Cascais vai criar duas novas marcas para os eventos

02-08-2021

Bernardo Corrêa de Barros, presidente do Turismo de Cascais, explica que duas novas marcas vão nascer em Cascais e no Estoril para ajudar a promover o destino.
A atual pandemia “levou-nos a pensar, a reestruturar, a reorganizar e até a criar novos produtos” ligados à indústria dos eventos, começa por dizer o presidente do Turismo de Cascais. Inspiradas no que consideram ser bons exemplos, nomeadamente de Las Vegas, nos Estados Unidos, “vamos criar duas marcas, em Cascais e no Estoril. Uma, na Quinta da Marinha, numa vertente mais eco, que vai viver de quatro hotéis já existentes - que continuarão a vender os seus quartos e as suas salas, mas que estão debaixo de uma marca comum -, ligados a pé, de bicicleta ou por veículos elétricos, e que podem receber congressos até 3.500 pessoas”, a capacidade total das quatro unidades.
 
Outra marca, no Estoril, que vai juntar vários hotéis, o Casino, o Centro de Congressos, o auditório da Boa Nova e o futuro auditório da Escola Superior de Hotelaria e Turismo, e aqui a capacidade máxima vai ser de 8.000 pessoas. “É um novo paradigma – não conheço nenhum caso semelhante em Portugal, nem mesmo na Europa -, e é também um exemplo de como estamos a pensar a indústria dos eventos, e de como acreditamos no seu futuro”, garante Bernardo Corrêa de Barros.
 
Uma retoma “fortíssima”
 
Otimista militante, como gosta de declarar, o presidente do Turismo de Cascais acredita numa retoma “fortíssima, assim que conseguirmos alguma normalidade, nomeadamente com recurso ao certificado verde digital”. E dá o exemplo de Cascais, que tem recebido consultas constantes para 2022 e 2023.
 
“O mercado mudou para sempre. O digital vai trazer a possibilidade de se ganhar ainda mais dinheiro, com Portugal a ser capaz de captar mais eventos. Existe a procura de lugares fora dos grandes centros, sustentáveis… vamos poder concorrer a eventos a que não acedíamos por causa do número de participantes”. Bernardo Corrêa de Barros está a admitir que a participação física em muitos eventos “vai provavelmente diminuir”, mas será potenciada pelos acessos online. O que significará também que “os audiovisuais vão vender mais” e que será possível “captar mais patrocínios”.
 
No entender do presidente do Turismo de Cascais, “os destinos vão ter que apoiar a identificação de novos mercados, de novas oportunidades”. Se os eventos que já costumavam vir podem até passar para espaços mais pequenos, outros, maiores, poderão vir ocupar esses venues que ficarem disponíveis. “Acredito que haverá não só um aumento de procura, como um aumento dos gastos no destino”.
 
“Uma crise também de saúde mental”
 
Passando em revista 17 meses que já levamos de pandemia, Bernardo Corrêa de Barros diz que não consegue falar de eventos sem falar em turismo em geral. E nas muitas fases por que já passámos: o medo - até de morrer -; a necessidade de reagir rápido, e de fazer coisas a que não estávamos habituados. “A mim, por exemplo, foi-me pedido para liderar a instalação de dois centros de testagem, no Centro de Congressos do Estoril e em S. Domingos de Rana, e preparar tudo para podermos ter um hospital de campanha, caso fosse necessário”. “O presidente Carlos Carreiras foi muito rápido a reagir, e o primeiro avião vindo da China a chegar com material, incluindo ventiladores, foi o de Cascais”.
 
“Avançámos logo com apoios à atividade económica, porque se percebeu que os impactos seriam tremendos, com isenção de taxas, criámos uma fábrica de máscaras para proteger a população. Oferecemos máscaras - e já foram mais de 13 milhões”.
 
No verão passado, Cascais avançou os protocolos com os hoteleiros, isentou os empresários de taxas, permitiu esplanadas, fez campanhas de promoção do destino, deu benefícios aos habitantes no município para poderem, por exemplo, experimentar os hotéis da região a preços mais baixos… Acima de tudo, “falamos muito uns com os outros”, garante Bernardo Corrêa de Barros. E recorda as palavras do prémio Nobel da Paz, ElBaradei, nas Conferências do Estoril: “Ou vencemos juntos ou fracassamos separadamente”.
 
O presidente do Turismo de Cascais diz que os apoios se mantêm, “mas também não podemos fazer tudo. Não é suficiente para manter os negócios vivos, os empregos, durante tanto tempo”. E acrescenta, “Todos os nossos esforços estão limitados por terceiros. Dependemos das decisões da Saúde, dos governos estrangeiros, num cenário de grande incerteza”.
 
“O governo prolongou os seus apoios, e bem, porque senão seria o fim, mas também isso não é suficiente”, reconhece Bernardo Corrêa de Barros. Mesmo porque esta é mais do que uma crise sanitária e económica – e só isso seria tremendo. “As pessoas já passaram todos os limites. É uma crise também de saúde mental”.
 
É importante abrir a economia
 
“A vacinação está a avançar, muitos grupos de risco estão já protegidos. Estamos a testar massivamente e, por isso mesmo, quando os números aumentam, os internados em cuidados intensivos ou o número de mortes são bem menores. Vamos ter que conviver com este vírus nos próximos anos, e não podemos paralisar a economia”, acredita o presidente do Turismo de Cascais.
 
“Há um receio de tomar medidas políticas de abertura, e das consequência que isso pode ter”, considera Bernardo Corrêa de Barros. E continua, “Se não mudarmos as regras, a indústria dos eventos não sobrevive”.
 
Sinal de esperança
 
Este ano Cascais ainda vai ter o Iron Man, motociclismo, Chefs on Fire, vela, golfe, “uma série de eventos que foram adiados, mas que queremos que aconteçam”. “Acreditamos que os eventos têm que ver com aquilo que somos enquanto região, e com o modo como recebemos as pessoas. Trazem turistas, mas são também parte da identidade do território”, conclui Bernardo Corrêa de Barros.