Metaverso e outras tecnologias no mundo dos eventos
31-03-2022
# tags: Metaverso , Tecnologia
Dia após dia surgem novas tendências tecnológicas que pretendem aumentar a conexão entre pessoas e entidades. Os últimos dois anos aceleraram o desenvolvimento e crescimento de algumas soluções que visavam facilitar a proximidade e comunicação nas mais diversas áreas, de forma sobretudo virtual.
Numa altura em que nos vimos confinados nas nossas próprias casas e com os contactos físicos com terceiros limitados ou quase inexistentes, foram muitas as ferramentas que facilitaram o nosso dia-a-dia, seja a nível pessoal como profissional. O mundo dos eventos e congressos não passou ao lado destas inovações tecnológicas. Algumas já faziam parte da realidade e eram recorrentemente utilizadas, mas reforçaram a sua importância e utilização, como é o caso da videoconferência. Outras apareceram como fruto do contexto e ainda houve as que eram consideradas obsoletas e regressaram com vigor. Ou não reparou na importância crescente que o QR Code teve nesta pandemia?Apesar da ansiedade para se regressar aos eventos presenciais, sabe-se que não poderemos voltar em força ao registo pré-pandemia e que muitas alterações vão ser visíveis. Muitos venues e organizadores de eventos sabem disso e preparam-se para uma nova era nos eventos e congressos. O futuro próximo traz soluções que prometem facilitar as dinâmicas dos eventos ou, até mesmo,transportá-los para uma outra dimensão.
São muitas as novidades. Acompanhe algumas das mais surpreendentes.
Uma outra dimensão: o metaverso
De certeza que já leu ou ouviu esta palavra em algum sítio. Talvez tenha sentido curiosidade, mas ainda não teve tempo para perceber do que se trata. Não quisemos deixar de explicar-lhe doque afinal se trata o metaverso, a ‘buzzword’ do ano.
O que é o metaverso?
De certeza que deu pela mudança de nome da empresa dona do Facebook que agora passou a chamar-se Meta. Mark Zuckerberg não decidiu mudar de nome do seu império só por uma questão de ‘rebranding’, mas porque o metaverso é o próximo paradigma da internet. E, por isso, as gigantes tecnológicas não querem (nem podem) ficar de fora.
A palavra metaverso é constituída pelo prefixo ‘meta’, que em grego significa transcendente, e pela palavra universo; juntas significam um ambiente/universo sintético hipotético ligado ao mundo físico. Apesar de ser a ‘buzzword’ do ano, metaverso não é uma palavra recente, mas a sua definição é cada vez mais complexa por se tratar de algo que se encontra ainda em desenvolvimento. A primeira vez que apareceu algo semelhante foi nos anos 80 na literatura, como descreve o Jornal de Negócios.
O escritor William Gibson, descrevia, em “Neuromante”, um mundo digital acessível através de um terminal específico, apelidado de ‘ciberespaço’. Há 30 anos o também escritor Neal Stephenson no livro “Snow Crash” descrevia personagens que utilizavam complexos computadores para uma conexão a um mundo digital com cidades e tudo o que lhe era associado…. o nome que lhe deu foi… metaverso.
Atualmente, os investigadores da área têm um conceito inicial para o metaverso: a convergência de
1) realidade física virtualmente aprimorada e
2) espaço virtual fisicamente persistente.
É uma fusão de ambos, permitindo aos utilizadores experimentá-lo de uma forma imersiva. Como a Web, “o metaverso não será a totalidade da Internet — mas, como a Web, será visto por muitos como a parte mais importante”, define o projeto Metaverse Roadmap.
Com a evolução tecnológica, o metaverso começou, de facto, a ganhar outro destaque, sendo inclusive o grande objetivo a longo prazo de muitas empresas a nível mundial, não só da área datecnologia, mas também do entretenimento ou da moda. Estas são apenas algumas de muitas outras áreas que despertam para esta nova ferramenta.
