, divertiu‑se, tirou a foto e foi embora. No dia seguinte voltou, só que estava sem a t‑shirt, estava de camisa”, conta. O diretor de marketing da Brahma foi irredutível e a estrela de Hollywood foi barrada à porta. “A equipa de produção histérica, nervosa, a pensar ‘como é que nós vamos falar para o Arnold Schwarzenegger que não vai entrar?’. Eu tinha uma assistente, era baixinha, bem pequenina, e ela disse ‘eu vou lá’”. “Ele era um ‘armário’, ao pé de uma pequenininha. Ela dizia ‘lamento, mas o senhor não pode entrar, porque tem que ter a t‑shirt’”, lembra. Apesar de lhe terem oferecido uma nova t‑shirt, Schwarzenegger não aceitou e foi embora. “Era uma questão de princípio, porque o diretor de marketing dizia: ‘se eu abrir uma exceção para uma pessoa, nunca mais ninguém aqui vai querer usar a t‑shirt’”, recorda. Peripécias à parte, depois de um evento Andrea Galasso “aproveita para fazer coisas normais”, como ir ao cinema, jantar fora com amigos, “para a temperatura ir baixando”.TODAS AS FASES DE PRODUÇÃO DE UM EVENTO SÃO CATIVANTES WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 74 VIDA DE EVENTOS INÊS JÁCOME: “FOI NOS EVENTOS QUE ME REENCONTREI” Senior Event Manager na Btrust começou a carreira na área do jornalismo, mas o sonho dos eventos falou mais alto. Com uma licenciatura em Comunicação e uma pós‑graduação em Jornalismo, foi nestas duas áreas que Inês Jácome iniciou o seu percurso profissional. O primeiro encontro com os eventos aconteceu quando integrou a equipa do pavilhão da UE na Expo’98, em Lisboa. Ficou o “‘bichinho’, através do contacto com milhares de pessoas”. “Mesmo sem dar conta na altura, tomei conhecimento sobre como funcionam os serviços nos bastidores, a azáfama dos serviços de catering, a logística de transporte, a arte de bem receber, a preparação para a abertura e o mundo enigmático do pós‑evento”, conta. A mudança de área para os eventos viria mesmo a acontecer, apesar de Inês Jácome reconhecer que foi “muito feliz na área de jornalismo e comunicação”. “Foi nos eventos que me reencontrei, regressada da Austrália, após realizar outro sonho. Na The Dreamery e na Btrust pude crescer, trabalhando com empresas profissionais feitas de pessoas com uma humanidade e generosidade enormes”, afirma. A gestora e coordenadora de eventos considera ser “um privilégio” ter conseguido encontrar uma área profissional que lhe permite conjugar as “experiências profissionais e formativas”. “É importante para mim ser uma atividade que me oferece um balanço equilibrado para poder continuar a viajar, fonte de inspiração para conceitos, ideias frescas e perspetivas inspiradoras que trago de volta para os eventos que idealizo e concretizo”, explica. Um “desrespeito ético” pelo trabalho das agências Para Inês Jácome, todas as fases de produção de um evento são cativantes: “Conhecer pessoas, desenvolver conceitos, estimular a criatividade, a comunicação entre todos os envolvidos, a produção, a concretização das ideias, a criação de boas memórias, a satisfação dos clientes e os sorrisos”. Até no pós‑evento diz encontrar “felicidade”. “Há sempre um momento na entrega do evento onde pareço abandonar o próprio corpo e me observo vendo tudo de fora a funcionar, com o orgulho de uma mãe que lambe a cria”, sublinha. Em sentido contrário, na realização de um evento a Senior Event Manager na Btrust não gosta da “combinação da obsessão com o preço com uma falta de verticalidade de alguns agentes envolvidos”. Segundo Inês Jácome, “parece haver um falso entendimento de que o valor de uma produtora de eventos é na sua entrega apenas”, considerando que é “menosprezado o trabalho preparatório de seleção e a aplicação inerente do conhecimento adquirido em décadas de experiência no setor”. “Certos clientes baralham o que recebem das várias propostas para voltar a dar, entregando