Melting Gastronomy Summit: mais do que um evento, um movimento
06-11-2019
“Este projeto surge há já quase dez anos quando resolvemos fazer uma associação dedicada a esta área, que é a gastronomia e os vinhos, porque sentíamos que este território não estava ocupado, as empresas não tinham uma representação muito forte neste segmento que, ao nível não só económico, mas também cultural, social, estava ter uma importância crescente na vida das pessoas e na vida das empresas”, refere António Souza‑Cardoso, presidente da direção da AGAVI (Associação Portuguesa para a Promoção da Gastronomia e Vinho, Produtos Regionais e Biodiversidade). Coincide também com uma forma diferente de olhar para estas áreas, e uma consciência maior daquilo que comemos. “Acho que nunca a frase ‘somos aquilo que comemos’ teve um sentido tão amplo, tão transversal, tão universal como hoje”, sublinha o responsável, “e eu acho que esta consciência não é impeditiva de nada, pelo contrario, pode fazer‑nos muito mais felizes”.
O evento surge, então, como uma consequência natural do caminho que vem sido percorrido pela AGAVI, e como imperativo de reflexão sobre os temas que hoje em dia estão na agenda destas áreas. E essa discussão tinha de ser encetada num país como Portugal, e numa cidade como o Porto. “Não estamos a fazer isto no Porto por acaso. Alem da pele, o Porto tem o carácter, tem a pronúncia, e tem esta gastronomia galaico‑duriense que representamos”, afirma Souza‑Cardoso. Será então a Alfandega do Porto a receber a maior parte das atividades do evento, e elas são muitas. Desde logo as “Melting Talks”. “Pareceu‑nos relevante trazer as pessoas que fazem a diferença”, com um conteúdo que interessasse a um português ou a um peruano, francês ou japonês. “Portugal para a comunidade internacional e um plus, porque toda a gente tem curiosidade. Evidentemente que isso faz diferença. Estou muito consciente de que a nossa gastronomia e os nossos vinhos vão saber responder muito bem a esta curiosidade que as pessoas tem”, acredita o presidente da AGAVI. O racional para desenvolver o programa e os convites foi o “sensacionismo do Pessoa”. Falar‑se‑a de sensações, de partilha, de consciência e de futuro. A coordenar os trabalhos estarão quatro curadores: Miguel Esteves Cardoso, Ricardo Dias Felner, Nuno Queiroz Ribeiro, e José Diogo Albuquerque. O elenco de oradores foi selecionado cuidadosamente. “Vamos antecipar uma filosofia nova. Mais do que um evento, queremos que seja um movimento, uma filosofia nova que tem muito a ver com o facto de esta sociedade ter de encarar o alimento com estas três características que a slow food internacional sublinha muito bem, que e um alimento bom, um alimento justo, e um alimento limpo”, lembra o responsável.
O formato do evento foi pensado para ser interativo e interessante para o público. A segunda grande vertente do evento e o ‘Melting Market’. “Vamos fazer um grande mercado, um mercado à portuguesa, sem perder nenhuma da sua autenticidade, com pregões e tudo, mostrando aquilo que é bom na nossa gastronomia, aquilo que e autêntico, contando as histórias. O mercado vai ter estas coisas, muita interação, pitching, apresentação de produto, conhecimento, e por isso acho que vai ser muito animado”. Haverá ainda o ‘Melting Lab’, um espaço experiencial; o ‘Melting Movies’, que resulta de uma parceria com o Devour! Food Film Festival e onde serão apresentados no Melting filmes vencedores deste festival canadiano; o ‘Melting Art’, com exposições e instalações, porque “gastronomia também é cultura”; o ‘Melting Stories’, que tem como objetivo juntar as pessoas a volta das livros; o ‘Melting Business’, que vai apoiar o empreendedorismo nesta área; e o ‘Melting Dinner’, uma viagem pelos sabores de alguns dos maiores Chefs.
“É o momento certo para fazer uma coisa destas, temos uma oportunidade única de fazer afirmar Portugal através desta área”, acredita António Souza‑Cardoso.
Cláudia Coutinho de Sousa