Nervo quer “continuar a pôr boas ideias na rua”
03-04-2024
# tags: Marcas , Agências , Nervo , Ativação de Marca , Entretenimento , Eventos
Continuar a dar vida a boas ideias e estar ao nível do que de melhor se faz, dentro e fora do país, são as grandes metas da Nervo.
‘Less bark, more bite’ é o mote da Nervo, que mostra que esta é uma agência de ação. E é assim que o ano está a decorrer. “A Nervo está bem e recomenda-se. Estamos a ter um início de ano muito interessante, muito agitado. É bom saber que o mercado está a mexer e que se lembra de nós para ‘fazer mexer’”, diz Miguel Pires, creative partner da agência.
Segundo Tiago Tarracha, managing partner, tem havido um crescendo desde que a empresa foi criada há seis anos, no WYgroup. “O que estamos a sentir é que isto que fomos semeando e entregando, com pés e cabeça e com ótimos resultados, hoje traz-nos mais coisas boas e projetos com uma dimensão que, se calhar, há dois anos não estávamos à espera que fôssemos chamados para isso. E isso é o maior fruto, obviamente, do nosso trabalho com a equipa, que é fundamental.”
O ‘grosso do trabalho’ mais recente da Nervo “tem sido muito focado em festivais”, conta Miguel Pires, um segmento em crescimento e consolidação. Mas há outras áreas de atuação. Tiago Tarracha explica que tentam “não balizar muito a agência dentro de formatos” e que há “várias formas de responder ao mesmo desafio”. No fim de contas, “independentemente do formato, independentemente se estamos em festivais de verão, se estamos em eventos corporativos, se estamos a criar ideias próprias, aquilo de que gostamos é que haja um fundamento estratégico e que o entretenimento seja o fio condutor de tudo o que fazemos”.
Por terem estado “muito ocupados a fazer acontecer”, nas palavras de Miguel Pires, o site da agência, já com o portefólio, só agora está completamente operacional. Esse projeto foi sendo adiado, porque tiveram a “sorte” de ver o seu trabalho dar logo frutos, justificou Tiago Tarracha. Enquanto isso, a Nervo comunicava de uma outra forma “um bocadinho mais ágil”. Miguel Pires lembra que “passamos muito mais tempo nas redes sociais do que vamos ao site de uma empresa”, pelo que a Nervo sempre soube trabalhar “bem” nas redes sociais e “é aí que as pessoas nos encontram”.
“Se corre bem para nós, corre bem para todos”
O setor enfrenta desafios e os comportamentos relacionais estão a mudar, pelo que a Nervo tenta acompanhar as novas formas de estar junto do público, “do ponto de vista mais estratégico, mais criativo”, refere Miguel Pires.
Do ponto de vista dos desafios de produção, Tiago Tarracha aponta que, no pós-pandemia, houve uma correção de preços. “Os nossos custos de produção eram relativamente baratos e houve, obviamente, esse lado de correção”. Há vários projetos que se repetem e a ambição de fazer mais é permanente, mas há a necessidade óbvia de os reorçamentar, tendo em conta não só o aumento dos preços, como a valorização das equipas.
“Houve uma valorização no seu global, desde a base ao topo. Toda a gente quis valorizar as suas equipas, porque é importante e porque nós precisamos delas. A verdade é que nós fazemos o mesmo com as nossas equipas. Esse foi o nosso principal desafio nos últimos tempos”, afirma Tiago Tarracha.
Um dos principais desafios do setor dos eventos, que ao mesmo tempo é uma tendência, é a inteligência artificial (IA). O tema não é novo e Miguel Pires entende que a IA “já não é só algo que desperta curiosidade, mas é algo que está a ser integrado na metodologia de trabalho e até mesmo nas propostas que pomos na rua. E já não é só utilizar as plataformas que existem disponíveis, em que se paga uma subscrição e, de repente, vai-se gerar umas imagens, ou vai-se perguntar umas coisas ao ChatGPT. Já estamos para além disso. Já estamos a trabalhar os chamados LLM [large language model], em que podemos desenvolver coisas específicas para as experiências que estamos a criar”, adianta.
