IBTM: um regresso com alcance e energia
15-12-2022
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Entrevista a Vasyl Zhygalo, diretor de Portefólio da IBTM e do World Travel Market na RX Global.
Depois de uma edição condicionada pela pandemia, deu-se o regresso em grande da IBTM, que decorreu de 29 de novembro a 1 de dezembro, em Barcelona. E se no arranque do planeamento não se conseguia saber como seria esta edição, a energia que se fez sentir nos corredores da feira refletiu-se em expectativas superadas.
“Quando começamos a planear, no início do ano, era muito difícil de imaginar o que ia acontecer. Quer dizer, ainda estávamos no meio da situação pandémica, com a omicron a circular em todo o mundo e não sabíamos como isso ia afetar a IBTM enquanto evento, mas também a indústria”, referiu à Event Point o diretor de Portefólio do evento.
Vasyl Zhygalo ressalvou, no entanto, que, mesmo assim, foram traçados “objetivos muito ambiciosos”, que iam sendo superados, mostrando-se “encantado” com os resultados: “Não imaginava em janeiro que estaríamos aqui com esta dimensão, com este alcance, com esta energia…”
No ano passado, a IBTM apresentou uma versão digital do evento. Este ano, não foi assim. “No momento, não há apetite para isso. Logo que as pessoas puderam estar cara a cara, voltaram a estar cara a cara…”, explicou o responsável, adiantando que “não há muita procura da alternativa”. Contudo, se o cenário mudar e, ainda por cima, com os avanços contínuos da tecnologia, é possível a organização pensar nisso novamente.
O recurso ao ambiente virtual foi uma das várias mudanças causadas pela pandemia. “Algumas delas ficaram e ajudam-nos a realizar uma melhor experiência. Um exemplo: mesmo antes da pandemia quantas pessoas tinham experimentado os QR codes? Agora, toda a gente sabe fazer o scan para o menu, para isto e para aquilo…”, lembrou Vasyl Zhygalo, frisando que essas mudanças são uma oportunidade para os organizadores tornarem “a experiência mais fácil”.
Juventude, tecnologia e sustentabilidade
As gerações mais novas começam a fazer-se notar nos eventos, mas será que as organizações estão aptas a entregar-lhes a melhor experiência? Uma forma de melhorar a ação é através da tecnologia, mas Vasyl Zhygalo defendeu que é preciso perceber melhor essas gerações. “Geralmente, planeamos as coisas pelo grupo maior. Mas se há grupos mais pequenos não os devemos perder, devemos envolvê-los.”
Os mais jovens gostam de experiências diferentes e os organizadores devem estar preparados para isso. Mas os jovens também se preocupam com o propósito e a sustentabilidade. “Agora, vemos muita gente nova, da indústria dos eventos e fora dela, a falar de fazer as coisas de maneira diferente, de uma forma melhor.”
O responsável sustentou que é necessário mostrar o quanto os eventos são sustentáveis e como podem ajudar a reduzir a pegada carbónica. Assim, a IBTM serve também de montra para venues e destinos poderem mostrar o que fazem neste capítulo, como se tornam mais sustentáveis, como fazer eventos mais ‘verdes’ e melhores.
A sustentabilidade é uma questão central e um desafio para toda a indústria. E há coisas que podem ser feitas nos eventos: perceber se os venues têm também essa preocupação ambiental, quais as fontes de energia, ter em atenção os materiais e o que pode ser reutilizado ou reciclado, por exemplo.
“Não temos garrafas de plástico no evento, usamos garrafas reutilizáveis para que se possa ir reabastecendo e reduzir o uso de plástico”, acrescentou, lembrando que há coisas que não se podem eliminar, reduzir ou mudar – como é o caso da maior parte das viagens –, pelo que é importante perceber o que pode ser feito para compensar isso.
“Algumas coisas não podemos retirar completamente; se as pessoas tiverem de viajar elas viajam. Podemos é ver formas de assegurar que, se elas viajam, o fazem de forma mais sustentável”, sugerindo, em vez do avião, quando possível, o uso de meios de transporte elétricos, do comboio ou de carro, juntando pessoas, em vez de se realizarem viagens individuais.
“Toda a experiência digital deve ficar mais simples para todos”
A equipa já trabalha para a edição do próximo ano. Sem levantar o véu, Vasyl Zhygalo contou que agora é necessário conhecer o feedback dos participantes sobre coisas que a organização experimentou no evento, para depois avançar com decisões.
Certo é que a organização quer apresentar mais buyers de qualidade, construindo uma relação com eles e envolvendo-os da forma certa e no tempo certo. “A indústria sofreu uma enorme transformação. Muitas pessoas saíram, algumas voltaram, outras mudaram de papéis… Temos de estar atentos a isso”, no sentido de envolver também todas as pessoas que são novas no setor.
O responsável recordou que, na edição deste ano, foi apresentada uma nova solução na plataforma de reuniões e revela que vão apostar mais nisso. “Toda a experiência digital deve ficar mais simples para todos”, disse, acrescentando que antes os participantes imprimiam os seus materiais de trabalho e que este ano a organização insistiu na utilização da app. “A tecnologia está aqui para nos apoiar. Só precisamos de fazer um melhor uso dela.”
De qualquer forma, e já a pensar no próximo ano, há preocupações que insistem em permanecer. É o caso do custo da energia, a inflação, a recessão, o aumento dos preços, a situação geopolítica, com o conflito na Europa… Que impacto é que tudo isto vai ter no setor? – questiona. E além de tudo isto, o inesperado. “E o que mais vai trazer 2023?”, lembrando a pandemia que apanhou muitos de surpresa.
Em jeito de balanço, Vasyl Zhygalo sublinhou que os outros eventos do portefólio, como o caso do World Travel Market, correram muito bem e excederam as expectativas. O grupo conta com cerca de 400 eventos anuais, a decorrer em diferentes locais do mundo; eventos onde podem ser testadas, em pequena ou larga escala, novas ideias e experiências, no sentido de irem sempre melhorando a ação. “Somos bastante afortunados”, afirmou, justificando com o acesso aos especialistas da Relx, fornecedor de análises de informação e ferramentas de decisão.
A terminar, o responsável afirmou que, “no momento, estamos realmente focados em fazer regressar os eventos e fazê-lo da forma certa. Temos, claro, planos para o futuro…”, mas serão anunciados mais tarde, concluiu.