Trocar o Porto por Paris pela vontade de “arriscar” e “internacionalizar" horizontes
28-12-2023
# tags: Turismo , Meetings Industry , Passaporte Português
Ana Santos trabalha como Gestora de Produto na equipa do Turismo de Portugal na capital francesa.
Foi num estágio curricular, no Porto, que tudo começou. No âmbito do curso de Gestão de Turismo no ISCET, Ana Santos estagiou na Associação de Empresários para o Desenvolvimento do Turismo Cultural no Porto e na Região – ATC Porto Tours e “rapidamente” criou “os primeiros contactos junto das principais empresas e entidades públicas ligadas ao setor turístico da cidade do Porto e região Norte de Portugal”.
Na sequência de uma fusão organizacional, Ana Santos passou a integrar o departamento de Atendimento & Comercialização da Associação de Turismo do Porto – ATP e, cinco anos depois, surgiu a oportunidade de ir para o departamento de Promoção Internacional.
“Posso afirmar que foi de facto uma mudança muito positiva e que marcou uma nova etapa no meu percurso profissional, na medida em que me permitiu ‘internacionalizar’ e desenvolver assim novos contactos junto dos principais players internacionais do setor”, explica.
Enquanto membro da equipa do Porto Convention & Visitors Bureau, Ana Santos abraçou o desafio de “promover internacionalmente o destino Porto e Norte de Portugal, no segmento Meetings Industry”, missão que considera ter sido fundamental para o desenvolvimento de novas competências “profissionais e interpessoais”.
Uma década depois, Ana Santos quis “continuar a desafiar-se profissionalmente” e um novo cargo no Turismo de Portugal revelou ser “precisamente aquilo que procurava -novas metas, novos compromissos, novos desafios”.
Atualmente a ocupar o cargo de Gestora de Produto na equipa do Turismo de Portugal em Paris, o trabalho de Ana Santos passa pela promoção internacional de Portugal na capital francesa, “pela gestão de parcerias de marketing com os principais operadores turísticos e agências do mercado, bem como pelo desenvolvimento e acompanhamento de ações com o trade e, obviamente, com a meetings industry também”.
O reencontro com a família e o desafio dos transportes públicos
O “bichinho” de “explorar novos destinos, conhecer novas culturas, novas ideias, novas formas de trabalho, fomentar novos contactos e novas parcerias” criado nos tempos do Porto Convention and Visitors Bureau falou mais alto na hora de trocar o Porto por Paris.
“Percebi que precisava de alargar o meu espetro ao mercado internacional e, principalmente, de arriscar. Integrar a Equipa do Turismo de Portugal em França é para mim, sem dúvida, uma win-win situation. Continuo a promover internacionalmente o nosso país, o qual me enche de orgulho, agora focada no mercado francês, e estou também mais próxima dos meus familiares, diminuindo consideravelmente a distância que até então existia entre nós, quando residia na cidade do Porto”, conta Ana Santos.
O facto de ter família em França fez com que a mudança para um novo país, para uma nova cidade, fosse “bastante natural”. Profissionalmente, diz ter sido “calorosamente acolhida” por toda a equipa do Turismo de Portugal e pela Equipa de Turismo de Paris, que “sempre lhe transmitiram um apoio incondicional, durante todo o processo de integração e de adaptação”.
Os transportes públicos na capital francesa foram, confessa, a maior dificuldade encontrada nos primeiros dias em Paris. “Mas depois acabamos rapidamente por compreender o sistema, que até é de facto bastante intuitivo. Embora a rede de transportes públicos seja complexa, cobre praticamente todo o território parisiense e zona periférica, tornando a capital francesa incrivelmente bem conectada”, explica.
Quanto à nova realidade de trabalho encontrada em França, Ana Santos identifica como desafiante encontrar “novas formas de comunicar junto deste mercado, priorizando a originalidade e a criatividade” e continuar também a reforçar a presença de Portugal “nos principais eventos trade e meetings industry do mercado”, por considerar que é “onde se geram as principais oportunidades de negócio para o destino, mais concretamente, para as empresas portuguesas”.
Portugal é “um destino altamente atrativo para o mercado francês”
Ana Santos é fascinada pela “realidade entusiasmante” da meetings industry e o que mais a atrai no setor é o facto de “cada evento ter o seu próprio ADN”, levando a que “cada organizador procure as melhores soluções para garantir o sucesso do evento, para precisamente preservar o seu ADN”. “Encontrar o equilíbrio entre as pretensões e os objetivos dos organizadores e a promoção dos destinos é o que define o sucesso do nosso trabalho”, acrescenta.
O networking é outro dos pontos atrativos. “Para mim, é igualmente satisfatório estreitar relações junto dos principais stakeholders do setor, estabelecendo sólidas relações de confiança e garantindo uma maior coesão e cooperação entre todos, vital para o sucesso do setor da meetings industry”, conclui.
Na qualidade de Gestora de Produto, Ana Santos tem “possibilidade de promover internacionalmente o destino Portugal, as suas diferentes regiões” e a “oportunidade de trabalhar mais proximamente com o trade e a meetings industry, focada no mercado francês, e de compreender a realidade e as suas diferentes necessidades”.
“Este mercado não é estanque, muito pelo contrário. Precisamos de compreender a sua realidade e, obviamente, de acompanhar o seu (rápido) avanço, de forma a garantir uma atuação coerente e alinhada com a estratégia do Turismo de Portugal”, afirma.
Na opinião de Ana Santos, Portugal “é um destino altamente atrativo para o mercado francês”, com “um forte potencial de crescimento”. Caraterísticas como “a diversidade gastronómica, o enoturismo e o próprio clima e localização geográfica complementam a qualidade da oferta turística existente”. “Existe efetivamente um crescente interesse por parte do mercado francês em aprofundar os conhecimentos desta oferta”, acrescenta.
No segmento da meetings industry, considera que Portugal “tem beneficiado de diversos fatores macroeconómicos, o que tem motivado as agências especializadas e os corporates franceses a privilegiar destinos de proximidade, seguros e com uma boa relação qualidade/preço”.
A Gestora de Produto acredita que Portugal “continuará a ser um país muito procurado pelo mercado francês, que por sua vez continuará a privilegiar destinos como o nosso, com fortes traços de autenticidade, tradição e charme”.
Feliz em Paris, Ana Santos diz-se, “acima de tudo, portuguesa”. Sobre a possibilidade de um dia regressar a Portugal, afirma que, para já, continuará “a desafiar-se, principalmente a nível profissional”.
“Se o meu futuro passar novamente por Portugal, será sempre com enorme orgulho”, remata.