Não é novidade a utilização da realidade virtual e aumentada sobretudo nos jogos e no multimédia,mas não se trata apenas da utilização dessas ferramentas para transportar as empresas, os seus produtos e os clientes para um mundo paralelo. Ou mundos, pois não é claro se haverá um metaverso ou muitos metaversos diferentes, mas há algo que parece estar a reunir consenso: o metaverso é uma versão imersiva da próxima geração da internet, provavelmente renderizada por tecnologia virtual ou de realidade aumentada. Matthew Ball, investidor cuja escrita influenciou Mark Zuckerberg, descreve o metaverso como um “estado sucessor da internet móvel” e uma “plataforma para lazer humano, trabalho e existência no geral”. Ao longo do tempo, perspetiva-se que muitas das atividades da Internet, que agora associamos à web 2D, migrarão para os espaços 3D (três dimensões) do metaverso. Isso não significa que todas ou mesmo a maioria das páginas da web se tornarão 3D, ou mesmo que normalmente leremos o conteúdo da web em espaços 3D. Significa que, à medida que novas ferramentas se desenvolvem, seremos capazes de juntar as dimensões 2D e 3D de forma inteligente para obter as vantagens exclusivas de cada uma, no contexto apropriado.
Ou seja, se a experiência atual da Internet é bidimensional, na qual navegamos e fazemos ‘scroll’ num ecrã, o metaverso é em 3D, provavelmente acessível através de um ‘wearable’ como uns óculos especiais. “Pode pensar no metaverso como uma internet materializada, onde em vez de apenas visualizar o conteúdo, está inserido nele”, descreveu o dono do Facebook. Os vários estudos apontam, assim, que o metaverso será um espaço de interação entre máquinas, avatares idealizados num novo mundo virtual e estandardizado onde a arte, arquitectura, beleza e ficção se encontram para socializar, comprar ou fazer negócios. Tudo graças à realidade virtual ou realidade aumentada, com um espectro de público-alvo muito maior do que o mundo real, no qual as marcas têm um alcance muito maior na sua promoção e comercialização. Ou seja, um universo virtual onde as pessoas interagem através de avatares digitais, funcionando como uma espécie de internet tridimensional, que junta num só os mundos virtuais e as realidades aumentadas, criando um ecossistema único.
Metaverse Roadmap
Metaverse Roadmap é um repositório de informação, eventos e atividades relacionadas com o metaverso. Esta plataforma é da responsabilidade da The Acceleration Studies Foundation, um grupo de investigação sem fins lucrativos e suportado por uma série de parceiros de inovação na área da web 3D.
Créditos: Ian Hughs
Marcas apontam estratégias ao metaverso
Considera-se que o metaverso apresenta um potencial enorme de oportunidade para as marcas e não só. Talvez seja por isso que muitas já anunciaram os seus investimentos no metaverso, como Adidas, Microsoft, Porsche, Nike, Warner, Sony,Visa, Walmart e, a já referida, Meta (Facebook). O próprio YouTube anunciou que está a pensar em novas formas de tornar a experiência de visualização de conteúdo mais imersiva e a entrada no metaverso faz parte do seu roadmap para 2022, estando ainda a perceber “como tornar estes mundos virtuais numa realidade para os espectadores.” Um dos exemplos práticos que já aconteceram foi promovido pela Epic Games, dona do jogo Fortnite, que realizou concertos virtuais, como o do rapper americano Travis Scott que reuniu 12,3 milhões de jogadores, juntando assim não só os fãs do rapper, mas também os fiéis jogadores do Fortnite num só momento. Este acontecimento reuniu dois públicos-alvo diferentes num mesmo acontecimento, abrindo um alcance muito maior para o mundo do marketing explorar. Na verdade, o mundo do entretenimento e dos jogos são apontados como os primeiros a explorar o potencial do metaverso, mas muitos outros se seguem.
