A onda que atrai milhares
28-02-2022
Mesmo em dias de mar calmo são muitos os que se abeiram do icónico farol da Nazaré para ver onde a magia acontece.
A onda surfada em 2011 pelo extreme waterman norte-americano Garrett McNamara tornou um segredo bem guardado numa atração turística e desportiva mundial. As imagens do fotógrafo Jorge Leal, que acompanhou desde o primeiro dia o projeto Nazaré North Canyon, correram mundo e despertaram a curiosidade pelo destino e pelo ‘Canhão’ da Nazaré, fenómeno responsável pelas ondas gigantes.
Até dia 6 de março está patente, no Teatro Chaby Pinheiro, uma retrospetiva fotográfica que retrata uma década de ondas gigantes na Nazaré. “Naza 10” é o título da exposição de Jorge Leal que abre agora o seu vasto repositório ao público, numa mostra imersiva de registos fotográficos, projeções de vídeo e sons, reveladoras não só da estética e da beleza crua e intempestiva do mar da Nazaré, mas também dos múltiplos desafios técnicos e de escala tão característicos da fotografia de surf.
“A minha ligação com a Nazaré começa antes da vinda do Garrett, mas é a partir deste momento (do qual faço parte desde o primeiro dia) que pretendo contar a história dos 10 anos da praia do Norte! Nesta mostra pretendo assim partilhar, pela primeira vez e num espaço tão especial e emblemático da vila da Nazaré, as principais fotografias e vídeos que contam este percurso da história e do futuro do Projeto Nazaré North Canyon. Espero transportar o visitante numa experiência emotiva e sensorial e convidá-lo a ‘sentir’ um pouco do movimento arrebatador das ondas e a emoção desmedida, a superação, a libertação do medo quando surfamos neste mar de história”, enfatiza Jorge Leal que, em 2007, fundou a Polvo Concepts, a promotora desta exposição, que contou com a produção da Eventors' Lab.
Algumas das imagens da exposição são absolutamente icónicas e presentes na memória dos portugueses, outras, menos conhecidas, mas igualmente impactantes, mostram a maravilha da Natureza e a habilidade e a coragem de uns poucos que arriscam tudo para a dominar.
É com o objetivo de testemunhar essa ‘luta’ ou comunhão entre o homem e a natureza que a maioria dos visitantes acorre à zona do farol, sobretudo em dias de ondas gigantes, que normalmente ocorrem no inverno. . “A Nazaré tem-se posicionado como um palco privilegiado de eventos nacionais e mundiais, o que lhe tem dado uma grande exposição mediática internacional e provocado alterações ao nível económico. De uma vila quase exclusivamente piscatória, a Nazaré passou a crescer no turismo, nos negócios e investimentos em diversas áreas de atividade, nomeadamente por parte de multinacionais e empresas nacionais de diversos setores”, referia Walter Chicharro, presidente da Câmara Municipal da Nazaré, à Event Point, numa reportagem de 2018. Para o autarca, “o impacto directo das ondas gigantes na economia da Nazaré surge nos anos 2014 e 2015 com propostas de instalação de projectos de hotelaria e de novos negócios”. O município aproveita as ondas de oportunidades e regista a tendência de subida da procura pelo que a Nazaré tem para oferecer. Uma procura que não parou de crescer desde 2011.
Mas se as ondas gigantes atraem visitantes ao longo do Inverno, o Sítio, o miradouro e a praia chamam os visitantes ao longo do verão, fazendo com que a Nazaré seja um destino atrativo o ano inteiro.
© Cláudia Coutinho de Sousa Redação
Editora
© Maria João Leite Redação
Jornalista