partes do nosso trabalho a outras agências. É um desrespeito ético que me ofende e magoa”, acrescenta. Momentos felizes e hilariantes A “capacidade de adaptação cultural e de processos de trabalho” exigida num evento realizado para uma empresa multinacional na Alemanha ‑ “um grupo composto por europeus do sul ao norte, sul‑americanos, asiáticos, africanos WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 76 VIDA DE EVENTOS e até neozelandeses” ‑ faz com Inês Jácome escolha esse evento como o mais marcante em que já esteve envolvida. “Torna‑se assim marcante quando a nossa capacidade para nos testarmos nos mais entranhados hábitos e métodos de trabalho nos permite melhor reconhecer os gostos e preferências de todas essas partes interessadas no evento, para que as peças desse ‘relógio estrangeiro’ funcionem na perfeição”, justifica. Nos últimos anos, incluindo o tempo em que trabalhou na gestão de eventos como freelancer, Inês Jácome tem somado boas memórias em eventos e na preparação deles, como aconteceu em Espanha, depois de três semanas a conduzir uma mota “por montanhas, desertos e cidades no norte de África”, começa por contar. O inédito aconteceu quando parou no local onde pretendia realizar um evento para “uma das maiores empresas energéticas ibéricas” e a diretora da unidade hoteleira ficou “surpreendida por ter à sua frente alguém de capacete na cabeça e equipada como se a uma ‘SWAT team’ pertencesse”. “Acabámos a rir juntas, derrubando barreiras e compreendendo como a dimensão relacional é fundamental para este setor, que a experiência plena não é possível sem ir ao terreno, sem mergulhar, sentir as pessoas, ver com os próprios olhos e deixar que vejam os nossos”, recorda. Na opinião de Inês Jácome, “boas histórias surgem quando diferentes planos da vida se confrontam — o lado pessoal com o profissional, o sério com o brincalhão, o metódico com o descontraído”. Ver o líder “de uma grande empresa” a dançar “com um tutu de bailarina na cabeça” junto da equipa que liderava é outro dos momentos que guarda na memória. “Mais do que hilariante, diria que foi um momento particularmente feliz”, afirma a gestora e coordenadora de eventos. Viajar de mota, esquiar na neve, tirar um tempo para videojogos, para dormir e para desfrutar de uma sessão de streaming são as atividades preferidas de Inês Jácome para conseguir ‘desligar’ depois de um grande evento. NADA DÁ MAIS ADRENALINA DO QUE FAZER ACONTECER UM EVENTO WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 78 VIDA DE EVENTOS LÚCIA CONDEÇO SIMÕES: “O QUE ME MOTIVA É FAZER CADA VEZ MELHOR” Dedicada à organização de casamentos desde 2012, a wedding planner diz “aprender com cada casamento”. Lúcia Condeço Simões afirma que a produção de eventos lhe “aconteceu desde sempre” e recorda os tempos passados na infância a fazer figurinos, cenários e a “organizar espetáculos” para outras crianças. Formou‑se em Comunicação Social no Politécnico de Viseu e especializou‑se em Marketing e Relações Públicas em Barcelona. “Seguiram‑se anos com o Teatro do Montemuro, outros tantos na gestão de eventos e comunicação na FNAC, e depois dediquei‑me exclusivamente ao marketing de uma marca de design de mobiliário de luxo”, partilha. A partir de Viseu, onde vive, Lúcia Condeço Simões dedica‑se aos Destination Weddings desde 2012, na marca que co‑ fundou, a GUIDA Weddings, que pertence à empresa RebelCourtesy, onde também faz planeamento de eventos empresariais. A event planner reconhece que nada lhe dá “mais adrenalina do que fazer acontecer um evento, numa timeline tão restrita de acontecimentos únicos, irrepetíveis e profundamente marcantes na vida das pessoas que os vivem”. Além disso, acrescenta, os eventos permitem‑lhe ser “uma mulher realizada”. “Permitem sobretudo que eu faça parte do desenvolvimento e mudança que Next >