O ambiente imersivo do metaverso não é apenas uma oportunidade para empresas voltadas para o consumidor. Existem outras possibilidades. Desde a formação de futuros cirurgiões até ao lançamento de demonstrações de produtos para funcionários de retalho, há muitas aplicações de negócio possíveis. Por exemplo, a Microsoft está a posicionar os seus serviços na ‘cloud’ para serem o tecido do metaverso, utilizando a plataforma Mesh que permite que avatares e espaços imersivos se relacionem nos ambientes de colaboração, como o Teams. Com ambientes de trabalho remotos ou híbridos pós-Covid, muitas dessas experiências de negócios virtuais mais criativas provavelmente vão tornar-se ainda mais relevantes na forma como as empresas se conectam com os seus funcionários e clientes.
Como as marcas se podem preparar para o metaverso?
Para as marcas que ainda esperam por mais desenvolvimentos do metaverso, mas que se querem preparar para, também elas, entrar neste caminho, é importante definirem alguns critérios,como encontrar o seu lugar e equilibrar a equação custo-benefício. “As marcas devem estar sempre em modo de teste e aprendizagem, e o cenário digital em particular requer curiosidade intelectual. O metaverso é potencialmente a próxima interação de como os humanos utilizam a internet para se conectar,comunicar e fazer transações – ficar à margem por muito tempo provavelmente não será uma opção”, pode ler-se num artigo da Harvard Business Review.
Escolher o público-alvo, observar a concorrência, planear a entrada, manter o equilíbrio são alguns dos passos que as marcas devem ter em consideração na sua entrada no metaverso, sem esquecer que, uma vez lá, qualquer ponto da jornada do utilizador, da interação deste com a marca/entidade, deve ter uma experiência criada propositadamente para o mundo virtual.
Porém, este novo paradigma da Internet vai ter um desenvolvimento que ainda se vai desenrolar durante os próximos anos e muitas alterações ainda são esperadas. 
Qual o potencial do metaverso para a indústria dos eventos e congressos?
Se para as marcas o metaverso é visto como um potenciador do seu respetivo alcance junto de diferentes públicos-alvos, para os eventos e congressos são apontadas ainda mais vantagens. Num cenário ideal, a tecnologia inerente ao metaverso permitirá que o utilizador se sinta fisicamente no evento, com ambientes 3D em alta definição que podem ser acedidos através de óculos de realidade virtual. Além de outros avatares com os quais se pode interagir e até mesmo itens físicos em que pode pegar e examinar com luvas táteis ou comandos de jogo. Alguns defensores do metaverso referem que os ‘headphones’ VR serão necessários para adotar totalmente o conceito, porém, outras empresas de tecnologia estão a lançar plataformas baseadas em avatares que não exigem nenhum hardware especial. Um exemplo recente é o Mytaverse, uma nova plataforma lançada em novembro de 2021, que oferece uma variedade de ambientes 3D pré-construídos ou totalmente personalizados que podem incluir salas de reunião e de conferências,simuladores, auditórios e muito mais. Os participantes personalizam os seus próprios avatares e podem correr, pular, acenar, dançar e muito mais.
Lachlan Phillips, CEO da Orbits, considera que o impacto que o metaverso vai ter nos eventos é semelhante ao que o e-mail teve no correio tradicional.
Embora a previsão de Bill Gates, que aponta para a mudança de todos os eventos virtuais para o metaverso em dois a três anos, ainda esteja distante,alguns especialistas de eventos internacionais afirmaram ao BizBash que os organizadores de eventos virtuais precisam, de facto, de ter o metaverso no radar. Lee Gimpel, fundador da Better Meetings, refere que “é loucura dizer que voltaremos a uma era em que a maioria dos eventos são presenciais”, aludindo ao facto de que, em apenas algumas semanas, os eventos online, que outrora eram preteridos pelos presenciais, se tornaram na primeira forma de eventos durante longos meses, com a pandemia. O responsável considera que os eventos online continuarão “a crescer, prosperar e evoluir”, mas tal não significa que se vão mudar inteiramente para a realidade virtual. A tecnologia que suporta os eventos virtuais está a melhorar e a mudar com o tempo, e “provavelmente veremos uma progressão constante para plataformas mais imersivas a cada ano”.