De acordo com Miguel Pires, o desafio não é perceber o que é possível fazer com a tecnologia – “porque há ‘n’ caminhos, é inesgotável” – mas “a forma como é que nós podemos adaptar esses ‘n’ caminhos à nossa realidade”. Na verdade, continua, “muitas vezes, temos que saber escalar as coisas para a dimensão dos clientes que temos, para a dimensão dos projetos que temos, para o tempo que temos para trabalhar cada projeto”.
Para dar resposta aos desafios é preciso também trabalhar com os parceiros. A Nervo tem, à data, 12 pessoas na equipa, pelo que, muitas vezes, “temos que nos rodear de bons parceiros para conseguir fazer as nossas ideias acontecer – um desafio engraçado, mas muito exigente”, conta Miguel Pires.
Tiago Tarracha lembra que “se corre bem para nós, corre bem para todos” e o contrário também. “Nós muitas vezes somos exigentes, no sentido do cumprimento de timings, hora da montagem e da desmontagem”, porque as falhas prejudicam o trabalho de alguém. Já aconteceu – “somos todos humanos” –, mas as coisas só são possíveis com parceiros.
2024 é um “ano de crescimento”
No que toca a tendências – e além da inteligência artificial –, Miguel Pires nota que se está a começar a sentir o crescimento do “anti-influencer”. Ou seja, sente existir um “decréscimo do papel da influência” e a valorização de pessoas que não têm um círculo de influência assim tão grande e que não são figuras públicas.
“Outra coisa que nós temos percebido também é que a nossa indústria e o ser humano, no geral, está muito saturado de estímulos visuais”, refere, acrescentando que, como “estamos saturados de ecrã”, há “uma tendência de explorar outros sentidos”. E o entretenimento, os eventos e a ativação “podem chegar lá”.
Miguel Pires indica que havia uma “tendência muito grande” de associação de streaming ao gaming. Hoje, “começa a haver um acompanhamento não só de streaming relacionado com alguma coisa específica, com gaming ou qualquer outro craft, mas a acompanhar a vida das pessoas, o chamado ‘in real life’, a vida das pessoas no seu dia a dia. Tem havido um crescimento muito grande neste sentido e acho que há uma oportunidade aqui para se trabalhar”.
A verdade é que há muita coisa a acontecer. “O mercado está a mexer muito rápido e eu acho que temos que nos saber adaptar. Ou seja, o nosso dia a dia já não é só fazer o stand e fazer a ativação dentro do stand”. Hoje em dia, “temos de estar atentos a todos estes estímulos que surgem à nossa volta e temos de saber trabalhá-los”, frisa Miguel Pires.
Porque há coisas que não se conseguem controlar (como uma pandemia ou o impacto de umas eleições, por exemplo), se depender da Nervo e dos projetos que a equipa tem em mãos, 2024 “vai continuar a ser um ano com grandes desafios”, aponta Tiago Tarracha. “É um ano de crescimento”, acredita, depois de conseguirem, “desde o ano passado, que as marcas nos liguem à procura de coisas boas e coisas novas, porque ouviram que a nossa entrega e a nossa criatividade respondem a desafios”. Esse foi “um passo muito grande” e “uma conquista”.
Assim, “a nossa previsão é que seja um ano tão bom ou melhor do que foi o ano passado”, porque, “no que depender de nós, estamos prontos”, garante Tiago Tarracha. A agência apostou no crescimento que o mercado pedia, “pelos projetos que nos entrega, que são projetos mais complexos e maiores”. O crescimento deu-se ao nível do trabalho e do reforço da equipa.
E tirando partido da equipa que a Nervo tem, e da vontade que há de fazer acontecer, o “grande desafio deste ano é continuar a pôr boas ideias na rua e estar ao nível do que de melhor se faz pelo mundo”, conclui Miguel Pires.
© Maria João Leite Redação
Jornalista