Lotta Boman quer um Booking.com ou Hotels.com para conferências e reuniões
24-11-2017
Lotta Boman é CEO do Sigtunahojden Hotel & Conference, que se localiza na Suécia, e tem mais de 30 anos de experiência na indústria dos eventos e hospitalidade e é, desde 2011, um membro muito activo da associação.
Quais são os seus principais objectivos para este mandato?
No meu papel enquanto presidente europeia da IACC, quero estabelecer uma posição segura na arena das conferências e reuniões europeias; no limite atraindo mais membros, com a criação de mais visibilidade sobre os benefícios decorrentes de fazer parte da associação. O meu sonho é que os venues da IACC sejam a escolha principal para os eventos que decorrem na Europa.
Também quero inspirar mais mulheres a estarem presentes em posições mais seniores, quer nas organizações, quer nas empresas, e que tenham sempre em mente que podem atingir os seus objectivos e ambições nesta indústria.
Tem uma experiência de 30 anos neste sector. Quais são as principais mudanças em termos de negócio que identifica neste período de três décadas?
A maior mudança, sem dúvida, é a digitalização da indústria e o ritmo rápido em que cresceu; sobretudo na forma como os venues agora atraem os clientes através das redes sociais e venda social.
Além disso, os requisitos de que os venues devem ser sustentáveis, e isso é algo que os clientes valorizam muito. Há dez anos era uma mais-valia escolher um venue que promovesse a reciclagem, hoje é uma obrigação. Todos os membros IACC, antes de serem certificados com o “Green Star”, têm de assinar um Código de Sustentabilidade, que é constituído por 60 princípios. A certificação tem depois três patamares. Esta, na minha experiência, é uma enorme mais-valia a que as empresas que contratam venues estão atentas.
Quais são os principais desafios hoje em dia?
A velocidade a que esta indústria se desenvolve. Os venues têm de acompanhar as necessidades dos clientes, e estas estão em mutação. Aqueles que se sentam à espera que as coisas se mantenham iguais, e que não se adaptem às mudanças, vão ficar rapidamente sem negócio.
Uma outra observação, se a procura pelas viagens de negócio continua a aumentar, de que forma mantemos o negócio sustentável? Estou ansiosa por saber como esta tendência se desenvolve, porque não consigo imaginar que continue a crescer a este nível.
Um desafio prático para os venues e os seus clientes tem que ver com os métodos de reserva e pagamento. Muitos venues ainda tratam do pagamento via email ou telefone. Gostaria de ver os venues a oferecerem aos clientes a hipótese de reservar e pagar online através de um sistema de reservas.
No seu entender, quais serão as principais tendências para este negócio?
No que toca às reuniões e conferências, creio que as reservas rápidas e o pagamento online vão ser mais importantes do que nunca. Ainda estou à espera de um equivalente do Booking.com ou Hotels.com para o mundo das conferências e eventos.
Acredito que a estética dos espaços para reuniões e conferências vai mudar e os venues vão implementar mais elementos do design de interiores, com o objectivo de criar uma sensação de um conforto parecido com o que temos nas nossas casas.
Muitas empresas e organizações, em vários sectores, adaptaram os horários de trabalho por diversas razões. Viajar a trabalho e horários de trabalho flexíveis pressupõe que o “das 9 às 5h” já não é a norma. Assim, os venues têm também de se adaptar a estas necessidades irregulares dos clientes.
E como podemos ajudar os nossos clientes quando eles saem do nosso venue? Por que não preparar uma refeição para eles levarem para casa depois de um dia todo numa conferência, e dessa forma facilitar regressarem rapidamente ao ambiente familiar.
Como vê o papel da associação nos tempos mais próximos?
O papel da IACC é o de continuar a oferecer valor aos seus membros, algo que num mundo competitivo e em rápida mudança é vital. Fornecer uma plataforma para os membros colaborarem é um dos focos da associação. Dizemos que somos uma tribo de profissionais da indústria, todos a lutar para melhorar as reuniões e conferências que se realizam no globo. E fazemos isso convidando os membros a juntarem-se com os pares de outras zonas do mundo e trocarem ideias e aprenderem uns com os outros, sem uma agenda competitiva. Ficamos inspirados e de regresso aos respectivos venues, estamos prontos para os novos desafios e para ultrapassar a concorrência, o que é mais importante do que nunca.
No final do seu mandato, qual gostaria que fosse a sua maior realização?
Atrair novos membros. Farei todos os possíveis para partilhar com o mundo as vantagens desta associação que ajuda os venues a crescer e prosperar. A IACC oferece imensas vantagens e os membros, actuais e novos, podem usufruir delas. Os membros podem ser individuais, fornecedores ou um venue, o que permite uma grande variedade nas actividades da IACC. Estas incluem a “Copper Skillet”, uma competição para chefs, e reuniões educacionais e de networking na Europa, América e Pacifico Sul.
Voltando atrás, como vê a evolução nos últimos 30 anos do papel das mulheres nas organizações?
A diversidade é um pré-requisito para dirigir um negócio lucrativo e de sucesso hoje em dia. As mulheres ganharam mais poder nos negócios, finança, etc. Necessitamos de mulheres empreendedoras, que tenham o seu próprio negócio, ou que atinjam lugares de direcção para mostrar às novas gerações de mulheres que as suas aspirações são concretizáveis. As mulheres também precisam que os homens apoiem esta mudança, e estou agradecida de ter recebido sempre o apoio dos colegas homens na minha carreira.
Ainda assim, são necessárias mais mulheres em cargos de topo. Houve progressos nos últimos 30 anos mas ainda há muito trabalho a fazer.