Maior interação
Visitas virtuais a locais e espaços de reunião, reuniões digitais que parecem cara-a-cara e apresentações imersivas. Estas são algumas das possibilidades que estão a ser anunciadas e que podem ser facilitadas pelo metaverso. Uma vantagem acrescida, dizem os especialistas do setor, é a promoção do networking no metaverso, quando comparada com os eventos digitais e híbridos a que recorremos nestes últimos dois anos. Ben Chodor, presidente da Notified, ‘cloud’ de comunicações para o mundo dos eventos, relações públicas e relações com investidores, afirmou num artigo de opinião na Forbes, que o metaverso tem o potencial para elevar as experiências dos eventos digitais ao próximo nível. “Como presidente de uma empresa que oferece uma plataforma de eventos virtuais, tenho visto os utilizadores a impulsionarem a procura por experiências online mais interativas,nas quais possam participar em sessões de uma forma completa e fácil, interagir com colegas,identificar novos leads e, o mais importante, aumentar a interação humana”.
Harry Prince, Creative Content Manager na Spacehuntr, afirmou recentemente, num artigo de opinião para a Event Point, que o metaverso pode resolver um dos principais problemas que os eventos digitais e híbridos não conseguiram suplantar: o networking, ou melhor, a conexão entre os participantes. “Devido à natureza imersiva do metaverso, esse problema pode ser relegado para o passado”, realça o responsável. O mesmo explica que “assistir remotamente a um evento é ver a ação a acontecer a partir do ecrã de um computador. É uma experiência alienante”. Neste sentido, HarryPrince defende que o metaverso “pode resolver este problema pela sua natureza intrínseca de gamificação. Ainda antes do metaverso, a gamificação levou a que 87% dos utilizadores se sentissem mais conectados socialmente”.
Acesso igual para todos os participantes
Lachlan Phillips dá como exemplo o que já acontece no Orbits, um venue online imersivo para eventos, locais de trabalho e outros: o metaverso tem benefícios cruciais, em particular para eventos híbridos. “Não haverá mais uma divisão clara entre quem está presencialmente e quem está virtualmente num evento”. “Quando realizamos um evento híbrido no Orbits, o orador fala com o público ao vivo e o público virtual como se fosse um grande auditório, e não importa onde está no planeta, pode interagir com os palestrantes, participar das perguntas e respostas e dos workshops, de experiências especializadas ou simplesmente estar com as pessoas no bar.”Acresce ainda o facto de, com os avatares, os participantes se poderem apresentar como quiserem, sem serem limitados por género, limitações físicas, idade ou preferência sexual. Racismo ou discriminação não têm lugar no ambiente metaverso.
Diminuição de longas viagens
Em suma, existe uma certa magia inerente aos eventos presenciais que é difícil de replicar online, mas que alguns especialistas creem que pode vir a ser solucionada pelo metaverso. Uma vez totalmente realizado, o metaverso pode oferecer uma experiência altamente interativa, onde as pessoas se podem mover livremente e participar em diálogos sem precisar de sair de casa. Já não vai ser necessário realizar grandes viagens para se reunir com alguém, diminuindo substancialmente os orçamentos para as viagens.
Eventos mais acessíveis
A acessibilidade é, de facto, uma das grandes vantagens apresentadas, não só na redução do número de viagens, mas porque permitirá que pessoas com deficiências auditivas, por exemplo, possam comunicar através de mensagens escrita sou de linguagem gestual. Os utilizadores de mobilidade limitada podem também mover-se mais facilmente de sessão para sessão.
“A capacidade de os organizadores e patrocinadores de eventos alcançarem novos públicos, e de os públicos os conseguirem alcançar, é uma das coisas que mais me empolgam no metaverso”, acrescenta ainda Ben Chodor, presidente da Notified.
Eventos sustentáveis
Existe também a grande questão da sustentabilidade, que é incontornável nos dias de hoje. O metaverso pode ser uma solução neutra em emissões de carbono para reuniões e eventos de grandes dimensões, o que pode levar a práticas mais sustentáveis e, inclusive, menos vulneráveis a fatores externos, como uma pandemia que colocatudo em ‘stand-by’.
