< Previousansiei para a minha região e isso tem a ver com propósito, com uma escolha pessoal de vida que é a de viver no Centro de Portugal para promover destinos rurais junto de mercados interessantes”, afirma. “Uma espécie de canivete suíço” Quando começou a trabalhar na organização de eventos sentia‑se motivada pela “vontade de fazer diferente, de romper com padrões estéticos e estigmas quanto ao mercado de casamentos”. Hoje, tudo é diferente. “O que motiva é fazer cada vez melhor, é aprender com cada casamento a melhorar processos e tomadas de decisão que no final do dia sejam benéficas para clientes, para quem faz acontecer e para a região e pessoas onde acontecem”, admite. Aos 43 anos, Lúcia Condeço Simões gosta de “desafios e da imprevisibilidade” dos eventos. A curiosidade “por áreas completamente diferentes” leva a organizadora de casamentos a considerar‑se “uma espécie de canivete suíço, muito útil para quem trabalha em eventos”. O atendimento ao cliente é, por outro lado, o que menos gosta de fazer neste trabalho. “Primo pelo suspense, mas surpreendo na superação de expetativas. Ter essa consciência é já meio caminho para uma empatia consciente”, explica. Memórias de aprendizagem e superação Um dos primeiros casamentos que organizou, para “uma mulher de personalidade forte”, acabou por ser, até hoje, o evento mais marcante em que Lúcia Condeço Simões esteve envolvida. “Fez‑me a melhor tropa de sempre porque foi mesmo muito intensa, exigente e presente durante todo o processo, teve dores de crescimento para todos os fornecedores envolvidos. No final, o casamento não correspondeu às expectativas, sobretudo porque choveu, mas superou‑as enormemente em muitos aspetos”, afirma. A cofundadora da GUIDA Weddings recorda que em 2012 “os espaços de casamento na região Centro primavam por procedimentos WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 80 VIDA DE EVENTOS protecionistas e nada abertos a ideias que implicassem mudança de horários, menus e regras de funcionamento” e guarda na memória o dia em que lhe disseram que “wedding planners só podiam existir no Algarve e Lisboa”. Lúcia Condeço Simões explica que nessa altura “não foi bem recebida e fornecedores de rentals foram mesmo mal tratados.” “É uma memória que não se esquece e que diz muito sobre os desafios que vimos serem superados ao longo dos anos no setor do turismo e eventos, sobretudo com formação”, acrescenta. “Foi com especial emoção que pouco tempo depois, rompemos esse paradigma, angariando clientes estrangeiros para esse espaço, assegurando que eles teriam o casamento ao seu gosto, com mobiliário alugado e muito entretenimento”, sublinha a empresária. Trancada no wc durante um casamento Nos primeiros anos a trabalhar no setor, quando era “muito preocupada, obsessiva e controladora com tudo o que acontecia num evento”, a wedding planner deparou‑se com uma situação que fugiu fora do seu controlo, durante um casamento. “Numa ida ao wc reservado ao staff, que ficava num andar inferior ao da festa de casamento, fiquei trancada e sem rede de telemóvel. Gritei, bati à porta até partir anéis. O staff estava todo ocupado a trabalhar, ninguém me ouvia por causa da música e durante as duas horas de cocktail fiquei ali trancada”, conta. “É claro que a minha equipa não precisou de mim durante esse tempo e ninguém deu pela minha falta, provando que estava na hora de delegar e confiar mais, o stress foi só meu. O acaso, se estivermos atentos, é um grande conselheiro”, conclui. Depois de um grande evento, “nada melhor do que flutuar no rio Paiva ou no rio Côa, banhos de sombra, passeios de mota e caminhadas pela Serra do Montemuro ou Malcata”. “Família, amigos, comida caseira e bailaricos de verão (organizados por outros!) são um verdadeiro luxo”, remata Lúcia Condeço Simões.LOCALIZAÇÃO E AMBIENTE © Nelson Carvalheiro WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 82 VENUES FÁBRICAS: “O NOSSO 2025 VAI SER UM ANO DE CONSOLIDAÇÃO” Diretor-geral dos espaços Fábrica L e Fábrica XL na LX Factory traça objetivo de mais de 100 eventos para o ano que agora começa. Apresentada a 10 de dezembro