Porque é que 2022 ainda não começou para os eventos e o que vai acontecer?
24-01-2022
# tags: Eventos , Meetings Industry
Estamos no fim de janeiro, mas a sensação é que 2022 não começou no setor dos eventos.
As causas são conhecidas, um aumento exponencial de casos de Covid-19 que está a paralisar a economia e, quando isso acontece, os eventos são os primeiros a sair de cena.
Por muito que nós, empresas ligadas ao mercado, queiramos que existam, muitas pessoas estão isoladas e as marcas e instituições estão a lidar com sucessivas vagas de ausências nas suas operações diárias. Fábricas com equipas de baixa, escassez de matérias primas, empresas de serviços com uma redução substancial de contactos comerciais, o retalho afetado pela ausência de saldos e pelas alterações no perfil de consumo (online vs offline).
É um tempo de silêncio em termos de comunicação. E os eventos fazem parte da comunicação e do relacionamento direto com parceiros e clientes.
Ok, e o digital morreu?
Já há alguns meses falava-se da “Zoom fatigue” e, neste contexto, o digital esgotou-se a curto prazo. O que dizer neste momento? Que mensagem transmitir? A quem transmitir?
A economia ajuda a explicar este fenómeno relacionado com as perceções do nosso comportamento. Este “silêncio” do digital justifica-se pela ausência de novas mensagens para o estado atual, do cansaço de informação a que todos fomos e somos inundados.
Apesar das parecenças com março de 2020, percebemos que há uma luz ao fundo do túnel provavelmente para o final do primeiro trimestre…
... e que chega de retângulos digitais por agora.
O digital não morreu, mas disso falarei à frente.
E quando é que recomeçam os eventos?
Não sou infeciologista, nem adivinho. Sou da área de economia e, por isso, com o grau de falha que normalmente a minha área oferece, aqui ficam as minhas reflexões:
- uma parte substancial da população ficará com imunidade de grupo, via infeção. Com 40.000/50.000 casos por dia, algumas semanas causarão milhões de casos. A partir daqui, e independentemente do futuro, estaremos uns meses “imunes”. Provavelmente em março, dependendo do inverno, já teremos eventos com regularidade, para um abril e maio em pleno;
- a curva da procura será praticamente vertical quando a perceção comum for de abertura. Em outubro e novembro, já tivemos um “cheirinho” do que é uma procura avassaladora. A oferta será escassa, porque as empresas de eventos não estão em plena capacidade, e poderemos vir a ter uma crise de recursos humanos, materiais e mesmo locais para evento, que poderá demorar semanas ou meses;
- teremos menos receios dos eventos presenciais do que nas outras fases de abertura da pandemia, com esta imunidade de grupo. É humano e é bom que assim seja. Ao mesmo tempo, vamos ser mais conscientes do nosso tempo e não vamos a todas. A vontade de viver experiências com significado vai ser mais vincada. Não tem a ver com originalidade, mas com ser genuíno. Cuidado com os eventos do “modelo antigo”, como palestras, e com comunicação unidirecional;
- o digital vai voltar em segmentos específicos: formações de produto, palestras curtas, partilha de casos, alguns tipos de lead verão outra vez o digital a surgir. São momentos de comunicação mais curtos, focados, segmentados, que vão fazer parte com naturalidade dos formatos de comunicação de marcas e instituições. Alguns eventos presenciais pré-pandemia vão ser digitais. E vamos lidar com normalidade, em quantidade qb.
E a nós, como mercado, o que nos vai acontecer?
Vamos ter um aumento brutal da procura em pouquíssimo tempo. Vamos ter vários tipos de eventos, com segmentos definidos, os presenciais e os digitais, e, curiosamente, dificilmente os híbridos que não vingaram.
Vamos ter escassez de recursos, vamos trabalhar muitas das vezes em parceria, porque a capacidade de oferta está contraída. Vamos ter algumas desagradáveis surpresas com saídas de mercado, mas acredito que vamos voltar a sorrir e a fazer sorrir os clientes.
Feliz ano novo para os eventos!
© Nuno Seleiro Opinião
CEO da Asserbiz