Potenciais desafios
Apesar de estar ainda numa fase muito embrionária, há desafios que se colocam ao desenvolvimento do metaverso e à possibilidade de vingar junto dos utilizadores. Um deles é a inexistência de dispositivos pequenos e suficientemente potentes para serem capazes de oferecer a experiência imaginada do metaverso, o que pode impactar o orçamento para os eventos. Outro tem que ver com a disposição das pessoas em adquirir ‘headsets’ de realidade virtual ou até mesmo a utilizarem acessórios para entrarem num mundo virtual. A entrada no metaverso também pressupõe uma ligação de internet melhor e o 5G está ainda a ser implementado, e com algumas dificuldades. O que funciona num evento presencial pode não funcionar necessariamente num evento no metaverso. É necessário construir cuidadosamente áreas para conversas privadas, por exemplo.
A fadiga dos ecrãs digitais pode ser um entrave ao sucesso dos eventos no metaverso, pois os participantes anseiam por um equilíbrio entre experiências digitais e analógicas. Há quem diga que quanto mais digitais nos tornamos, mais ansiamos por uma experiência humana. Encontrar esse equilíbrio será, talvez, o maior desafio que os organizadores de eventos têm pela frente. Não nos podemos esquecer de outros desafios mais profundos relacionados com a regulação do metaverso: como será a ética que vai reger este mundo, como será regulado, quem terá o controlo sob essa regulação?
Há ainda muitas incertezas sobre estas e outras questões, sobretudo a forma como o metaverso se vai desenvolver, prevendo-se ainda muitos anos pela frente até existir algo mais definido.
Outras soluções tecnológicas em voga
O impacto que a pandemia trouxe à Meetings Industry foi e é mais do que visível e já muito abordado. Há que olhar agora para o presente e futuro, mesmo sabendo que este é influenciado pelo momento que experienciamos neste passado recente. E nem tudo é mau. Os eventos presenciais estão aí, com as pessoas com muita vontade de voltar às reuniões cara-a-cara, ao networking e aos restantes momentos sociais.
Porém, estamos, de facto, perante o início de uma nova era na área dos eventos e congressos. Os organizadores de eventos podem entender que, muito mais do que uma desvantagem para a sua operação, é uma oportunidade para aproveitar melhor a tecnologia, para criarem experiências melhores para participantes e expositores. “Um futuro mais seguro e mais bem conectado nos eventos em 2022 e além”, destacam as empresas especializadas em software para eventos MeetingPlay e Aventri.
Existem várias tendências que vão caracterizar o futuro da tecnologia para eventos. Algumas já são frequentes e vão ser potenciadas.
Tecnologia RFID
A identificação por radiofrequência (RFID) continua a otimizar a experiência dos participantes ao substituir os ingressos e pagamentos físicos nos eventos presenciais. Os chips RFID são suficientemente pequenos para serem integrados em pulseiras ou nos crachás dos participantes e, por ser fácil efetuar o ‘scan’, reduzem o tempo de espera em filas. Também podem ser utilizados para pagamentos sem dinheiro no local, em concertos ou festivais gastronómicos. A tecnologia RFID nos eventos também permite que se possa rastrear o comportamento e o movimento dos participantes, obtendo informações sobre a eficácia do layout do local.
Contactless check-in
Há vários anos que fazemos o check-in para os voos através do sistema de ‘contactless’ e esta tecnologia também chegou aos eventos e a uma ampla variedade de outras aplicações. Nos eventos as vantagens deste sistema são variadas: pode-se perspetivar um futuro sem filas,em que todos os participantes podem ter acesso, ou não, com base em ações realizadas no local. Em ocasiões em que as filas são inevitáveis, as filas virtuais vão impedir que as pessoas se aglomerem num só local.