como a nova marca que agrega os espaços para eventos da LX Factory, em Lisboa, a Fábricas tem já bem definida a estratégia para 2025 e a mensagem que quer passar ao mercado: “Desafiarem‑ nos para fazer eventos diferentes. Voltarem a pensar no Fábricas como um espaço viável de eventos”. Quem o diz é Hugo Encarnação, diretor‑geral dos principais espaços de eventos da LX Factory, que após terem passado por um processo de requalificação começaram a operar sob a marca umbrella Fábricas. A Fábrica L e a Fábrica XL são os primeiros espaços em Portugal com gestão operacional ‑ nos próximos cinco anos ‑ a cargo da multinacional ASM Global, operador que assegura a gestão de mais de 400 venues em cinco continentes. “A ASM faz isso no mundo inteiro. Fisicamente, não tem nenhum venue, mas sim opera e rentabiliza os venues que já existem, independentemente da sua origem, quer seja de origem privada, quer seja de origem pública. É isso que faz um pouco por todo o mundo e alguns venues já os trabalha há 20 e tal anos”, explica Hugo Encarnação, em entrevista à Event Point.Espaços requalificados para maior conforto Antes de dar início à operação, a ASM Global acordou com o proprietário dos espaços a realização de obras de requalificação que permitissem “mais conforto, mais capacidade de receber qualquer tipo de evento” nas Fábricas. “Essa foi a primeira questão da ASM: dotar estes espaços de condições, para que os eventos se possam realizar com o máximo de conforto possível. Todas as características das salas mantiveram‑se, as capacidades mantiveram‑se ‑ até 950 pessoas sentadas na XL e na sala L até 300 sentadas”, reforça Hugo Encarnação. A requalificação incluiu uma nova cobertura, novas casas de banho, uma nova rede wi‑fi de última geração, novas medidas contra incêndio, novas medidas para garantir a segurança do público, uma nova copa, “mais bem preparada para receber os caterings para os eventos”, camarins novos para artistas, entre outros melhoramentos. Com uma capacidade combinada de 2.870 pessoas, a Fábrica L e a Fábrica XL beneficiam ainda do espaço exterior, que a ASM Global quer explorar e rentabilizar. “O espaço exterior que temos aqui no LX é o espaço do estacionamento que é comum, mas por vezes, em alguns eventos, nós conseguimos ampliar para receber mais pessoas, para ter outra área diferente cá fora, de lançamento de viaturas, de carros novos. Às vezes temos esses pedidos, em que conseguimos esticar essa lotação”, afirma. De acordo com o diretor‑geral dos dois espaços, em ambos os venues a arquitetura faz a diferença. “Não precisamos de inventar muito nas salas para termos um evento que tenha a sua beleza”, reconhece. © Nelson Carvalheiro WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 84 VENUES “O mais interessante é a sua localização e a forma como nós conseguimos fazer um ambiente tão interessante em cada uma das salas, sem ter grandes custos com cenários”, acrescenta Hugo Encarnação, que após “muitos anos a trabalhar no ramo corporativo”, decidiu “saltar para os eventos” em 2008. A “capacidade de ter três mil pessoas nas duas salas” e a localização “junto de uma área comercial que é o LX Factory”, são, para Hugo Encarnação, as mais‑ valias e os fatores de maior diferenciação dos dois espaços de eventos. “Fazer voltar a música aos fins de semana” Tendo os eventos corporativos como “base” de toda a operação, por norma realizados de segunda a sexta‑feira, a marca Fábricas quer “fazer voltar a música aos fins de semana”, mostrando‑se disponível para ser “desafiada por quem quer fazer eventos nas Fábricas”. “Não queremos fechar a porta a nenhum tipo de evento. Sabemos que os eventos de música e os eventos de clubbing são muito fortes nos fins de semana e portanto queremos muito ir por aí, temos tido muitas reuniões com promotores de música, mas na verdade não queremos deixar escapar todos os outros”, diz o responsável pelas Fábricas L e XL. “Embora obviamente saibamos onde é que está o nosso maior cliente, que são os eventos corporativos, não queremos deixar fugir todos os outros e recebemos todos da mesma forma, para também criarmos aqui uma