Gerd Leonhard: Para obter bons resultados com IA é preciso ter bons dados
13-06-2024
# tags: Tecnologia , Conferências
Durante a conferência AIVØLUT1ØN, Gerd Leonhard resumiu assim o maior desafio das empresas no uso da Inteligência Artificial (IA): são precisos bons dados.
O futurista alemão Gerd Leonhard, à margem da conferência AIVØLUT1ØN, realizada na Sala Tejo, em Lisboa, respondia a uma das perguntas da Event Point, que foi media partner do evento. “Qual o maior desafio para as pequenas e médias empresas no uso da IA?” E a resposta veio curta e bastante direta: Para obter bons resultados no uso da Inteligência Artificial é necessário dispor de bons dados, ou seja, se podemos confiar nos dados podemos confiar nos resultados fornecidos pela IA.
Leonhard deixou ainda outro conselho: Há muitas ferramentas básicas, que não são dispendiosas, mas que permitem ganhar bastante tempo em tarefas rotineiras. É relativamente simples treinar a IA para nos dar um resumo de um documento com 500 páginas, por exemplo. O que muitas empresas estão já a fazer é a treinar GPTs [Generative Pre-trained Transformers], formatando-os à sua medida, com base nos seus dados – cá estão eles uma vez mais -, e a pensar em tarefas específicas dessa empresa.
As três revoluções
Já na palestra de abertura da AIVØLUT1ØN, “The AI Transformation: Impact on Leadership”, Gerd Leonhard, que é o autor do livro “Technology vs. Humanity”, falou amplamente das enormes potencialidades desta tecnologia, mas também de como a IA pode vir a ser uma séria ameaça às nossas sociedades. Defendeu por isso um acompanhamento muito atento aos seus desenvolvimentos, receando que os resultados possam ser desastrosos se deixarmos tudo nas mãos das empresas que detêm estas tecnologias, cuja grande motivação continua a ser o lucro.
Assumidamente “um humanista”, Leonhard desenhou um futuro próximo em que três revoluções se apresentam: digitalização, sustentabilidade e propósito. Todas as indústrias que podem ser digitalizadas vão sê-lo, mais cedo ou mais tarde. E se 90% do nosso trabalho for rotineiro, podemos vir a ter problemas sérios, porque a IA consegue perfeitamente assegurar essas tarefas. Ao mesmo tempo, teremos ganhos de produtividade significativos e poderemos libertar as pessoas para tarefas mais produtivas, onde a IA não chega - ainda, pelo menos.
A revolução da sustentabilidade é a que se segue. A transição energética é fundamental, abandonando a nossa dependência dos combustíveis fósseis e, uma vez mais, a IA pode ajudar-nos nesse desafio. Também aqui importa, garante Leonhard, não deixar tudo nas mãos das empresas. Os governos, organizações como a União Europeia, terão que intervir e regular o uso e as aplicações destas tecnologias.
A revolução no propósito é a terceira nesta equação. Para as novas gerações, a ideia de prosperar, de ter lucro e de ganhar dinheiro já não basta, e não poder ser atingida a qualquer custo. Leonhard fala mesmo de uma nova filosofia de vida, que resume em 4 P’s: pessoas, planeta, propósito e prosperidade.
Em resumo, o futurista alemão deixou o repto para que abracemos a tecnologia, mas sem nos transformarmos em tecnologia – enaltecendo as qualidades intrínsecas ao ser humano: a imaginação, a intuição, a inteligência emocional…
O poder transformador da IA
A AIVØLUT1ØN foi uma conferência organizada pela Knower, a 29 de maio, destinada a líderes empresariais que queiram entender e explorar o impacto da Inteligência Artificial nas suas organizações. Além de Gerd Leonhard, contou com intervenções do neurocientista António Damásio, a partir dos Estados Unidos, e de diversos especialistas que, na sala, partilharam as suas perspetivas sobre uma tecnologia que promete alterar radicalmente os nossos dias, tal como os conhecemos.