Soluções mãos-livres de controlo de temperatura
Embora os aparelhos móveis de controlo de temperatura já sejam uma solução sem contacto para medir a temperatura corporal, ainda exigem a presença de um humano para fazer ‘scan’ a dezenas ou até centenas de pessoas. Os dispositivos de verificação de temperatura estão a tornar o processo mais rápido do que nunca, utilizando tecnologia de infravermelhos para medir a temperatura, dar luz verde, dispensar desinfetante para as mãos e passar informações essenciais para os participantes.
Assistentes IA
Os chatbots e assistentes virtuais, orientados por Inteligência Artificial, já aparecem em eventos e em outros locais de hospitalidade. Esses bots podem ajudar os participantes a encontrar locais específicos, a obter informações do evento, horários das refeições e muito mais. Esses serviços também podem integrar aplicações de telemóveis,oferecendo notificações push quando as reuniões, compromissos ou mesas estiverem prontos. Os robôs já começaram a entregar refeições aos hóspedes em hotéis, o que pode deixar antever que estes pequenos bots inteligentes e úteis ajudarão a reduzir as necessidades de pessoal para eventos num futuro próximo.
‘Wearables’ para garantir o distanciamento social
No atual contexto, um dos maiores desafios para os organizadores de eventos é o distanciamento social. Não importa como se limita o número de participantes, tentar impor o distanciamento social é o maior desafio. Existem dispositivos que funcionam por Bluetooth ou por Wi-Fi, como as pulseiras ‘wearables’, que estão a chegar para facilitar essa tarefa. Os ‘wearables’ vibram quando o utilizador está a menos de dois metros de outra pessoa, lembrando-o assim para manter a distância de outros participantes. O desafio para os organizadores de eventos, além de financiar e colocar esses ‘wearables’ nas mãos dos participantes sem grande contacto, é planear um ‘layout’ do evento que garanta que o ‘wearable’ seja útil e que não se desligue constantemente quando estes passeiam pelo local do evento. Em alternativa, também estão a ser desenvolvidos ‘wearables’ que operam num sistema de semáforo, utilizando luzes coloridas para mostrar o quão bem o utilizador está a distanciar-se socialmente.
Tecnologia de desinfeção rápida
A tecnologia de limpeza é outra área que está a avançar rapidamente. Desde a limpeza eletrostática (em que uma névoa desinfetante carregada eletrostaticamente é pulverizada nas superfícies) até às luzes ultravioleta que podem desinfetar as salas mesmo quando estão a ser usadas, esta nova tecnologia de saúde e segurança torna possível desinfetar espaços entre utilizações ou durante a noite sem interromper o evento.
QR Codes para conteúdo
Os QR Codes são a melhor solução para partilhar conteúdo útil, material gratuito e materiais de marketing sem a necessidade de impressão. Estes permitem que o conteúdo digital possa ser partilhado de forma rápida e fácil, sendo uma solução mais ecológica e higiénica.
Apps para eventos
Com a tecnologia constantemente nos nossos bolsos, o regresso em segurança aos eventos presenciais pode ser facilitado com os telemóveis e as aplicações (app) que utilizamos. Uma app de um evento pode fornecer informações sobre o próprio evento, antes e durante a sua realização. Pode facilitar a conexão com outros participantes e reduzir o tráfego de pessoas que circulam no local do evento. A app funciona também como uma linha direta com os participantes, podendo fornecer informações a quem precisa, sem depender de anúncios de altifalantes que podem ser mal ouvidos ou excluir participantes com deficiência auditiva. Estas aplicações podem também ser utilizadas para adicionar contactos e “amigos” no venue do evento, que podem ser contactados posteriormente para mais networking, seja através da aplicação ou por outras plataformas.
A tecnologia está numa evolução constante. A realidade de hoje já poderá ter uma nova versão amanhã. Uma coisa é certa: num mundo cada vez mais virtual, a conexão entre pessoas e marcas/entidades continua a ser um dos parâmetros que norteiam a evolução e tendências tecnológicas.
A capacidade de adaptação a estas novidades vai ser a característica fulcral para estar sempre um passo à frente da concorrência.
Raquel Relvas Neto