Ana Gonçalves: “Senti que encontrara o meu mundinho”

Entrevista

02-10-2024

# tags: Eventos , Vida de Eventos

Ana Gonçalves tem mais de 25 anos de experiência na área da Comunicação e Marketing, produziu conteúdos para canais de televisão e publicidade, até que foi “desafiada por pessoas do meio para organizar algumas festas de lançamento e final de programas”.

“Planear, idealizar, estruturar, pensar no conceito, procurar as melhores soluções para cada caso, identificar o público-alvo e escolher os locais que melhor representassem o que queria passar, foram passos que adorei viver. Senti que encontrara o meu mundinho”, conta à Event Point.

Desde então, os eventos fazem parte da vida de Ana Gonçalves, que atualmente é Business Manager na Knower Brands, empresa que, “sabendo da paixão pela área”, a convidou a desenvolver a unidade de negócio dos eventos e ativação de marca.

“Tive logo a oportunidade de produzir a A1VØLUT1ØN, com uma equipa fantástica, que sonhou, que acreditou e concretizou a maior conferência de inteligência artificial que se realizou este ano em Portugal”, sublinha.

Freelancer durante muitos anos, Ana Gonçalves recorda “a incerteza de como seria o mês seguinte”. “Sou uma pessoa controladora, muito organizada e que procura sempre ter tudo muito bem definido, sabendo com o que conto. Ser freelancer criava-me uma enorme ansiedade e sugava-me a energia que queria pôr nas ideias, nas propostas, na execução. Não tenho mesmo perfil para isso”, afirma.

Feliz por ter deixado esses tempos de instabilidade profissional para trás, Ana Gonçalves confessa que ‘trabalha’ em eventos mesmo quando não está a trabalhar, pela dificuldade que sente em “desligar”.

“Posso estar na situação mais mundana, em que observo tudo à minha volta e, sem dar por isso, já estou a montar uma estratégia de ativação de marca ou um evento dentro da minha cabeça e a imaginar o que podia ficar aqui e acolá”, partilha.

Motivação, diversidade e novas experiências

Hoje em dia, já “não se imagina a fazer outra coisa” sem ser eventos. Tentou um trabalho das “9 às 5” durante uns anos, gostou do projeto, ganhou “amigos para a vida”, mas “em termos profissionais, não enchia as medidas”. “Faltava sempre algo. Todos os dias eram iguais. Isso desmotivava-me”, acrescenta.

A “diversidade” é a resposta fácil que Ana Gonçalves dá quando questionada sobre o que mais gosta no que faz. “Num dia posso estar a desenvolver uma ativação de marca super arrojada para uma marca jovem e, no outro, a produzir o aniversário corporativo de uma empresa internacional, num ambiente formal. E ambas me motivam de igual forma”.

Em sentido contrário, a Business Manager na Knower mostra o seu desagrado com “a forma como os clientes, no geral”, se ‘servem’ das agências e de freelancers, “solicitando propostas para concursos, sem concordarem que estas deveriam ser pagas”.

“Cada equipa/agência que entrega o seu tempo e know-how deveria ser compensada, pois está a trabalhar para desenvolver um projeto. Seria justo e respeitoso que houvesse um fee para as que não passam. Para mim, isto é demasiado óbvio”, considera.

O primeiro Mega Pic-Nic Continente que produziu foi, até hoje, o evento mais marcante em que esteve envolvida. “Em 2012, entro na agência que criou o evento, a Born, e fico com a responsabilidade de gerir uma grande parte do projeto, que na altura já era um ‘comboio’ em andamento, a alta velocidade”, explica.

“Foi entrar, agarrar e fazer acontecer em oito meses. De repente, estava a fazer uma enorme parada de animais pela Baixa lisboeta, com 30º, e a lidar com mais de 40 culturas, mais de 30 espécies de animais de todo o país, mais de 20 parceiros, e a testemunhar a presença de 550 mil pessoas no Terreiro do Paço”, recorda.

De cair a pé numa rampa de skate a ver “pessoas a lutar por cebolas”

Durante alguns anos, produziu eventos que envolviam skate, BMX e patins em linha. “Um dos projetos era uma tour nacional que ia a escolas comunicar estilos de vida saudáveis (‘Tour Agarra a Vida’). Eu não ando de skate, no entanto, ao descer de uma rampa de skate, a pé, caí. Fiz uma rotura total de ligamentos num joelho”, conta.

“Imaginem a humilhação de ir ao hospital ou mesmo contar a alguém que caí numa rampa de skate e nem ando de skate! Fui motivo de galhofa dos colegas e dos atletas durante uns bons tempos”, reforça.

Momentos hilariantes não faltam no CV de Ana Gonçalves, como o dia em que viu “pessoas a lutar por cebolas, batatas e até wasabi, no final de um Mega Pic-Nic, em que todos os produtos estavam assinalados com a nota ‘não consumir/impróprio para consumo’. O mais cómico era estarem a levar produtos de um evento público do Continente e estarem a encher sacos que trouxeram de casa, do Pingo Doce”, afirma.

Bem disposta e dinâmica, depois de um grande evento Ana Gonçalves dorme, “restabelece energias” e procura estar com família e amigos, de preferência para “um jantar de vinho e queijos”. No verão, faz questão de ir dar um mergulho no mar. “Limpa tudo”.