multiplicidade de eventos grandes nas Fábricas”, explica Hugo Encarnação. © Nelson Carvalheiro Questionado sobre se é significativo o peso que o cliente estrangeiro ocupa no negócio das duas principais Fábricas para eventos da LX Factory, o diretor‑geral adianta que “no momento ainda não”. “Neste momento eu acho que 20, 30% do nosso negócio é estrangeiro”, acrescenta. Neste novo ano de 2025, a Fábricas terá “uma shortlist exclusiva de caterings que estão habilitados a trabalhar” com a marca. “Todos os clientes corporativos vão ter que trabalhar com um deles, portanto é à escolha, nós não temos nenhum tipo de preferência. Temos sim a preferência que o serviço que eles prestam está nos níveis que nós queremos”, avança. Também nos audiovisuais os clientes poderão contar com uma lista de recomendação de empresas “que têm vindo a trabalhar nas Fábricas com o serviço de exigência que se quer”. “Se a escolha não for nossa, já não temos muita culpa nisso. Agora, naqueles que são exclusivos nossos e com quem trabalhamos diariamente, temos essa obrigatoriedade de dar ao cliente o melhor de nós, quer seja na limpeza, quer seja na vigilância, quer seja no catering”, diz Hugo Encarnação. “Vamos ter cinco exclusivos na parte do catering, vamos ter a vigilância e a limpeza em que nós confiamos plenamente e portanto vamos ter como exclusivo, mas depois audiovisuais, fotografia, outro tipo de serviços, vamos deixar um bocadinho para as agências também poderem trabalhar com aqueles de quem gostam mais”, resume. © Nelson Carvalheiro WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 86 VENUES Objetivo: mais de 100 eventos em 2025 Este novo ano será, sobretudo, um ano de afirmação do próprio espaço. “O nosso 2025 vai ser um ano de consolidação. Muitas agências e muitos clientes foram saindo e foram esquecendo o LX Factory, no caso as salas do LX Factory, que não tinham de facto as condições”, sustenta. Hugo Encarnação considera que, com a nova gestão da ASM Global, 2025 será a altura ideal para mostrar ao mercado de eventos “que agora está tudo muito melhor” e que “é possível fazer tudo” nas Fábricas. “Mas, principalmente, o ano de 2025 acho que é um ano de consolidação, de garantia para todos os nossos clientes de que as Fábricas têm todas as condições para operar os eventos que eles possam imaginar, de uma forma segura e, obviamente, com um final feliz para os seus clientes”, insiste. Em termos de marcações, Hugo Encarnação adianta que o primeiro trimestre está “muito bem adiantado”, tendo também eventos já agendados “para os dois últimos trimestres do ano”. O objetivo para este ano, remata, é realizar “acima de 100 eventos”. © Nelson Carvalheiro “VAMOS FAZER AS COISAS DE FORMA DIFERENTE” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 88 ESPECIAL THIERRY REBOUL, O HOMEM POR DETRÁS DAS CERIMÓNIAS OLÍMPICAS: “NÃO HÁ PLANO B PARA MIM” Tudo começou com um telefonema em que Thierry Reboul foi convidado a assumir o papel de Diretor Criativo dos Jogos Olímpicos de Paris. O pedido foi imediatamente seguido da condição de que, se aceitasse, teria de vender a sua empresa. O ano era 2018. Reboul era o proprietário da Ubi Bene, uma agência de marketing e comunicação de sucesso em Paris, conhecida por ganhar prémios nacionais e internacionais por eventos e activações inovadores. Os fãs da indústria devem lembrar‑se de campanhas como “Le Smash” para a Perrier na Torre Eiffel, a camisola de Tony Parker exposta na Estátua da Liberdade na capital francesa, ou a campanha “All‑in or Nothing” para a Adidas, em que o autocarro da seleção francesa de futebol foi teatralmente destruído em frente à imprensa mundial para apagar a vergonha da sua recusa em jogar. Cada campanha foi uma mistura perfeita de cultura, comércio e desporto, tendo todas elas recebido uma enorme atenção dos meios de comunicação social. Um bilião e meio de espectadores Conheci o Thierry em Roma, no terraço do seu hotel, durante o Bea World Festival, o festival internacional de eventos e comunicação live. No dia seguinte, tive o privilégio de o entrevistar oficialmente em nome da 27Names, a plataforma das Next >